Coluna Econômica - 17/09/2012
Por trás do milagre coreano, da criação da cultura da inovação, da montagem dos grandes grupos, houve mudanças sociais e culturais fundamentais, pouco analisadas pela literatura econômica. E que demonstram que processos de desenvolvimento não consistem meramente em melhorar regras econômicas.
O paper “Processos de desenvolvimento na América Latina e no leste da Ásia: notas sobre promessas e dificuldades da perspectiva comparada”, de Reginaldo C. Moraes (Unicamp, 2009) é um bom roteiro. Especialmente na descrição da saga do general Park, o grande construtor da moderna Coreia do Sul.
Park dirigiu a economia coreana para a exportação, e não para o consumo interno. Paradoxalmente, valeu para isso sua formação, sua afinidade com pequenos agricultores e a visão negativa em relação à indústria e ao estilo de vida urbano, luxuoso e supérfluo, explica Moraes.
Moraes classifica essa postura de “tenentismo”, uma mescla de Vargas, Geisel e Lamarca.
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A formação de Park foi na Academia Imperial Japonesa. No poder, preparou uma política de desenvolvimento agrário. O desenvolvimento industrial vinha à reboque, amparado na produção de insumos agrícolas.
No início dos anos 1960, houve fortes mudanças sociais, políticas e de classes na Coreia do Sul, em função do novo enfoque dado por Park à política econômica. Seus principais aliados foram as classes rurais, agricultores familiares e pequenos empresários agrícolas, esteio da classe média rural.
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O grande programa de Park, que definiu dali para frente não apenas o modelo econômico mas como a própria cultura coreana, foi o Saemaul Undong (Nova Comunidade), um conjunto de princípios de política econômica, social e moral.
Seu início foi nas comunidades rurais. Depois, transbordou para as cidades.
O foco central era mudar os padrões culturais das comunidades rurais, transformando-as em comunidades mais empreendedores, mais abertas às mudanças e mais sensíveis a estímulos e oportunidades.
Pretendia-se promover a ação coletiva direcionada à construção de infraestrutura – especialmente necessária para o desenvolvimento do mundo agrário.
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Documento oficial, de 1975, resumia o programa assim:
“O Saemaul Undong é um movimento de desenvolvimento comunitário que objetiva o melhoramento da vida econômica, social e cultural das pessoas e de suas condições ambientais, através da inculcação de atitudes e valores de diligência, cooperação e auto-ajuda, do cultivo de lideranças de base e da ativa participação voluntária das pessoas na comunidade. Assim, é um movimento social abrangente que é parte integral do esforço nacional de modernização para atingir o desenvolvimento sustentável e equilibrado da nação”
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O documento tem três eixos: Desenvolvimento Espiritual (mudança de atitudes), Desenvolvimento Econômico (modernização da agricultura e industrialização) e Desenvolvimento Social (mudança cultural).
No primeiro bloco, estimula os valores de justiça, honestidade e autoconfiança. No segundo, tem por objetivos o aumento da renda, a inovação e a mecanização. No terceiro, a universalização da eletrificação, equipamentos culturais no domicílio e nas comunidades.
Empresas devem reduzir endividamento no segundo semestre
A perspectiva de inadimplência das empresas caiu 1,3% em julho ante o período imediatamente anterior, ficando em 97,6 pontos, segundo a consultoria Serasa Experian, um sinal de que o nível de inadimplemento das empresas, a exemplo do que já se vem observando com o dos consumidores, também exibirá tendência de declínio ao longo do segundo semestre deste ano. No caso do endividamento do consumidor, o índice de perspectiva recuou 1,4% em julho ante o mês anterior, atingindo 94,6 pontos.
Venda de títulos do Tesouro sobe 64,8%
Os investidores do Tesouro Direto adquiriram R$ 372,2 milhões em títulos em agosto, valor 64,8% superior ao montante de julho, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Fazenda. O número de investidores cadastrados chegou a 313.919 no mês passado, o que representa incremento de 21,2% nos últimos 12 meses. As vendas até R$ 5 mil corresponderam a 58,8% do volume aplicado no mês, e o valor médio por operação em agosto ficou em R$ 17.334.
BC liquida bancos Prosper e Cruzeiro do Sul
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial dos bancos Cruzeiro do Sul, sediado na cidade de São Paulo, e do Banco Prosper, do Rio de Janeiro. No caso do banco paulista, a determinação do regime especial (intervenção e liquidação extrajudicial) ocorre depois que a fiscalização do BC verifica algum tipo de problema na instituição financeira, como ausência de liquidez desvio de dinheiro ou descumprimento de normas. No caso do Banco Prosper, a liquidação se deve a sucessivos prejuízos.
Atividade econômica cresce 0,42% em julho
A atividade econômica brasileira avançou 0,42% em julho, na comparação com junho, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), ajustado para o período. Em relação a julho do ano passado, sem ajuste sazonal, houve expansão de 2,34%. Nos sete meses do ano, o IBC-Br registrou crescimento de 1,08% (sem ajustes), na comparação com igual período de 2011. Em 12 meses encerrados em julho, o IBC-Br, sem ajustes, atingiu 1,24%.
Produção industrial perde força nos EUA
A produção da indústria norte-americana caiu 1,2% em agosto, segundo dados do Federal Reserve. Esta é a maior redução apurada desde março de 2009 – na ocasião, a queda foi de 1,7%. Entre outros fatores, os números foram afetados pela desaceleração de 0,7% apurada na produção fabril e pelo fechamento de plataformas de petróleo e gás natural no Golfo do México, devido a passagem de um furacão (que exerceu um impacto de 0,3 ponto sobre o índice total).
Crise afeta exportações latino-americanas, avalia Cepal
A recessão em países da União Europeia, o baixo crescimento norte-americano e a diminuição do ritmo da economia chinesa afetaram as exportações dos países latino-americanos em 2012, avalia a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O ritmo de avanço das exportações caiu de 23,3% (em 2011) para 4,1% (no primeiro semestre de 2012). A crise também desfavoreceu as importações, que desceram da taxa de 21,7% para 6,2% (com projeção de desacelerar a 3% até o final do ano).
Blog: www.luisnassif.com.br
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