Escrito e enviado pela advogada Vera Vassouras
As manchetes pré-elaboradas e as torcidas organizadas pelos agentes de convencimento não conseguirão impedir o desabrochar da consciência, historicamente amedrontada pela voracidade predatória de um Judiciário monárquico, irresponsável, imoral, pernicioso e constituído por elementos constitucionalmente incapazes de reflexão no interesse da Nação.
Obcecados pela subserviência simbólica da Justiça, ensandecidos pela aparência de poder, quando a responsabilidade do cargo imporia a consciência do dever, sua patologia ultrapassa a teatralidade de suas fórmulas ilógicas, estabelecidas como normalidade jurídica.
O princípio da igualdade é rotineiramente desrespeitado pelo Judiciário, ao tratar membros da sociedade como se estivessem sob a égide da descaracterização irracional do Código de Manu, no qual as castas são privilegiadas com imunidade, impunidade, prêmios e honrarias, conforme a gravidade de seus delitos. Cidadãos comuns (ou lideranças populares) são sujeitos preferenciais das ações criminosas, omissões dolosas e resistências injustificadas na aplicação da lei.
Entre abandonar a mentalidade monárquica e, portanto, primitiva do ócio e da superioridade baseada num instinto animal predatório e expansionista; entre a finalidade de pacificação das relações sociais e colaborar com o sentimento de solidariedade e respeito, voltam-se enlouquecidos contra o Congresso Nacional (poder popular, para o bem ou para o mal), em conluio com os desagregadores da Nação, alcunhados de jornalistas, num combate inaceitável e inadmissível contra uma democracia em gestação.
Nem Paraguai, nem Honduras.
Os brasileiros já amadureceram suficientemente pela experiência histórica (sem nenhum mérito aos historiadores) ao entender que, tanto aqui, como acolá, o Judiciário é o guardião da criminalidade, da barbárie, da irresponsabilidade e do cinismo.
Se existe um processo histórico de identificação ideológica entre os grupos de extermínio da moralidade, da ética e do caráter, será preciso admitir também que entre os outros, os gentios, os pagadores de impostos, os censurados, roubados, aprisionados, torturados e perseguidos, há um novo espírito de união e coragem espalhando um aroma de liberdade. Os cegos começam a ver, os surdos a ouvir e os aleijados a andar (sem o auxílio de nenhuma muleta e com suas próprias pernas).
Quando os honrados legisladores não mais se aliarem em seus próprios partidos e, sob nenhum pretexto, às máfias, reféns do Judiciário pela via da impunidade histórica, poder-se-á finalmente, dar vida a um sistema de representação criativa e responsável, com uma visão contemporânea, cuja racionalidade impõe, necessariamente, não só remover do Judiciário o comando das eleições (absolutamente inconstitucional) como, também, conduzi-los aos mesmos depósitos de seres humanos, os quais denominam peniten-ci-árias, cuja administração usurpa dos executivos, enquanto as prateleiras de seus gabinetes permanecem entulhadas de processos, como um cemitério no interior de um hospício.
O Congresso Nacional tem o dever de responder imediatamente à tentativa de sobrevivência de um desses fantasmas que assombram o imaginário brasileiro, antes que o último jornalista seja enforcado com as tripas do último juiz.
N’est ce pas?
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