Coluna Econômica - 15/04/2013
Os últimos indicadores econômicos mostraram o seguinte:
- Na sexta foi divulgado o IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Trata-se de um indicador que tenta antecipar os resultados do PIB (Produto Interno Bruto). O de fevereiro registrou queda de 3,13%. Em doze meses, uma alta de apenas 0,87%.
- Um dia antes, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) constatou uma queda de 0,4% nas vendas de varejo, pior desempenho desde fevereiro de 2003. No acumulado do ano e em 12 meses, os indicadores são razoáveis. A explicação para a queda no varejo é que o aumento da inflação provocou uma retração no consumo.
- No caso dos supermercados, houve queda de 2,1% nas vendas de alimentos e bebidas, também em decorrência da alta de preços.
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Tem-se, portanto, um quadro definido.
Em relação ao comportamento geral da economia, índices claudicantes de recuperação. Em relação ao varejo, queda de consumo decorrente do aumento de preços. Ou seja, a própria inflação criando seu anticorpo, seja através da redução da renda, seja através das manobras defensivas dos consumidores. Vários itens de pressão nos preços começam a ceder.
Entre os que acreditam nos poderes mágicos da Selic, há a crença de uma defasagem de 8 meses entre uma eventual elevação da taxa e seus efeitos.
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Suponha que a Selic tenha eficácia e que exista essa defasagem sobre seus efeitos.
Ela incidiria sobre uma economia desaquecida, em que até os indicadores de varejo começam a claudicar. Ou seja, exerceria um papel pró-cíclico (de acentuar a tendência dominante).
Tem-se uma inflação que superou de leve o limite de alta da meta inflacionária.
Ao mesmo tempo, um conjunto de sinais mostrando uma economia a meia trava e outro conjunto de sinais mostrando distensão nos fatores principais de pressão sobre os preços.
Aliás, o melhor sinal veio da própria queda de vendas dos supermercados, comprovando que as grandes fabricantes de produtos de varejo, que reajustaram seus preços nos últimos meses, sofreram queda de vendas.
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Mesmo assim, o coro prossegue, por razões que nada têm a ver com preocupações inflacionárias.
Além dos especuladores habituais da Selic, há um conjunto de atores engrossando o coro.
Existem gestores de fundos de pensão que não conseguiram fazer a transição para o mercado de renda variável e necessitam de juros altos para fechar suas contas.
Os bancos de investimento atuam em várias frentes e uma redução de juros beneficiaria os segmentos que trabalham com empresas. Mas o sistema de bônus faz com que cada área lute ferozmente para preservar seus ganhos. E os maiores ganhos dos economistas – a parte do mercado com maiores vínculos com a mídia – se dá justamente nos resultados da renda fixa, no comportamento da Selic.
Com apoio dos bancos públicos, Banco Central e Fazenda coordenaram com maestria os movimentos do mercado em direção à redução dos juros e ao aumento do crédito. Desde que se percebeu consistência nas medidas para reduzir os juros, os bancos comerciais se prepararam para atuar em um cenário de competição.
Toda essa construção irá por água abaixo, será uma autêntica abertura da porteira, se o Copom ceder à pressão e aumentar a Selic.
Prévia do PIB tem queda de 0,52% em fevereiro
A atividade econômica apresentou queda em fevereiro: dados divulgados pelo Banco Central mostram que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ajustado para o período caiu 0,52% ante janeiro deste ano, o menor resultado apurado desde 2005. De acordo com os dados revisados e com ajuste sazonal, em janeiro deste ano, comparado com dezembro de 2012, o IBC-Br cresceu 1,43%. Em 12 meses encerrados em fevereiro, a atividade cresceu 0,87% (sem ajustes).
Mantega ressalta combate à inflação
O governo federal não vai permitir o aumento da inflação no país, mesmo que para isso seja necessário adotar medidas consideradas impopulares. A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Elevamos os juros em 2012, época de eleições”, lembrou, ressaltando que o combate à inflação "sempre será uma prioridade”, e que o aumento dos juros é apenas uma das ferramentas que pode ser utilizada.
BC está atento, diz Tombini
Durante encontro dos presidentes de Bancos Centrais da América do Sul, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deixou claro que não haverá tolerância com a inflação, e que o banco está atento a movimentações futuras. Quanto a possibilidade de alta dos juros devido a pressão inflacionária, o representante do BC disse que “não fala sobre reuniões futuras”. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está programada para os dias 16 e 17 deste mês.
Portugal quer mais prazo para dívida externa
Os ministros de Finanças da Europa se encontram na irlanda para discutir a possibilidade de Portugal ganhar mais tempo para o pagamento do montante principal da dívida externa, que foi contraída a partir do programa de ajustamento econômico iniciado em 2011. Existem informações de que a extensão da maturidade da dívida portuguesa poderia ser esticada em até sete anos, o que poderia suavizar o pagamento do empréstimo concedido pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Venda de carne suína cai quase 18%
As exportações de carne suína apresentaram uma redução de 17,87% em março, na comparação com o mesmo mês de 2012, segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Em termos de receita, houve recuo de 13,35% em março deste ano, ante o mesmo período do ano passado. Os embarques realizados ao longo do mês somaram 39,25 mil toneladas e o faturamento gerado chegou a US$ 105,32 milhões.
Setor de energia puxa indústria da zona do euro
A produção das indústrias da zona do euro ficou acima das expectativas em fevereiro ante o período anterior: de acordo com a agência de estatísticas Eurostat, a produção avançou 0,4% ante janeiro. O desempenho foi alimentado pelo avanço apurado na produção energética, que registrou um aumento de 2,6% ante janeiro, depois de permanecer em queda pela maior parte dos últimos seis meses, enquanto a produção de bens de consumo subiu 1,3% ante fevereiro.
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