Coluna Econômica - 05/02/2013
Passo básico de qualquer financiamento bancário é a análise das condições de pagamento do tomador. Quando se trata de banco de desenvolvimento, o quadro é mais complexo. Há que se analisar o entorno, as externalidades – se positivas ou negativas – os impactos não apenas na carteira do banco mas na economia.
Até os anos 90, o norte do banco era a substituição de importações. Depois, navegou pela chamada reestruturação produtiva. Ao longo dos anos, passou a incluir condicionalidades ligadas aos novos valores globais, como a sustentabilidade, o respeito ao meio ambiente.
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Esse tipo de análise é mais complexa, pois implica envolver outros atores, prefeituras, governos de Estado, ministérios etc. Mas é desafio que terá que ser enfrentado pelo banco, dentro do seu próprio processo de modernização e adequação aos novos tempos.
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Na semana passada, fiz uma série de questionamentos sobre a posição do banco ante alguns desafios contemporâneos.
Uma das críticas maiores ao banco é o fato de ter bancado megafinanciamentos a setores de baixo grau de inovação, como os frigoríficos, e de alto risco de concentração econômico, debilitando os fornecedores. Depois, o fato de, ao revitalizar mercados concorrentes, fortalecer competidores do país no mercado internacional. Finalmente, pelo fato de não terem exigido deles a captação de recursos no mercado.
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A justificativa do BNDES é que empresas internacionalizadas exercem forte papel de indutoras de modernização na economia, desde que se mantenham, internamente no país, o centro de decisões financeiras, tecnológicas e mercadológicas.
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O banco decidiu apoiar os frigoríficos porque, segundo a expressão de um porta-voz, “a bola estava quicando na frente do gol”. Havia grandes frigoríficos em países produtores, enfrentando problemas de gestão – não problemas estruturais no setor.
Abriu-se a possibilidade para grandes grupos brasileiros ganharem espaço rapidamente. No caso da JBS, é como se fosse uma Vale, somada à Rio Tinto, e à BHP – as três grandes do setor de mineração – pelo fato de ter finacado pé nos Estados Unidos e na Austrália.
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As externalidades positivas dessa ação seriam:
- Internamente, ajudar a formalizar o mercado, impondo normas sanitárias exigidas no comércio global e impossíveis de serem atendidas por uma infinidade de mais de mil pequenos frigoríficos. Nos EUA, a concentração do setor permitiu uma reorganização, na qual os pequenos frigoríficos transformaram-se em distribuidores dos maiores.
- Assimilação das técnicas de pecuária, que torna o rebanho dos EUA várias vezes mais produtivo que o brasileiro. Os EUA tem um rebanho de 90 milhões de cabeça e uma produção anual de 11 milhões de toneladas. O Brasil possui 200 milhões de cabeças e apenas 9 milhões de produção. Qual a garantia de que, em lugar de modernizar a cadeia de fornecedores, os grandes frigoríficos não passem a ocupar o espaço com produção própria? Perna falha: o sistema de defesa do direito econômico ainda é ineficaz no país.
- O local de expansão da produção é o Brasil, com amplo espaço para ganhos de produtividade.
Agentes ampliam IPCA para 2013
Os analistas do mercado financeiro voltaram a ampliar os prognósticos para a taxa oficial de inflação em 2013, segundo o relatório Focus elaborado pelo Banco Central. A variação estimada para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao fim deste ano subiu pela quinta semana, passando de 5,67% para 5,68%. Na avaliação mensal, os dados para janeiro foram mantidos em 0,85%, enquanto o total para fevereiro seguiu em 0,40%. Para 2014, permanece a projeção de 5,5%.
Crédito ao consumidor reagirá no primeiro semestre de 2013
A perspectiva de crédito ao consumidor apresentou um crescimento de 1,4% no mês de dezembro, atingindo um total de 100,3 pontos, segundo a consultoria Serasa Experian. Segundo a consultoria, a redução (ainda que relativamente morosa) dos níveis de inadimplência do consumidor já começa a ser percebida em algumas linhas de crédito (veículos, outros bens duráveis e habitacional). No caso das empresas, o indicador recuou 0,3%, atingindo o patamar de 100,1.
Manobra contábil influencia meta de superávit primário
Além de saques no Fundo Soberano e da utilização de dividendos de estatais, o governo usou uma manobra para garantir o cumprimento da meta reduzida de superávit primário em 2012. Uma série de medidas ao longo de dezembro remanejou R$ 8,9 bilhões do orçamento de seis ministérios para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), facilitando o esforço fiscal.
O maior volume de despesas remanejadas corresponde ao Ministério da Defesa, que passou a contribuir com R$ 4,670 bilhões para o PAC.
IPC-S avança em quatro capitais
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) avançou em quatro das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na passagem da terceira para a quarta semana de janeiro. O maior aumento da taxa de inflação foi observado em Brasília, com 0,26 ponto percentual, ao passar de 1,01% para 1,27%, enquanto o Rio de Janeiro teve a queda mais intensa, passando de 1,05% para 0,88%), Salvador (0,14 ponto percentual, ao passar de 1,07% para 0,93%) e São Paulo (0,04 ponto percentual, ao passar de 1,02% para 0,98%).
Produção de petróleo no pré-sal avança 45%
Embora a produção de petróleo no Brasil tenha sido reduzida em 4,9% em dezembro ante o mesmo mês de 2011, a produção de petróleo só no pré-sal e de gás natural atingiu níveis recordes, com 242,7 mil barris diários de petróleo e 76,2 milhões de metros cúbicos diários de gás. O crescimento é de 44,8% e 6,8%, respectivamente, na comparação com dezembro do ano anterior, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo).
Mariano Rajoy diz que não renuncia
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, descartou a possibilidade de renunciar ao cargo. O pedido de renúncia foi feito pela oposição espanhola. O premiê negou veementemente que ele ou outros políticos de seu partido, o Partido Popular (PP), tenham recebido pagamentos ilegais. Na última quinta-feira, o jornal espanhol El País publicou denúncia de que pagamentos clandestinos teriam sido feitos por empresários da construção civil a líderes do PP, entre eles o premiê Rajoy.
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