Coluna Econômica - 21/06/2013
Ontem participei de um debate sobre o Movimento do Passe Livre promovido pelo Diretório Acadêmico da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Parte dos debatedores dizia que, caso não houvesse foco nas discussões, o movimento obteria uma vitória de Pirro, sem resultados concretos.
Ora, a manifestação alargou o espaço político, colocou o cidadão no centro das políticas públicas. Alargando o espaço político, automaticamente alargou as possibilidades de novas medidas técnicas, que, em outros tempos, seriam politicamente inviáveis.
No final do debate, o presidente do Diretório convidou dois colegas para falar. Um era presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da USP; o outro, presidente do Diretório Central de Estudantes da USP. Os três, quase imberbes, convidando para novas reuniões, para que os estudantes com formação em gestão e direito pudessem contribuir com sugestões para o tema transportes urbanos.
Ali estava a prova maior de que o movimento tinha inaugurado um novo tempo.
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Nos jornais, a mesma dificuldade em definir o novo. O bordão mais utilizado era o de que os governos do estado de São Paulo e do município tinham cedido ao “populismo tarifário”, ao reduzir o preço das passagens em 20 centavos. Trata-se de monumental falta de cultura política de quem não entendeu o novo espaço de cidadania aberto pelo movimento.
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Na FGV, uma das incógnitas sobre o movimento era o fato de se pretender apartidário, ser horizontal – isto é, não ter uma liderança central – e a circunstância de, muitas vezes, defender propostas sem avaliar custo e benefício.
Ora, não se queira racionalidade ou foco em um fenômeno social. Está-se no olho do furacão, no início do processo de transformações, no caos que precede a nova ordem.
O movimento não é contra ninguém individualmente: é contra toda uma estrutura institucional de poder que se exauriu sem abrir espaço para a participação popular. Inclui-se aí a grande mídia do eixo Rio-São Paulo.
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As indefinições iniciais dão margem a toda sorte de manipulação.
Tome-se o caso da Copa do Mundo..
No jogo do Brasil com o México, a Globo tratou de televisionar manifestantes com cartazes denunciando suposta corrupção da Copa. Este será o próximo mote da mídia.
Nos jogos de futebol – especialmente da Seleção Brasileira – nenhuma imagem da Globo é de graça. Cada menção, até a bolas de futebol tem, por trás, esquemas de marketing.
Um dos grandes beneficiários da Copa é a própria Globo, que detém o direito de transmissão dos jogos. É evidente que a hipocrisia foi denunciada pelas redes sociais.
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Esses momentos de intenso fervor cívico, de cortes radicais no tempo político, abrem espaço para os grandes estadistas.
O governante que conseguir entender os novos tempos e criar instrumentos eficientes de participação, dominará a cena política nos próximos anos.
Quem não conseguir decifrar o enigma, será devorado pela esfinge.
Aliás, a declaração do Ministro Guido Mantega de que não há espaço para medidas fiscais em favor do transporte público é a demonstração cabal de nos grandes momentos políticos, quem é pequeno tende a se apequenar cada vez mais.
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