Coluna Econômica - 30/01/2013
Nos últimos anos, sob comando do economista Otávio de Barros, o Bradesco constituiu a maior equipe de economia entre as empresas privadas brasileiras. Meticuloso com indicadores, Otávio montou um painel minucioso dos principais indicadores nacionais e internacionais, e - o diferencial – passou a trabalhar a enorme base de clientes do banco.
A partir dessa montanha de informações, o Departamento de Economia chegou ao seguinte consenso:
O pibinho de 2012 se deveu a um conjunto inédito de fatores negativos.
Os principais fatores (que não deverão se repetir) foram:
1. Seca no Nordeste e do sul, detonando o PIB agrícola.
2. Crise no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), devido aos escândalos, paralisando os investimentos em infraestrutura.
3. A implantação abrupta de novos padrões de motores, praticamente paralisando a venda de caminhões.
4. Endividamento do setor sucroalcooleiro, paralisando a produção de álcool.
5. Queda brutal na produtividade da Bacia de Campos que, de repente, passou a 70% da capacidade anterior.
6. Queda brusca das exportações para a Argentina.
7. Os apertos do Banco Central na Selic, em 2011, somados às medidas macro prudenciais, que acabaram afetando 2012.
Tais fatores teriam “roubado” de 0,8% a 1% do PIB.
O segundo ponto é a metodologia adotada pelo IBGE (aparentemente, em revisão). Segundo Otávio, os mesmos dados, se colocados no sistema que roda o PIB da OCDE (o grupo de países mais avançados), haveria no mínimo um ponto a mais no PIB e outro nas taxas de investimento.
Novo “normal”
Em 2013 e, especialmente em 2014, se colherão os frutos do novo padrão de política econômica implantado a partir de agosto de 2011.
O “novo normal”, na economia mundial, seria constituído dos seguintes fatores:
1. Crescimento moderado do crédito. Moderado porque mais cuidadoso, ao contrário do porre de 2010 e 2011.
2. Maior intervenção do Estado.
3. Menores taxas de retorno sobre o capital.
4. Crescimento baseado na produtividade e no investimento, e não mais no consumo.
No caso brasileiro, a posição do governo Dilma, segundo Otávio, é a do território conquistado em batalha, portanto irreversível. O “território” em questão consiste na taxa Selic civilizada, nos aportes no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), câmbio mais competitivo, redução dos impostos, do custo de energia e dos encargos trabalhistas.
O Bradesco trabalha com uma previsão de crescimento de 3,5% do PIB. Nas últimas semanas, os rumores de racionamento de energia fizeram o mercado derrubar um pouco a projeção.
Cenário internacional
Contribui para essa previsão a situação internacional. Os Estados Unidos já completaram as quatro etapas de entrada e saída da crise; a Europa estaria no terceiro quartil. O presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, teria operado uma impressionante reversão na ortodoxia, principalmente, do Bundesbank alemão. E a economia alemã já estaria refletindo essa situação.
Além disso, com a redução do risco sistêmico, a enorme injeção de liquidez na economia internacional poderá, finalmente, refletir-se na economia real.
Confiança industrial segue estável em janeiro
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) manteve-se estável entre dezembro e janeiro, ao passar de 106,4 para 106,5 pontos, e seu maior resultado desde junho de 2011, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A estabilidade resulta do aumento de 0,3% do Índice da Situação Atual (ISA), para 106,8 pontos, e do recuo de -0,1% do Índice de Expectativas (IE), que atingiu 106,1 pontos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) passou para 84,4%, o maior desde fevereiro de 2011 (84,5%).
Empresas melhoram pontualidade de pagamentos
A pontualidade de pagamentos das micro e pequenas empresas chegou a 95,4% no ano de 2012 - desta forma, 954 em cada 1000 pagamentos realizados pelas companhias de micro e pequeno porte foram feitos à vista ou com atraso máximo de sete dias, segundo a consultoria Serasa Experian. Este foi o melhor desempenho anual desde 2006. O avanço foi favorecido pela queda dos juros e a melhora no gerenciamento, além do desempenho econômico mais focado no mercado doméstico.
Indústria tem forte retração em dezembro
A indústria recuou 8,6 pontos em dezembro, chegando a 41,2 pontos, ante os 49,8 pontos de novembro, chegando ao menor valor da série mensal iniciada em janeiro de 2010, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com a queda da produção, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu de 46 para 42,2 pontos na comparação com o mês anterior. Apesar do fraco desempenho, a indústria manteve seus estoques ajustados ao nível planejado, segundo análise técnica da pesquisa.
Empresário do comércio mostra menos confiança
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) foi reduzido em 1,6% no mês de janeiro deste ano em relação ao mesmo período de 2012, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio fechou 2012 com queda de 4,3% ante 2011. A redução foi provocada pela confiança em relação ao momento atual, que caiu 7,2%. Em relação às expectativas para o futuro, o empresário do comércio mantém o grau de otimismo verificado em 2012.
Produção agrícola deve ter valor 18,2% maior em 2013
O valor bruto da produção (VBP) estimado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deve subir 18,2% em 2013, o que vai representar R$ 450,3 bilhões a mais no faturamento por conta da venda de 20 produtos agrícolas e cinco pecuários O setor faturou R$ 380,8 bilhões. Em nota, a CNA avalia que “a aceleração dos preços das principais commodities agrícolas e o aumento no volume de produção, especialmente de soja e cana-de-açúcar, indicam resultado positivo para o ano”.
Governo do Japão aprova orçamento
O governo do Japão aprovou um projeto de orçamento para o próximo ano fiscal que chega a 92,6 trilhões de ienes, o equivalente a US$ 1,02 trilhão. O objetivo das autoridades é que as receitas fiscais ultrapassem as vendas de novos títulos - caso o quadro se confirme, será o primeiro avanço registrado nos últimos quatro anos. O governo reduziu o tamanho do orçamento ante o ano anterior pela primeira vez em sete anos, levando em consideração o financiamento do governo para o pagamento de pensões.
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