Coluna Econômica - 18/7/2013
A presidente Dilma Rousseff chegou apreensiva à reunião que marcou os dez anos do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Não se tinha certeza sobre a posição dos conselheiros - dentre os quais grandes empresários, representantes de movimentos sociais e sindicatos, intelectuais e figuras públicas em geral.
À medida que as apresentações se sucediam, o semblante de Dilma se desanuviava. E, da sucessão de apresentações até chegar à sua fala, constatava-se que existe um projeto de país, quase consensual e que tem em Dilma, até agora, sua melhor intérprete- desde que proceda a alguns ajustes de rumo.
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Criado em 2003, dentro da ideia da “concertação”, o CDES foi vital, em 2008, para ajudar o país a sair da crise. Foram dele muitas das sugestões que permitiram o revigoramento da economia;
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A pedra de toque do desenvolvimento brasileiro, o mecanismo básico que deflagra as grandes transformações, em todos os níveis, chama-se igualdade. A igualdade traz progresso social, desenvolvimento econômico, modernização política. E é o objetivo máximo a ser perseguido.
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Segundo Dilma, o desafio consiste em reduzir a desigualdade entre regiões, entre homens e mulheres, negros e brancos, entre a grande e a pequena empresa, entre setores produtivos, entre os que estão na base e no topo da pirâmide. E considerou as recentes manifestações das redes sociais como a prova maior de que a igualdade está chegando também ao campo político e da participação da sociedade civil nas decisões de Estado.
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Em seguida apresentou os cinco pactos indispensáveis para se atingir a igualdade. E uma afirmação relevante, que pode prenunciar a mudança do estilo autocrático até agora adotado:
“Como é próprio das democracias, serão enriquecidos com contribuições de todos”.
Os cinco pactos propostos:
1. Pela estabilidade fiscal;
2. pela melhoria da vida urbana;
3. pela educação;
4. pela saúde e
5. pela reforma política.
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Como explicou o conselheiro Clemente Lúcio, do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômico), o grande desafio será construir a igualdade em um espaço de liberdade, e, a partir dai, dar dinamismo às novas transformações exigidas pela sociedade brasileira.
A convicção de Dilma e os dados apresentados impressionaram os conselheiros. Nas próximas semanas, no entanto, terá que apresentar atitudes concretas. E, aí, se poderá comprovar se colocará em prática a parte mais substantiva do seu discurso, a constatação de que as transformações, em regimes democráticos, são lentas e custosas, mas só se tornam possíveis com ampla participação de todos os setores nas grandes decisões públicas.
Na saída do evento, alguns choques de realidade refrearam o entusiasmo de alguns conselheiros, com a informação de que o Secretário do Tesouro, Arno Augustin trouxe de volta para a área pública a pratica nefasta dos cortes lineares de despesa pública. Saiu cortando verbas de Ministérios sem sequer consultar os titulares, sobre onde cortar, provocando a interrupção de programas relevantes.
Mas havia a convicção, entre alguns presentes com acesso aos meandros do poder, que a reforma ministerial está a caminho.
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