Coluna Econômica - 04/04/2013
Volto ao trabalho dos economistas Daron Acemoglu-James Robinson ("Economics versus Politics: Pitfalls of Policy Advice", Fev., 2013) comentado na coluna de ontem.
O foco do trabalho é propor a análise das decisões de política econômica em dois períodos: o primeiro, aquele em que as medidas são tomadas; depois, analisando os efeitos políticos das medidas sobre o segundo período.
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Nos anos 90, apogeu do chamado neoliberalismo, decretou-se o "fim da história". Significava que nada da experiência histórica poderia ser aproveitado, pois o mundo entrava em uma nova etapa, sem nenhuma relação com o passado.
Esse estratagema possibilitou as maiores imprudências da política econômica de muitos países, incluindo o Brasil. Nenhum alerta era aceito porque baseava-se na experiência histórica; e o novo mundo nada tinha a ver com o anterior.
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Quando os formuladores do Plano Real apreciaram o câmbio, em julho de 1994, houve alertas de que em breve lançariam o país em uma crise das contas externas.
A resposta de Gustavo Franco foi de que os tempos eram outros, que o mercado financeiro internacional tinha adquirido tal dimensão que proveria para sempre qualquer necessidade de dólares dos países. Três meses depois o Brasil quebrou. Mas o discurso permaneceu.
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O mais impressionante foi a maneira como essa visão do momento único influenciou toda a imprensa financeira ocidental.
Em fins de 2002 participei de um Seminário na Espanha, com editores de finanças de vários jornais, incluindo o prestigiado El País.
Lula havia ganhado as eleições e o dólar disparara.
O representante do jornal criticou acerbamente as multinacionais espanholas que tinham vindo para a América Latina. Dizia o colega espanhol que as multinacionais tinham se apossado da poupança das velhinhas e Madri para aplicar em "republiquetas corruptas" da América Latina
Os jornalistas brasileiros presentes ao encontro reagimos imediatamente. Foi lembrado a ele que, se não tivesse adquirido a Telesp, provavelmente a Telefonica da Espanha teria sido absorvida por congêneres mais fortes, como a Deustche Telecom ou a British Telecom.
Rebati a acusação dizendo a ele que o Brasil tinha empresas mais bem organizadas que as espanholas, uma agricultura infinitamente superior, um potencial imensamente maior do que a economia espanhola. A única vantagem da Espanha se devia ao fato de suas empresas terem ido antes ao mercado internacional antes das brasileiras e adquirido as nossas.
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Era evidente para qualquer analista minimamente informado que a saída para a América Latina se constituiria na salvação das empresas espanholas, em um momento de profunda concentração de capital na Europa. Mas a visão vigente era do momento imediato, do valor da empresa naquele instante.
Qualquer tentativa de visão prospectiva era entendida como obstáculo à eficiência dos mercados, já que - segundo esta visão - era a preocupação imediata com cada dia que construiria o caminho da prosperidade futura.
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São águas passadas. O importante é que a definição das próximas etapas do desenvolvimento brasileiro levem em conta os exercícios sobre o segundo período.
Confiança do comércio perde força
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) volta a perder força no trimestre fechado em março, ao apresentar uma redução de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este é o terceiro mês consecutivo de piora nesta base de comparação. A diminuição da confiança foi caracterizada pelo aumento do grau de satisfação em relação à situação atual, mas as perspectivas em relação aos meses seguintes tornaram-se menos favoráveis.
Produção de gás natural bate recorde
A produção brasileira de gás natural bateu recorde no mês de fevereiro, chegando a 76,5 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia). Na comparação com fevereiro de 2012, houve um aumento de 14,1%, conforme informações divulgadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A produção de petróleo no mês de fevereiro atingiu um total de 2,017 milhões de barris por dia, queda de 8,5% ante 2012 devido a manutenção programada em algumas plataformas.
FMI deve emprestar US$ 1 bilhão para o Chipre
O Fundo Monetário Internacional (FMI) analisa o empréstimo de 1 bilhão de euros para realizar o socorro do Chipre. A iniciativa foi anunciada pela diretora-geral do FMI, Christine Lagarde. O país deve receber um socorro total de aproximadamente 10 bilhões de euros. Os recursos partirão da chamada troika - grupo formado pelo FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Porém, no caso do FMI, o total do empréstimo deve ser submetido à decisão do colegiado, o que deve ocorrer em maio.
Índice de commodities cai 1,82% em março
O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) caiu 1,82% durante o mês de março na comparação com fevereiro, segundo o Banco Central. Em 12 meses encerrados em março, houve alta de 3,58%. A maior redução verificada ao longo do período ficou com o segmento de metais, que apresentou uma queda de 6,02%. A redução no segmento de energia chegou a 2,51%, enquanto o segmento de commodities agropecuárias registrou queda de 0,66%.
CNI 01: Investimentos devem avançar 4%
Ao mesmo tempo em que a atividade industrial mostra sinais de recuperação, o ritmo de crescimento da economia em 2013 deve ser apenas discreto: estimativas elaboradas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que os investimentos no Brasil ao longo deste ano devem avançar 4%, revertendo a queda de 4% apurada no ano passado, e devem se configurar como a principal alavanca da indústria e da economia neste ano.
CNI 02: PIB anual chega a 3,2%
De acordo com a CNI, a expansão do investimento deve levar o Produto Interno Bruto (PIB) a avançar 3,2% em 2013, e o PIB Industrial aumentará 2,6%. O consumo das famílias terá expansão de 3,5%, enquanto os estoques estão no nível planejado pelos empresários, o que abre espaço para o aumento de produção nos próximos meses. A entidade também prevê expansão de 1,2% no PIB trimestral, enquanto a utilização da capacidade instalada alcançou 84% em janeiro, perto do recorde de 84,4% de janeiro de 2008.
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