Coluna Econômica - 21/02/2013
Não se fie na história de que o Banco Central irá elevar a taxa Selic. As possibilidades são mínimas.
Há uma enorme atoarda no mercado e uma incapacidade do Ministro da Fazenda de articular um discurso que o torne imune às cascas de banana.
O discurso de Guido Mantega visa três públicos:
Público 1 - Passar ao mercado a certeza de que não vão ser abandonadas as metas de controle da inflação e de equilíbrio fiscal.
Público 2 - Passar ao setor industrial a convicção de que não se vai mais usar o câmbio para combater a inflação.
Público 3 - Criar uma expectativa positiva nas empresas, para que voltem a investir.
Administrar esses três objetivos exige um domínio de discurso que falta a Mantega.
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Na reunião do G20, Mantega compareceu na condição de maior crítico da guerra cambial. Naquele dia o dólar caiu abaixo dos R$ 2,00. Repórteres indagaram se o câmbio voltaria a ser utilizado no combate à inflação. Para atender ao Público 2, Mantega respondeu com uma afirmação de livro-texto: combate-se inflação com juros, não com câmbio. Ainda explicou que o BC tem à sua disposição um estoque de medidas prudenciais. Com isso, atiçou o Público 1.
As manchetes do dia seguinte destacaram apenas a afirmação de que “inflação se combate com juros”.
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Antes de ontem o presidente do Banco Central Alexandre Tombini compareceu ao Senado. Enfatizou novamente o compromisso do BC com o controle da inflação e admitiu que, em tese, havendo necessidade se aumentariam os juros.
Mas é óbvio. Havendo necessidade, é evidente que os juros serão aumentados. Só faltava o presidente do BC dizer que em hipótese alguma aumentará os juros.
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O resultado foi uma mixórdia informacional.
No jornal “Valor Econômico” era possível ler a manchete principal, aventando a possibilidade imediata de aumento da Selic; uma coluna interna, de jornalista do próprio jornal, dizendo ser uma hipótese vaga; outra matéria sustentando que, se houver alguma elevação, não será no curto prazo.
Ora, o que importa é o curto prazo, evidentemente. No médio prazo, se tudo estiver sob controle, não se mexe nos juros; se a situação degringolar, se mexe. Nenhum presidente de BC ousaria admitir que, em nenhuma hipótese os juros voltariam a subir. Significaria abrir mão de seu papel de autoridade monetária.
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Entra-se, então, no busílis da questão.
Alta de juros combate inflação de demanda – ao conter a atividade econômica. O BC sabe que a alta atual dos preços nada tem a ver com demanda aquecida.
Por outro lado, a recuperação dos investimentos passa diretamente pelas expectativas dos empresários. Hoje em dia há um nível de ocupação da capacidade instalada das fábricas da ordem de 80%. Enquanto o empresário não acreditar que vai subir, não planejará investimentos.
Um anúncio de elevação da SELIC, agora, os faria arquivar na hora seus planos de investimento. E significaria a derrota final da maior aposta do governo Dilma até agora: a redução dos juros e a elevação do câmbio.
É muito custo para pouco benefício.
Por isso mesmo:
1. A inflação não está fora do controle;
2. Não haverá alta da Selic.
3. A luta maior continua sendo para escapar da maldição do “pibinho”.
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Prévia do PIB avança 1,64% em 2012
A atividade econômica brasileira avançou 1,64% durante o ano de 2012, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Em dezembro, a economia apresentava um ritmo de crescimento menor do que o visto em novembro. Segundo os dados ajustados para o período, a comparação dos números de dezembro com os de novembro mostra que a atividade econômica cresceu 0,26%. Na comparação entre dezembro de 2012 e o mesmo mês do ano anterior, o crescimento ficou em 1,19%.
Empresas ampliam demanda por crédito em 19,3%
A quantidade de companhias que buscou crédito em janeiro avançou 19,3% ante dezembro de 2012, segundo a consultoria Serasa Experian. Esta foi a segunda maior alta para um mês de janeiro desde o início da medição (2006), ficando abaixo apenas do crescimento de 28,4% de janeiro de 2007. A demanda avançou entre empresas de todos os portes, em especial no segmento industrial. Para a consultoria, a retomada é um sinal de que a atividade econômica está em processo de recuperação de dinamismo.
Clima econômico global tem leve melhora
O clima econômico da América Latina manteve a trajetória de melhora iniciada em outubro de 2012, ao avançar de 5,2 para 5,5 pontos em janeiro, segundo levantamento elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em pareceria com o instituto alemão Ifo. O indicador superou a média dos últimos dez anos em 0,2 ponto, devido ao indicador de expectativas (IE-AL), que passou de 5,3 para 6 pontos, enquanto o indicador da situação atual caiu de 5,1 para 4,9 pontos - e passou para a zona desfavorável.
Federal Reserve pode alterar compra de ativos
O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) pode desacelerar ou interromper a compra de ativos antes que a retomada do mercado de trabalho seja concretizada. Segundo a ata da última reunião do Federal Reserve, isso se deve a temores sobre seus possíveis custos. Na ocasião, o Fed decidiu manter sua terceira rodada de aquisição de títulos, além de manter as taxas de juros perto do zero até que o desemprego chegue a 6,5%, contanto que a inflação não ameace superar a marca de 2,5%.
Japão tem déficit comercial em janeiro
O Japão registrou um déficit de 1,6 trilhão de ienes (valor equivalente a US$ 17,1 bilhões) na balança comercial do mês de janeiro, segundo dados oficiais. O déficit foi apurado mesmo depois de o governo tentar conter o ritmo de queda das vendas ao mercado externo, desvalorizando o iene. Em janeiro, as exportações cresceram 6,4%, para 4,799 trilhões de ienes, enquanto as importações aumentaram 7,3%, para 6,428 trilhões de ienes.
Fluxo cambial fica deficitário em US$ 817 milhões
O fluxo cambial (saldo da entrada e saída de dólares do país) ficou negativo em US$ 817 milhões até o último dia 15 deste mês (nove dias úteis), segundo o Banco Central. No mesmo período de 2012, o saldo estava superavitário em US$ 6,886 bilhões. Os dados preliminares deste mês mostram que o saldo negativo do segmento financeiro atingiu em US$ 163 milhões e, no caso do fluxo comercial, o saldo ficou negativo US$ 654 milhões. No ano, o saldo está deficitário em US$ 3,203 bilhões.
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