Coluna Econômica - 11/01/2013
O mercado de capitais é aquele em que se aplicam as regras mais severas visando resguardar a isonomia das informações. Em países modernos, pune-se o uso de informações privilegiadas, a disseminação de informações falsas e todos os fatos que possam provocar manipulação de cotações.
No Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é incumbida da fiscalização do mercado e das informações. É eficaz quanto à identificação e punição de vazamentos de informações privilegiadas e de manipulações do mercado em geral. Mas absolutamente omissa em episódios que envolvam a mídia.
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Dias atrás, a Folha divulgou que o governo havia feito uma convocação extraordinária do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), devido ao risco iminente de racionamento de energia.
Era notícia falsa. Mas foi repercutida durante todo o dia, apesar dos desmentidos que constavam do site do Ministério das Minas e Energia e das informações prestadas pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
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No mercado de energia, em que atuam apenas profissionais, não houve mudanças nas cotações. Na bolsa de valores, onde há maior heterogeneidade dos investidores, as cotações das elétricas oscilaram bastante. Ainda mais depois das perdas sofridas pela Eletrobrás com as decisões do governo em relação à renovação das concessões.
As ações caíram e ontem, dois dias depois da escandalização, voltaram a subir.
Papéis da CESP subiram 3,49%, da Eletropaulo PN 2,53%, da Eletrobras PNB 2,27%.
Nesses movimentos, muita gente ganhou muito dinheiro, à custa dos que perderam.
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Ontem foi a vez do portal da Veja divulgar uma notícia sem pé nem cabeça: a da suposta fusão entre o Bradesco e o Santander, que já teria sido comunicada aos funcionários.
A diferença do primeiro episódio é que, no caso da Veja, reconheceu-se o erro e providenciou-se a devida correção vinte minutos depois. O que não impediu oscilações de monta no mercado.
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É mais um capítulo complicado na perda de referencial pela mídia.
Permitiu-se que a politização passasse a interferir em todo o noticiário. Não existem mais filtros adequados. Em outros tempos, “barrigas”, informações falsas, eram punidas, ou pelo próprio jornal ou pelos concorrentes. Hoje em dia, desde que se atinja o objetivo político proposto, tudo é tolerado.
Em países mais modernos, existem modelos de auto-regulação. E as instituições reguladoras de mercado mantem uma fiscalização severa sobre abusos de informações que possam acarretar distorções de preços de ativos.
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Trata-se de um movimento terrível não apenas para o país como para a própria mídia. Na economia, a informação é essencial para alocação de recursos, decisões de investimento, planejamento estratégico.
Cabe ao jornalista o papel de intermediar os fatos, transformando-os em notícias. Por sua condição, o público supõe que tenha acesso a fontes inacessíveis para os mortais comuns, que trate as informações com discernimento, especialmente quando mexem com a poupança do público.
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No entanto, por aqui varre-se tudo para baixo do tapete. O álibi político deu autorização para o jornalista matar, não apenas reputações, mas os fatos. E tudo impunemente e às claras.
Inadimplência avança 15% em 2012
A inadimplência do consumidor encerrou o ano de 2012 com um acréscimo de 15% sobre o apurado em 2011, segundo a consultoria Serasa Experian. Na comparação com o ano anterior, a inadimplência das pessoas físicas subiu 14,2% durante o mês de dezembro, ao passo que o comparativo com novembro mostrou um recuo de 1,5%. O elevado comprometimento da renda e o forte endividamento do consumidor (alta de 22,1% entre janeiro e outubro de 2012) dificultou o pagamento dos compromissos.
IBGE 01: IPCA termina o ano em alta de 5,84%
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou 2012 em alta de 5,84%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Embora o indicador tenha ficado abaixo do visto em 2011 (6,50%), a variação ficou acima do teto de 4,50% estabelecido pelo governo federal. Os grupos de produtos não alimentícios subiram 4,64% em 2012, abaixo dos 6,29% registrados em 2011, enquanto o grupo alimentação e bebidas subiu 9,86%, mais do que os 7,18% do ano anterior.
IBGE 02: IPCA de dezembro fica em 0,79%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,79% em dezembro, ante os 0,60% de novembro (0,60%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado é o mais elevado desde março de 2011 (0,79%), e o maior índice para o mês desde 2004, quando a taxa foi de 0,86%. Em 2011, a taxa atingiu 0,50%. Os preços dos alimentos ficaram em 1,03%, mais do que em novembro (0,79%), e a variação dos não alimentícios ficou em 0,71%, acima dos 0,54% do mês anterior.
Dados da construção civil oscilam 0,43%
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo IBGE em parceria com a CAIXA, subiu 0,43% em dezembro, acima dos 0,22% registrados em dezembro. Com isso, o ano de 2012 fechou em 5,68%, muito próximo da taxa de 5,65% registrada em 2011. Em dezembro de 2011, o índice foi de 0,12%. O custo nacional da construção, por metro quadrado, que no mês de novembro fechou em R$ 851,96, em dezembro passou para R$ 855,64, sendo R$ 453,79 relativos aos materiais e R$ 401,85 à mão de obra.
BCE mantém juros em 0,75%
O Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juros inalterada na mínima recorde de 0,75%, em meio a sinais de vida na economia da zona do euro e à inflação ainda acima da meta. Segundo informações da agência de notícias Reuters, a zona do euro se encontra em recessão, mas os últimos dados divulgados mostram alguma estabilidade e o presidente da autoridade monetária local, Mario Draghi, apresentou um tom ligeiramente mais positivo ao divulgar a manutenção das taxas.
Uso de termelétricas pode levar a aumento da conta de luz
O governo calcula em R$ 400 milhões o custo nas contas de energia elétrica para o consumidor da utilização das usinas termelétricas motivada pela escassez de chuvas e pelo baixo índice dos reservatórios - e isso significa uma elevação de 2% a 3% nas contas em 2013, mas o aumento pode não acontecer se as chuvas voltarem à normalidade e não for necessário utilizar as termelétricas a partir de abril, foi o que explicou o presidente da Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
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