Coluna Econômica - 27/07/2012
Desde o advento da economia, como ciência, o mundo oscila em torno de um movimento pendular: uma, a do liberalismo econômico, de deixar as rédeas da economia por conta dos mercados; o outro, de uma atuação proativa do Estado.
No século 19 monta-se, pela primeira vez, modelos de articulação global da economia, regulados pelo grande capital. E consolida-se um novo conhecimento econômico, todo um arcabouço teórico visando maximizar os ganhos do grande capital.
Para se desenvolver, dizia-se, bastaria países abrirem todas suas portas para o grande capital. À medida em que os países centrais fossem se desenvolvendo, tornar-se-iam caros e a tendência seria o transbordamento do capital para países emergentes.
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Ainda nas primeiras décadas do século 19, pensadores insurgiam-se contra essa lógica e desenvolviam os primeiros princípios de economia política. Para um país se desenvolver deveria ampliar mercados para seus manufaturados, na fase inicial da industrialização proteger sua indústria, tratar de importar matéria prima e exportar manufaturados, montar estratégias diplomáticas visando expandir o comércio exterior, pensar estrategicamente na logística e no câmbio.
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NO final do século 19, países que definiram estratégias proativas de desenvolvimento, como EUA, Japão e Alemanha, lograram se beneficiar da enorme expansão financeira internacional. Países que assumiram posição passiva – como o Brasil– perderam o bonde.
A extrema volatilidade dos capitais privilegiava apenas o curto prazo e as jogadas pesadas em cima de concessões e serviços públicos. A instabilidade cambial impedia a consolidação de um movimento sólido de substituição de importações.
Mesmo assim, o pensamento dominante se espalhava por todo o mundo através da rede de bancos centrais – liderada pelo Banco da Inglaterra.
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Nesses três séculos, o mundo testemunhou a ascensão de duas potências ocidentais, Inglaterra e Estados Unidos. Em ambos os casos, a construção da hegemonia foi trabalho minucioso, que exigiu ampla intervenção do Estado. Depois de consolidada a hegemonia, ambos os países passam a defender o livre comércio para todas as nações – pela relevante razão de que eram as economias mais poderosas do planeta e, portanto, em condições de esmagar qualquer concorrente.
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Nesse século, o Brasil experimentou um liberalismo merreca nas três primeiras décadas dos anos 30. Depois, um processo proativo de intervenção do Estado, que começa com Getúlio Vargas nos anos 30, estende-se por JK, passa pelo regime militar e se esgota em fins dos anos 70.
Segue-se um período de caos e de germinação de novas ideias. E, em seguida, um longo período de liberalização, que se inicia na gestão Marcilio Marques Moreia, no governo Collor e termina com a saída de Antônio Pallocci no governo Lula.
Agora, inicia-se uma nova fase, com a opinião pública mundial exposta à influência do capitalismo de Estado da China.
O grande desafio será a implementação de uma política de Estado sem os exageros dos anos 70, mas sem a leniência das duas últimas décadas.
Sobre isso falaremos nas próximas colunas.
INCC sobe 0,85% em julho
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) atingiu 0,85% em julho, ficando abaixo do resultado apresentado no mês anterior, quando a variação foi de 1,31%. No ano, o índice acumula variação de 5,87%, e a taxa em 12 meses chegou a 7,31%. Os dados foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços atingiu 0,63%, ante 0,30% no mês anterior. O índice referente a Mão de Obra registrou variação de 1,05%. Em junho, a taxa foi de 2,28%.
IBGE divulga parcial dos dados de desemprego
Devido a greve do funcionalismo público, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados parciais doi desemprego no Brasil. A taxa ficou estável nas Regiões Metropolitanas de Recife (6,3%), Salvador (7,9%), São Paulo (6,5%) e Porto Alegre (4,0%). Em Belo Horizonte (4,5%) houve redução de 0,6 ponto percentual. Em junho, a população ocupada permaneceu estável em Salvador, Recife e São Paulo. Houve redução em Belo Horizonte e Porto Alegre, 1,8% e 1,9%, respectivamente.
FMI deve manter diálogo com Grécia até setembro
As discussões entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as autoridades gregas sobre o plano de austeridade imposto ao país em troca de um resgate financeiro devem ser mantidas até o mês de setembro. A equipe deve analisar os avanços obtidos com o plano de austeridade pedido em troca de uma linha de crédito de 130 bilhões de euros fechada em fevereiro para evitar que o país entrasse em moratória. O desbloqueio de novas partidas de ajuda depende desta avaliação.
Governo confia em retomada para fazer país avançar 3%
O governo adotará medidas sempre que considerar necessário para aquecer a economia e que confia em uma retomada da economia capaz de levar o país a crescer 3% este ano. A afirmação foi feita pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ressaltando que a previsão dos economistas aponta para um crescimento menor, mas acima do visto em outros países. Para a ministra, isso é um reflexo importante e que mostra a forma como a economia brasileira vem sendo conduzida pelo setor público e privado.
BC 01: Saldo do crédito atinge R$ 2,167 tri
O saldo total de crédito bancário atingiu R$ 2,167 trilhões em junho, equivalendo a 50,6% do PIB, comparativamente a 46,1% em junho de 2011. Os dados foram divulgados pelo Banco Central. O crédito com recursos livres, que corresponde a 64,1% do estoque total do sistema financeiro, somaram R$ 1,388 trilhão em junho, avançando 1,4% no mês, 6,4% no semestre e 15,7% em doze meses. O saldo dos empréstimos a pessoas jurídicas elevou-se 1,8% no mês, ao totalizar R$ 700 bilhões.
BC 02: Crédito ao setor privado subiu 1,5% em junho
O crédito ao setor privado cresceu 1,5% em junho, alcançando R$ 2,076 trilhões. O saldo relativo à indústria totalizou R$ 438 bilhões, com incremento de 1,7% no mês, impulsionado por contratações dos setores agroindustrial, automotivo e de construção. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, os empréstimos ao segmento comercial alcançaram saldo de R$ 215 bilhões, após elevação de 1,3% no mês, favorecida por concessões a hipermercados e ao comércio de móveis e eletrodomésticos.
Blog: www.luisnassif.com.br
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