Coluna Econômica - 07/08/2012
Uma das dificuldades maiores de um certo pensamento econômico midiático é a incapacidade de enxergar o todo e correlacionar fatores, mesmo quando as ligações são óbvias.
É sintomático desse tipo de pensamento binário a contraposição entre redução de juros e demais fatores de competitividade - como investimentos em infraestrutura, reformas estruturais, inovação, tecnologia etc. Agem na base do ou-ou, como se não houvesse um todo, do qual todos esses fatores fossem parte integrante.
Contribuíram em muito para esse simplismo os trabalhos de Fábio Giambiagi e Armando Castellar, entre outros.
Durante anos e anos, conduzidos pelas simplificações de Giambiagi, a mídia especializada repetiu o bordão de que, ao invés de discutir juros e câmbio, a política econômica deveria se concentrar apenas nos fatores diretos de competitividade, as tais reformas.
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Tome-se a questão da produtividade nos investimentos. O que significa isso: "produtividade no investimento? Significa poder investir mais com menos recursos.
Na hora de montar seus planos de negócio, as empresas estimam o fluxo de resultados do investimento e trazem a valor presente de acordo com determinada taxa de retorno - que guarda relação direta com a taxa de juros básica da economia.
Suponha um investimento em infraestrutura por 25 anos. Se a taxa de juros básica cair de 12,5% para 8,5% ao ano, a produtividade do investimento aumenta em 35%. Ou seja, o mesmo projeto, com a mesma expectativa de resultados, conseguirá levantar 35% a mais de financiamento pagando o mesmo valor.
Se houver desoneração de impostos, a produtividade será maior ainda.
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Mais que isso.
A taxa básica de juros estabelece um corte nos investimentos. Só são viabilizados investimentos que suplantem esse indicador (mais uma taxa de risco, proporcional à volatilidade do negócio). Ao derrubar a taxa básica, novos projetos são incluídos na carteira de investimentos.
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Até agora, falou-se do investimento da ótica da empresa. Quando se vai para o investidor - especialmente os grandes fundos de pensão -o quadro é mais amplo ainda.
Os fundos têm uma exigência de taxa atuarial de no mínimo 6% ao ano para dar conta de suas obrigações - isto é, da capitalização das contribuições garantir o pagamento futuro dos benefícios.
À medida em que a taxa básica vai caindo, a renda fixa deixa de proporcionar essa garantia. Parte da carteira dos fundos terá que ser direcionada para investimentos de capital. Juntam-se, então, as duas pontas: a viabilização de novos investimentos e a disponibilidade de recursos de longo prazo.
Nos próximos anos, apenas a não renovação da carteira de títulos públicos (pela redução da relação dívida/PIB) disponiblizará R$ 50 bi dos fundos para outros setores. Sem contar o crescimento vegetativo da carteira de contribuições.
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Não se fica nisso.
A redução de juros libera recursos orçamentários para serem aplicados em inovação, desoneração tributária, educação. Além de pressionar menos o câmbio, melhorando a relação de preços entre produção interna e importação.
IGP-DI encerra o mês de julho em alta de 1,52%
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) fechou julho em 1,52%, acima dos 0,69% de junho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado, o total no ano chega a 5,16%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) atingiu 2,13%, ante 0,89% no mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) chegou a 0,22%, ante 0,11% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) chegou a 0,67%, abaixo dos 0,73% vistos no mês anterior.
FOCUS: Estimativa para IPCA volta a subir
Os prognósticos para a taxa oficial de inflação em 2012 voltaram a subir, segundo dados divulgados pelo relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. Ao longo do período, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para o fim deste ano foi ampliado pela quarta semana consecutiva, de 4,98% na semana anterior para 5%. Na análise mensal, os indicativos para julho subiram de 0,26% para 0,30%. O total para agosto avançou de 0,31% para 0,32%. O total para 2013 foi mantido em 5,50%.
Empresas investem menos no exterior, diz BC
As empresas brasileiras estão investindo menos no exterior. Segundo o Banco Central, US$ 7,058 bilhões saíram do país para a compra de participação no capital de empresas no exterior no primeiro semestre, mas US$ 4,248 bilhões de vendas de ativos voltaram para o Brasil. Com isso, o investimento brasileiro líquido em aquisição de participação de capital no exterior ficou em US$ 2,81 bilhões no primeiro semestre deste ano, redução de 80,7% ante igual período do ano passado (US$ 14,597 bilhões).
Pedidos de falência abrem o segundo semestre em alta
Foram registrados 200 pedidos de falência durante o mês de julho, frente aos 158 pedidos ocorridos em junho, segundo a Serasa Experian – o segundo maior resultado do ano, ficando abaixo apenas dos 203 pedidos de falência registrados em maio. Dos requerimentos verificados em julho, 110 foram de micro e pequenas empresas, 50 de médias e 40 de grandes empresas. As recuperações judiciais requeridas atingiram 68 ocorrências em julho, acima dos 57 requerimentos de junho e dos 59 registros de 2011.
Para Monti, crise pode gerar "ruptura psicológica" na UE
O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, afirmou que o descontentamento causado pela crise econômica internacional pode levar a uma “ruptura psicológica” da União Europeia. O premiê italiano também ressaltou que é fundamental que os líderes europeus tenham mais liberdade na discussão sobre as medidas que devem ser adotadas na tentativa de conter os efeitos da crise, mas sua sugestão foi rejeitada pela chanceler alemã Angela Merkel.
Balança comercial começa agosto com superávit
A balança comercial encerrou a primeira semana de agosto com um superávit de US$ 458 milhões, com resultado médio diário de US$ 152,7 milhões por dia útil, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em três dias úteis, as exportações foram de US$ 2,813 bilhões, enquanto as aquisições no exterior foram de US$ 2,355 bilhões. No ano, o superávit da balança comercial chega a US$ 10,403 bilhões, 39,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado.
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