Coluna Econômica - 19/7/2013
Todo setor organizado precisa exercitar a visão prospectiva para balizar suas ações. Há que se ter sensibilidade para identificar a dinâmica dos grandes fatores centrais determinantes do futuro, fugindo do imediatismo das medidas pontuais.
Se seis meses atrás o governo Dilma Rousseff conseguisse identificar a dinâmica desses fatores:
1. Desgaste com seu governo em círculos formadores de opinião.
2. Desgaste com a opinião pública midiática por conta da campanha sistemática da mídia.
3. Desgaste com o mercado devido à dubiedade das contas fiscais.
4. Desgaste com movimentos sociais e sindicatos, partidos políticos e associações empresariais devido à falta de diálogo.
poderia estar há seis meses agindo pro-ativamente sobre cada um.
Obviamente seria difícil prever a explosão das redes sociais. Mas os demais fatores estavam no horizonte.
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O desafio agora é aproveitar as lições e preparar a estratégia para os próximos semestres.
Os dados centrais de análise:
1. Economia - Apesar da perspectiva de algumas boas notícias na frente econômica - sucesso nas concessões e inflação refluindo um pouco -, o quadro econômico tende a se agravar. Ao contrário do que diz Guido Mantega, o crédito bancário não irá se recuperar; há dados do varejo demonstrando desaceleração do consumo; e as contas externas continuarão se deteriorando.
2. Velha opinião pública - A guerra da informação se acirrará, ainda mais após a velha mídia constatar a fragilização da candidatura Dilma em 2014.
3. Nova opinião pública - Classe média, direita, esquerda, partidos, sindicatos, todos parecem dispostos a mostrar a musculatura nas manifestações de rua e nas redes sociais.
4. Justiça - A eleição da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o fim do mandato de Roberto Gurgel na Procuradoria Geral da República (PGR), e a indicação de Ministros maduros para o STF (Supremo Tribunal Federal) refrearão as interferências políticas do órgão. Mas novos movimentos de opinião pública têm efeitos imprevisíveis sobre o STF.
5. Congresso – Não se encontra um parlamentar sequer que se sinta participante do projeto de governo de Dilma - seja do PT ou de partidos da base.
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O xadrez da política, para o governo Dilma, consistirá em administrar a exacerbação atual da política, em um ambiente econômico desfavorável, sem permitir a erosão da base de apoio parlamentar.
Ações:
1. Preparar a opinião pública para os baixos resultados econômicos do segundo semestre e criar expectativas favoráveis para o próximo ano.
2. Preparar, desde já, um conjunto de políticas a serem trabalhadas com participação ampla dos setores envolvidos. E planejar a divulgação para se contrapor à safra de más notícias econômicas.
3. Sair definitivamente do isolamento, institucionalizando a interlocução com os diversos setores sociais. Reuniões esporádicas não serão suficientes.
4. Monitorar de forma profissional o universo de notícias, de maneira a esclarecer e evitar a formação de ondas.
5. Recompor a interlocução com o Congresso. A partir de 20 de agosto há o risco da derrubada em série dos vetos às medidas provisórias.
6. Uma reforma ministerial, de preferência com reestruturação dos Ministérios, para servir de ponto de corte para a nova etapa.
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