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Os Derrotados da Guerra à Síria

10 de Setembro de 2013, 16:16 , por Castor Filho - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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[*] Raul Longo

 

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Essa guerra à Síria é um completo desastre. Nem começou e já tem vários derrotados.

 

Por enquanto, de ganhador só a Inglaterra que dessa vez foi experta o suficiente para não entrar na roubada dos Estados Unidos que, já na última, a do Iraque, moralmente virou pó perante o mundo.

 

Quem diria? Até o final do século passado o sujeito que sabia meia dúzia de palavras em inglês as usava mais do que todo o vocabulário de seu próprio idioma. Quando terminava a reduzida coleção de english words, apertava o rewind, and repet, carregando no sotaque ianque.

 

Hoje, por mais que saiba, faz que desconhece. As escondidas lê Shakespeare no original, mas faz questão de dizer que só conhece uma palavra ou outra e pra confirmar escreve emeiu ao invés de e-mail.

 

Analfabeto em inglês autêntico sou eu, que sempre escrevi imeiu. O resto é puro fingimento, só pra não passar vergonha porque desde que o moral dos Estados Unidos foi derrotado no Iraque e no Afeganistão, qualquer afinidade compromete.

 

Amiga minha que não vou dizer quem porque muita gente conhece, se descabelava apavorada porque o filho partiu em viagem ao exterior. “- Tem mais de 20! Deixa o garoto conhecer o mundo lá fora!” – tentei consolar.

 

Histérica e inconformada, inviabilizou qualquer ponderação: “- Onde fosse! Antártica, Saara, Amazônia, Transilvânia! Mas o desacorçoado resolveu ir logo pra Florida só pra me dilacerar!”

Já outro amigo, fez uso pedagógico: - Se não estudar, te mando pra Disneylândia!”. A menina ficou tão apavorada que nem precisou fazer as provas pra passar de ano.

 

Agora, com essa história de guerra à Síria, os Estados Unidos derrotou-se em seu próprio país. Se fosse do governo sírio eu mandava fechar as portas da embaixada em Washington porque há risco eminente de invasão de estadunidenses com pedido de asilo. Ninguém aguenta mais viver naquele país!

 

Sozinha, uma cidadã de lá filmou seu próprio desespero e postou no YouTube como pedido de  SOS no oceano da internet. Fernando Soares olhou aquilo e não aguentou... Mandou pra Regina Duarte aprender a interpretar medo de verdade.

 

Outra grande derrota da guerra à Síria que ainda nem começou, é a dos Sionistas. Nesse aspecto o lado negativo é que se tem de ficar explicando às pessoas para não confundirem. Há que contar a história direitinha, dizer que Hitler não tinha razão coisa nenhuma, que os judeus dos campos de extermínio eram todos socialistas e não sionistas.

 

“- Que diferença faz?” – desafiou o filho do vizinho e tive de ir ponto a ponto desde a Idade Média quando a Igreja Católica convenceu os estúpidos dos Senhores Feudais que dinheiro era coisa do diabo e pra não ir pro inferno tinha de ter o salvo conduto dos bispos que instituíram os vigários. Em latim quer dizer “substituto”.

 

 

O garoto se divertiu quando soube que a palavra vigarista surgiu porque os vigários roubavam a parte da igreja dos cofres dos Senhores Feudais que passaram a contratar os serviços de contabilidade dos judeus. Contei que além de bons na matemática que aprenderam nos tempos do Cativeiro na Babilônia, os judeus não tinham isso de ir pro inferno e ofereciam a vantagem de não roubar. Até porque se roubassem seriam mortos e matar judeu não era pecado.

 

Expliquei que assim inventaram as aplicações, os empréstimos e os juros. Os Senhores Feudais gostaram da rentabilidade e os judeus, antigos pastores, aprenderam a sobreviver da agiotagem que os preconceitos cristãos os impediam de trabalhar em qualquer outra coisa acabaram inventando os bancos financeiros e o capitalismo.

 

Quis que eu explicasse o que é o capitalismo, mas me safei dizendo que é uma coisa tão complicada que só outro judeu, como o Karl Marx, é quem pôde destrinchar a trama do sistema e propor o socialismo como estrutura sócio/econômica mais justa e igualitária. Claro que desagradou profundamente os banqueiros judeus como os Rothschild que, apesar de judeus alemães, nunca nenhum pisou num campo de concentração.

 

Garoto experto, logo deduziu que se judeu-alemães e não foram incomodados pela turma do Hitler é porque alguma coisa houve. Sem querer forçar a mão, apenas lembrei que a ascensão do nazismo se deu em meio a uma crise financeira mundial igual à de agora, com a Europa acabando de sair de uma guerra onde a Alemanha esteve enfiada até o pescoço. Não foi preciso mais para concluir que tanto investimento em armamento e montagem de um exército como o nazista não se faz com dinheiro que caia do céu. Mas quis saber onde, depois da guerra, arrumaram ainda mais dinheiro para fazer o Estado de Israel.

 

Foi só eu sorrir e já matou a charada: “- Que filhos da puta! E os judeus não sabem que são usados por estes sionistas?”

 

“- Tem muitos que sabem! Tem muitos que sabem!”  Tranquilizei notando que com essa guerra à Síria a falta de escrúpulo do sionismo ficou ainda mais escancarada não só aos judeus como ao mundo todo. Ninguém tem mais dúvida de que por interesses econômicos financiam mortes de homens, mulheres e crianças e põe o próprio povo em risco. “- Bombardeiam até a mãe!” Todos: sionistas e o braço armado do imperialismo capitalista, os Estados Unidos.

 

Difícil foi explicar ao rapaz como é que os Estados Unidos, que diziam combater o terrorismo internacional agora financiam a mesma Al Qaeda que na Síria deixou de ser organização terrorista para ser apenas “Rebelde”.

 

Aí tive de contar quem são os Sauditas de quem ninguém fala nada, mas que os tais preconceitos machistas dos islâmicos, tão condenados pela mídia ocidental, ocorrem sobretudo nos países da península saudita que não admitem mulher nem andando de bicicleta e as leis condenam as que são pegas dirigindo automóvel. E que esses sauditas também são os que financiam os mercenários terroristas da Síria, inclusive a Al Qaeda do Osama Bin Laden que era saudita e os pais eram sócios do Bush no truste internacional do petróleo, como os reis sauditas são sócios dos sionistas e todos formam uma só quadrilha a explorar o fanatismo religioso daquela gente.

 

Para que compreendesse melhor, exemplifiquei com os malandros que exploram o fanatismo de seguidores de certas seitas evangélicas. “- O que não quer dizer que toda mulher cristã tem de usar vestido nas canelas e cabelo pela cintura”. – comparei e contei das mulheres políticas e intelectuais da Síria, do Irã, da Palestina e de diversos outros países islâmicos, enquanto a mulheres sauditas são apenas mais uma do harém de cada sheik daqueles.

 

Espantado, o garoto achou um absurdo a mídia brasileira deturpar e omitir tantas informações.

 

Expliquei que depois da Segunda Guerra, além das grandes instituições financeiras os sionistas se dedicaram também aos meios de comunicação e como aprenderam com o Goebbels, o chefe da propaganda nazista, repetem uma mentira mil vezes até todo mundo acreditar como verdade. Mostrei que hoje detêm os maiores conglomerados de empresas desse setor em todo o mundo, como é o caso do Rupert Murdoch, dono da TV Fox, da distribuidora de cinema 20th Century, da Sky, do Wall Street Journal, do Dow Jones e associado à Globo no Brasil, que também é de judeus sionistas.

 

O rapaz contradisse, lembrando que os Mesquita do O Estado de São Paulo e os Civita da Editora Abril são judeus e sem dúvida sionistas, mas o Roberto Marinho era católico. Concordei, afinal judeu é religião e não etnia e, se católico como se dizia, Marinho não poderia ser judeu, mas descendia de hebreus e seguia a ideologia sionista como a seguem seus filhos e empregados, inclusive o Arnaldo Jabor que descende de árabes, mas vai ver que sauditas.

 

E aí já encontramos outros derrotados prévios da guerra que ainda não aconteceu, pois o vexame internacional da ameaça do Obama tem envergonhado a todos que apoiam o ataque com a mesma desculpa das armas químicas que nunca foram encontradas porque não existiam no Iraque.

 

Na Síria existe, mas porque diabos o governo sírio iria usar armas proibidas internacionalmente quando está vencendo as forças mercenárias financiadas pelos interesses capitalistas? E mais: por que iria usar essas armas e ele mesmo chamar a ONU para investigar quando as tais armas químicas foram usadas em março? Além disso, por que os Estados Unidos, a França e a Inglaterra adiaram a ida dos investigadores da ONU, quando chamados pelo próprio governo Sírio?   

 

Uma cambada de especuladores e inescrupulosos promovedores de matanças de populações, de homens, mulheres e crianças já derrotados antes de a guerra começar.

 

E a França! Mas que vergonha, hein! Logo a França do LibertéIgualitéFraternité!  Que fraternidade é essa? Qual o socialismo desse governo? Bem que a França poderia curtir suas velhas glórias sem se expor a mais uma vergonha histórica!

 

Há tanto tempo a França não entra numa guerra e escolhe logo o lado derrotado antes da guerra começar.

 

Por mais que vençam, por mais que se comprove e alardeie que o Bashar al-Assad é um tirano, a desculpa que arrumaram e os motivos que escondem para essa guerra já os tornam tão derrotados quanto Bush quando mandou implodir um prédio para invadir o Afeganistão por um gasoduto.

 

Ô gente porca! E ainda fazem pose de luzes da civilização! Ou o mundo os apaga, ou o futuro da humanidade será uma volta à Idade das Trevas! E pode ser sem chances de renascimento.

__________________________

 

 

[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais: Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo.Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina.

Tags deste artigo: síria oriente médio raul longo imprensa-empresa guerra na síria

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