Coluna Econômica - 05/11/2013
O Jornal GGN e o portal iG criaram o Campo Democrático para que os principais partidos políticos possam mostrar sua visão sobre temas relevantes.
No capítulo Política Econômica, intelectuais do PSDB e do PT definiram de forma didática seus diagnósticos e propostas.
Tem-se um quadro claro de perda de dinamismo na economia.
Para o Campo de Debates do PSDB, a razão seria excesso de Estado sufocando a iniciativa privada. Para o Campo de Debates do PT, o recuo do Banco Central na política de redução de juros e de monitoramento do câmbio.
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Há um certo tipo diagnóstico sem pé nem cabeça influenciando análises de ambos os lados: o de que a queda de juros explica a pouca vontade das empresas em investir.
Parte do seguinte raciocínio:
1. Parte relevante da rentabilidade dos grandes grupos estava nos ganhos financeiros - previsíveis e sem risco.
2. Quando os juros caíram, houve redução dos lucros e, devido a isso, aumentou a postura defensiva das empresas, que passaram a focar em recuperação da margem de rentabilidade (sem ganhos financeiros) em vez de ampliar os investimentos na produção.
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Por aqui sempre se teve uma análise econômica tão criativa quanto falsa. Mas essa hipótese é recordista de nonsense.
Vamos às motivações do investimento:
1. Análise da TIR (Taxa Interna de Retorno)
Os empresários partem de uma análise custo-benefício para seus investimentos. E o parâmetro utilizado é a taxa básica de juros da economia (no caso brasileiro, a Selic), mais uma taxa de risco, proporcional ao risco do negócio.
Suponha que a taxa de risco seja de 5% ao ano. Se a Selic está em 7%, o empresário bancará todo investimento que ofereça um retorno mínimo previsto de 12% ao ano. Se a Selic vai para 10%, a TIR pulará para o mínimo de 15% ao ano.
É óbvio que - como em qualquer parte do mundo - se aumenta a taxa básica de juros, reduz o leque de alternativas de investimento.
2. Análise de mercado.
Indústrias investem quando o aumento da demanda ocupa sua capacidade instalada. A demanda esperada consiste na demanda total menos a parcela que será atendida pelas importações.
A demanda interna se manteve aquecida e o custo dos investimentos caiu.
Por respeito mínimo à lógica, que se prospectem outros fatores para os investimentos não terem deslanchado: a competição com os importados.
1. O mercado de consumo manteve o vigor e houve explosão dos importados. Conclusão: o aumento de demanda foi absorvido pelas importações. Obviamente a redução de juros e a melhoria do câmbio não foram suficientes para tornar competitiva a indústria nacional em comparação com a externa - especialmente a chinesa.
2. Aumentaram as incertezas na em função do aumento da inflação e das dúvidas sobre a questão fiscal. Em ambos os casos, não havia motivos para pânico. A inflação foi fruto de pressões externas nos preços das commodities e a questão fiscal resultado das trapalhadas da Fazenda e da Secretaria do Tesouro. Nada que comprometesse a economia. Mas o discurso falho do Ministro da Fazenda Guido Mantega permitiu que de uma pequena fogueira quase lavrasse um incêndio.
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