Coluna Econômica - 17/08/2012
No próximo mês de outubro o 18o Congresso do Partido Comunista Chinês. Nele, serão eleitos sete dos nove membros que compõem o comitê permanente do Politburo - conforme explica Ricardo Bacelette no trabalho "Eleições na China em 2012: reflexos nas mudanças sócio econômicas", publicado na revista do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
O fortalecimento das lideranças provinciais
Há dois órgãos de poder na China: o Comitê Permanente, composto por 25 membros; e o Politburo, com 9 membros. Em 1992, dos 25 membros do Comitê Central, 50% possuíam experiência em liderança provincial. Em 2007, 76,6%. Atualmente, dos 9 membros do Politburo, 8 exerceram liderança provincial.
Esse aumento de influência das províncias é reflexo das políticas adotadas pela China a partir de 1993. Os governos provinciais ganharam autonomia e, em meados da década de 1990 foi lançado o programa Grande Desenvolvimento Ocidental, destinado a desenvolver o oeste da China.
Hoje, na China, convivem dois modelos
O modelo globalizado
O modelo globalizado é representado pela província de Guandong e seu líder Wang Yan. É umbilicalmente ligada ao modelo global de produção, como "oficina do mundo".
Wang concedeu relativa liberdade à imprensa e tem estimulado a organização sindical. Em 2010 houve greve dos trabalhadores contra as multinacionais, que permitiu ganhos de salário de 30 a 40%. A greve foi apoiada por Wang.
Apesar do sucesso econômico, no plano social o modelo deixou a desejar.
Houve enorme avanço no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Mas a concentração de renda aumentou de forma expressiva.
Em 1998, a renda dos 10% mais ricos era 7,3 vezes superior à dos 10% mais pobres. Em 2007 saltou para 23 vezes.
Parte dessa concentração se deve ao salário pago aos altos executivos: cerca de 128 vezes superior ao de um trabalho industrial médio, no caso das estatais; e ainda maior no caso das empresas privadas.
O modelo de desenvolvimento interno
O contraponto a Guandong é o modelo de Chongqing, liderado originalmente por Bo Xilai - e fruto da conquista do oeste empreendida nos anos 90.
Atualmente, Bo Xilai é carta fora do baralho depois de ter se envolvido em problemas de corrupção, ser deposto do cargo e expulso do PC.
Nos últimos anos superou a média nacional de crescimento de renda. Em 2008 cresceu 14,9% contra 9% de crescimento da China. Mesmo depois da eclosão da crise internacional, continuou crescendo a taxas de dois dígitos.
Xilai era o que se poderia denominar, por aqui, de político populista. Sua sensibilidade para com os problemas da população, no entanto, abriu espaço para uma experiência inédita. O modelo desenvolvido teve maior participação do investimento e consumo doméstico, fortes incentivos ao crédito das famílias e das empresas e políticas sociais expressivas.
Na China, as exportações eqüivalem a 32% do PIB; em Chongqing, a 7,6%. Em 2007, o investimento correspondeu a 62% do PIB, contra 42% da China.
Em 1998 o PIB per capita da província era de 4.684 yuans, contra 6.038 da média nacional. Em 2010 atingiu 27.366 yuans.
Apesar de Bo Xilai ser carta fora do jogo, o modelo de Chongqing conquistou adesões.
IGP-10 avança, e encerra agosto em 1,59%
O IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10) atingiu 1,59% em agosto, ante os 0,96% de julho, segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas). No período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) variou 2,21%, bem acima dos 1,24% vistos em julho. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,29%, ante 0,19% em julho, devido ao acréscimo em sete classes de despesa. Na outra ponta, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) desacelerou para 0,49%, em relação ao total de julho (0,84%).
Clima econômico piora na América Latina
Após manter um ritmo de alta desde outubro de 2011, o Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina - elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou queda em julho, ao passar de 5,2, em abril, para 4,8 pontos. A piora decorre de um recuo tanto no Índice da Situação Atual (ISA) como no Índice de Expectativas (IE), que passaram à zona desfavorável de avaliação, indicando que a região pode estar entrando na fase recessiva do ciclo econômico.
Endividamento das empresas começa a cair
A perspectiva de inadimplência das empresas e do consumidor aponta queda para o segundo semestre, segundo a consultoria Serasa Experian. O índice de perspectiva da inadimplência das empresas recuou 0,3% em junho no comparativo com maio, atingindo 102 pontos, enquanto a perspectiva para o consumidor recuou 1,5% ante maio, atingindo o total de 95,3 pontos. Fatores como a melhora da atividade econômica e a queda dos juros devem ajudar na melhora gradual dos índices.
Volume de vendas no varejo sobe 1,5% em junho
O comércio varejista do país ampliou seu volume de vendas em 1,5% no mês de junho em relação ao mês anterior, enquanto a receita nominal cresceu 1,9% no mesmo período, segundo a série com ajuste sazonal divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para o volume de vendas, tal resultado reverte o sinal negativo observado em maio, e para a receita nominal de vendas, representa o quarto mês consecutivo de taxas positivas.
Empresário industrial mais confiante em agosto
Após apresentar forte queda no mês de julho frente a junho, a confiança do empresário cresceu 1,2 ponto em agosto sobre o mês anterior, atingindo 54,5 pontos. Mesmo com esse aumento, o otimismo dos industriais neste mês está 1,8 ponto abaixo do registrado em agosto de 2011, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além disso, o aumento do otimismo dos empresários de um mês para o outro não assegura mudança na trajetória de queda do índice, que vem ocorrendo desde o início de 2010.
Alimentação leva IPC-S a leve desaceleração
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) atingiu 0,39% na segunda semana de agosto, queda de 0,01 ponto ante a última divulgação, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ao longo do período, três das oito classes de despesa que formam o índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação, sendo que o principal destaque partiu do grupo Alimentação (de 1,62% para 1,27%), devido ao item hortaliças e legumes, cuja taxa de variação passou de 26,26% para 19,17%.
Blog: www.luisnassif.com.br
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