Coluna Econômica - 04/01/2013
Esses tempos de Comissão da Verdade – tentando levantar os véus do período militar - mais a extrema turbulência que cercou o julgamento do chamado “mensalão” suscitaram comparações entre os períodos Vargas-Jango e Lula-Dilma.
Vale a pena uma identificação mais clara de semelhanças e diferenças.
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Ambos os períodos foram de intensa inclusão social, no período Vargas a inclusão das novas classes trabalhadoras, em polos industriais localizados e, em parte, na zona rural nordestina, em torno de sindicatos e organizações de camponeses; no período Lula, de forma disseminada pelo país.
Esse era o jogo: Vargas e Lula consolidando projetos nacional-populares; a oposição ancorada em dois discursos: a anticorrupção e um inacreditável anticomunismo, mesmo após o fim do comunismo.
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Havia uma lógica econômica e outra política por trás das ações de Vargas e Lula. A econômica, de modernização do capitalismo brasileiro, através do fortalecimento do mercado de consumo interno e da parceria com grandes grupos nacionais. Do lado político, a consolidação eleitoral massacrante, com as novas classes aderindo em massa ao líder que lhes abriu espaço.
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Esse mesmo fenômeno ocorreu nos Estados Unidos no período que antecedeu a Guerra da Secessão. Para modernizar estruturas estratificadas, havia o interesse político do Partido Republicano (de conquistar os novos eleitores urbanos e rurais) e do grupo de indústrias que se instalou na costa do Atlântico.
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Historicamente, a política econômica brasileira movimentou-se pendularmente entre períodos de liberalização financeira (Campos Salles, Dutra, Castelo Branco, FHC) e períodos em que se buscavam projetos nacionais (Vargas, JK, Geisel, e, agora, Dilma).
Vargas e Lula tinham projetos nacionalistas, pretenderam cooptar o capital nacional, sem rompimentos drásticos; e trataram o capital externo sem xenofobia.
Vargas acabou marcado pela campanha eleitoral do segundo governo, denunciando a Lei de Remessa de Lucros – de fato, uma excrescência. Mas sempre buscou manter canais abertos especialmente com os Estados Unidos.
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Jango foi ungido herdeiro político de Vargas devido à sua habilidade em compor com os diversos setores, do empresariado rural e industrial aos sindicatos pelegos; Dilma foi escolhida por ter se tornado principal interlocução do setor empresarial na reforma do setor elétrico e, depois, no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
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Ambos enfrentaram a radicalização. No período Vargas, a partir da imensa campanha que acabou levando-o ao suicídio. Os conspiradores – especialmente nas Forças Armadas – mantiveram-se suficientemente fortes para arrostar a eleição de JK e, depois, a posse de Jango.
No caso de Dilma, um anti-lulismo feroz que se acentuou durante as eleições de 2010 e, depois, no julgamento do mensalão.
Nos dois casos, procurou-se tirar a disputa do campo eleitoral para os inquéritos. No caso de Vargas, os Inquéritos Policiais Militares conduzidos pela Aeronáutica e várias CPIs; no caso de Lula, os inquéritos do Ministério Público Federal.
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Sobre esses e outros pontos, escreverei nas próximas colunas.
IPC-S perde força na maioria das capitais
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) perdeu força em quatro das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na última apuração de 2012. Brasília e o Rio de Janeiro registraram as quedas mais intensas (de 0,24 ponto percentual). Em Belo Horizonte, a taxa ficou em 0,46%, ante 0,55% da semana anterior. Depois vem Porto Alegre, com 0,34%, contra 0,40%. São Paulo, Salvador e o Recife registraram inflação em 31 de dezembro acima da média nacional (0,66%).
Preços ao produtor sobem 0,25% em novembro
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) apresentou uma variação de 0,25% no mês de novembro, ficando acima do total de 0,23% alcançado em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao comparar o mês atual contra o mesmo mês do ano anterior (acumulado em 12 meses), os preços variaram 6,64% em novembro e 6,39% em outubro. Já a variação acumulada em 2012 foi de 6,82% em novembro e 6,56% no mês anterior.
Governo estima superávit comercial em 2013
O governo prevê saldo positivo para a balança comercial em 2013 e exportações em patamar semelhante às de 2011 e 2012. No entanto, não foi atribuída meta numérica para as exportações. Segundo a ministra interina do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, a queda apurada não foi expressiva e o volume de vendas externas indica que "apesar dos efeitos da crise as exportações do Brasil tiveram um bom desempenho". A balança encerrou 2012 com saldo de US$ 19,438 bilhões.
Previdência complementar passa a ter prazo mínimo
O Conselho Monetário Nacional (CMN) instituiu, por meio de resolução, prazo mínimo para os investimentos feitos pelos fundos de previdência complementar aberta. A intenção é promover a troca das carteiras de investimentos vinculadas às taxas de juros de um dia (DI/Selic) pelas de longo e médio prazo. Os gestores das seguradoras e entidades de previdência complementar terão até 31 de dezembro de 2015 para adaptarem suas carteiras ao perfil de longo e médio prazo, com duração média de três anos.
Fluxo cambial apresenta déficit
As saídas de dólares do país superaram as entradas, em dezembro, até a última sexta (28), em US$ 6,755 bilhões, segundo o Banco Central (BC). O saldo negativo mais expressivo foi decorrente do fluxo comercial, com US$ 4,276 bilhões, enquanto o fluxo financeiro registrou saldo negativo de US$ 2,479 bilhões, no mês passado, até o dia 28. No ano, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 16,753 bilhões, contra US$ 65,279 bilhões registrados nos 12 meses de 2011.
Ambev é empresa mais valiosa da América Latina
A Ambev fechou o ano de 2012 como a empresa mais valiosa da América Latina: segundo dados da consultoria Economatica, a Ambev é avaliada em US$ 129,3 bilhões, seguida pela companhia colombiana Ecopetrol, com US$ 126,7 bilhões e a Petrobras, com US$ 124,7 bilhões. A lista também conta com as brasileiras Vale, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. O valor de mercado de 302 empresas de capital aberto brasileiras no final de 2011 era de R$ 2,13 trilhões contra R$ 2,39 trilhões em 2012.
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