Coluna Econômica - 14/08/2012
David Kupfer é um excelente industrialista, digno sucessor de Antônio Barros de Castro, nosso maior industrialista contemporâneo.
Dias atrás escreveu um artigo para o jornal “O Valor Econômico” – “Comigo ninguém iPod” – com conclusões um tanto imprecisas sobre política industrial.
O mote do artigo é a política de compras públicas, privilegiando o conteúdo nacional. Kupfer a defende em parte. Mostra que mudaram os paradigmas da indústria. Agora vale a especialização vertical, a chamada fragmentação da produção, a grande rede global de fornecedores especializando-se em componentes específicos.
Cita como exemplo o iPod, para taxar como extemporâneo e ingênuo o debate atual entre produção interna e global. “Ingênuo porque opor local e global desconhece a complexidade da manufatura contemporânea, não somente no chão de fábrica mas em tantas atividades que se estruturam no seu entorno com o intuito de fazê-lo funcionar com alta produtividade e inovatividade”.
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Vamos por partes.
Esse novo desenho da indústria mundial tomou corpo na primeira metade dos anos 90, com o avanço da telemática e da logística. China e Brasil eram a bola da vez, especialmente depois que o país conseguiu estabilizar sua moeda e, no segundo semestre de 1994, permitiu a ascensão de milhões de pessoas ao mercado de consumo.
Ambos os países estavam sendo selecionadas por grandes multinacionais para abrigar as empresas-âncoras. As jogadas cambiais dos economistas do Real desperdiçaram a oportunidade. O mercado interno refluiu, sob o peso da vulnerabilidade externa e de juros inacreditáveis.
Os erros continuados do câmbio, nos dois governos FHC e Lula e no primeiro ano do governo Dilma, enfraqueceram substancialmente a malha industrial. E agora?
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A partir dessa introdução, Kupfer tira duas conclusões:
- Que as políticas industriais brasileiras deveriam contemplar essa especialização vertical.
- Que sua função seria tirar o país da dependência da indústria, como fator dinâmico
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Há que se analisar melhor as correlações que faz entre o momento atual – nas indústrias de grande potencial de inovação tecnológico – e o quadro brasileiro, para não concluir que se está contra o conteúdo nacional.
Não existe vocação natural, ainda mais em se tratando de inovação e tecnologia.
A China tornou-se um grande polo de inovação através de regras rígidas de atração de capital externo, que permitiram aos seus industriais absorver tecnologia global. Não bastava se instalar no país: era necessário transferir tecnologia.
A exigência de conteúdo nacional tem levado muitas multinacionais a se instalarem no país. Não basta. Há que se exigir dos fornecedores externos parcerias com universidades, associação com empresas nacionais, garantia de transferência tecnológica.
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Não apenas compras públicas, mas acesso a financiamentos, incentivos fiscais, todo esse escopo de apoio ao investimento tem que se subordinar à transferência de tecnologia de ponta. E exigir do parceiro nacional beneficiado compromissos estritos com pesquisa e com a cadeia produtiva.
Balança tem superávit semanal de US$ 1,098 bilhão
A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 1,098 bilhão na segunda semana de agosto, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em cinco dias úteis, as exportações chegaram a US$ 5,027 bilhões, enquanto as importações ficaram em US$ 3,929 bilhões. Ao longo do mês (oito dias úteis), o superávit acumulado está em US$ 1,556 bilhão, enquanto a variação anual é de US$ 11,501 bilhões (média diária de US$ 74,2 milhões).
FOCUS: Estimativa para IPCA volta a subir
Os números para a taxa oficial de inflação voltaram a subir, segundo o relatório Focus, elaborado semanalmente pela autoridade monetária. As indicações para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2012 subiram de 5% para 5,11%. Na análise mensal, os números para o mês de agosto avançaram de 0,32% para 0,33%, enquanto o total estimado para setembro permaneceu em 0,40%. Os dados para 2013 foram mantidos em 5% pela sétima semana consecutiva.
BNDES deve fechar 2012 com R$ 150 bi em investimentos
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve encerrar o ano de 2012 com um total de R$ 150 bilhões em investimentos, segundo informações divulgadas pelo presidente da estatal, Luciano Coutinho. O montante apurado deve ser puxado por um aumento nos desembolsos no segundo semestre, em função do desempenho do investimento em máquinas e equipamentos. Por exemplo: a entidade oficializou o envio de R$ 1,5 bilhão para estimular o avanço na área de petróleo, gás e indústria naval.
PIB da Grécia desaba 6,2% no 2º trimestre
A economia da Grécia caiu 6,2% durante o segundo trimestre ante 2011, segundo dados prévios divulgados pelo governo. A perda no primeiro trimestre foi de 6,5%. Pelas estimativas do Banco da Grécia, o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuará 4,5% este ano, após uma queda 6,9% em 2011. Uma economia em desaceleração gera pressão por mais cortes orçamentários: em março, autoridades concordaram em reduzir o déficit da administração pública para 7,3% do PIB neste ano, e chegando a 4,6% em 2013.
Venezuela é oficialmente integrada ao Mercosul
A incorporação jurídica da Venezuela ao Mercosul ocorreu 12 dias depois da cerimônia realizada em Brasília, na qual foi oficializada a adesão do país ao bloco. A demora entre a oficialização e a questão jurídica foi gerada pela necessidade de serem cumpridos os prazos, conforme as regras do bloco. Pelo planejamento inicial, a prioridade é incluir na lista de produtos comercializados entre a Venezuela e os demais integrantes do bloco mercadorias com taxas próximas às do Mercosul.
PIB do Japão cresceu 1,4% entre abril e junho
O Produto Interno Bruto (PIB) do Japão cresceu 1,4% a ritmo anual entre abril e junho, apresentando assim seu quarto trimestre consecutivo de alta, segundo dados do governo local. Entretanto, o resultado apresentou uma desaceleração considerável em relação ao trimestre anterior, quando o avanço ficou em torno de 5%. Em relação ao trimestre anterior, o PIB do Japão cresceu 0,3%. A despesa dos consumidores aumentou 0,1%, enquanto o investimento público cresceu 1,7%.
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