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Para ​E​ntender as ​O​scilações do ​C​âmbio

21 de Agosto de 2013, 20:26 , por Castor Filho - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Coluna Econômica - 22/8/2013


A lógica da alta do dólar é a seguinte.


Com a crise financeira, o FED (Banco Central norte-americano) inaugurou uma era de ampla liquidez, injetando dólares a rodo na economia. Nos EUA, o excesso de dólares provocou uma queda nas taxas de juros de curto prazo. Com a economia norte-americana estagnada, os dólares ficaram empoçados nos bancos. E os investidores foram atrás de outras oportunidades de ganhos, vindo aportar em economias emergentes.


Esse movimento acabou realimentando os circuitos especulativos e promovendo a apreciação das moedas nacionais – especialmente do real.


***


A falta de coragem de enfrentar essa apreciação, o medo de uma desvalorização do real pressionar mais a inflação, fez com que a política monetária fosse condescendente com o câmbio, mantendo a herança maldita de apreciação que vem desde o governo Fernando Henrique Cardoso.


***


Houve dois efeitos maléficos, um consequência do outro.


O primeiro, foi o estrangulamento das contas externas, com a perda do dinamismo das exportações e o aumento violento das importações, especialmente de produtos chineses.


O segundo foi a perda de dinamismo da economia. Os grandes ganhos da ampliação do mercado interno acabaram sendo apropriados pelos importados.


O Banco Central elevou as cotações do dólar de suicidas R$ 1,70 para R$ 2,00, mas foi insuficiente. A indústria não conseguiu se aproveitar do aumento do consumo interno e o ciclo de crescimento foi quebrado.


***


Nesse período, o nó das contas externas foi driblado por dois movimentos – que agora se esgotam. Um deles, a manutenção das cotações de commodities em níveis elevados, garantindo os dólares via exportação de produtos primários. O segundo, a manutenção das taxas de juros dos EUA em níveis historicamente baixos, garantindo o financiamento das contas externas brasileiras via conta de capitais.


***


Agora, chega-se ao fim dos dois ciclos. As cotações de commodities começaram a cair, em função do desaquecimento relativo da economia chinesa. E é questão de tempo para o FED tirar os estímulos monetários, o excesso de dólares em circulação.


***


A leitura do mercado, então, foi mecânica.


Sempre que ocorre uma mudança nas condições internacionais de juros, há o chamado “overshooting” – ou seja, um movimento de desvalorização cambial mais do que proporcional.


***


Trata-se da repetição de outras crises enfrentadas pelo país desde os tempos de FHC.


A desvalorização do real promove, per si, o reequilíbrio das contas externas. Há um efeito instantâneo sobre gastos com viagem, um efeito a curto prazo de redução das importações e de médio prazo de recuperação das exportações. Por outro lado, o BC promove uma estilingada nos juros..Menos risco cambial de um lado, mais remuneração de outro, traz de volta os dólares, para especular e promover nova apreciação do real.


***


Há dois pontos a se considerar para não repetir a escrita.


O primeiro, é que o FED estuda maneiras de promover o enxugamento dos dólares sem influenciar em demasia as taxas de juros de curto prazo.

 

A segunda, é saber se, desta vez, o governo Dilma aproveitará esse movimento para manter, vez por todas, o câmbio em uma posição competitiva ou pensará nas eleições de 2014.

 

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Tags deste artigo: nassif economia cambio inflação contas externas desindustrialização

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