Coluna Econômica - 04/09/2012
Economista ligado aos processos industriais, David Kupfer destingue política industrial de político econômica. A primeira é uma política de Estado, mantém-se muito além dos mandatos dos governantes; já a política econômica é de governo.
O que se tem, no momento, é política microeconômica, de mexer em tarifas, dinamizar demandas. Política de Estado exige um consenso interno e uma coesão política ainda inexistente. Prova disso é que o governo definiu a política industrial só até o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff.
O maior sintoma da falta de coesão é o fato de que setores acham que tem que ter mais Estado; ao mesmo tempo, defendem a diminuição do Estado.
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Para Kupfer, a crise de 2008 trouxe um conjunto relevante de transformações.
Na década de 90 o padrão de acumulação era muito dependente do setor externo. A crise deslocou o vetor para o mercado interno, apoiado no consumo.
Chegou-se a um ponto extremamente virtuoso em que, ao aumento da demanda, iniciou-se a um ciclo de investimentos.
Kupfer considera que aquela era a melhor fase em 30 anos. Estava-se no nirvana quando estourou a crise internacional e o modelo estacou. Houve reversão no investimento e voltou-se ao ciclo do consumo com algumas bombadinhas, ações de política econômica, não de política industrial.
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Criou-se o mercado de consumo de massa, consolidou-se o mercado de trabalho, com papel importante do novo salário mínimo. Esse espiral de formalização do trabalho foi essencial. O país voltou a ter mais da metade dos trabalhadores no mercado formal – 52% a 48%, contra 40% a 60% na década de 90.
Mas o aumento do salário real e o câmbio apreciado afetaram a produtividade abrindo espaço para as importações.
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Em 2003, o primeiro plano de política industrial, o PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior) surgiu em uma conjuntura de ceise cambial. Havia vulnerabiulidade de balanço de pagamentos, risco soberano elevado. O plano visava atuar na qualificação das exportações brasileiras.
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Já o Plano Brasil Maior é de defesa do mercado interno, diz Kupfer. Em vez de ir para inovação, foi para a competitividade.
A balança comercial brasileira mostra maior déficit em produtos de maior intensidade de inovação. As exportações para a China são intensivas em empregos de baixa qualificação.
Para ele, a política industrial deve levar em conta as grandes tranfsormações em curso na economia global:
1. A universalização do padrão de consumo e a questão da eficiência. Ou seja, se os produtos tendem a se uniformizar, o diferencial será a eficiência de cada economia e empresa.
2. A fragmentação produtiva e questão da integração regional. As cadeias produtivas não se colocam mais perto das montadoras, mas através da articulação de produtores de componentes nos blocos regionais.
3. Inovação e novos requisitos para o adensamento e enraizamento da atividade produtiva.
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O grande desafio será promover oi chamado “catching up” tecnológico – saltos tecnológicos que reduzam as diferenças com economias avançadas e compatibilizem melhoria de renda com competitividade.
Essa estratégia – e aí é minha opinião - implicaria em confrontar algumas dogmas liberais, como a imposição de normais mais rígidas de transferência de tecnologia; exigência de parceiros nacionais que assimilem essa tecnologia; uso de lei de incentivos e de compras públicas para direcionar os investimentos externos nessa direção.
Recuo da inadimplência deve afetar crédito ao consumidor
A perspectiva de crédito ao consumidor subiu 0,1% em julho, segundo a consultoria Serasa Experian. Esta é a primeira elevação do indicador após nove meses consecutivos de queda, atingindo um patamar de 96,6 pontos, um sinal de que o crédito deve avançar mais fortemente a partir do começo de 2013. Quanto ao desempenho do crédito empresarial, o índice de perspectiva recuou 0,2% no mês de julho, chegando a 99,8 pontos, indicando retomada gradual nos próximos meses.
FOCUS: Inflação para 2012 volta a subir
Os indicativos para a taxa oficial de inflação mantiveram o ritmo de alta das últimas semanas, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. Ao longo do período, os dados para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) cresceram pela oitava semana consecutiva, com a variação estimada para o fim de 2012 atingindo 5,20%. Já a variação estimada para 2013 subiu pela primeira semana, de 5,50% para 5,51%.
Custo da construção paulista sobe 0,14% em agosto
O CUB (Custo Unitário Básico) do setor no Estado de São Paulo registrou leve alta de 0,14% em agosto ante julho. Calculado pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Os custos das construtoras com materiais subiram 0,33% frente a julho, ao passo que os custos com mão de obra e administrativos (salários dos engenheiros) mostraram estabilidade na mesma base de comparação. No ano, o CUB registra alta de 6,77%.
IPC-S termina agosto em 0,44%
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) referente a última semana de agosto atingiu 0,44%, resultado 0,10 ponto percentual acima da última divulgação, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com este resultado, o indicador acumula alta de 3,52%, no ano, e 5,69%, nos últimos 12 meses. Seis das oito classes de despesa componentes do índice ampliaram suas taxas, com destaque para os grupos Transportes (de -0,34% para -0,04%) e Habitação (de 0,32% para 0,47%).
Balança comercial registra saldo de US$ 3,2 bilhões
A balança comercial brasileira registrou saldo de US$ 3,227 bilhões no mês de agosto, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado é fruto de exportações no valor de US$ 22,382 bilhões e de importações equivalentes a US$ 19,155 bilhões. O índice foi o melhor superávit mensal do ano, 12,2% maior em comparação com o mês anterior (julho). No ano, o superávit comercial soma US$ 13,172 bilhões.
Bovespa anuncia novo índice de ações
A BM&F Bovespa (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) deu início ao cálculo e divulgação de um novo índice no mercado de ações: o Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada - Novo Mercado (IGNM), que tem como objetivo oferecer um índice específico do desempenho das empresas do Novo Mercado. A carteira é composta pelas 127 ações emitidas por empresas negociadas no Novo Mercado e será reavaliada a cada quatro meses, da mesma forma que os demais índices.
Blog: www.luisnassif.com.br
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