Coluna Econômica - 08/04/2013
O sonho de todo Ministro da Fazenda é o poder apenas distribuir bondades. Reduz as críticas, torna-se popular nos setores beneficiados. Acontece que, repetindo um velho jargão, na economia não existe almoço de graça.
Ontem a Fazenda anunciou a desoneração da folha de salários em mais 14 setores - entre eles, o da imprensa.
Para os setores, é boa medida. No caso das empresas jornalísticas, nos últimos meses o Ministério do Trabalho deu início a blitz que levaram muitas delas a demitir parte de seus jornalistas para fazer frente aos novos encargos.
A desoneração reduzirá o número de PJs (jornalistas que recebem como pessoa jurídica) e aumentará a formalização. Ótimo!
A grande questão é: quem paga?
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Sem gambiarras, como se resolveria a questão?
Quanto à mão de obra, as empresas se dividem em dois grupos: as intensivas em mão de obra e as intensivas em capital - aquelas empresas maiores, mecanizadas.
Uma reforma abrangente proporia a substituição da contribuição na folha por uma contribuição sobre o faturamento. Desoneraria as empresas intensivas em mão de obra e cobraria mais daquelas intensivas em capital.
Com essa abrangência, seria possível à Previdência estimar de quanto seria a alíquota sobre faturamento, para compensar a queda da arrecadação sobre a folha e fechar a conta.
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Mas a Fazenda optou por fazer apenas bondades, deixando as maldades para o futuro.
Analise-se cada setor beneficiado.
No caso das empresas jornalísticas, os jornalistas PJ não contribuíam para o INSS. Como, em geral, são os melhores remunerados, tinham condições de contribuir para planos de aposentadoria privados. Lá na frente, não onerariam o INSS com sua aposentadoria.
Agora, com a contribuição sobre o faturamento, as empresas jornalísticas formalizarão todos seus funcionários. A nova contribuição será insuficiente para garantir o equilíbrio daqueles que já estão no regime da CLT. A eles se agregarão todos os demais, que estavam no regime de PJ.
Lá na frente, todos eles terão direito a aposentadoria sem que as contribuições tenham sido suficientes.
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Tudo muito bom, se a Fazenda definisse claramente as fontes de compensação desse subsídio. Acontece que não define. Todo esse subsídio irá para a conta geral da Previdência, como ocorreu com as isenções para instituições beneficentes, clubes de futebol, micro empresas, aposentadoria rural e os benefícios continuados.
Atualmente, todas essas isenções e todos esses benefícios sociais continuam sendo contabilizados na conta da Previdência. De tal maneira que, nas diversas ocasiões em que aumentou o déficit da Previdência, o ajuste se deu sobre os demais aposentados - presentes e futuros - na forma de redução dos benefícios.
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Agora a situação torna-se mais confusa ainda, pois se estará jogando nas costas da Previdência uma multidão de celetistas cujas contribuições - em seu tempo de vida útil - não serão suficientes para cobrir o período de aposentadoria.
Os subsídios incidirão sobre a aposentadoria de celetistas, com todos os direitos.
Sem as desonerações, os próprios técnicos do INSS estimavam problemas sérios a médio prazo - 20, 30 anos. Como ficará o déficit com as desonerações?
Antes de prosseguir nessa escalada, o Ministro Guido Mantega deve explicações razoáveis sobre quem, afinal, pagará a conta.
Orçamento é publicado no Diário Oficial
O Diário Oficial da União desta sexta-feira traz a publicação do Orçamento deste ano. A lei estima que a receita da União para o exercício financeiro de 2013 totaliza R$ 2,276 trilhões. Pelos dados divulgados, R$ 610,1 bilhões do total registrado será destinado para rolagem de dívidas e R$ 83,3 bilhões voltados para os nvestimentos; crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano; taxa básica de juros (Selic) em 7,25%; inflação de 4,91%; e superávit primário, de 3,1% do PIB.
Produção industrial recua em 11 locais
Os índices regionais da produção industrial caíram em onze dos 14 locais pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) entre janeiro e fevereiro, acompanhando a redução no ritmo da produção nacional, na série ajustada sazonalmente. A queda mais acentuada foi assinalada por Minas Gerais (-11,1%), que eliminou a expansão de 1,5% observada no mês anterior. Por outro lado, Goiás (5%), Rio Grande do Sul (2,1%) e Santa Catarina (0,4%) registraram avanços nesse mês.
Déficit da Previdência caiu 44,2% em fevereiro
A Previdência Social registrou em fevereiro redução de quase metade do déficit anotado em janeiro. O Regime Geral da Previdência necessitou financiar R$ 3,4 bilhões - 44,2% a menos do que em janeiro. Ao todo, foram somados R$ 21,9 bilhões em benefícios recebidos pela Previdência. Os gastos ficaram em R$ 25,3 bilhões. No regime dos trabalhadores urbanos, houve superávit de R$ 1,6 bilhão, enquanto o setor rural apresentou um déficit de R$ 4,7 bilhões.
Brasileiros otimistas com emprego
Os brasileiros tem menos medo de perder o emprego: segundo a pesquisa Termômetros da Sociedade Brasileira, divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o medo do desemprego caiu 7,4% em março frente a dezembro. A maior retração foi registrada na região Norte-Centro-Oeste, onde o índice caiu 15,6% em março na comparação com dezembro de 2012. O Índice de Satisfação com a Vida recuou 0,8% e atingiu 104,5 pontos, ficando muito próximo dos 104,8 pontos do mesmo mês do ano passado.
Mudanças para empresas de lucro presumido
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a elevação do limite de faturamento para as empresas que optam pelo programa de lucro presumido, que permite pagamento menor de Imposto de Renda. Segundo ele, com a medida, o limite passará, a partir de 2014, dos atuais R$ 48 milhões por ano para R$ 72 milhões. A ampliação do limite faz parte do conjunto de medidas do governo que tem como objetivo reduzir a cobrança de tributos.
Acordo exige que Mercosul e UE entendam interesses
Um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia será possível se as partes entenderem seus interesses mútuos, afirmou o alemão Elmar Brok, membro do Parlamento Europeu. Ele ressaltou que o país exerce um papel de liderança no bloco latino-americano e pode puxar as negociações para um acordo de livre comércio. O parlamentar também criticou o protecionismo, afirmando que medidas para proteção de produtos nacionais "significam que a indústria [do país que as adota] é menos competitiva".
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22 comentários
Quem Pagará a Desoneração da Folha?
Pode ser...
Não sou autoridade sobre o assunto. Espero que algum comentarista mais qualificado que eu possa responder. Sugiro que você procure lá no Portal do Nassif acessando: www.advivo.com.br/blog/luisnassif/quem-pagara-a-desoneracao-da-folha . Lá tem, até este momento(20 h 42'; de 8/4/13), 71 comentários sobre esse assunto. Talvez haja algum que possa complementar, corroborar ou rebater esta sua assertiva.
Abraço
Castor
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