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Quem São os Terroristas?

19 de Janeiro de 2013, 22:00 , por Castor Filho - 1Um comentário | No one following this article yet.
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Alfredo Pereira dos Santos

 

Não é na adversidade que se conhece o caráter de um homem. Se quereis conhecer o verdadeiro caráter de um homem, DÁI-LHE PODER.

 

Eu não sei quem é o autor dessa frase, mas já a incorporei ao meu repertório, pois a acho profundamente verdadeira. Ademais, ela vale não apenas para pessoas, mas também para países e instituições. Nesse sentido é bastante significativa a frase do Bertrand Russell, segundo a qual “a igreja protestante não fez tanto mal quanto a católica porque é muito menor e muito menos poderosa”.

 

No que se refere a países, estou convencido de que a França não fez tanto mal quanto a Alemanha porque nunca teve o poder militar e econômico por esta desfrutado. Não obstante, o histórico da presença francesa na Argélia não pode depor a favor de uma nação que se diz civilizada. Diga-se de passagem que militares norte-americanos e argentinos foram instruídos nas técnicas da tortura pelos militares franceses, em função do know-how por estes adquiridos na Argélia.

 

Presentemente estou lendo uma biografia do general Charles de Gaulle, de Alexander Werth e cujo título é, justamente, “De Gaulle” e algumas observações aqui feitas se baseiam neste livro.

 

A ocupação da Argélia pelos franceses constitui uma história de violações, atentados e horrores contra os muçulmanos.  

 

Entre 1958 e 1962, que representa os anos da minha passagem da adolescência para a vida adulta, eu acompanhei toda aquela história, sem lhe dar muita importância e sem saber muito bem o que estava acontecendo. Mas muito nomes me eram familiares, como o de De Gaulle, Ben Bella, Mendes-France, entre outros, porque eram frequentemente citados pelos jornais. Perto da minha casa, no Rio de Janeiro, havia um cinema, o ART-PALACIO, entre as ruas Santa Clara e Constante Ramos (existe ainda?) onde a tônica era o cinema francês e italiano, com algum Bergman eventual, e eu me lembro de uma espécie de documentário com notícias da França e da guerra.

 

Está sendo muito bom para mim ler esta biografia do De Gaulle, pois está lançando muita luz sobre o que era, no passado, uma paisagem enevoada e obscura. Há muitas décadas os muçulmanos vem sendo massacrados. Em 1962 uma média de 10 mil europeus estavam retornando à França e diante da inevitabilidade da “perda” da Argélia os fanáticos terroristas, que queriam uma “Argélia Francesa”, resolveram adotar uma política de “terra arrasada”, destruindo a superestrutura da Argélia, devolvendo aos argelinos a Argélia de 1830, anterior ao desembarque dos franceses. Somente entre 26 e 30 de maio de 1962, quarenta escolas foram destruídas em Argel por meio de incêndios e explosões. A biblioteca da Universidade de Argel e dezenas de outros edifícios públicos foram reduzidos a cinzas.

 

Nesse momento estou na página 281 do livro, que tem um total de 399. Mas para mim já foi o bastante para reafirmar que, em matéria de valores morais a chamada civilização cristã nada tem de superior à muçulmana ou a qualquer outra. Não foram os muçulmanos que lançaram bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki  nem bombas de napalm em crianças vietnamitas.

 

A leitura do livro também me permite reafirmar que sem estudo aprofundado da História não se pode fazer julgamento isento de nada, principalmente quando esse julgamento se baseia nas grandes redes de comunicação atuais, que deturpam os fatos, quando não mentem, descaradamente.


Tags deste artigo: de gaulle resenha livro alfredo pereira dos santos argélia colonização tortura

1Um comentário

  • Castor ha 5 anos minorcastorphoto
    20 de Janeiro de 2013, 9:10

    O "terrorismo de estado" praticado diuturnamente pelos EUA

    No Vietnam, e no Camboja e Laos, não foram só bombas de napalm contra a população inocente, foram também as bomblets, que até hoje matam pessoas e animais nos campos daqueles países: e havia o "agente-laranja", cuja utilização no conflito - sempre contra inocentes, a pretexto de combater as tropas do líder comunista Ho Chi Minh - deformou irremediavelmente corpos de nascituros e crianças, sem falar nas vítimas adultas. Entre 1964 e 1975, no meio de 3.6 milhões de mortos na Indochina, os estadunidenses e aliados perderam não mais que 66 mil.

    E há ainda - ó esquecimento induzido e proposital! - as barbaridades ocorridas na Coreia, desde a ocupação pelos EUA da parte Sul da Península, onde o Exército ocupante esmagou todas as atividades políticas e sindicais que se formavam, em benefício da reduzida burguesia local e dos grupos colaboracionistas, durante a colonização japonesa. Tais grupos forneceram a primeira leva de administradores e burocratas para a gestão local dos ocupados.

    Matava-se gente adoidamente. Com a guerra de 1950-53, pereceram uns 2.5 milhões de coreanos. Nos EUA, além dos pesquisadores pentagonais, que obviamente se calam, só poucos especialistas em historiografia de conflitos armados têm livros e ensaios, com validez factual e científica, publicados a respeito da Guerra da Coreia.

    Ocorrida em plena vigência inicial da Guerra Fria, o conflito coreano, pintado pelos órgãos mediáticos do Ocidente como "intercoreano", foi o primeiro em que os EUA se uilizaram do expediente de envolver membros da ONU (Getulio Vargas recusou-se a mandar tropas, cabendo às colombianas de Rojas Pinilla - líder direitista da Violencia nas Forças Armadas - representar nosso Subcontinente naquela sujeira diplomático-militar massacrante de coreanos).

    É lamentável que tais assuntos não sejam motivo nem de curiosidade, em nossos meios universitários. Afinal, hoje é dia de Faustão e de inensos prepararativos carnavalescos, antes dos feriadões, de mais uma visita papalina e da Copa das Confederações.

    Bom domingão e abração do
    Arnaldo C.


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