Coluna Econômica - 04/12/2012
A reestruturação competitiva da siderurgia brasileira depende de energia mais barata, de integração mineradora-siderúrgica mas, acima de tudo, de uma mudança de padrão tecnológico, para a auto-redução do minério de ferro, que substituirá a tecnologia dos altos-fornos.
E essa tecnologia já está disponível.
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Faz-se o aço misturando o minério de ferro com o carbono. O processo é oneroso.
Utiliza-se carvão mineral ou vegetal como combustível, para a fusão do minério de ferro, e também como redutor, ajudando na remoção do oxigênio do ferro, para poder se ligar ao carbono.
É um processo lento, esse do gás entrando no minério, que leva em média 8 horas para se completar. Por ser lento, há a necessidade de altos fornos de 20 a 30 metros de altura; e carvão aquecendo o forno.
Ao longo da história, à medida que escasseou o minério de ferro mais puro, os altos fornos tiveram que receber upgrades tecnológicos cada vez mais onerosos. Agora, há uma corrida para substituir essa tecnologia secular por outra, baseada na auto-redução do minério.
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No caso brasileiro, essa tecnologia foi batizada de tecnored, e está sendo desenvolvida por uma associação entre Vale, BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e um grupo de ex-professores da PUC-Rio, comandados pelo engenheiro Marcos Contrucci.
Entrega-se à siderúrgica ou minério granulado (em lugar de pelotizado) ou minério líquido, mas com o carbono previamente misturado ao ferro. Em vez de 8 horas, o tempo de aquecimento cai para 15 minutos; em vez de altos-fornos de 20 a 30 metros de altura, fornos convencionais.
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Economiza-se na produção e no transporte.
Um navio com capacidade para transportar 250 mil toneladas de minério de ferro, leva 20 mil toneladas de água, 80 mil toneladas de oxigênio, mais 20 mil toneladas de escória. Com o novo método, só se transportará o essencial, resultando em economia de 45% na logística.
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Esse projeto começou a ser desenvolvido na PUC-Rio no final dos anos 50, a partir de trabalhos do IPT, do professor Carlos Dias Brosch (falecido em 2004). Dos anos 70 para cá houve plantas piloto com a Fundição Tupi, em Joinville, e com a Vibase, do grupo Villares, ambas interrompidas por crises nas empresas e na economia.
Depois, uma experiência nos Estados Unidos, com o braço siderúrgico da Cargill, que não deu certo depois que a política monetária de Alan Greesnpan destruiu completamente a competitividade da siderurgia norte-americana.
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Agora, a planta piloto com Vale e BNDES no capital está passando pelos ajustes finais. Completado esse piloto, haverá condições de expandir e fincar a reestruturação produtiva da siderurgia brasileira na nova tecnologia
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Não existem muitas dúvidas sobre sua viabilidade tecnológica e financeira. O desafio é mudar a cabeça dos engenheiros siderúrgicos e definir novos modelos de negócio.
No novo modelo, haverá a necessidade de uma parceria da cadeia produtiva. Provavelmente a mineradora irá oferecer novas plantas às siderúrgicas, em troca de contratos de fornecimento de longo prazo.
É uma tecnologia de corte, que provavelmente levará ainda dez anos para conquistar um setor tradicionalmente avesso a mudanças.
IPC-S fecha novembro em alta de 0,45%
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) mensurado na última semana de novembro atingiu 0,45%, resultado 0,07 ponto percentual superior ao visto na última divulgação, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Cinco classes de despesa ampliaram suas taxas, com destaque para Alimentação (de 0,18% para 0,53%). Em contrapartida, os grupos Transportes (de 0,22% para 0,03%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,52% para 0,42%) e Comunicação (de 0,08% para 0,04%) perderam força.
Inadimplência retarda retomada do crédito
A perspectiva de crédito ao consumidor subiu 0,5% em outubro, atingindo 98,5 pontos, segundo a consultoria Serasa Experian. Esta foi a terceira alta mensal consecutiva do indicador, mas acredita-se que as concessões de crédito ao consumidor permanecerão com baixo dinamismo, tendendo a exibir melhor desempenho somente a partir do primeiro trimestre de 2013, tendo em vista as expectativas de quedas mais consistentes dos níveis de inadimplência.
Balança comercial tem déficit de US$ 186 milhões
O resultado da balança comercial brasileira em novembro é o pior para o mês em 12 anos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a balança registrou déficit de US$ 186 milhões no mês passado. O resultado é fruto de exportações no valor de US$ 20,472 bilhões e de importações equivalentes a US$ 20,658 bilhões. O saldo acumulado em 2012 é de US$ 17,185 bilhões, 33,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.
FOCUS: Mercado reduz crescimento
Os analistas e investidores do mercado financeiro voltaram a reduzir a expectativa de crescimento econômico para este ano: segundo dados do relatório Focus do Banco Central, a nova projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) foi reduzida pela terceira semana consecutiva, passando de 1,50% para 1,27%. Quanto a variação para 2013, o indicador caiu de 3,94% para 3,70%. Para a inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para o fim deste ano permaneceu estável em 5,43%.
PIB deve atingir 0,9% em 2012, diz CNI
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,9% em 2012. Para 2013, a projeção da confederação é que a economia cresça 4%. Segundo relatório da entidade, a estimativa de expansão do PIB industrial ficou em -0,6% este ano. Para 2013, a expectativa é que haja uma expansão de 4,1%. Na visão da entidade, a concretização dessas estimativas depende da redução dos custos de produção e do aumento da produtividade.
Indústria da zona do euro reduz contração
A queda do ritmo de atividade da indústria da zona do euro perdeu força em novembro, atingindo seu menor patamar em oito meses. Levantamento do instituto Markit mostra que o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da região mostra que uma retomada mais consistente do segmento na região ainda parece distante. Com exceção da Irlanda, todos os outros países pesquisados apresentaram contração, sendo que o ritmo de declínio desacelerou na Alemanha, França, Espanha, Áustria e Grécia.
Blog: www.luisnassif.com.br
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