Coluna Econômica - 11/04/2013
Implantado no início dos anos 2000 , o sistema de metas inflacionárias – adotado pelo Banco Central – fez parte do aparato institucional global destinado a colocar a política econômica sob controle estrito do mercado.
O modelo funciona assim:
- BC e mercado trabalham em torno de um mesmo modelo econômico de previsão da inflação.
- Nesse modelo, o fator expectativa é dominante. Define-se uma meta de inflação. Se o mercado acha que a inflação futura pode subir, a resposta do BC é aumentar a taxa básica de juros da economia. Com isso, interfere em todo o sistema de taxas, derrubando a demanda agregada e o emprego, até que as expectativas convirjam para a meta.
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O sistema despertou críticas em muitos países, por subordinar a política monetária exclusivamente às metas de inflação, deixando de lado outras preocupações, com emprego, crescimento etc. E deixando de lado ferramentas clássicas de controle da demanda, como compulsório (percentual dos depósitos bancários em poder do BC) e atuações diretas sobre o crédito.
No caso brasileiro, as distorções foram muito piores. Tem-se um mercado de opiniões cartelizado – dominado por poucas consultorias e departamentos econômicos atuando em dobradinha com a imprensa financeira – que passaram a deter um controle absurdo sobre as expectativas..
Durante anos de juros, a inflação poderia aumentar, não pelo efeito inócuo da Selic, mas devido ao terrorismo exarado por essa aliança. Criou-se uma resistência enorme a qualquer queda de juros.
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A partir de 2011, o BC e o Ministério da Fazenda resolveram encarar o desafio de desarmar a armadilha dos juros altos.
Esse desafio deu-se em algumas frentes. A primeira foi o fim do mito da elevação automática da Selic a qualquer soluço da inflação. Em agosto de 2011, contra a opinião maciça do mercado o BC reduziu a Selic. Mesmo assim, a inflação caiu nos meses seguintes.
A segunda foi o uso dos bancos públicos para derrubar os spreads bancários e instituir a competição.
Até agora, o jogo foi vitorioso. As taxas cederam, criou-se uma competição efetiva no mercado de crédito ao consumidor e, a queda nas taxas chegou até o mercado de longo prazo dos financiamentos habitacionais, graças ao recurso da portabilidade – a possibilidade do cliente trocar de banco levando seu financiamento.
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Ao lado de Sérgio Werlang, o atual presidente do BC Alexandre Tombini foi um dos pais da implantação do sistema de “metas inflacionarias” – um trabalho de fôlego na época, antes de se entender as contraindicações.
Talvez tenha sido esse sentimento que enfrentasse o mercado em 2011, mas sem ter tido a coragem de desarmar a armadilha das metas inflacionárias.
Teve uma vitória retumbante mas não desarmou a armadilha das metas inflacionárias.
Agora tem-se a inflação sendo pressionado por um conjunto de fatores com pouca relação com excesso de demanda. Mas o terrorismo do mercado, as seguidas insinuações sobre a suposta falta de independência do BC e falta de vontade de enfrentar as pressões inflacionarias aparentemente balançaram Tombini.
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Se elevar a Selic o BC terá piscado. Haverá uma sinalização geral para o sistema bancário deixar de lado a disputa pela baixa dos juros e spread.
Nem em dois mandatos o governo Dilma conseguirá repetir a articulação que garantiu queda de juros e spread.
Primeira prévia do IGP-M sobe 0,42%
O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) atingiu 0,42% durante o primeiro decêndio de abril, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado superou os 0,15% contabilizados em março. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) atingiu 0,38%, enquanto o total não variou em março. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,43%, abaixo dos 0,53% do mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) atingiu 0,67% no primeiro decêndio de abril, ante os 0,27% apurados em março.
Vendas no varejo caem 0,4% em fevereiro
O comércio varejista brasileiro encerrou o mês de fevereiro com queda de 0,4% no volume de vendas, mas um acréscimo de 0,6% em sua receita nominal, ambos os dados com relação ao mês anterior, segundo dados sazonalmente ajustados e divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No caso do volume de vendas, o resultado apurado representa a primeira variação negativa do ano, enquanto a receita nominal manteve o ritmo de avanço pelo nono mês consecutivo.
OMC reduz estimativa para comércio global
Após o fraco desempenho do comércio internacional em 2012, devido aos impactos da crise econômica internacional em alguns países da zona do euro, 2013 apresenta uma tendência de crescimento bem reduzido. Dados da OMC (Organização Mundial do Comércio) colocam as projeções para 2013 em nível moderado, na casa de 3,3%. O avanço do comércio global despencou de 5,2% em 2011 para 2% em 2012, ficando abaixo da média de 5,3% dos últimos 20 anos, e do apurado entre 1990 e 2008, quando o total foi de 6%.
Nova etapa do PNBL exigirá R$ 125 bi
O governo federal estima que serão necessários R$ 125 bilhões em investimentos, durante os próximos dez anos, para tornar viável a nova etapa do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL 2.0). Para alcançar a cifra, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pretende, entre outras medidas, condicionar os leilões da frequência de 700 mega-hertz (Mhz) à instalação de redes de longa distância. A frequência é destinada à instalação de internet móvel com tecnologia de quarta geração (4G).
Eleição define futuro econômico da Venezuela
Com inflação elevada e uma desvalorização de quase 32% da moeda local, a eleição da Venezuela deve definir entre a continuidade do modelo adotado por Hugo Chávez (com o candidato governista Nicolas Maduro) ou mudar o rumo (com o opositor Henrique Capriles). Apesar da melhora em vários índices sociais, a inflação continua em dois dígitos - 20,1%, em 2012 -, embora este resultado represente uma queda de 7,5 pontos em relação aos 27,6% registrados em 2011.
Efeito da desaposentadoria preocupa governo
O governo deve acompanhar com atenção o impacto que pode ser gerado pelo projeto de lei que prevê a desaposentadoria, aprovado pelo Senado nesta quarta-feira, segundo a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Pelo texto aprovado, os contribuintes do Regime Geral de Previdência Social que se aposentaram por tempo de contribuição ou pelo critério da proporcionalidade requerer novo cálculo do benefício e optar pelo mais vantajoso, caso permaneçam na ativa.
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