Gen(ocida) Efraín Rios Montt
Publicado em 30/04/2013 por Mário Augusto Jakobskind*
Na Guatemala aconteceu nestes dias um fato que depõe contra os governantes do país centro americano e envergonha a humanidade. Um ditador sanguinário, o general Efraín Ríos Montt, estava sendo julgado por crimes de genocídio. Ele é acusado pela Promotoria de Justiça de 15 massacres que resultaram em 1771 mortes de homens, mulheres, crianças e anciãos.
Além de Ríos Montt estava no banco dos réus também o chefe da inteligência militar, General José Maurício Rodriguez. Tudo parecia indicar que finalmente seria feita justiça, com a condenação do ex-ditador e seu colaborador.
Testemunhas, inclusive de muitos sobreviventes de massacres, estavam confirmando em juízo o que tinha sido praticado em matéria de crimes de lesa humanidade de responsabilidade de Ríos Montt, um ditador que contou com total apoio de sucessivos governos estadunidenses.
Pois bem, na última hora, oficialmente, um tribunal de apelações decidiu suspender o julgamento sob a alegação de “motivos técnicos”.
Mas a verdade é completamente outra e provavelmente não será divulgada pelos meios de comunicação de mercado.
Segundo denúncias de entidades defensoras dos direitos humanos e de alguns corajosos jornalistas, a suspensão não se deveu a uma decisão jurídica de “caráter técnico”, como alegam as autoridades, mas sim pelas ameaças de morte feitas por militares contra testemunhas e mesmo ao corpo de jurados. Soma-se a isso, a pressão velada e secreta exercida pelo atual Presidente, o general da reserva Fernando Otto Pérez Molina , para contentar os militares protetores de Ríos Montt. O jornalista estadunidense Allan Naim, que seria testemunha no processo, acusou diretamente o presidente guatemalteco de pressionar a Justiça.
Com isso, o genocídio comprovado continuará impune. Tal decisão é comparável a se a justiça decidisse suspender, quando iniciado, o histórico julgamento de Nuremberg contra os assassinos do III Reich nazista.
Seja onde acontecem, ou aconteceram, crimes contra a humanidade não podem ficar impunes e ainda por cima com julgamento suspenso por pressões de quem quer que seja.
Vale então uma pergunta que não quer calar: o que fazem neste caso governos que a todo momento desfraldam a bandeira de defesa dos direitos humanos como o de países que nos últimos anos promoveram até invasões e ocupações de nações tendo como pretexto a defesa dos direitos humanos, as chamadas “intervenções humanitárias”?
Nesse sentido, vale lembrar que transcorreu em quase total silêncio o segundo aniversário do início da invasão da Líbia pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na época, a mídia de mercado e os colunistas de sempre denunciavam violações de direitos humanos e tudo mais cometidos pelo regime derrocado.
Hoje, o país norte-africano, com um governo imposto pela OTAN, sofre as agruras de milícias que promovem limpeza étnica em algumas cidades, como em Tawergha, segundo denúncias.
Um quadro, portanto, totalmente diferente de dois anos atrás, quando a mídia de mercado diariamente fazia intensa carga contra Muammar Khadafi por violações dos direitos humanos, que serviram de pretexto para a “intervenção humanitária”. Agora, as violações dos direitos humanos são constantes e totalmente ignoradas.
No mesmo contexto das justificativas como o da Líbia, o governo conservador de Mariano Rajoy autorizou 500 marines estadunidenses a utilizarem o território espanhol para a agirem através de uma “força de intervenção rápida”, bem como o deslocamento de oito aviões militares de última safra da indústria armamentista.
Instalados na base de Moron, na fronteira espanhola , o objetivo dos marines seria uma eventual intervenção norte-americana na Argélia em caso de necessidade para assegurar a exploração de recursos naturais como gás e petróleo.
O que chamou atenção também foi a rapidez como Rajoy decidiu fazer a concessão, levando os analistas a prever uma iminente invasão da Argélia.
Em suma, assim caminha hoje a humanidade sob aplausos da indústria armamentista da morte, que lucra horrores em várias partes do mundo que se encontram sob estado de tensão.
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Enviado por Direto da Redação
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