Coluna Econômica - 08/02/2013
Primeiro ponto de análise sobre a inflação de janeiro: IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) batendo em 0,86%: não se deixe impressionar por análises alarmistas ou por comparações indevidas com a Argentina. Nem pelo lobby dos que querem a volta dos juros altos.
A alta foi puxada por fatores pontuais, que não tendem a se repetir no tempo.
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Vamos a um pequeno Raio-X do índice.
Quando mencionar percentual (%), significa a elevação do preço referido; quando falar em ponto, significa o quanto aumentou ou diminuiu o índice final.
Esses 0,86% de aumento do IPCA se deveram aos seguintes produtos:
1. Alimentação e bebidas foram responsáveis por quase metade: 0,48 ponto.
Dentre os produtos que mais pressionaram, grande parte são alimentos diretamente afetados pelo clima, não pela demanda (como tomate, batata inglesa, cebola, hortaliças, feijão etc). Outro grupo foi o de derivados do trigo e o milho, cujas cotações internacionais foram afetadas pela seca nos Estados Unidos.
2. Despesas pessoais pressionaram o índice em 0,16 ponto.
Foi o segundo maior item de pressão. Mas só o cigarro significou um aumento de 0,09 no índice final. O reajuste foi devido ao aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O outro fator de alta foi o crescimento no rendimentos dos empregados domésticos (aumentou 0,58% em janeiro contra 0,82% em dezembro) , refletindo, aí sim, melhoria de renda e da demanda.
3. Despesas com habitação reduziram o aumento em 0,08 ponto.
Aí também houve um fator pontual jogando para baixo: a redução da conta de luz. Houve aumento nas despesas com aluguel (1,56%), condomínio (1,18%) e mão de obra para pequenos reparos (0,70%), Mas a conta de energia elétrica caiu 3,91%, captando uma pequena parte da redução da conta de luz. A parte maior será no mês de fevereiro.
Por outro lado, o fim do desconto do IPI nos automóveis novos pressionou seus preços – 1,41% de aumento e pressão de 0,05 ponto no índice final.
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Para fevereiro se terá, do lado positivo, om impacto maior da redução da conta de luz. Do lado negativo, o impacto do reajuste do preço da gasolina. Do lado dos alimentos, uma supersafra a caminho.
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As características da inflação atual nada têm a ver com as loucuras que dominaram o país até o plano Real. Ainda é alta para os padrões globais, fruto de um conjunto de indexadores que ainda não saíram completamente nem dos contratos nem da memória atual.
No plano conjuntural, continuará refletindo as cotações internacionais de commodities (influenciando os preços internos), os movimentos fiscais de isenção ou aumento de imposto, um resto da inflação passada, na forma de indexação.
No plano estrutural, a entrada em cena da nova classe média provocará mudanças nos preços relativos, com serviços, produtos de limpeza, telefonia e TV a cabo pressionando cada vez mais o orçamento doméstico, enquanto produtos tradicionais perdem força.
O mais relevante da história é não utilizar essa alta pontual como álibi para elevação das taxas de juros, Nenhum dos itens de pressão tem a mais leve relação com os juros praticados no mercado.
IPCA de janeiro fica em 0,86%
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,86% em janeiro, acima do total de 0,79% de dezembro de 2012 e o maior resultado mensal desde 2005 (0,87%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado também foi o maior dos meses de janeiro desde 2003 (2,25%). Os preços dos alimentos fecharam janeiro em 1,99%, acima do resultado de 1,03% de dezembro, enquanto os produtos não alimentícios passaram de 0,71% em dezembro para 0,50% em janeiro.
Decreto de falências sobe em janeiro
A quantidade de falências decretadas abriu o ano de 2013 em alta: pesquisa elaborada pela consultoria Serasa Experian aponta o registro de 47 decretos em todo o país durante o mês de janeiro, o maior resultado para o mês nos últimos dois anos, uma vez que em janeiro de 2011 e em janeiro de 2012, foram decretadas 41 e 33 falências, respectivamente. Dos 47 decretos verificados no primeiro mês de 2013, 34 foram de micro e pequenas empresas, 12 de médias e 1 de grande empresa.
Prévia do IGP-M não apresenta mudanças
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) variou 0,41%, no primeiro decêndio do mês de fevereiro, estável ante o mês anterior, diz a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ficou em 0,37%, pouco abaixo dos 0,46% de do mês de janeiro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) perdeu força e atingiu 0,20%. No mesmo período do mês anterior, a taxa foi de 0,40%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) chegou a 1,15%, bem acima dos 0,08% apurados em janeiro.
Construção civil avança 0,18% em janeiro
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) atingiu 0,18% em janeiro, abaixo do apurado em dezembro (0,43%), segundo cálculos elaborados pelo IBGE em parceria com a Caixa Econômica Federal. Com esse resultado, o total em 12 meses ficou em 5,25%, abaixo da taxa de 5,68% dos 12 meses imediatamente anteriores. O custo nacional da construção, por metro quadrado, que atingiu R$ 855,64 em dezembro, chegou a R$ 857,21 em janeiro, sendo R$ 455,09 relativos aos materiais e R$ 402,12 à mão de obra.
IBGE estima safra agrícola 13,1% maior
A primeira estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2013 se refere a uma colheita de 183,3 milhões de toneladas, 13,1 % superior à obtida em 2012 (162,1 milhões de toneladas), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A área plantada em 2013 chega a 53 milhões de hectares, alta de 8,4% frente à área colhida em 2012 (48,8 milhões de hectares), sendo que as três principais culturas (arroz, milho e soja) respondem por 85,2% da colheita.
Governo quer ampliar desconto da meta fiscal
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o governo pretende ampliar para R$ 45 bilhões o total de recursos que podem ser descontados da meta de esforço fiscal em 2013. Está no Congresso um projeto de lei para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e permitir o abatimento de mais R$ 20 bilhões em novas reduções de impostos da meta fiscal. O Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2013 prevê o desconto de R$ 25 bilhões de gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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