Coluna Econômica - 25/02/2013
Os avanços da gestão pública brasileira puderam ser observados no sexto balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), divulgado nesta sexta-feira.
Desde o lançamento do PAC foi montado um sistema de acompanhamento e avaliação, das obras físicas e do cronograma financeiro, completo, meticuloso, quando Dilma Rousseff era Ministra-Chefe da Casa Civil.
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Para cada setor – Transportes, Energia, Saneamento – é possível saber a quantidade de obras executadas, em execução, as que estão dentro do cronograma, as que estão um pouco ou muito atrasadas.
A partir dessa prestação de contas, cada analista pode tirar suas conclusões. Os críticos enfatizarão os atrasos e concentrarão a análise no desembolso orçamentário. Os defensores centrarão a análise no cronograma físico e explicarão que o pagamento só é liberado depois da obra concluída.
Mais que isso, com a Câmara de Gestão criou-se um fórum que está ajudando a tornar eficientes os principais processos internos do Executivo.
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Onde a roda pega? Na excessiva centralização imposta por Dilma Rousseff à ação de seus Ministros.
Meticulosa, perfeccionista, ela conseguia afinar todos os detalhes quando focada no PAC. Quando se entra na enorme complexidade do governo como um todo, o jogo é outro. Não é mais um trabalho exclusivo de acompanhamento físico de projetos.
É impossível a uma pessoa só, por mais capaz que seja, administrar todas as áreas, decidir sobre todos os temas, definir todos os conceitos.
No ano passado houve uma enxurrada de medidas em todas as áreas, o lançamento de programas em todos os ministérios. Mas só eram liberados depois da palavra final da presidente, da correção de cada palavra do projeto. O resultado eram atrasos permanentes. Mais que isso, falta de comprometimento dos Ministros.
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Racional como é, uma hora a Presidente perceberá que é quimera a ânsia de manter todos os projetos sob controle. E certamente aprimorará a forma de gerir o Estado.
O primeiro passo será reforçar a assessoria interna – através de técnicos alocados na Casa Civil (como era quando Dilma estava lá). Esses assessores serão olhos e ouvidos da Presidente.
Depois, formar um exército de generais – de Ministros de primeiro time, não de meros gerentes. Se arranjos políticos impuserem ministros de menor fôlego, fortaleça-se a Secretaria Executiva com gestores de confiança. Mas dê-lhes autonomia.
Em cada programa, o papel da Presidente deveria ser comandar as reuniões iniciais de elaboração do projeto, definir os pontos centrais, questionar os participantes sobre as maneiras de alcançar os objetivos. Depois, deixar por conta de cada Ministro, com seus assessores acompanhando a implementação e reportando os dados a ela. E pau na moleira de quem não andar na linha ou não atender às expectativas.
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Hoje em dia o papel dos Ministros é tão secundário que Dilma pode se dar ao luxo de manter peças que não funcionam. Como todos os projetos atuais são da Presidente, nenhum Ministro se julga com responsabilidade de prestar contas à sociedade, de defender o projeto e sequer de responder por seus resultados.
Não se vence uma guerra com um exército de sargentos. Quanto mais cedo se acordar para essa verdade, mais rápido será o deslanche das ações de governo.
IPCA-15 varia 0,68% em fevereiro
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15) fechou o mês de fevereiro em 0,68%, abaixo dos 0,88% de janeiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A variação para os dois primeiros meses do ano situou-se em 1,57%. As contas de energia foram destaque do período, devido a queda de 13,45%, mas a análise mostra que alimentação e bebidas exerceu o maior impacto no índice do mês, com 1,74%. O agrupamento de itens não alimentícios teve variação de 0,35%.
Ambiente deve ajudar a manter resultados econômicos
O balanço das atividades econômicas de 2012 mostra que o governo aproveitou as oportunidades criadas para desenvolver um ambiente mais favorável em 2013, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que ressaltou que o país conseguiu aproveitar 2012 para um reposicionamento de vários setores econômicos, o que vai dar mais tranquilidade para a situação econômica de 2013, mesmo diante dos reflexos da crise mundial que afeta principalmente as economias europeias.
Atividade econômica cresceu 0,9% em 2012
A expectativa de atividade econômica em dezembro avançou 0,3% na comparação com o mês imediatamente anterior, já descontadas as influências sazonais, segundo a Serasa Experian. Com este resultado, o crescimento em 2012 foi de 0,9%, o menor dos últimos três anos. Do ponto de vista da oferta agregada, o setor de serviços foi o único que registrou expansão em 2012 (alta de 1,6%). Pelo lado da demanda agregada, o responsável pelo fraco desempenho em 2012 foram os investimentos, que recuaram 3,6%.
Mercado abre menos empregos em janeiro
O mercado de trabalho brasileiro gerou 28,9 mil postos de emprego com carteira assinada no primeiro mês de 2013, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O número resulta da diferença entre 1,794 milhão de admissões e de 1,765 milhão de demissões, atingindo o saldo mais baixo para o mês desde 2009. De acordo com o MTE, o resultado de janeiro confirma as expectativas de que o mercado de trabalho está perdendo dinamismo.
BC: Balanço de pagamentos superavitário
O balanço de pagamentos encerrou o mês de janeiro com um superávit de US$ 1,4 bilhão, enquanto as transações correntes ficaram deficitárias em US$ 11,4 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Com o resultado, a perda em 12 meses chegou a US$ 58,6 bilhões, equivalente a 2,58% do PIB (Produto Interno Bruto). A conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$12,2 bilhões, enquanto a conta de serviços apresentou déficit de US$ 3,7 bilhões.
Grandes indústrias mostram sinais de retomada
As grandes empresas da indústria brasileira começaram a se recuperar em janeiro, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI): pesquisa mostra que as indústrias de grande porte aumentaram sua produção, com 51,3 pontos. A pesquisa afirma que houve queda na produção do setor em geral (48,6 pontos) e no emprego (48,7 pontos), em parte devido à sazonalidade desfavorável , mas os recuos foram menores ante meses anteriores. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se em 70%, em média.
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