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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Blog dedicado à política nacional e internacional

A ​N​ova ​L​inguagem do ​J​ornalismo

24 de Setembro de 2013, 7:40, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 24/9/2013


No domingo fui a um evento sobre mídia alternativa, no qual um dos expositores era da chamada Mídia Ninja - a rede montada na Internet para transmissão de eventos utilizando a tecnologia do celular.


Cada vez mais reforça a convicção de que as manifestações de junho passado - as passeatas mobilizadas pelas redes sociais - serão reconhecidas futuramente como um marco na história das mídias e do chamado mercado de opinião.


***


O rapaz contou como um dos Ninja foi preso pela PM do Rio de Janeiro, acusado de atirar coquetéis Molotov na passeata, acusação endossada pelo próprio Jornal Nacional. Houve convocação geral para que manifestantes enviassem vídeos que comprovassem a inocência do Ninja. Imediatamente despencaram dezenas de e-mails com vídeos acoplados. Um advogado da OAB levou a um juiz de direito que ordenou a libertação imediata do Ninja. Na edição seguinte o JN corrigiu a notícia e chamou a atenção para o fenômeno dos agentes policiais infiltrados.


Em outro episódio, um Ninja flagrou policiais civis espancando uma moça encapuçada. Os vídeos foram levados até a delegacia e o delegado ordenou a detenção imediata dos agressores.


***


Na época, críticos das boas maneiras jornalísticas apontaram o pouco acabamento dos vídeos, em comparação com o apuro técnico das transmissões profissionais. Criticaram a linguagem tosca, a falta do lide (a abertura ou "cabeça" das matérias), a prolixidade da cobertura.


Não entenderam nada.


***


Nada contra o apuro, o acabamento, a estética das transmissões profissionais. Mas equipararam o produto notícia ao produto show e, com isso, houve uma perda da credibilidade jornalística junto a públicos mais bem informados, sem saber diferenciar a dramaturgia da notícia.


É um padrão repetitivo. Reparem em transmissões ao vivo do comportamento da torcida em jogos de futebol. A câmera fecha no repórter. Aí,  se volta para os torcedores e eles, do nada, começam a gritar o nome do seu time. Qual a diferença dos programas de auditórios, nos quais há o coordenador de público com cartazes mandando aplaudir, vaiar ou ficar quieto?


Ou o close nos olhos do entrevistado, quando se emociona.


Em uma das passeatas, um dos Ninja flagrou um técnico da Globo colocando um cartaz político contra a corrupção nas mãos de um manifestante ébrio. Foi desmascarado. Provavelmente não havia intenção política, mas apenas a de conferir à reportagem a cena que - imaginava-se - mas atrairia os telespectadores.


Em qualquer caso, há a constante manipulação dos fatos.


***


A nova linguagem não deve ser vista como mera questão de acabamento, mas de uma mudança radical na estética, no discurso e no modo de fazer jornalismo. Representa um retorno ao documentarismo de velhos tempos, nos quais o ponto central era a notícia crua, sem o chantily do roteiro prévio, dos personagens ensaiados.


***


O que aconteceu até agora é ilustrativo dos fenômenos paralelos que ocorrem na mídia, à medida em que uma nova tecnologia disruptiva - a Internet - vai se consolidando.


Há um fenômeno de criatividade extraordinário, no qual mergulham novos desenvolvedores, novos modelos de reportagem escrita e televisiva, novas formas de expressão.

 

O novo já nasceu.

 


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Porque o Bolsa Família é ​I​mportante

23 de Setembro de 2013, 9:39, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 23/9/2013


Já tinha alguns anos de jornalismo, o país começava a lutar pela redemocratização, fui entrevistar Abraham Lowenthal, um dos pensadores do Partido Democrata norte-americano e estudioso da América Latina.


Na época, nós, jornalistas econômicos, estávamos empenhadíssimos em convencer o meio empresarial de que a democracia era um "bom negócio". Fiz uma série de perguntas sobre a importância da democracia para a economia.


A resposta de Lowenthall me derrubou. "A democracia é importante porque é importante. Não precisa de justificativas econômicas".


***


Saindo de Macapá, depois de uma palestra para coordenadores do Sebrae de todo o país, me vali do ensinamento de Lowenthal.


Um dos temas debatidos foi o Bolsa Família.


Um dos coordenadores apontou os benefícios que o BF trouxe a inúmeras regiões estagnadas do seu estado.


Primeiro veio o novo consumo, por meio do BF e da Previdência Social. Em seguida, vieram os novos empreendimentos. Com eles, novos empregos. E a região ganhou vida própria. No país todo, a melhoria de renda gerou um mercado de consumo fantástico.


Outro coordenador tinha visão diferente. Sua percepção era a de que as mães pobres passaram a ter mais filhos, para aumentar a Bolsa; as famílias fugiram para as cidades, sobrecarregando os serviços públicos; e diminuiu a propensão de todos para o trabalho.


***


Com o BF houve redução da natalidade e da mortalidade infantil. Mesmo reduzindo a mortalidade infantil, houve redução dos filhos. Ou seja, o BF exerceu um papel civilizador, ao permitir às mães planejar, e impedindo as crianças de morrer.


As estatísticas mostram, também, número crescente de beneficiários do BF pedindo desligamento, depois de conseguir renda suficiente. Mas é óbvio que, com o BF e a Previdência, os jovens passaram a entrar mais tarde no mercado de trabalho e houve uma queda na oferta de mão de obra para empregos de baixíssima remuneração.


Os dois fatos se refletiram em toda estrutura de emprego, provocando um efeito cascata de aumento do salário real.


Já as cidades mais pobres, especialmente no Nordeste, receberam mais famílias pela relevante razão de que os caraminguás do BF deram condições a elas de permanecer na sua região, mesmo enfrentando uma das maiores secas da história. Obviamente, com a seca, procuraram as cidades.


***


Aí se entram em desdobramentos que nada têm a ver com o BF.


Um deles é o aumento do salário real, bom para o consumo, ruim para a estrutura de custos das empresas. O caminho são reformas e melhorias de gestão que signifiquem um choque de produtividade.


O segundo problema é que, nas regiões mais pobres, aumentou a renda das pessoas mas não a receita dos municípios - contribuiu para isso a imprudente política de desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).


Mais uma vez, nada tem a ver com o BF.


No final do encontro, sugeri aos ouvintes que criticassem a Fazenda, o Tesouro, a Receita, o Ministério das Cidades, mas não o Bolsa Família. Se houver um céu no serviço público, seus criadores ganharam o assento eterno.


Lembrando Lowenthall: o Bolsa Família é importante porque acabou com a fome de milhões de brasileiros. E basta.

 


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O ​P​etróleo ​C​omo ​A​lavanca da ​I​ndustrialização

20 de Setembro de 2013, 12:58, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 20/9/2013

Toda decisão econômica ou política tem prós e contra. E deve ser analisado pelo que se propõe.

Digo isso a propósito das críticas ao chamado conteúdo nacional nas plataformas marítimas e na exploração do pré-sal, especialmente à luz do leilão dos campos de Libra.

Há um dado negativo: até se completar a curva de aprendizado, o custo das plataformas será levemente maior, já que existem parâmetros máximos de preço para a substituição do importado pelo nacional.

Há um positivo: o fortalecimento das empresas, do emprego e da tecnologia nacional.

***

Todas as grandes potencias modernas – da Inglaterra do século 18 à China do século 21 – se formaram trilhando o caminho da industrialização, através de estratégias utilizando o poder de compra do Estado, ou do mercado interno, para atrair tecnologia ganhar autonomia tecnológica e consolidar a estrutura industrial do país.

***

Mais importante que isso, foi a maneira como foi moldada a política industrial em torno da exploração do petróleo.

Em 1997 a ANP (Agência Nacional de Petróleo) fez um estudo sobre experiências internacionais, visando estruturar instituições com foco no desenvolvimento da cadeia local.

Espelhada nas organizações europeias, do estudo nasceu a ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) juntando setor público (Ministério do Desenvolvimento, ANP, Finep) e setor privado (Firjan, federações de indústria etc).

***

Em 2003, em articulação com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) foi criado o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) visando adensar o contato com os governos estaduais, através dos fóruns regionais.

***

Há um bom histórico de empresas de médio porte que se tornaram “epecistas” (montadoras), atuando na engeharia, no fornecimento de bens e serviços e na construção.

***

Em 2012, amadureceram projetos de arranjos produtivos locais desenvolvidos em parceria com o sistema Sebrae.

O modelo de suprimento é obrigatoriamente descentralizado e, em um país continente, aparecem novos empreendimentos em áreas historicamente sem estrutura, como é o caso das refinarias do Nordestes, a refinaria de produtos de alta qualidade no Ceará e no Maranhão. O desafio consiste em criar a inteligência de suprimento para dar sustentação a esses empreendimentos.

Em Suape, há um estaleiro com grau tecnológico 4 (no mundo, o rating é de 1 a 5), Atlantico Sul, com vocação para chegar a 5. Na Bahia, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu. No Rio, o Comperje, a 40 quilômetros da cidade.  No Rio Grande do Sul, dois estaleiros no meio do nada. Em Ipatinga, Minas Gerais, um polo metal-mecânico candidato a ser base de indústria de transformação.

***

O desafio do Sebrae foi montar APLs (Arranjos Produtivos Locais) de médias empresas. No prazo de um ano – dezembro de 2012 a dezembro próximo – irá colocar no entorno desses empreendimentos 6 empresas âncora de médio porte para serviços industriais – mecânica, caldeiraria, eletricidade, controle, mecânica e serviços auxiliares.

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Essa será a maior herança deixada pelas reservas de petróleo: a montagem de uma estrutura industrial que forme fornecedores globais e garanta emprego e desenvolvimento.

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​ Depois dos ​M​édicos, a ​H​ora da ​G​estão na ​ S​aúde

19 de Setembro de 2013, 9:09, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

 

Coluna Econômica - 19/9/2013


Está na hora de retomar os conceitos de gestão para a área da saúde.

O país já dispõe de tecnologia de gestão, especialistas, métodos consagrados para aplicar em toda rede pública e ajudar na rede privada.

O primeiro passo é pensar prospectivamente o setor. O Brasil está envelhecendo. Essa mudança demográfica trará impactos expressivos sobre a saúde pública. Há que se desenvolver e deflagrar políticas de prevenção.

O segundo passo é ter uma visão sistêmica do setor.

É evidente que faltam médicos, médicos são essenciais e devem ser procurados onde estiverem disponíveis, seja em Cuba ou na Espanha.

Mas é evidente, igualmente, que os problemas da saúde não se resumem à falta de médicos.

***

Qual o problema da saúde? Só se saberá se buscar dados na ponta, nos usuários do sistema.

Em toda cadeia da saúde, além do Programa Saúde da Família, os dois únicos pontos de contato com os clientes são hospitais e prontos socorros. Os problemas efetivos da saúde são aqueles que impactam diretamente o universo dos usuários da saúde.

Na ponta, percebe-se falta de médicos mas, também, falta de leitos.

Pode-se melhorar a oferta de leitos através de investimentos – com recursos escassos – ou de gestão. Esta é a questão.

***

Recentemente foi feito um trabalho em dois hospitais públicos de emergência de Maceió. Doentes se acumulavam nos corredores, morrendo sem atendimento. Naqueles hospitais, portanto, o problema era falta de leitos e de atendimento.

***

Procedeu-se inicialmente a um levantamento estatístico. Mostrou que o tempo médio de permanência de cada paciente era de 12,5 dias por doente/leito. No sul, a média é de 4 dias. Trazer o número para 4 dias significaria triplicar a oferta de leitos sem nenhum investimento adicional. Mas como reduzir o prazo sem afetar o atendimento?

O segundo passo foi identificar os fatores de atraso na liberação dos pacientes.

***

Uma das razões era o fato do doente estar pronto para ser liberado mas depender da baixa dada pelo médico. Se o médico se ausentasse do hospital na sexta-feira, a alta só era concedida na segunda.

Outro fator de atraso era na documentação interna dos hospitais. Antes de liberar, o hospital precisa levantar todas as despesas efetuadas, conferir o estoque de remédios para saber se havia pendências, em procedimentos que levavam vários dias.

Em alguns casos, não aparecia um familiar para levar o paciente embora.

Em suma, uma infinidade de pequenos problemas que, somados, levavam a uma média absurda de tempo de internação.

***

Localizado o problema, foram montados indicadores para cada uma das causas e, junto com os funcionários do hospital, montado um plano de ação para resolver os problemas, um a um.

Em seis meses, a média de internação caiu para 6,5 dias. Ou seja, dobrou-se a oferta de leitos sem despender um tostão a mais de investimento e de aumento de custos operacionais.

***

Esses modelos precisam ser expandidos para todo o país.

Primeiro, a análise dos problemas na ponta do atendimento. Depois, o mapeamento de todo o modelo de saúde até chegar nos poderes públicos municipal, estadual e federal.

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Em ​D​efesa da ​N​eutralidade da Internet

18 de Setembro de 2013, 8:51, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 18/9/2013


O anúncio de que a presidente Dilma Rousseff pretende levar à assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) a proposta de neutralidade da rede (Internet) é um gesto de largo alcance.

Primeiro, pelo reconhecimento de que a Internet é uma questão global - embora tenha que se assegurar o poder soberano do país sobre as grandes corporações globais.

Segundo, a convicção de que neutralidade da rede é essencial para promover a isonomia e permitir a manutenção do atual ambiente de inovação e empreendedorismo e, principalmente, a pluralidade e liberdade de opinião que caracteriza a rede.

***

Ao longo de sua história, os diversos ciclos tecnológicos foram submetidos ao controle monopolista, seguindo o mesmo  ciclo:

1. Surge uma inovação radical. Em um primeiro momento pequenos empreendedores se valem dela para criar novos modelos de negócios.

2. No momento seguinte um agente qualquer, amparado em poder econômico próprio ou associado a poder financeiro, passa a concentrar poder no novo mercado..

3. Com o poder consolidado, trata de sufocar a competição.

***

Maior monopólio da história, a AT&T controlava a telefonia nos Estados Unidos e mantinha os Laboratórios Bell para prospectar o futuro. Organizou um contingente impressionante de PhDs, Prêmios Nobel, trabalhando em inovação.

No entanto, era colocada de lado qualquer inovação que pudesse ameaçar a tecnologia vigente.

A tecnologia de armazenamento de dados - os HDs - foi desenvolvida nos anos 30 por um engenheiro da Bell, Clarence Hickmann, que inventou um precursor das secretárias eletrônicas. Mas julgou-se que sua introdução afetaria as ligações telefônicas. Foi deixado de lado.

Outras inovações, como fibra ótica, telefone celular, máquinas de fax, a tecnologia DSL (de banda larga pelas linhas de cobre) foram engavetadas, para não colocar em risco o mercado convencional da AT&T.

***

Não há nada mais similar ao modelo soviético de planejamento do que o controle centralizado de setores por monopólios privados. Concentra-se todo o poder de  inovação nos órgãos centrais que, pelo próprio acomodamento trazido pelo controle absoluto do mercado, deixam de inovar, perdem a sensibilidade das novas demandas e matam qualquer avanço que possa produzir um novo ciclo tecnológico.

***

Daí a importância do Marco Civil da Internet, atualmente em discussão.

Para evitar a formação de monopólios, há alguns pontos essenciais:

1. Não se pode permitir o predomínio das empresas de telefonia, selecionando categorias de usuários para o trânsito de dados. Por isso mesmo, nem se pensar em submeter o setor ao Ministério das Comunicações ou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

2. Para impedir o controle do mercado pelos grandes players internacionais - Google e Facebook - tem que se assegurar a neutralidade nos mecanismos de busca e também a interoperabilidade nas redes sociais.

3. Tem que se assegurar a isonomia tributária entre as tecnologias convencionais (TV a cabo, jornalismo, publicidade) com as grandes redes sociais.

4. Não se pode responsabilizar os grandes provedores por abusos cometidos por usuários. Pois significaria colocar em suas mãos o poder de censura.

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