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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Blog dedicado à política nacional e internacional

Gleise ​A​tropelou a Constituição e a ONU

10 de Setembro de 2013, 19:09, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 10/9/2013

 

 

 

 

Em países mais sérios, a notícia sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) publicada no site da Casa Civil teria implicações sérias.

É função da Casa Civil: "assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no desempenho de suas atribuições, especialmente: (...) na verificação prévia da constitucionalidade e legalidade dos atos presidenciais".

Segundo a notícia, a Ministra-Chefe Gleise Hoffmann comprometeu-se a pressionar o senador Vital do Rego - relator da PNE - para retirar do texto a obrigatoriedade da rede fundamental dar atendimento às crianças com deficiência.

Conseguiu o feito inédito de, sendo a guardiã da constitucionalidade das medidas do Executivo,  atropelar ao mesmo tempo a Constituição Federal e a Conferência das Nações Unidas Sobre Direitos das Pessoas Com Deficiência - da qual o Brasil é um dos signatários, que prevê como direito absoluto da criança (com ou sem deficiência) o acesso ao ensino básico.

É evidente que não atingirá seu objetivo. Mas expõe de forma dramática o profundo provincianismo e incapacidade em tratar com temas especializados.

***

A Ministra tem pretensões política e interesses paroquiais: conquistar apoio para sua candidatura ao governo do Paraná. E, dentre os apoios, o da influente (no estado) Federação das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

As APAEs municipais prestam serviços na ponta. São constituídas por pais e amigos interessados na promoção das crianças com deficiência. Já Federação é quase como um órgão patronal. Vive das contribuições das APAEs e criou uma rede de interesses políticos e pessoais que vai além do foco nas crianças com deficiência.

***

A verdadeira inclusão se dá quando se prepara a criança com deficiência para conviver com aquelas sem deficiência.

Por falta de preparo da rede básica, durante bom tempo as APAEs ministravam curso regular. À falta de alternativas, criava-se um ambiente de exclusão, porque apenas entre pessoas com deficiência.

A partir de 2002, pais, procuradores, educadores em geral conseguiram enorme vitória, ao obrigar o Estado a reconhecer o direito constitucional de toda criança ter acesso à educação básica.  Não apenas reconhecer, mas preparar as escolas para o acolhimento.

***

Na gestão Fernando Haddad o MEC (Ministério da Educação) criou a dupla matrícula no âmbito do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica).

A  escola que receber aluno com deficiência tem direito a uma matrícula. O atendimento especial a crianças com deficiência, direito a uma segunda matrícula. Incluiu nessa segunda matrícula as APAEs - que, por não serem ensino regular, não teriam direito às verbas do Fundeb.

A Federação das APAEs, não se contentou com a segunda matrícula e passou a batalhar politicamente para que as duas matrículas ficassem com as associadas, aumentando por tabela sua receita. Apelou a campanhas terroristas (e falsas), de que o PNE provocaria o fim das APAES

***

Durante toda a tramitação do projeto, Gleise pressionou para que o "preferencialmente" fosse estendido ao ensino fundamental. O MEC resistiu. Espera-se que o Senado não ceda.

Conseguiu apenas comprovar o enorme despreparo e insensibilidade da Casa Civil para administrar temas contemporâneos.

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Obama Ousará Atacar a Síria?

10 de Setembro de 2013, 18:25, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Barack Obama

Isolado dentro e fora de seu país, o presidente dos Estados Unidos apega-se à proposta russa de submeter as armas químicas sírias ao controle internacional para se livrar da crise que ele mesmo provocou

 

Baby Siqueira Abrão

 

Numa jogada de mestre, a diplomacia russa ofereceu aos Estados Unidos a saída de uma empreitada perigosa ao propor que as armas químicas da Síria fiquem sob controle da comunidade internacional até que sejam destruídas. Em troca, Obama desiste do plano de atacar militarmente o país árabe.

 

Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, não perdeu tempo para dar o fato como consumado: afirmou que encaminhará rapidamente ao Conselho de Segurança da organização uma proposta no sentido de que essas armas sejam armazenadas e eliminadas com segurança no interior da Síria, sob supervisão de países-membros ainda não definidos.

 

John Kerry, secretário de Estado dos EUA, topou o acordo na hora, embora logo depois Washington tenha afirmado que ele tomou uma decisão “retórica” e que a Casa Branca ainda avalia a proposta. Mais tarde, porém, Obama declarou à rede de televisão CNN que a proposta russa é “potencialmente positiva” e será levada a sério. Num tom muito diferente da agressividade mostrada semanas atrás, quando acusou o governo Assad de responsável pelo suposto ataque com gás sarin perto de Damasco, ele agora afirma preferir “esgotar esforços diplomáticos” para lidar com a questão das armas químicas da Síria a realizar uma intervenção militar. E capitalizou a sugestão russa, dizendo que ela só foi possível porque os Estados Unidos pressionaram a Síria com a ameaça de um ataque aéreo.

 

Na verdade, a proposta russa ofereceu aos Estados Unidos uma saída honrosa, diplomática, para a sinuca de bico em que Obama havia se colocado ao estabelecer o uso de armas químicas como "linha vermelha" para um ataque militar à Síria. Isso deixou Obama completamente isolado dentro e fora de seu país. Na Europa, apenas o presidente francês François Hollande concordou com a decisão. No Oriente Médio, houve o apoio previsível da Arábia Saudita e de Israel, cujo lobby guiou Obama para a declaração de guerra – lembremos que os sionistas controlam o governo dos EUA, tanto nas questões de política externa como interna. Além disso, 70% da população de Israel apoia a guerra contra a Síria, desde que seus soldados não precisem participar dela.

 

O gás sarin: uma tragédia anunciada

 

A considerar os fatos levantados por Ibrahim al-Amin, editor-chefe do jornal libanês Al-Akhbar, foi encenada na Síria uma farsa que incluiu a “operação conjunta entre sauditas e israelenses”, cujo resultado foi o “massacre químico” em Ghouta, nos arredores de Damasco, a capital síria. O início de tudo, diz Amin, se deu quando “estadunidenses e europeus começaram a negociar com russos e iranianos uma saída política [para a Síria], depois do fracasso em remover o governo pela força. A única condição do Ocidente era que Assad não fosse parte da solução”.


Técnicos da ONU afirmam que foram os "rebeldes" que utilizaram gas sarin e não Assad 

Como a Síria não aceitou essa condição – até porque vinha retomando posições em mãos dos oposicionistas e ganhando a guerra – os países ocidentais decidiram pôr em prática um “plano B”, que consistia em aumentar o apoio militar à oposição e reorganizar os grupos armados que lutam contra o governo Assad. O objetivo, segundo Amin, era lançar grandes ofensivas no norte e no sul do país, além de obrigar os soldados do Hezbollah a “voltar para casa” e de oferecer aos soldados do exército sírio “incentivos mais atraentes” – em outras palavras, mais dinheiro – para que desertassem.

 

Só que o governo sírio vinha retomando áreas cada vez mais extensas. E derrotou rapidamente a oposição no norte do país, quando os mercenários tentaram entrar em Latakia. Nesse momento os países ocidentais perceberam que só um ataque militar de peso, vindo de Washington, deteria Assad. Mas precisavam de uma justificativa forte para levar os Estados Unidos a intervir militarmente na Síria. Essa justificativa foi o ataque químico em Ghouta, preparado, de acordo com Amin, pelos serviços de inteligência israelenses e sauditas. 

 

Faz sentido: declarações dadas por oposicionistas de Ghouta ao repórter jordaniano Yahya Ababneh e publicadas pela jornalista Dale Gavlak, da AP, no portal Mint Press — e solenemente ignoradas pela mídia corporativa ocidental – responsabilizaram a Arábia Saudita pela entrega das armas químicas aos extremistas, sem explicações adequadas sobre como usá-las – o que provocou baixas entre os opositores.

 

“Menos de uma hora depois do ataque”, escreve Amin, “a campanha orquestrada pela mídia para culpar Assad já estava em pleno andamento, seguida por condenações e ameaças dos governos ocidentais”. Washington então enviou emissários à Rússia e ao Irã, para “dar aos dois países a oportunidade de abandonar Assad antes que os mísseis [dos EUA] atingissem a Síria”. Mas nem Rússia, nem Irã, nem Síria cederam. A Síria prometeu lutar contra a provável invasão dos EUA, e foi respaldada por seus aliados.

 

Os estadunidenses responderam a isso enviando mais navios de guerra para o Mediterrâneo e aumentando o número de aviões em suas bases ao redor da Síria. Nem isso demoveu Rússia e Irã. Ambos até alertaram Washington de que o propalado “ataque limitado” poderia se transformar numa guerra bem mais ampla e prolongada, com consequências imprevisíveis. Bem prática, a China fez as contas e demonstrou que a economia mundial, em particular a dos Estados Unidos, afundaria com o ataque, e que o preço do barril do óleo subiria no mínimo dez dólares. Rússia, Irã, Síria e o Hezbollah puseram suas tropas em alerta máximo, preparando-as para o confronto militar. A China condenou veementemente a ameaça estadunidense e enviou um navio de guerra para o Mediterrâneo pouco depois de a Rússia fazer o mesmo.

O cenário de guerra estava armado.

 

O mundo contra o império

 

Washington, porém, não contava com a deserção de antigos aliados. Primeiro foi o Reino Unido, cuja população forçou o Parlamento a opor-se à intervenção militar à Síria, tirando da jogada o primeiro-ministro David Cameron. O papa Francisco apelou para uma solução negociada e propôs um dia mundial de jejum e orações. Ativistas de todo o mundo foram às ruas em 31 de agosto, para protestar contra os Estados Unidos. Áustria e Suíça avisaram que não apoiariam o ataque. Nas redes sociais, a mobilização contra os Estados Unidos ainda é intensa. E neste final de semana a Alemanha anunciou que está fora dos planos de intervenção militar.

 

Isolado, Barack Obama tentou, durante a reunião do G20, conquistar aliados para a intervenção militar na Síria. O máximo que conseguiu foi a condenação ao uso do gás sarin e a promessa de ação contra os responsáveis – desde que se saiba quem são eles. A verdade é que ninguém acreditou na versão estadunidense dos fatos. Os Estados Unidos perderam credibilidade diante da comunidade internacional depois da farsa do ataque ao World Trade Center e da denúncia falsa de armas de destruição em massa no Iraque. Colin Powell chegou ao cúmulo de fazer essa denúncia oficialmente, na ONU, num desrespeito total aos países-membros.

 

John Kerry recentemente fez o mesmo, anunciando “provas” da responsabilidade do governo sírio no ataque com gás sarin, mas recusando-se a mostrá-las. Foi desmascarado por seu colega russo, que exigiu as provas e obteve apenas “informações sem datas, sem indicação de  locais, inaceitáveis”. Exatamente como fez Collin Powell nas acusações ao Iraque, como Koffi Annan relata em seu livro Intervenções, lançado recentemente pela Companhia das Letras.

 

Mais: a França, que até então se mantinha ao lado dos Estados Unidos, anunciou, durante o G20, que aguardaria as conclusões dos trabalhos da Comissão de Investigação das Nações Unidas sobre o uso de gás sarin em Ghouta antes de participar de alguma ação militar contra a Síria. Sabe-se que a comissão tem provas de que o ataque com o gás proibido foi executado pelos oposicionistas. Na primeira investigação, cerca de dois meses atrás, Carla del Ponte, membro da comissão, adiantou que os oposicionistas tinham armas químicas e que as haviam utilizado. A ONU desautorizou a declaração de Carla que, entretanto, não fez nenhum desmentido. Agora ela também chegou a dizer que tudo levava a crer que o governo Assad não era o responsável pelo ataque de 21 de agosto.

 

A comissão ainda estuda as evidências coletadas em campo e obtidas de outras fontes, como as fotos de satélite obtidas pela Rússia e documentos militares do governo Assad.

 

Tudo isso deixou Obama muito nervoso no G20. Ele até perdeu a compostura e ofendeu Vladimir Putin, presidente russo, numa explosão de raiva inexplicável para o presidente da única grande potência militar do planeta. Putin permaneceu calmo e em silêncio, o que irritou  Obama ainda mais. Ele se levantou, irado, e saiu, deixando péssima impressão. Na prática, conseguiu unir o mundo contra os Estados Unidos. Mais do que isso, conseguiu reunir a sociedade civil e grande parte dos governos do planeta em torno da solidariedade total ao povo sírio. Um tiro no pé, enfim.

 

Pentágono: a Casa Branca não entende nada de guerra

 

Dentro de casa a situação de Obama não é melhor. Uma pesquisa mostrou que a maioria do povo estadunidense está contra mais uma guerra, e diversas manifestações em todo o país, nos últimos dias, deixaram muito clara essa oposição. Os veteranos, individualmente e em suas associações, opuseram-se com veemência ao ataque, e no Pentágono quase todos os oficiais – dos mais graduados aos que ocupam cargos burocráticos – criticaram a decisão de Obama.

 

O general da reserva Robert H. Scales, ex-comandante da U.S. Army College, revelou, em artigo no The Washington Post, depois de ouvir um sem-número de oficiais e funcionários do Pentágono:

 

Eles se envergonham por estar sendo associados ao amadorismo das tentativas do governo Obama de executar um plano que faça algum sentido. Ninguém, na Casa Branca, tem experiência em guerra ou entende o que ela é. No mínimo, esse caminho para a guerra viola todos os princípios de uma guerra, incluindo o elemento surpresa, o apoio das massas e o estabelecimento de um objetivo claramente definido.

 

Acuado, Obama decidiu obedecer à Constituição de seu país e consultar o Congresso sobre a intervenção militar. Sob intensa pressão dos lobbies sionistas – que querem anexar o Golã e dividir a Síria em duas regiões distintas, plano muito antigo e pensado para todo o Oriente Médio, dentro da máxima “dividir para dominar” – a tendência é dar carta branca ao presidente. Mas os parlamentares, de folga até 9 de setembro, só analisariam o assunto na volta ao batente.

 

Apesar da pressão sionista, muitos já revelavam seu voto contrário à guerra, em consequência de outra pressão pesada: a dos eleitores, que encheram as caixas postais eletrônicas de seus representantes com mensagens a favor de uma solução negociada, além de telefonemas, cartas e petições com o mesmo objetivo. Com a proposta russa, a apreciação da matéria pela Câmara, que aconteceria amanhã, dia 11, foi adiada. Nenhuma data foi marcada até agora.

 

No domingo, dia 8, a verdade começou a vir à tona. A estratégia visa preparar caminho para a mudança de planos em relação ao ataque à Síria.

 

O chefe de gabinete da Casa Branca, Dennis McDonough, admitiu que o governo não tem “provas confiáveis”, nem “irrefutáveis”, de que Bashar Assad tenha ordenado o ataque com gás sarin. A conclusão de que o culpado é ele baseia-se apenas no “senso comum” e em vídeos  da internet – preparados, segundo alguns, antes mesmo que o ataque tivesse sido feito, com cenas falsas.

 

Freira Carmelita Agnes Maria da Cruz

A freira carmelita Agnes Maria da Cruz, madre superiora do monastério de Saint James, na Síria, não tem dúvidas. Ela estava em Damasco em 21 de agosto, data do ataque, e afirmou, em entrevista a Gideon Levy, do jornal israelense Haaretz, que acorreu ao local e somente viu 50 soldados do exército sírio intoxicados. Eles foram internados, e alguns faleceram. Madre Agnes Maria informou que a população civil de Goutha já tinha abandonado a área e que, hoje, o local abriga 20 mil soldados jordanianos.

 

Onde arranjaram todos aqueles corpos de crianças? E por que as cenas mostravam médicos e pessoas circulando sem máscaras contra gases e sem nenhum outro tipo de proteção num local que supostamente sofrera um ataque químico?

 

Só há uma resposta a essas perguntas, segundo a irmã Agnes Maria: as cenas exibidas na internet não foram gravadas em Goutha. Ela denunciou ainda que os oposicionistas são, na verdade, estrangeiros (incluindo chechenos, “os mais cruéis”) e extremistas islâmicos a soldo dos sauditas, sob o comando da Al Qaeda – que, como se sabe, foi criada pela CIA para combater os soviéticos que haviam invadido o Afeganistão entre as décadas de 1970 e 1980.

 

Obama desafiará o AIPAC?

 

Enquanto o mundo procura uma saída diplomática, o AIPAC, American Israel Public Affairs Committee, considerado um dos mais poderosos lobbies sionistas nos Estados Unidos, mobiliza 250 voluntários para visitar os congressistas estadunidenses a fim de convencê-los a apoiar a guerra contra a Síria. Afinal, há muito em jogo: a anexação de Golã, onde se situa a nascente do rio Jordão (a água é estratégica para Israel) e uma grande reserva de gás, já negociada com parceiros internacionais; o gás da costa síria e de toda a região do Mediterrâneo, até a Grécia, e o controle da distribuição do petróleo do Oriente Médio para a Europa e para o mundo, por meio de um oleoduto que deve passar pelo território sírio.



Com métodos nada ortodoxos e nada novos – na verdade, usados desde a recomendação da partilha da Palestina, em 1947, como documentou Michael Cohen em Palestine and the Great Powers – o AIPAC invariavelmente consegue o que deseja. Recente artigo de Jeff Klein no portal Counterpunch resume esses métodos:

 

O AIPAC representa o poder de uma máquina política bem financiada e voltada para um só objetivo. Eles são rápidos na punição de legisladores recalcitrantes – e na recompensa ao bom comportamento dos que seguem suas diretrizes, com dólares e apoio a campanhas, ofertados por seus muitos membros e ricos doadores.

 

Quanto aos congressistas:

 

(...) pagam um preço pequeno ou nulo por bater bola com o AIPAC e arriscam uma oposição sem nenhuma compensação se não fizerem isso.

 

A questão é: caso o Congresso, sob a pressão dos lobbies sionistas, dê sinal verde para a guerra com a Síria, Obama será capaz de desafiá-lo?

 

A conferir. Seja como for, impossível deixar de destacar a vitória política da opinião pública internacional.

 

Os Estados Unidos, seus neoconservadores, lobbies e sócios da indústria da guerra saem do episódio enfraquecidos, ao passo que o restante do mundo se fortalece ao conseguir barrar a ação militar da nação mais poderosa do planeta. A força bruta não foi capaz de vencer a força da opinião pública mundial. E essa é, sem dúvida, a lição mais valiosa de todo o affair Síria.

_____________________________

 

 

 

 

[*] Baby Siqueira Abrão é uma jornalista brasileira, tradutora, editora, escritora e pós-graduada em filosofia na (FFLCH/USP): é nossa correspondente internacional para o Oriente Médio e também do jornal Brasil de Fato e do sítio Carta Maior. Reside em Ramallah (Palestina Ocupada) e São Paulo. Ativista por direitos humanos e justiça social. É autora de dois livros sobre história da filosofia, para as editoras Moderna e Ática. 



Os Derrotados da Guerra à Síria

10 de Setembro de 2013, 16:16, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

[*] Raul Longo

 

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Essa guerra à Síria é um completo desastre. Nem começou e já tem vários derrotados.

 

Por enquanto, de ganhador só a Inglaterra que dessa vez foi experta o suficiente para não entrar na roubada dos Estados Unidos que, já na última, a do Iraque, moralmente virou pó perante o mundo.

 

Quem diria? Até o final do século passado o sujeito que sabia meia dúzia de palavras em inglês as usava mais do que todo o vocabulário de seu próprio idioma. Quando terminava a reduzida coleção de english words, apertava o rewind, and repet, carregando no sotaque ianque.

 

Hoje, por mais que saiba, faz que desconhece. As escondidas lê Shakespeare no original, mas faz questão de dizer que só conhece uma palavra ou outra e pra confirmar escreve emeiu ao invés de e-mail.

 

Analfabeto em inglês autêntico sou eu, que sempre escrevi imeiu. O resto é puro fingimento, só pra não passar vergonha porque desde que o moral dos Estados Unidos foi derrotado no Iraque e no Afeganistão, qualquer afinidade compromete.

 

Amiga minha que não vou dizer quem porque muita gente conhece, se descabelava apavorada porque o filho partiu em viagem ao exterior. “- Tem mais de 20! Deixa o garoto conhecer o mundo lá fora!” – tentei consolar.

 

Histérica e inconformada, inviabilizou qualquer ponderação: “- Onde fosse! Antártica, Saara, Amazônia, Transilvânia! Mas o desacorçoado resolveu ir logo pra Florida só pra me dilacerar!”

Já outro amigo, fez uso pedagógico: - Se não estudar, te mando pra Disneylândia!”. A menina ficou tão apavorada que nem precisou fazer as provas pra passar de ano.

 

Agora, com essa história de guerra à Síria, os Estados Unidos derrotou-se em seu próprio país. Se fosse do governo sírio eu mandava fechar as portas da embaixada em Washington porque há risco eminente de invasão de estadunidenses com pedido de asilo. Ninguém aguenta mais viver naquele país!

 

Sozinha, uma cidadã de lá filmou seu próprio desespero e postou no YouTube como pedido de  SOS no oceano da internet. Fernando Soares olhou aquilo e não aguentou... Mandou pra Regina Duarte aprender a interpretar medo de verdade.

 

Outra grande derrota da guerra à Síria que ainda nem começou, é a dos Sionistas. Nesse aspecto o lado negativo é que se tem de ficar explicando às pessoas para não confundirem. Há que contar a história direitinha, dizer que Hitler não tinha razão coisa nenhuma, que os judeus dos campos de extermínio eram todos socialistas e não sionistas.

 

“- Que diferença faz?” – desafiou o filho do vizinho e tive de ir ponto a ponto desde a Idade Média quando a Igreja Católica convenceu os estúpidos dos Senhores Feudais que dinheiro era coisa do diabo e pra não ir pro inferno tinha de ter o salvo conduto dos bispos que instituíram os vigários. Em latim quer dizer “substituto”.

 

 

O garoto se divertiu quando soube que a palavra vigarista surgiu porque os vigários roubavam a parte da igreja dos cofres dos Senhores Feudais que passaram a contratar os serviços de contabilidade dos judeus. Contei que além de bons na matemática que aprenderam nos tempos do Cativeiro na Babilônia, os judeus não tinham isso de ir pro inferno e ofereciam a vantagem de não roubar. Até porque se roubassem seriam mortos e matar judeu não era pecado.

 

Expliquei que assim inventaram as aplicações, os empréstimos e os juros. Os Senhores Feudais gostaram da rentabilidade e os judeus, antigos pastores, aprenderam a sobreviver da agiotagem que os preconceitos cristãos os impediam de trabalhar em qualquer outra coisa acabaram inventando os bancos financeiros e o capitalismo.

 

Quis que eu explicasse o que é o capitalismo, mas me safei dizendo que é uma coisa tão complicada que só outro judeu, como o Karl Marx, é quem pôde destrinchar a trama do sistema e propor o socialismo como estrutura sócio/econômica mais justa e igualitária. Claro que desagradou profundamente os banqueiros judeus como os Rothschild que, apesar de judeus alemães, nunca nenhum pisou num campo de concentração.

 

Garoto experto, logo deduziu que se judeu-alemães e não foram incomodados pela turma do Hitler é porque alguma coisa houve. Sem querer forçar a mão, apenas lembrei que a ascensão do nazismo se deu em meio a uma crise financeira mundial igual à de agora, com a Europa acabando de sair de uma guerra onde a Alemanha esteve enfiada até o pescoço. Não foi preciso mais para concluir que tanto investimento em armamento e montagem de um exército como o nazista não se faz com dinheiro que caia do céu. Mas quis saber onde, depois da guerra, arrumaram ainda mais dinheiro para fazer o Estado de Israel.

 

Foi só eu sorrir e já matou a charada: “- Que filhos da puta! E os judeus não sabem que são usados por estes sionistas?”

 

“- Tem muitos que sabem! Tem muitos que sabem!”  Tranquilizei notando que com essa guerra à Síria a falta de escrúpulo do sionismo ficou ainda mais escancarada não só aos judeus como ao mundo todo. Ninguém tem mais dúvida de que por interesses econômicos financiam mortes de homens, mulheres e crianças e põe o próprio povo em risco. “- Bombardeiam até a mãe!” Todos: sionistas e o braço armado do imperialismo capitalista, os Estados Unidos.

 

Difícil foi explicar ao rapaz como é que os Estados Unidos, que diziam combater o terrorismo internacional agora financiam a mesma Al Qaeda que na Síria deixou de ser organização terrorista para ser apenas “Rebelde”.

 

Aí tive de contar quem são os Sauditas de quem ninguém fala nada, mas que os tais preconceitos machistas dos islâmicos, tão condenados pela mídia ocidental, ocorrem sobretudo nos países da península saudita que não admitem mulher nem andando de bicicleta e as leis condenam as que são pegas dirigindo automóvel. E que esses sauditas também são os que financiam os mercenários terroristas da Síria, inclusive a Al Qaeda do Osama Bin Laden que era saudita e os pais eram sócios do Bush no truste internacional do petróleo, como os reis sauditas são sócios dos sionistas e todos formam uma só quadrilha a explorar o fanatismo religioso daquela gente.

 

Para que compreendesse melhor, exemplifiquei com os malandros que exploram o fanatismo de seguidores de certas seitas evangélicas. “- O que não quer dizer que toda mulher cristã tem de usar vestido nas canelas e cabelo pela cintura”. – comparei e contei das mulheres políticas e intelectuais da Síria, do Irã, da Palestina e de diversos outros países islâmicos, enquanto a mulheres sauditas são apenas mais uma do harém de cada sheik daqueles.

 

Espantado, o garoto achou um absurdo a mídia brasileira deturpar e omitir tantas informações.

 

Expliquei que depois da Segunda Guerra, além das grandes instituições financeiras os sionistas se dedicaram também aos meios de comunicação e como aprenderam com o Goebbels, o chefe da propaganda nazista, repetem uma mentira mil vezes até todo mundo acreditar como verdade. Mostrei que hoje detêm os maiores conglomerados de empresas desse setor em todo o mundo, como é o caso do Rupert Murdoch, dono da TV Fox, da distribuidora de cinema 20th Century, da Sky, do Wall Street Journal, do Dow Jones e associado à Globo no Brasil, que também é de judeus sionistas.

 

O rapaz contradisse, lembrando que os Mesquita do O Estado de São Paulo e os Civita da Editora Abril são judeus e sem dúvida sionistas, mas o Roberto Marinho era católico. Concordei, afinal judeu é religião e não etnia e, se católico como se dizia, Marinho não poderia ser judeu, mas descendia de hebreus e seguia a ideologia sionista como a seguem seus filhos e empregados, inclusive o Arnaldo Jabor que descende de árabes, mas vai ver que sauditas.

 

E aí já encontramos outros derrotados prévios da guerra que ainda não aconteceu, pois o vexame internacional da ameaça do Obama tem envergonhado a todos que apoiam o ataque com a mesma desculpa das armas químicas que nunca foram encontradas porque não existiam no Iraque.

 

Na Síria existe, mas porque diabos o governo sírio iria usar armas proibidas internacionalmente quando está vencendo as forças mercenárias financiadas pelos interesses capitalistas? E mais: por que iria usar essas armas e ele mesmo chamar a ONU para investigar quando as tais armas químicas foram usadas em março? Além disso, por que os Estados Unidos, a França e a Inglaterra adiaram a ida dos investigadores da ONU, quando chamados pelo próprio governo Sírio?   

 

Uma cambada de especuladores e inescrupulosos promovedores de matanças de populações, de homens, mulheres e crianças já derrotados antes de a guerra começar.

 

E a França! Mas que vergonha, hein! Logo a França do LibertéIgualitéFraternité!  Que fraternidade é essa? Qual o socialismo desse governo? Bem que a França poderia curtir suas velhas glórias sem se expor a mais uma vergonha histórica!

 

Há tanto tempo a França não entra numa guerra e escolhe logo o lado derrotado antes da guerra começar.

 

Por mais que vençam, por mais que se comprove e alardeie que o Bashar al-Assad é um tirano, a desculpa que arrumaram e os motivos que escondem para essa guerra já os tornam tão derrotados quanto Bush quando mandou implodir um prédio para invadir o Afeganistão por um gasoduto.

 

Ô gente porca! E ainda fazem pose de luzes da civilização! Ou o mundo os apaga, ou o futuro da humanidade será uma volta à Idade das Trevas! E pode ser sem chances de renascimento.

__________________________

 

 

[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais: Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo.Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina.


Fala a PETROBRAS Sobre Espionagem

10 de Setembro de 2013, 15:43, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

9/9/2013, Petrobras, Brasil

Esclarecimento sobre nossa rede de computadores 

Enviado pelo pessoal da Vila Vudu

 

Plataforma petrolífera P-26 da Petrobras em Campos, na costa do Rio de Janeiro

Com relação às reportagens publicadas nos últimos dias, apontando a PETROBRAS como alvo de ações de inteligência pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos – NSA, a PETROBRAS informa que dispõe de sistemas altamente qualificados e permanentemente atualizados para a proteção de sua Rede Interna de Computadores (RIC).

 

A Companhia executa, de forma consistente, todos os procedimentos identificados e reconhecidos como melhores práticas de mercado na proteção de sua rede interna e de seus dados e informações.

 

O trafego na RIC e o fluxo de dados entre a RIC e o ambiente externo (rede mundial de computadores) são monitorados permanentemente pela PETROBRAS.

 

Como exemplo, em média, noventa por cento das mensagens externas de correio recebidas pela PETROBRAS são descartadas por apresentarem características potencialmente danosas. Tais características poderiam ter, eventualmente, possibilitado algum tipo de acesso a dados da PETROBRAS. Ressalta-se, no entanto, que os dados constantes dos arquivos da Companhia são continuamente atualizados à medida que as centenas de projetos têm andamento.

 

A força de trabalho da PETROBRAS é permanentemente alertada, por meio de programas internos, para a importância da classificação correta das informações e de seu tratamento. As informações internas são classificadas e tratadas com soluções tecnológicas, como criptografia, adequadas aos níveis de proteção associados ao risco de prejuízos para a PETROBRAS, em caso de eventual vazamento de informação.

 

Os investimentos da Petrobras em tecnologia da informação e telecomunicações são compatíveis com o seu Plano de Negócios e Gestão e com os das demais empresas de mesmo porte do setor de petróleo no mundo.

 

Ataques concorrenciais e outros se tornam cada vez mais complexos, o que continuará a exigir da Petrobras investimentos permanentes e significativos em tecnologia de proteção a dados e informações.



O ​E​scândalo ​Q​ue “O Príncipe da Privataria” ​T​raz à ​T​ona

9 de Setembro de 2013, 19:45, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 09/9/2013


Recém lançado, o livro “O Príncipe da Privataria” – do jornalista Palmério Dória – traz um capítulo polêmico, sobre inquérito da Polícia Federal que teria levantado atividades irregulares do então cônsul do Líbano, em operações de conversão de dívida externa. As suspeitas envolvem o então senador Fernando Henrique Cardoso. 

Mas em 2002 o inquérito já tinha sido alvo de uma reportagem de Amaury Ribeiro Jr na revista IstoÉ.

O inquérito levantava as atividades de um tal Socimer International Bank, localizado em um paraíso fiscal nas Bahamas, que quebrou no final dos anos 90.

Quatro anos após sua liquidação, investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal constatou que havia um registro dele na Junta Comercial de São Paulo, exclusivamente para comercializar produtos de exportação. Foi-se mais a fundo e constatou-se que durante dez anos atuou como banco clandestino, ajudando na lavagem de dinheiro de investidores brasileiros.

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Por está época, o MPF conseguiu – num feito inédito – quebrar o sigilo das contas do Banestado, do Paraná, revelando uma verdadeira usina de lavagem de dinheiro. Os dados foram passados para a CPI do Banestado, que acabou enterrada em um acordo espúrio entre o PSDB e o PT – na figura do relator deputado José Mentor (PT-SP).

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O que importa, para nossa história, é o início dessa episódio, que remonta o governo Sarney.

Historicamente, em períodos de crise externa adquirir títulos da dívida externa com deságio e revende-los pelo seu valor de face constituiu-se na mais rentável operação do século, responsável por grandes fortunas construídas ao longo da história.

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Com a moratória de Sarney, o então Ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira decidiu implementar um plano que disciplinasse as conversões e impedisse as jogadas costumeiras com dívida externa. Consistia na “securitização” da dívida. Ou seja, quem tinha créditos contra o país trocaria por novos títulos, a prazos elásticos, taxas de juros razoáveis e valendo apenas uma fração da dívida original.

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Bresser-Pereira caiu logo após propor a “securitização”, e foi substituído por Maílson da Nóbrega.

Mailson engavetou o plano de Bresser e lançou outro, permitindo a conversão total da dívida em cruzados, com o compromisso de investir no país.

Com o BC afrouxando a fiscalização, foram aplicados golpes de toda sorte. Convertia-se dívida, aplicava-se em empresas fantasmas, com os cruzados adquiriam-se dólares no mercado paralelo e remetiam-se para fora, por esquemas de doleiros. Esse golpe teve influência direta na hiperinflação brasileira do final do governo Sarney.

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Havia um prazo para a conversão, mas montou-se inicialmente uma operação para os mais amigos. Bancos estrangeiros ficaram de fora. Nos anos seguintes, a influência política de economistas e políticos ligados ao BC garantiu a abertura de exceções, uma das quais foi para o empresário Alberto Achcar, envolvendo o Banco Paribas, da França.

O livro sugere que FHC teria atuado para ajudar Achcar a conseguiu a conversão fora do prazo.

Anos depois, o Secretário do Tesouro norte-americano, Nicholas Brady, apresentou o Plano Brady, de securitização da dívida. O Brasil aderiu. Mas o golpe já havia sido dado.


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