“É preciso ouvir os imigrantes. Para se criar leis, antes será preciso ouvir aqueles para quem se cria”. Esta foi a mensagem deixada por Renel Simon, imigrante haitiano que vive há três anos no Brasil e atua no atendimento a refugiados no Centro de Referência e Assistência Social do Vale do Taquari (RS)
Convidados discutem combate à xenofobia
O debate sobre os recentes casos de ataques xenófobos no Brasil, em especial contra os imigrantes haitianos, aconteceu em 23/9, durante uma reunião extraordinária da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, solicitada pelos deputados Ivan Valente (PSOL/SP) e Jean Wyllys (PSOL/RJ).
Sob mediação da deputada Benedita da Silva (PT/RJ), participaram, além de Renel Simon, os convidados Romi Márcia Bencke, representante do Conselho Mundial de Igrejas Cristãs no Brasil, Eliza Odila Donda, representante do Projeto Missão Paz (SP), Magali Naves, representante da Secretaria de Igualdade Racial da Presidência da República e Juliana Felicidade Armede, representante da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo.
Com o reconhecimento de que há casos de xenofobia no Brasil, Romi Bencke lembrou o histórico dos movimentos migratórios no país, afirmando que “a imigração brasileira é branca e foi feita para ‘limpar’ a sociedade”. Por outro lado, nas propostas para solucionar o problema, Elisa Odila explicou a importância do envolvimento dos ministérios da Cultura e da Educação nos debates sobre a questão migratória
Um dos problemas apresentados pelos participantes foi a perseguição aos estrangeiros supostamente motivada pela crise econômica. “O imigrante pode aparecer para alguns como um concorrente na busca por trabalho e mão-de obra. Ora em um país com mais de 200 milhões de habitantes, a presença de 20 ou 30 mil imigrante não influi em nada”, afirmou Ivan Valente. Para ele, o que existe “é um grande preconceito produzido”. O deputado lembrou a história do Haiti, afirmando que o país foi um exemplo para a América Latina, sendo o primeiro a se tornar independente, e que pagou um preço muito alto por isso.
No encerramento, Ivan Valente ressaltou a dificuldade de se “debater nesta Casa temas relacionados aos direitos humanos” e ponderou a necessidade de se “dar respostas pontuais e, ao mesmo tempo, globais, que enfrentem o problema da exclusão social, do preconceito da xenofobia, em um país que tem dificuldades em liquidar com a desigualdade social”.
Texto e foto: Cláudia Guerreiro
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