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Blog do damirso

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

“QUEM MANDA NO MUNDO” ? Trechos do livro de Noam Chomsky.

14 de Agosto de 2018, 10:48, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

QUEM MANDA NO MUNDO” ? Trechos do livro de Noam Chomsky ( ed. Planeta, SP, 2018)

 

A GUERRA FRIA FOI UMA FARSA..........No pós-guerra, os EUA difundiam uma "versão padrão" de que o primeiro compromisso do governo é garantir segurança CONTRA A AMEAÇA RUSSA..... Depois que a URSS foi extinta o governo americano continuou sua mesma política externa, invadindo e derrubando governos..... em sua "nova política" os EUA TINHAM QUE MANTER SEU ESTABLISMENT MILITAR.... sua "base industrial de defesa" - a expressão se referia à indústria hight-tech, que depende pesadamente de vasta intervenção estatal para pesquisa e desenvolvimento, atuando sigilosamente sob a asa do Pentágono....que os economistas costumam chamar de "economia de livre mercado". (p.191). .....CINQUENTA ANOS DE ENGANAÇÃO E MENTIRAS, o governo admitia-se discretamente que a principal preocupação no Terceiro Mundo não eram os russos, mas antes o que se chamava de "nacionalismo radical", que significava nacionalismo independente, que não estava sob controle dos EUA (dizia documento de Segurança Nacional da Casa Branca, gov. Bush, 1990)..…

 

 

NACIONALISMO? SÓ PARA OS EUA….TERCEIRO MUNDO NÃO PODE….. Os EUA defendem o nacionalismo pra eles mesmos, pois a economia americana depende pesadamente de uma substancial intervenção do Estado. (p.192)... Já para os outros do Terceiro Mundo é proibido governos nacionalistas... na América Latina governos nacionalistas tendem a atender os interesses da maioria da população....NÃO PODE!, primeiro tem que atender os interesses dos investidores norte-americanos, enquanto que a América Latina só deve servir para suprir matérias primas... Como as administrações Truman e Eisenhower deixaram bem claro, a América Latina não poderia passar por um "desenvolvimento industrial excessivo" que talvez prejudicasse os interesses dos EUA. (p.193).

 

ATROCIDADES….. um avião civil da Iran Air voo 655 foi abatido por um missil guiado disparado pelo cruzador norte-americano Vincennes, operando em águas iranianas no golfo Pérsico…. Todas as 290 pessoas a bordo morreram inclusive 66 crianças….é o caso de se perguntar… o que exatamente o Vincennes estava fazendo em águas iranianas ? A resposta é simples: a belonave estava defendendo o grande amigo de Washington, Saddam Hussein, em sua assassina agressão contra o Irã…… dois anos depois o comandante do Vincennes foi agraciado com a Legião de Mérito por “conduta excepcionalmente meritória na execução de extraordinários serviços”… a derrubada do avião não foi mencionada na cerimônia…. O Presidente Ronald Reagan culpou os iranianos pelo desastre e defendeu as ações do navio de guerra, que “seguiu ordens padrão e procedimentos amplamente divulgados, disparando para se proteger contra um possível ataque”. (p. 204).

 

ALÉM DA CRISE DOS MÍSSEIS CUBANOS…. Houve outras ocasiões próximas de uma eventual guerra nuclear….. em 1983, arquivos recentemente divulgados revelam que a situação era mais grave do que se supunha os historiadores…. Um estudo da CIA intitulado “O temor da guerra era real” concluiu que a inteligência dos EUA subestimou as preocupações com a Rússia e a ameaça de um ataque nuclear preventivo soviético… motivo: o governo Reagan lançou operações para sondar as forças aéreas soviéticas por meio da simulação de ataques aéreos e navais e de um alerta nuclear de alto nível, concebido para ser detectado pelos russos….Washington estava posicionando mísseis estratégicos Pershing II na Europa, a cinco minutos de tempo de voo de Moscou….. O protocolo das Forças Armadas soviéticas era retaliar lançando seu próprio ataque nuclear. Felizmente, o oficial no comando, Stanislav Petrov, decidiu desobedecer às ordens e não comunicar os alertas aos seus superiores. Ele recebeu uma reprimenda oficial. E graças a essa negligente falta de cumprimento do dever, ainda estamos vivos para falar a respeito. (p.229).

 

OS EUA SÃO O PRINCIPAL ESTADO TERRORISTA DO MUNDO….(cap.17 e seguintes). Na cultura politica ocidental, torna-se como algo natural e adequado que o Líder do Mundo Livre governe um Estado bandido terrorista e proclame abertamente sua excelência nesse tipo de crime. Em 14 de outubro de 2014, a reportagem de primeira página do jornal The New York Times trazia um estudo elaborado pela CIA examinando operações terroristas de grande envergadura comandadas pela Casa Branca e realizadas ao redor do mundo, em um esforço para determinar os fatores que levaram ao sucesso ou ao fracasso de cada uma delas. E a organização não foi capaz de encontrar muita coisa. ….Em Angola, os Estados Unidos juntaram-se à África do Sul fornecendo o apoio decisivo para a UNITA, o exército terrorista de Jonas Savimbi. Depois que a própria África do Sul já havia retirado seu apoio daquele “monstro cuja ânsia por poder havia impingido ao seu povo um apavorante sofrimento (nas palavras do embaixador britânico em Angola, Marrack Goulding) numa declaração respaldada pelo chefe da CIA na vizinha Kinshasa. O alto funcionário da CIA alertava que “não era uma boa idéia” apoiar o monstro, “por causa da extensão dos crimes de Savimbi. Ele era terrivelmente brutal.

Apesar das amplas e assassinas operações terroristas apoiadas pelos EUA em Angola, forças cubanas expulsaram do país os agressores sul-africanos, forçaram-nos a deixar a Namíbia ilegalmente ocupada e abriram caminho para a realização da eleição em Angola…..eleição livre e reconhecida internacionalmente por 800 observadores internacionais, para quem as eleições haviam sido livres e justas, segundo o NYT. …..após sua derrota no pleito Savimbi desprezou o resultado das eleições e continuou a guerra terrorista com o respaldo dos EUA.

As façanhas de Cuba na libertação da África e no fim do apartheid foram enaltecidas por Nelson Mandela quando ele finalmente ganhou a liberdade. Um de seus primeiros atos foi declarar que “durante todos os meus anos de prisão, Cuba foi uma inspiração e Fidel Castro, uma torre de fortaleza…. As vitórias cubanas destruíram o mito da invencibilidade do opressor branco e inspiraram as lutas de massas da África do Sul…. Um ponto de inflexão para a libertação de nosso continente – e do meu povo - do flagelo do apartheid….. Que outro país pode apontar para um histórico de maior altruísmo do que Cuba demonstrou em suas relações com a África?”.

O comandante terrorista Henry Kissinger, ao contrário, ficou “apoplético” diante da insubordinação do “zé-ninguém” Castro, que a seu ver tinha de ser “esmagado”, conforme relatam William LeoGrande e Peter Kornbluh em seu livro Back channel to Cuba fiando-se em documentos recentemente dessegredados e liberados para conhecimento público. Em Cuba, as operações terroristas de Washington foram lançadas com plena fúria pelo presidente Kennedy e seu irmão para punir os cubanos por terem derrotado a invasão da baía dos Porcos orquestrada pelos EUA. Essa guerra terrorista não foi café pequeno. Envolveu a participação de 400 norte americanos, 2.000 cubanos, uma esquadra privada de lanchas e um orçamento anual de 50 milhões de dólares. A operação foi comandada em parte por uma base da CIA de Miami, violando o Ato de Neutralidade e a lei que proibe operações da CIA dentro dos EUA. As ações incluíram o bombardeamento de hotéis e instalações industriais, o afundamento de barcos pesqueiros, o envenenamento de plantações e rebanhos, a contaminação dos estoques de açúcar para exportação e assim por diante…. (típicas ações terroristas). Algumas dessas operações não receberam autorizações específicas da CIA, mas foram executadas pelas forças terroristas que a CIA custeava e apoiava, uma distinção que é irrelevante e não faz diferença no caso.

Como se revelou desde então, a guerra terrorista (Operação Mangusto) foi um fator de peso na decisão de Khrushchev de enviar mísseis para Cuba e na resultante “crise dos mísseis”, que chegou ameaçadoramente perto de uma guerra nuclear fatal. Deu-se atenção a apenas uma parte ínfima da guerra terrorista: as centenas tentativas de assassinar Fidel Castro, geralmente desconsideradas e tidas como meras traquinagens pueris da CIA. Além disso, nada do que aconteceu despertou muito interesse ou comentários. Em 2010 o pesquisador canadense Keith Bolender, publicou em seu livro Voices from the other side analisando os impactos das ações terroristas sobre os cubanos. Estudo valioso que em larga medida passou em branco e foi ignorado. …. a classe política aceita como normal e adequado que os EUA sejam uma superpotência terrorista, imune às leis e normas civilizadas.

 

De acordo com as mais importantes agências de pesquisa de opinião ocidentais (Win/Gallup International),o prêmio de “mais grave ameaça” cabe aos EUA, que o mundo considera a mais séria ameaça à paz mundial por larga margem. Felizmente, os norte-americanos foram poupados dessa informação insignificante. Quinze anos atrás o analista político Samuel Huntington alertava em um texto da revista Foreign Affairs, do establishment, que para a maior parte do mundo os EUA estavam “se tornando a superpotência vilã…. A única e maior ameaça externa às suas sociedades”. Suas palavras foram ecoadas por Robert Jervis, presidente da Associação Norte Americana de Ciência Política: “aos olhos da maior parte do mundo, o principal Estado bandido hoje são os Estados Unidos.” …. a opinião global corrobora, por ampla margem, esse juízo.

 

Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e mestre pela UFV.



Explosão de gasômetro em Ipatinga causa mortes e prejuízos milionários

12 de Agosto de 2018, 10:05, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

EXPLOSÃO DE GASÔMETRO  CAUSA MORTES E PERDAS MILIONÁRIAS EM IPATINGA NO VALE DO AÇO.

 

RESUMO:   EXPLOSÕES CAUSAM MORTES E PERDAS MILIONÁRIAS.... EMPRESA TENTA ABAFAR PROBLEMAS PARA EVITAR MAIOR DESGASTE DE SUA IMAGEM....AÇÕES DA USIMINAS CAÍRAM 11% NO MESMO DIA DO ACIDENTE...... SEU COMUNICADO OFICIAL É REPRODUZIDO EM TODOS OS JORNAIS.....ELA ESTÁ MAIS PREOCUPADA COM O DESGASTE DO ACIDENTE DO QUE COM A VIDA DOS TRABALHADORES.....Os prejuízos operacionais também serão relevantes. Um novo gasômetro pode custar até 60 milhões de reais.......Um dia sem produção pode chegar a custar 40 milhões de reais à companhia.....Esses casos ainda precisam ser investigados. Mas evidenciam o momento conturbado que a Usiminas vem passando. .....a manutenção do equipamento era uma necessidade conhecida”, diz um executivo próximo à empresa...... No início do mês, a Justiça pediu o afastamento de Luiz Carlos de Miranda, representante dos empregados, do conselho de administração na companhia. A decisão ocorreu após o Ministério Público do Trabalho (MPT) alegar fraude na eleição de Miranda......Analistas apostavam na recuperação da empresa, que quase foi à falência em 2016......Agora, a missão da empresa é mostrar que o acidente e os problemas recentes não vão trazer velhos fantasmas para o dia a dia da Usiminas..

 

REVISTA EXAME.  Por André Jankavski. access_time 11 ago 2018,

"O chão de Ipatinga, em Minas Gerais, tremeu no início da tarde desta sexta-feira 10. Uma explosão em um dos gasômetros da usina da Usiminas, localizada na cidade do Vale do Aço, deixou 34 pessoas feridas. Gasômetro é uma estrutura usada para armazenar o gás usado na alimentação da siderúrgica.

Prédios nos arredores, como a Câmara dos Vereadores, tiveram janelas quebradas com o impacto. Não há registro de lesões graves e nem mortes, segundo a empresa. Logo após a explosão, a siderúrgica fez a evacuação de todos os funcionários da unidade.

Segundo EXAME apurou, o acidente pode custar caro para a Usiminas. A explosão trouxe perdas imediatas: as ações da empresa chegaram a cair quase 11% na tarde de sexta-feira, depois de fechar o dia com recuo de 6%, algo como 700 milhões de reais.

Os prejuízos operacionais também serão relevantes. Um novo gasômetro pode custar até 60 milhões de reais. Como a usina foi evacuada e a produção parou temporariamente, os prejuízos podem aumentar. Um dia sem produção pode chegar a custar 40 milhões de reais à companhia. A Usiminas tem uma apólice de seguro que cobre prejuízos até 600 milhões de dólares.

“O acidente pode ter ocorrido por inúmeros motivos. Mas a manutenção do equipamento era uma necessidade conhecida”, diz um executivo próximo à empresa.  Em comunicado por escrito, a Usiminas afirma: “toda a manutenção preventiva dos gasômetros foi feita e segue rigorosos padrões internacionais. As causas do acidente já estão sendo investigadas pela empresa com apoio das autoridades competentes”.

O acidente ocorre apenas dois dias depois de uma morte dentro da Usina de Ipatinga. Na última quarta, o funcionário terceirizado Luis Fernando Pereira sofreu um acidente durante a manutenção e limpeza em um equipamento da Aciaria, unidade da usina que transforma o ferro em aço. A ironia dos dois acidentes é que a Usiminas recebeu de terça a quinta-feira um workshop de segurança do trabalho realizado pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.

Esses casos ainda precisam ser investigados. Mas evidenciam o momento conturbado que a Usiminas vem passando. No início do mês, a Justiça pediu o afastamento de Luiz Carlos de Miranda, representante dos empregados, do conselho de administração na companhia. A decisão ocorreu após o Ministério Público do Trabalho (MPT) alegar fraude na eleição de Miranda e ainda pedir uma multa de 100 milhões de reais por conta das irregularidades.

Segundo a denúncia do MPT, Miranda cometeu irregularidades nas duas últimas eleições. Na peça, o procurador do Trabalho, Adolfo Jacob, afirmou que há evidências de que as duas últimas eleições, ocorridas neste ano e em 2016, foram “dirigidas e viciadas por fraudes generalizadas que comprometeram a democracia, a transparência e a lisura nos processos eleitorais.”

Histórico de problemas

No início do ano, parecia que a temporada de más notícias da Usiminas poderia ter ficado para trás. Isso porque a empresa anunciou que a briga entre os seus controladores, os ítalo-argentinos da Ternium/Techint e os japoneses da Nippon, Steel tinha terminado. O confronto durava cinco anos, desde o afastamento do presidente Julián Eguren, ligado à Ternium. Ele e outros diretores foram acusados de terem recebidos remunerações e benefícios acima do permitido pelo estatuto da Usiminas.

Desde então, os dois controladores passaram a não se bicar. Houve quatro afastamentos de presidentes entre setembro de 2014 e março de 2017 – sempre cercadas de decisões judiciais e acusações mútuas entre japoneses e ítalo-argentinos. Atualmente, Sérgio Leite é o presidente da empresa por indicação da Ternium.

Por isso, o cessar fogo anunciado em fevereiro parecia o início de um período de relativa tranquilidade da companhia. Analistas apostavam na recuperação da empresa, que quase foi à falência em 2016. Nos últimos doze meses, os papéis da companhia valorizaram 45%.

Isso antes do acidente. Agora, a missão da empresa é mostrar que o acidente e os problemas recentes não vão trazer velhos fantasmas para o dia a dia da Usiminas. "

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Esse é o relato da revista.... mas será que não houve mortes, mesmo?

Eu duvido muito....uma explosão violenta daquelas, quebrando vidraças a 2 km de distância.... mandando teto do gasômetro em cima da agência do Banco Mercantil do Brasil no centro da cidade de Ipatinga a kms de distância.... todo mundo sentiu um forte abalo, como se fosse uma onda sonora empurrando pessoas.... é claro que houve fake news, como sempre... mas também ficamos sabendo da opinião de médicos (que ouviram de colegas) e de estudantes de medicina que atenderam como socorristas que houve dezenas de mortes,.... comentários de socorristas entre eles, não poderia ser fake.... tem algum fundamento.

PORQUE COMO VIMOS ACIMA, HÁ MOTIVOS DE SOBRA PARA QUE A EMPRESA ABAFE A NOTÍCIA....UMA NOTÍCIA DE UM ACIDENTE QUE PROVOCOU MORTES É MUITO MAIS GRAVE DO QUE UM ACIDENTE QUE SÓ PROVOCOU DANOS MATERIAIS....mais grave para sua imagem e para a desvalorização de suas ações na Bolsa.....COMO SE SABE A USIMINAS MANDA NA CIDADE...É A EMPRESA MAIS PODEROSA DA REGIÃO....ela comanda as ações políticas também, embora não com muito sucesso....ela já tentou impedir a candidatura de Chico Ferramenta ao sindicato dos metalúrgicos várias vezes e conseguiu : Chico não conseguiu se eleger como presidente do Sindicato....mas conseguiu se eleger como Prefeito da Cidade.

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Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e possui mestrado pela UFV.

 


Diálogos de Mr. X no filme JFK de Oliver Stone

27 de Julho de 2018, 20:16, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

QUEM MATOU O PRESIDENTE JFK ?  A MELHOR

RESPOSTA À ESTA PERGUNTA ESTÁ NO FILME

“JFK” DE OLIVER STONE – versão do diretor.

 

O filme é baseado no livro “On the trail of the assassins” deJim Garrison e “Crossfire: the plot that killed Kennedy” deJim Marrs. Em 22 de novembro de 1963, em Dallas oPresidente Kennedy foi assassinado. O governo anunciauma comissão para investigar o ocorrido em Dallas, chefiada pelo presidente da Suprema Corte, Earl Warren, para pôr fim a “muitas indagações do Texas e do Congresso”. A Comissão Warren foi criada para ocultar os fatos…. Três anos depois o promotor de New Orleans, Jim Garrison desconfia que as investigações estavam ocultando fatos reais….

 

A melhor parte do filme é quando o promotor se encontra com um tal de Mr. X, que explica com detalhes porquê o Presidente John Kennedy foi assassinado…. É um resumo de tudo.

 

ENCONTRO DE GARRISON COM MR. X.

Mr. X:….. tudo que direi é confidencial…. Não lhe darei meu nome e quem represento…. Fui soldado, lutei duas guerras…. Trabalhei no Pentágono com suprimentos de armas : aviões, balas, rifles que chamamos “Black Operations” …. Isto é, assassinatos, golpes de Estado, fraudes eleitorais, propagandas, guerra psicológica. Na Segunda Guerra, estive na Romênia, Grécia, Iugoslávia,. Ajudei a resgatar parte da inteligência nazista e os usávamos contra os comunistas. Na Itália, em 1948, roubamos as eleições. Em 49 na França, acabamos com as greves. Depusemos Quirino nas Filipinas, Arbenz na Guatemala, Mossadegh no Irã, Vietnã em 54, Indonésia em 58, Tibete em 59 expulsamos o Dalai Lama. Éramos bons. Muito bons. Daí nos envolvemos com Cuba. Não fomos muito bem. Preparamos uma invasão em outubro de 62 Khrushchev mandou mísseis e Kennedy não invadiu. Ficamos a ver navios. Muita gente se aborreceu, Sr. Garrison. Entende ? Vou voltar a esse ponto. Então em 1963, passei quase todo o mês de setembro trabalhando no plano de Kennedy em tirar o pessoal do Vietnã lá pelo final de 1965. Um dos planos concebidos pelo governo Kennedy o documento de Segurança Nacional 263 mandava de volta as primeiras mil tropas. Mas, em novembro, uma semana após o assassinato de Diem e duas antes do assassinato de Kennedy algo estranho me aconteceu…

 

Fui enviado pelo meu superior o qual chamávamos general Y para o Polo Sul. ….Estava voltando na Nova Zelândia, quando Kennedy foi morto. …. Oswald foi incriminado às 19:30 hs pelo assassinato de Tippit. Na Nova Zelândia eram 14 horas mas seus jornais já tinham a história toda daquele desconhecido Oswald. Foto de estúdio, biografia, sua vida na URSS e “temos certeza que agiu sozinho.”… apesar de levarem mais 4 horas para culparem-no pelo crime. Parecia que montavam uma fraude. Como costumávamos fazer. …...ao voltar me perguntei: “Por que eu, chefe de Operações Especiais fui enviado ao Polo Sul quando qualquer outro poderia ter ido ?” Imaginei que fosse porque um de meus deveres, em Washington seria o de enviar seguranças a Dallas…… descobri que alguém naquele dia ordenou à inteligência do 112º batalhão em São Houston para ficarem estacionados…. Acredito que seja um erro…..Mesmo se ele andasse em carro aberto colocaríamos no mínimo centenas de agentes na rua sem pensar…...Nunca permitiríamos janelas abertas na Dealey. Nossos atiradores cobririam a área e localizariam tudo. Observaríamos a multidão, pacotes, casacos, ninguém abriria um guarda-chuva. A limusine nunca andaria devagar ou entraria naquela curva fora de propósito . Teriam sentido a presença do Exército naquele dia. Mas nada disso ocorreu. Foram violados códigos básicos de proteção e essa é a melhor indicação de uma conspiração em Dallas. …..

 

Quem teria feito isso ? Gente da minha área. Nesse dia, havia agentes do Exército em Dallas não sei quem ou por que mas não protegiam clientes. Além disso, o Exército tinha a ficha completa de Lee Oswald. Essas fichas foram destruídas. Coisas estranhas aconteceram…. E Oswald nada teve com isso. …. O gabinete do Presidente estava no Extremo Oriente. Um terço da divisão de combate voava da Alemanha sobre os EUA no momento do crime. Às 12:34 hs , o sistema telefônico de Washington pifou durante uma hora. No avião que voltava a Washington informaram a Johnson por rádio que houvera um só assassino. … Coincidências Sr. Garrison ? Não por um momento. O gabinete estava fora de ação. As tropas estavam no ar. Os telefones, bloqueados, para deter as histórias indesejadas. Nada foi deixado ao acaso. ELE NÃO PODIA ESCAPAR VIVO... As coisas nunca mais foram as mesmas. …… O Vietnã começou para valer, havia uma atmosfera de encenação no Pentágono e na CIA. Nós sabíamos que a Comissão Warren era uma ficção. Mas havia algo mais profundo horrível. Eu conheci Allen Dulles. Era um de seus informantes. Por que logo ele investigaria a morte de Kennedy, o homem que o despediu ? Aliás, ele era conselheiro do General “Y”. Licenciei-me em 64. Renunciei ao meu posto.

 

Garrison: “não sabia que Kennedy era tão perigoso para o “establishment.” Foi por isso ? “

Mr. X: “é a verdadeira questão não é? Por quê ? “ O como e quem é só cenário para o público….. Oswald, Ruby, Cuba, a Máfia o distraem…. Evitando que a pergunta básica seja feita.: Por que Kennedy morreu ? Quem se beneficiou ? Quem tem o poder de ocultar ? Quem ?

 

Em 1961 logo após a Baía dos Porcos poucos sabiam que eu ajudara nos memorandos de Segurança em 55, 56 e 57. Esses documentos eram confidenciais. Neles, Kennedy diz ao general Lemnitzer, da Junta Militar que dali em diante a Junta seria totalmente responsável por todas as ações paramilitares em tempos de paz. Isso encerrava o reinado da CIA. “Estilhaçado em mil peças” como J.F.K. prometera. E agora ele exigia a ajuda dos militares. Isso era inédito!. Não imagina as reações que se deram nos corredores do poder. Além da demissão de Dulles , Richard Bissell e o general Charles Cabel. Todos figurões da inteligência desde a Segunda G. Guerra. Muitos se irritaram. As diretrizes de Kennedy não foram implementadas por causa da resistência burocrática. Mas um dos resultados foi que a Operação Cuba passara para o meu departamento como Operação Mangus. Foi serviço da “Operações”. Secretamente baseado no campus da universidade de Miami. Que tem a maior agência americana da CIA, com verbas anuais de centenas de milhões de dólares. Trezentos agentes,, 7000 cubanos treinados, 50 empresas de fachadas para lavagem de dinheiro. Lutavam ininterruptamente contra Fidel. Sabotagem industrial, queima de colheita, tudo. Tudo sob o comando do general Y. O que ele fez foi trazer os negócios escusos para cá. Agora ele tinha gente, bases, equipamentos e motivação. …. E não subestime os cortes de verbas exigidos por Kennedy em 63, Perto de 52 instalações militares em 25 estados e 21 bases ultramarinas. Muito dinheiro. Sabe quantos helicópteros foram perdidos no Vietnã ? Perto de 3 mil. A Bell os fabrica. Quem é o dono ? Ela estava quase a falência quando o Banco de Boston pediu à CIA para usá-los na Indochina. E o caça F-111 ? General Dynamics, de Fort Worth, Texas. Quem é o dono ?

 

A verba para a defesa, desde o Vietnã, chega a US$100 bilhões. Ainda será gasto o dobro. Em 1949 eram US$10 bilhões. Sem guerra, não há dinheiro. O princípio de organização de qualquer sociedade é para a guerra. A autoridade do Estado sobre a sociedade reside em seu poder de guerra. KENNEDY QUERIA O FIM DA GUERRA FRIA EM SEU 2º MANDATO. Parar com a corrida à Lua e colaborar com os russos. Assinou um tratado pelo fim dos testes nucleares. Negou-se a invadir Cuba em 62, e quis tirar os EUA da guerra do Vietnã. MAS TUDO TERMINOU EM 22 DE NOVEMBRO DE 1963. Desde 1961 sabiam que JFK não lutaria no Sudeste Asiático. Como César, estava cercado de inimigos. Todos sabiam de uma trama, mas não se sabiam quem. …...Há dinheiro em jogo. Muito dinheiro. US$100 Bilhões. ….. Não foi dito: “ele deve morrer.” Não houve votação ou notas. Não há ninguém para culpar. Tão antigo como a crucificação. Ou o pelotão de fuzilamento. Cinco balas, quatro de festim. Ninguém é culpado.. Todos na estrutura do poder. Tem negativas plausíveis. Não há ligações comprometedoras., exceto em assuntos secretos. Mas tem que dar certo.. Não importa quantos morram ou quanto custe. Os conspiradores devem vencer. E nunca se sujeitarem a qualquer processo. ISSO É GOLPE DE ESTADO. Kennnedy anuncia a viagem ao Texas em setembro. Nesse momento falsos Oswald aparecem em Dallas. Onde tiras e o prefeito são controlados. O Gen. Y envia os assassinos. Talvez da base da CIA da Grécia. Profissionais. Talvez fossem locais, cubanos ou a Máfia. Equipes separadas. Importa quem disparou de cima do prédio ? Parte do cenário. Fico pensado naquela terça, 26 de novembro um dia após o sepultamento de Kennedy….

Senhores, não permitirei que o Vietnã faça o mesmo que a China. Estou empenhado em não tirar os soldados de lá, pois temos negócios na Ásia. ….Lyndon Johnson assina o memorando de Segurança 273 que reverte a política de Kennedy. E aprova ações contra o Vietnã do Norte provocando o incidente de Tonkin. Se eu for eleito, darei a vocês a guerra. Aquele documento autorizou a Guerra do Vietnã.

 

Garrison: não acredito que ele foi morto porque quis mudar as coisas… em nosso tempo! Em nosso país!….

Mr. X: sempre fizeram isso. Reis são mortos. Política é poder, nada mais. Não se influencie por minhas palavras. Pense por si mesmo.

Garrison: a magnitude de tudo isso está além da minha compreensão.. Você testemunharia ?

Mr. X: eu? Testemunhar ? De forma alguma. Eu seria preso e silenciado. Talvez enviado a um hospício. Talvez pior. Você também. Posso lhe dar informações. Observe os eventos, tudo. Vá fundo. Você é o único promotor que abriu um processo. Isso é importante. É histórico.

Garrison: ainda não abri. Não tenho provas suficientes.

Mr. X: não tem mais escolhas. Você é uma grande ameaça para esta estrutura burocrática. Já teria matado. Mas a mídia o destacou. Tentarão agora destruir sua credibilidade. E já tem muitos nessa tarefa. Seja honesto. Sua única chance é abrir um processo. Qualquer coisa. Prenda. Perturbe-os. Busque uma reação em cadeia de depoimentos voluntários. O governo entrará em crise. Fundamentalmente as pessoas acreditam em você. E a verdade está do seu lado, amigo. Espero tê-lo ajudado. ….

 

 

EM JANEIRO DE 1961 EM SEU DISCURSO DE DESPEDIDA DO CARGO, O PRESIDENTE DWIGHT D. EISENHOWER JÁ DENUNCIAVA O GRANDE PODER DO COMPLEXO INDUSTRIAL MILITAR….SUA INFLUÊNCIA ECONÔMICA E POLÍTICA E ESPIRITUAL.…. Dizia: “temos que nos prevenir contra as injustificadas aquisições de influências, solicitadas ou não, pelo complexo industrial militar. Nunca devemos deixar que o peso dessa combinação ameace nossas liberdades e o processo democrático….”…. (imagens do ex-presidente Einsenhower citando estas frases aparecem no início do filme).

 

O filme de Oliver Stone põe a nu o extraordinário poder do complexo industrial militar. Um grande conglomerado de grandes corporações não só da indústria bélica mas também outras complementares e de serviços (bancos incluídos) com intricadas ligações com o governo americano, que possui um orçamento enorme e boa parte dele sigiloso e secreto que investe pesado em pesquisa e desenvolvimento além das compras de armas e serviços. Nada de mercado livre, o que existe é um mercado induzido com forte peso estatal, que vive de guerras e intrigas internacionais…. eles dominam o mundo “livre”, possuem grande influência internacional e hegemônica nas decisões dos países capitalistas e orientam os destinos dos investimentos neoliberais…. Aliás eles adoram o neoliberalismo… uma ideologia que disfarça suas reais intenções “com menos governo e mais mercado”, que na verdade se transforma em menos democracia e mais ditadura das grandes corporações. O capitalismo detesta a democracia, já dizia Noam Chomsky. O poder deste complexo citado, na verdade só promoveu derrubadas de regimes democráticas com apoio a ditaduras sangrentas em diversas partes do mundo, da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia.

 

Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor e mestre pela UFV.



FATTORELLI EMPLACA CPI DA DÍVIDA PÚBLICA NO CONGRESSO

8 de Junho de 2018, 15:19, por Daniel Miranda Soares

Derrota do mercado: Fattorelli emplaca CPI da Dívida Pública no Congresso.

Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora do movimento nacional em favor da auditoria cidadã da dívida pública, obteve decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª vara federal de Brasília, que manda convocar, em 30 dias, instalação de CPI da Dívida Pública, conforme determina a Constituição de 1988, jamais cumprida, nesse particular.

Se dentro desse prazo, o presidente do Congresso, senador Eunício de Oliveira(PMDB-CE), não cumprir a ordem, terá que pagar multa diária de R$ 100 mil.

Desde 1994, Fattorelli vem batalhando, denunciando os especuladores da dívida pública, os que mais faturam em cima do orçamento geral da União, sem oferecer nenhuma contrapartida em forma de desenvolvimento econômico.

Usam a dívida como instrumento de dominação interna e internacional do país, inviabilizando sustentabilidade econômica nacional.

Os banqueiros, em 2017, levaram 40% do total do Orçamento Geral da União (OGU), realizado em R$ 2,7 trilhões, em forma de pagamento de juros e amortizações da dívida.

São os denominados recursos financeiros orçamentários, livres do cumprimento da regra draconiana, que determina congelamento dos recursos não financeiros, gastos sociais, por vinte anos, imposto pela PEC 95, a PEC do Teto, receita neoliberal recessiva, responsável por elevar a taxa de desemprego aos 13% e derrubar o PIB para 1%.

Trata-se de providência econômica, política e social, flagrantemente, inconstitucional, segundo estudos técnicos das consultorias do Senado e da Câmara, por violar cláusulas pétreas, constantes do art. 60, parágrafo 4º da carta magna.

Foram jogados para o alto, com esse estupro constitucional, tanto a autonomia entre os poderes da República, como eliminados direitos e garantias dos trabalhadores, cujas consequências levaram à desestabilização econômica e social, responsável por desembocar na greve geral que paralisou o país por uma semana, deixando à beira de grave conflito civil militar.

Auditar para desenvolver

Fattorelli, que atuou no Equador e na Grécia, trabalhando em auditoria de dívida pública, tem, com a experiência internacional adquirida, batido na tecla, segundo a qual sem ampla auditória da dívida, não será possível plena retomada do desenvolvimento econômico, com justa distribuição da renda nacional.

O próprio Supremo Tribunal Federal considerou crime de anatocismo cobrança de juro sobre juro, juros compostos etc, conforme súmula 121, o jogo especulativo praticado com a dívida pública, por parte do Banco Central, hoje, dominado pela banca privada e pelo Ministério da Fazenda.

A especulação, somada ao congelamento neoliberal, mantém, segundo ela, a economia em recessão e desemprego, fragilizando a estrutura produtiva e ocupacional do País, para entregá-la a preço de banana aos abutres internacionais, no compasso programado da desestatização econômica, determinado pelo Consenso de Washington.

Aumenta o déficit a propósito de diminui-lo, porque persegue o estado mínimo, que descapitaliza geral a economia, a começar pelas empresas e bancos estatais, cujas consequências são diminuição das atividades produtivas de forma calculada para destruir arrecadação, sem a qual não se realizam os investimentos, nem se abrem expectativas de crescimento do PIB.

A economia congelada, programada para regredir recessivamente, em nome do falso ajuste fiscal, diz ela, reajusta gastos sociais conforme decrescimento do PIB anual afetado pela crescente tendência deflacionária.

Enquanto isso, mantém-se descongelados os gastos financeiros, proibidos de serem auditados, violando, flagrantemente, a Constituição.

A determinação de juiz de Brasilia para que seja instalada auditoria da dívida pública é uma tremenda paulada na cabeça neoliberal da Fazenda e do BC, a serviço de Tio Sam e Wall Street.

Soma-se tal decisão à que jogou por terra os reajustes diários dos combustíveis com base na correção cambial e variação do preço do petróleo, no mercado internacional; tudo movido pelas especulações da quadrilha, que havia tomado conta da Petrobrás, obediente às ordens dos acionistas privados, enquanto o acionista maior da empresa, o governo brasileiro, ficava de braços cruzados.

Em 30 dias, portanto, o Congresso, submetido, hoje, às ordens do mercado financeiro, tem que se mexer, diante da medida judicial, que pune o não cumprimento da determinação.

Auditor Getúlio

É bom lembrar que Getúlio Vargas mandou auditar a dívida pública, logo depois da revolução de 1930.

Com isso, como destaca o jornalista e historiador, José Augusto Ribeiro, em “A Era Vargas”, 3 volumes, abriu espaço para o crescimento da economia brasileira, de forma sustentável, por mais de 15 anos, até sua queda, em 1954.

Gegê eliminou, com orientação nacionalista, os sanguessugas que tinham tomado conta das finanças brasileiras, até o colapso da República Velha.

Temer, o ilegítimo, tenta, desastrosamente, levar o Brasil de volta à República Velha, ao padrão ouro neoliberal, vigente no século 19, que entrou em colapso na crise de 1929.

A greve dos caminhoneiros deu um basta a essa tentativa economicida e, agora, a justiça de Brasilia, da mesma forma, dá uma freada violenta na voraz ação do mercado financeiro especulador, que obriga o povo brasileiro a pagar juros de mais de 300% no cartão de crédito.

Dois movimentos que tentam obstar a ação deletéria, antinacionalista dos especuladores, de escravizarem a sociedade em favor dos seus lucros extraordinários, sem contrapartida no desenvolvimento das forças produtivas.

 

(este texto foi escrito por César Fonseca no Brasil 247.)

https://www.brasil247.com/pt/colunistas/cesarfonseca/357295/Fant%C3%A1stica-vit%C3%B3ria-pol%C3%ADtica-de-uma-guerreira-pela-auditoria-da-d%C3%ADvida-p%C3%BAblica-brasileira.htm.



Episódio "O Mecanismo" revela a inépcia da esquerda com a comunicação

31 de Março de 2018, 12:45, por Daniel Miranda Soares

Como era de esperar, a resposta da esquerda a “O Mecanismo” foram denúncias contra o conteúdo factual da série brasileira. Mordeu a isca jogada pelo diretor José Padilha e suas eminências pardas da atual guerra híbrida: de que a série era supostamente “baseada em fatos reais”. E começou a acusar o “assassinato de reputações” ao não respeitar “o tempo que os fatos ocorreram”, condenar a “distorção da realidade” e produzir “fake news”. Foi como se a esquerda levantasse a bola no outro lado da rede para o adversário dar uma violenta cortada. Como uma “obra de ficção”, a série deve ser criticada no seu próprio campo semiótico: a Operação Lava Jato foi um mero pretexto para o roteiro explorar a combinação explosiva de ressentimento com a meritocracia. Combinação que fez recentemente as ruas encherem de camisas amarelas batendo panelas. Como não consegue se descolar da visão conteudística da comunicação, a esquerda é incapaz de lutar no mesmo campo simbólico no qual Netflix milita. Além de oferecer mídia espontânea a uma série tosca e malfeita.

.......

 

Mas José Padilha e os estrategistas dessa guerra semiótica visaram algo mais: provocar a esquerda e esperar que a sua histórica inépcia com a comunicação rendesse boas tréplicas para impactar o distinto público – e principalmente aqueles que acham que o debate atual está “muito partidarizado” e que, por isso, se entregam a repulsa à política.

 

Esquerda prisioneira de si mesma

 

Uma empresa como o Netflix, que só em 2013 dispendeu 1,2 milhões de dólares em esforços lobistas mirando na Casa Branca e Congresso dos EUA realmente sabe o que faz. E pelo seu modus operandi (séries e filmes sobre eventos que ainda estão em desdobramento), é uma empresa engajada numa tática fundamental da guerra híbrida: a intervenção na realidade através de produtos do gênero ficcional.

 

Prisioneira que ainda está no cânone iluminista da representação, a esquerda cobra de Padilha realismo e precisão histórica em uma obra de ficção.

Lutar no mesmo campo semiótico do Netflix

 

Em geral as críticas de O Mecanismo giram em torno do senso comum do leigo de cinema: o roteiro erra porque não é realista. Isso é o que menos se deve cobrar da série: um roteiro deve ser verossímil, e não realista.....Óbvio que O Mecanismo é uma peça de propaganda indireta. Tosca e malfeita, produzida às pressas para ser lançada no momento da prisão de Lula. 

 

Então, o que significa dizer que a esquerda deve lutar no mesmo campo simbólico do Netflix? No caso particular dessa série, denunciar que o argumento ficcional se baseia na combinação ideológica explosiva da meritocracia com o ressentimento. E isso é uma questão de verossimilhança, e não de realismo.

 

O tema de O Mecanismo não é a Lava Jato. Isso é um mero pretexto para impor a narrativa do ressentimento, a matéria-prima de todas as bombas semióticas detonadas nas mídias desde 2013....

 

Ressentimento e meritocracia

 

Como discutíamos na postagem anterior, o ressentimento sempre foi uma poderosa arma de propaganda política. E no caso brasileiro, quando combinado com o ideário meritocrático, produz ódio, medo e desejo de vingança......Na meritocracia todo indivíduo é ressentido, mesmo os vitoriosos. Ressentidos pelo custo psíquico que tiveram para chegar lá.

Para o ressentido, saúde e educação precárias não são problemas de política pública, mas um problema moral: prender vilões corruptos que roubam o dinheiro público.

 

Como Nietzsche escrevia, o ressentimento produz incapacidade para agir. Em outras palavras, despolitiza. Falar em política pública requer agir politicamente ou, palavrão dos palavrões, atuar partidariamente – partidos políticos, associações classistas etc.

 

Mas o ressentido não quer ação política, quer punição exemplar. Por isso delega seu agir a vigilantes (não é à toa que Rigo, o clone de Moro na série, lê a HQ “Vigilante Sombrio”), heróis ou qualquer personagem com caráter supostamente virtuoso e corajoso. Dessa maneira, sempre verá com simpatia Estados policias e de exceção.

 

O Mecanismo deve ser criticado do interior seu próprio campo semiótico. Se José Padilha afirma que tudo é uma “ficção”, é desse pressuposto que deve partir a análise: uma má ficção que, para se sustentar, explora raiva reprimida que mais parece vinda do fígado e vesícula biliar do que de corações e mentes dos espectadores.