Desde a morte do cinegrafista Santiago Andrade, vitimado por um rojão aceso por um integrante do Black Bloc, que a velha mídia parece ter acordado para o verdadeiro perigo que essa organização representa para a democracia.
Algo que, até então, nos chamados “blogs sujos” e no twitter, já era debatido e denunciado desde junho, sem maiores repercussões nos jornalões.
Aliás, os jornalões, assim como TV Globo e TV Bandeirantes, pelo contrário, sempre incentivaram e insuflaram esse monstro que começou destruindo patrimônio público e privado e por fim terminou matando um trabalhador. O interesse e apoio da velha mídia explica-se pelo caráter golpista dos black blocs.
Contudo, fica claro que com a avalanche de informações deste momento é tarefa árdua filtrar corretamente os acontecimentos e chegar a conclusões sobre a quem e a que, especificamente, interessa um movimento de quebra-quebra e violência nas ruas. Obviamente, não é ao governo federal e ao Partido dos Trabalhadores, que busca a reeleição para a presidência em 2014.
Portanto, precisamos prestar atenção aos sinais, por mais ínfimos que sejam, e devemos ser capazes de fazer a ligação das informações perdidas pela rede, de forma a montarmos um plano geral que nos faça compreender finalmente quem financia o black bloc.
É aquela velha máxima jornalística: “siga o dinheiro”.
Nos interessa, além da punição aos responsáveis pela violência praticada a pretexto de manifestações, que seja revelada a face de quem banca a festa do terror e os verdadeiros propósitos desta.
Eis que hoje me deparei com duas notícias que dão uma pista, ao menos sobre uma das instituições que pode estar por trás dos black blocs.
Na primeira notícia, de novembro do ano passado, publicada pela revista Época, fica evidente o caráter organizativo de um grupo chamado Defensoria Social, que, além de ter objetivos políticos bem definidos, chega a obter doações de 100 mil euros de apenas um doador.
“Black Blocs afirmam que são financiados por ONGs nacionais e estrangeiras”
“ÉPOCA passou o fim de semana num campo de treinamento do grupo que adotou o quebra-quebra como forma de manifestação política”
O grupo deixa claro que sua atuação se dá através da violência. Revela assim seus valores antidemocráticos, já que vivemos em um estado democrático de direito, não sendo cabível a violência como forma de luta política.
Mas chama a atenção a informação de que um dos financiadores do grupo é a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), embora esta tenha negado:
“Morelli diz que a Defensoria Social [ONG que organiza o movimento Black Bloc] também foi abastecida pelo Fundo Nacional de Solidariedade, da CNBB. A CNBB negou os repasses.”
Este é um ponto, importante para o raciocínio que quero desenvolver aqui.
O segundo ponto encontra-se em artigo sem data de publicação, mas postado hoje pelo perfil da CNBB no twitter (@CNBBNacional):
De autoria de Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo Emérito de Uberaba (MG) o artigo é uma ladainha anacrônica contra o “socialismo execrável” e políticas do governo federal, tais como: relações diplomáticas brasileiras com países socialistas, perdão da dívida de países pobres e o programa Mais Médicos.
Papa Francisco concordaria?
Ao final do texto, Dom Aloísio faz uma leve crítica ao movimento Black Bloc, mas pelo viés da direita, afirmando que os quebra-quebras (mencionando apenas as agências bancárias) são indesejáveis pois são “francamente anti-livre mercado”.
Contudo, o tom do artigo é claríssimo: o Brasil caminha celeremente para uma ditadura de esquerda. Nas entrelinhas, percebe-se a insinuação a um golpe preventivo, ou contragolpe.
Nas palavras de Dom Aloísio:
“No Brasil, alegremente estamos correndo para os braços das ditaduras. Sem pejo nenhum, e sem falsete no rosto dos nossos dirigentes, temos relações diplomáticas preferenciais com nações, onde as liberdades individuais são uma quimera. As visitas oficiais a certos países, de visceral princípio socialista, são uma constante. A importação de médicos estrangeiros (não quero duvidar de sua competência profissional), tem como objetivo acostumar nossa população com as belezas do socialismo. Os gastos financeiros com doações em favor de nações mais pobres (todas socialistas), são uma constante.”
Deixando de fora algumas sentenças risíveis que remetem ao velho anticomunismo da guerra fria, não deixam de ser sintomáticos dois aspectos que a leitura da opinião de um bispo católico, somada às informações reveladas pela reportagem da revista Época de que a CNBB financia o Black Bloc, trazem para o debate:
Primeiro: setores da Igreja, do alto clero, evidentemente são opositores ferrenhos a um governo que consideram prestes a instalar uma “República Socialista” no Brasil. Qual solução desejam? Um golpe preventivo? Da mesma forma que os golpistas de 64 fizeram para evitar a "República Sindicalista", que, segundo eles, seria implantada por João Goulart?
Segundo: a tática Black Bloc choca-se frontalmente com os objetivos de um partido que, de acordo com todas as pesquisas, levará a eleição presidencial no primeiro turno. Para o PT nada menos interessante do que a violência sistemática nas ruas, fruto da tática black bloc, sobretudo com a aproximação da Copa do Mundo.
Disto tudo, podemos fazer algumas perguntas, que ainda permanecem sem respostas:
1) Quem está por trás do Black Bloc?
2) De onde vem o dinheiro e com qual propósito ele financia os quebra-quebras (e agora até um homicídio)?
3) A quais instituições interessa o caos provocado pelo Black Bloc em ano eleitoral?
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