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Terra Sem Males

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Brasileiros debocham da visita dos parlamentares que foram à Venezuela

20 de Junho de 2015, 12:43, por Terra Sem Males

O Terra Sem Males fez uma seleção de alguns memes que circulam nas redes sociais, sobre a desastrosa visita dos parlamentares brasileiros, oposicionistas à Dilma, fizeram na Venezuela.

Se alguém souber os créditos das imagens, por favor nos avise pelo comentário para colocarmos. Confiram abaixo e divirtam-se:



Professor da Unicamp fala sobre aspectos do desenvolvimento no país

19 de Junho de 2015, 18:00, por Terra Sem Males

Marcelo Proni, da Unicamp. Foto: Paula Zarth Padilha.

Durante Ciclo de Debates promovido pelo Instituto Democracia Popular na tarde desta sexta-feira, 19 de junho, em Curitiba, o professor da Unicamp Marcelo Proni falou sobre aspectos que considera relevantes para o desenvolvimento de um país. “Não existe desenvolvimento sem crescimento econômico, distribuição de renda e ampliação de políticas sociais”, explicou.

Ele acredita que cinco fatores são essenciais: progresso tecnológico, sustentabilidade, transformação da estrutura produtiva, aprimoramento institucional e bem estar social. “O desenvolvimento não vem de forma espontânea, não é fatalidade. Um país precisa saber para onde quer ir”, diz o professor.

Ele explicou os padrões de desenvolvimento diferenciados no Brasil: durante o regime militar houve o descompasso do milagre econômico com desigualdade social; na redemocratização, nos anos 1980, houve o resgate da “dívida social” com a formalização da chamada Constituição Cidadã, em vigor até hoje, que afirmou valores e direitos sociais; já nos anos 1990, com o neoliberalismo, criou-se um padrão que desfigurou esse conceito de desenvolvimento; nos últimos 12 anos, com os governos Lula e Dilma, observa-se essa tentativa de construir outro padrão, com o bem estar social no centro do padrão de desenvolvimento.

“O Estado define qual é o padrão de desenvolvimento, é o único capaz de dar direcionamento ao processo, para o bem ou para o mal”, falou Proni, que destacou a importância da luta de classes para pressionar o governo ao definir as prioridades e onde será gasto o dinheiro dos recursos públicos. “A luta dos trabalhadores pode influenciar que país seremos daqui 30 ou 40 anos, cenário que está em aberto”, definiu.

Marcelo Proni falou sobre as dimensões da desigualdade e da pobreza. Ele explica que existem três questões sobre a desigualdade: de renda (relativa ao mercado de trabalho), de patrimônio (não existem indicadores das concentrações funcionárias e de propriedade urbana), e dos direitos sociais. Para ele, o mercado de trabalho gera grande diferença na remuneração das pessoas.

Ele também explicou que a transferência de renda ocorre nas diversas classes: R$ 25 bilhões anuais via bolsa família para 14 milhões de famílias. Em contrapartida, 10 mil famílias mais ricas são beneficiadas com R$ 300 bilhões anuais oriundos da lógica da valorização financeira, com pagamento de juros e da dívida pública, uma outra forma de transferência de renda em vigor no país.

Proni também defendeu que sindicatos e movimentos sociais devem possam conversar sobre um projeto maior, além das questões salariais nas categorias, com participação política maior.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males / Sindicato dos Bancários de Curitiba

 



Um passo para as trevas

19 de Junho de 2015, 17:34, por Terra Sem Males

1 – A Câmara Municipal vota na próxima segunda-feira, 22, o Plano Municipal de Educação com emendas da Bancada Evangélica que retiram menções a “gênero” e “diversidade”. Mais do que isso, censuram o desenvolvimento de políticas públicas que possam ampliar a tolerância e combater a homofobia. O diabo é que o parecer aprovado na Comissão de Legislação e Justiça conta com apoio de 25 vereadores.

2 – Apoio de 25 cabeças, mais um grão mestre. Consta, de acordo com o relato de um vereador, que as emendas e as metas censuradas foram discutidas na noite anterior (17) na residência de um bispo. Talvez a fogueira santa foi acessa para mudar a lógica da educação no Brasil. Na nova ordem,  “cabem às escolas a função de transmitir ensinamentos aos alunos. Já, a função de educar é uma prerrogativa da família”.

3 – Agora, que ensinamentos são esses? Conta que a concepção de família e de mundo não permite a visibilidade da pauta heteronormativa. É o dogma vencendo a razão e aumentando o calor da fogueira.

4 – E já que o momento é de trevas, vamos jogar toda sociedade na escuridão. Principalmente quando se veta a promoção à dignidade e valores humanos. Afinal, para os vereadores, não é necessário “realizar campanhas periódicas de conscientização nas instituições educacionais com o objetivo de promoção, proteção, reparação e defesa dos direitos humanos” (trecho retirado do PME).

5 – A batalha não está perdida até a votação. Isso porque no sábado, movimentos sociais e ligados à diversidade se reúnem no Sismuc para planejar a reação. A ideia é jogar água no chope da inquisição. Por tudo isso, a segunda-feira promete.

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males



Audiêcia pública no Paraná criticou o projeto de terceirização dos trabalhadores

19 de Junho de 2015, 15:47, por Terra Sem Males

Plenária foi tomada pelas centrais sindicais contrárias ao projeto de lei das terceirizações. Foto: Joka Madruga

Aconteceu nesta sexta-feira (19), uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná para debater o projeto de Lei Complementar 30 (antigo PL4330), que autoriza as terceirizações em toda a cadeia produtiva de uma empresa. O projeto, já aprovado pela Câmara dos Deputados, tramita agora no Senado.

A audiência foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado. A Comissão realiza audiências em vários estados brasileiros, para ouvir a opinião dos trabalhadores sobre o tema. Ao final foi aprovada a Carta dos Paranaenses contra o Projeto de Terceirização.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, presidida pelo deputado Tadeu Veneri apoiou o evento. Estiveram presente também os senadores Roberto Requião e Gleisi Hoffmann e também a vice-prefeita de Curitiba Miriam Gonçalves.

Confira abaixo a opinião de algumas lideranças que estiveram na atividade:

Senador Paulo Paim. Foto: Joka Madruga

André Castelo Branco Machado, bancário. Foto: Joka Madruga

Joka Madruga
Terra Sem Males, com informações do site do deputado Tadeu Veneri



Curitiba recua enquanto Ponta Grossa avança no debate sobre a diversidade

18 de Junho de 2015, 16:32, por Terra Sem Males

Bancada Evangélica retira menções a “gênero” e “diversidade” para não “constranger” a família.

Bancada evangélica consegue censurar debate de gênero e diversidade das escolas municipais. Foto: Andressa Katriny CMC

A Comissão de Legislação e Justiça da Câmara de Curitiba retirou, nesta quinta-feira (18), menções a “gênero e diversidade” do Projeto de Lei do prefeito Gustavo Fruet que trata do Plano Municipal de Educação. Os membros da bancada evangélica argumentam que o texto original colocava em risco a família e que não é papel da escola educar as crianças. Por outro lado, em Ponta Grossa, os vereadores rejeitaram as emenda que barravam o debate sobre diversidade. Os PMEs são as versões municipais do Plano Nacional de Educação e precisam ser votados até o dia 24 de junho. Em âmbito estadual, o PEE deve ser discutido na segunda-feira (22).

Em Curitiba, os vereadores Pier Petruziello, Carla Pimentel, Pastor Valdemir Soares e Felipe Braga Cortes agiram conjuntamente para barrar menções a gênero e diversidade. Além disso, censuraram o desenvolvimento de políticas públicas no interior da escola que combatem a discriminação e a homofobia. Para a vereadora Carla Pimentel, a retirada de textos está em conformidade com o debate realizado no Congresso Nacional. Ela argumenta que o projeto de lei “vem acentuar a segregação social”. Já o vereador Felipe Braga Cortes destacou que não é papel da escola educar: “Cabem às Escolas a função de transmitir ensinamentos aos alunos. Já, a função de educar é uma prerrogativa da família”, sentenciou.  Posição semelhante do vereador Pastor Valdemir Soares.  Ele solicitou, por exemplo, a retirada integral da meta 9, que trata da educação de jovens e adultos (não de crianças). O texto excluído garantia “a produção e a aquisição de materiais didático-pedagógicos que contemplem as orientações de identidades de gêneros para a modalidade da educação de jovens e adultos”.

Os recuos em Curitiba não foram acompanhados pelos vereadores de Ponta Grossa. Com 15 votos contra quatro, os vereadores rejeitaram a emenda da bancada evangélica que eliminava ‘cidadania e direitos LGBT’ do Plano Municipal de Educação (PME). Apresentada pelo vereador Pastor Luiz Bertoldo (PRB), a proposta pretendia excluir as discussões de gênero e diversidade sexual das diretrizes do ensino básico, fundamental, médio e superior do município nos próximos dez anos. A votação ocorreu com forte pressão da comunidade escolar. Uma diretora afirmou que os políticos não podem simplesmente negar a realidade: “Temos nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) alunos sob tutela de casais em uma união homoafetiva, é uma questão de respeito que elas sejam contempladas pelo PME”, explica a diretora da Secretaria de Educação, Patrícia Freitas.

Estado

O Plano Estadual de Educação (PEE) também tem sido polêmico pelos mesmos motivos: retirada de termos que promovam a diversidade. Foram apontadas 66 emendas ao PEE. Por isso, o projeto retorna para a Comissão de Constituição e Justiça na próxima segunda-feira, 22. O prazo para aprovação também é 24 de junho.

Protestos

As emendas da Comissão de Constituição e Justiça já contam com 25 assinaturas de vereadores. Por outro lado, a Marcha Mundial de Mulheres, o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) e a Ordem dos Advogados do Brasil (POAB-PR) publicam manifesto em repúdio à iniciativa de retirada tanto na Câmara Municipal como na Assembleia Legislativa do Paraná. Para a OAB, ““a educação para o respeito às populações excluídas e estigmatizadas não pode ser rejeitada pelo argumento simplista de interferência do Estado no direito de a família educar seus filhos de acordo com os valores morais tradicionais, como se houvesse incongruência entre o que determina a versão original do PEE e referida liberdade de família”.

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males 



A fotografia é uma arma…

18 de Junho de 2015, 15:18, por Terra Sem Males

Clique aqui e leia entrevista com o repórter fotográfico Henry Milléo, no site do Joka Madruga.



Consumo: preço da cebola quase dobra em um ano

18 de Junho de 2015, 15:14, por Terra Sem Males

Produto já pode ser encontrado a R$ 7,50 o quilo, quando está disponível para venda.

O preço da cebola está nas alturas. Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

Para quem gosta de cozinhar, um ingrediente é essencial para incrementar o cheiro e o sabor do prato: cebola refogada. Pois nas últimas semanas, encontrar cebola (com boa qualidade e preço acessível) tornou-se uma difícil tarefa a cumprir.

“Estamos pagando R$ 7,50 no quilo da cebola. Está impossível”, relata Débora, proprietária de um restaurante por quilo no centro de Curitiba. Ela depende de supermercados e compra a preço direto para o consumidor final.

Alguns fatores coincidiram para justificar o preço elevado, a diminuição da oferta do produto e a falta de qualidade. “Nos meses de maio e junho não tem cebola paranaense”, explica o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). “É uma situação normal para essa época do ano”, explica.

De acordo com dados do Deral, nessa entressafra paranaense quem fornece cebolas são os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. E as importadas vêm de países como Chile, Holanda e Itália, mas a principal fonte é a Argentina, que passou por problemas climáticos que desfavoreceram a produção de cebola.

Nos meses de 2015, por exemplo, a produção argentina representa 16% do mercado, a paranaense 26% e outros 27% vêm de cidades de Santa Catarina. O restante, dos demais fornecedores.

Preço da cebola é o dobro de 2014

Atualmente, o valor de venda para atacado diretamente na Ceasa de Curitiba (Centrais de Abastecimento do Paraná S/A) é de R$ 80 o saco de 20 quilos do produto nacional e de R$ 95 o importado. “Esse ano foi bem atípico, com alta acima do esperado”, explica Antonio Evandro Pilati, técnico de comercialização da Ceasa Curitiba.

Pilati explica que no mesmo período do ano passado, o saco de 20 quilos de cebola era vendido para o atacado com valores entre R$ 45 e R$ 50, quase metade do valor praticado agora. E teve como consequência a queda no volume de vendas em quase 50%.

Contudo, a cebola não está em falta. Na Ceasa Curitiba, por exemplo, o volume de comercialização é de, em média, 4 mil sacos por dia. “O produto não está em falta, mas com tendência de baixa. Acredito que dentro de 15 ou 20 dias haverá uma pequena queda no preço porque começam as safras de São Paulo e Minas Gerais”, informa Pilati.

Agricultura da cebola

O Paraná é o 6º no ranking nacional de produção de cebola, com 8% do que é produzido no país, que é liderado por Santa Catarina. A safra de 2014/2015 teve maior produção nas regiões de Curitiba e de Irati. Carlos Salvador, do Deral, explicou que não existe tabelamento de preços controlado pelo Estado, mas que existe um controle dos valores de compra e venda.

No mês de maio, os produtores receberam, em média, R$ 65,97 pelo saco com 20 quilos (lembrando que o preço de venda para o atacado é de R$ 80). Já o preço médio de venda para o consumidor final seria, de acordo com o Deral, de R$ 4,67 o quilo da cebola. Bem diferente dos preços praticados em Curitiba, que estão variando entre R$ 6 e R$ 7,50 o quilo.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em seu Boletim Hortigranjeiro referente ao mês de maio de 2015 um gráfico que expõe bem essas diferenças: um comparativo entre o preço médio e a quantidade ofertada de cebola desde o ano de 2013 pelo Ceasa Curitiba.

Boletim Hortigranjeiro da Conab mostra alterações na oferta e no preço da cebola praticados pela Ceasa PR. Reprodução.

Em maio de 2013 foram ofertadas quase três toneladas de cebola, a um preço médio de R$ 2,40 o quilo. No mesmo período de 2014, a oferta foi de menos de 2 toneladas, com valor de R$ 1,50 o quilo. Em abril de 2015, a oferta da cebola se manteve em duas toneladas, mas o preço estava, oficialmente, acima de R$ 2,50 (no atacado).

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males



Acordo permite que quilombolas do Paraná permaneçam em área

18 de Junho de 2015, 12:57, por Terra Sem Males

Paiol de Telha é o primeiro território quilombola reconhecido pelo Incra no Paraná. Foto: Carolina Goetten, Brasil de Fato Paraná.

Cerca de 390 famílias quilombolas que permanecem acampadas na beira da estrada, na Comunidade Invernada Paiol de Telha (município de Reserva do Iguaçu-PR), conquistaram um importante acordo, mediado pelo Incra, que permite a ocupação de uma área de 2 hectares, com produção agrícola numa área de 10 hectares, enquanto aguardam a desapropriação do local.

A área ocupada tem o total de 170 hectares e pertence à Cooperativa Agrária e as famílias que ocupam a área de dois hectares de propriedade da empresa vão permanecer para pressionar pela titulação do território quilombola. Em outubro de 2014 foi assinada pela presidência do Incra a portaria de reconhecimento de 2.959,2371 hectares do território da comunidade quilombola Paiol de Telha.

Na área ocupada está a sede da empresa proprietária, mas está abandonada. A cooperativa alega que o local está arrendado e que já houve financiamento da próxima safra, a ser colhida em meados de outubro. Contudo, pelo acordo, ficou garantido aos quilombolas que: “caso seja expedido o decreto de desapropriação do território antes da safra de verão, a partir do momento em que for colhida a lavoura, as famílias poderão ocupar toda a área de cerca de 170 hectares, enquanto aguardam a liberação total das áreas após os procedimentos legais para desapropriação”, diz a nota do Incra.

O Superintendente do Incra, Nilton Guedes, afirma que o órgão e a comunidade trabalham para que a titulação do território aconteça o mais breve possível. “Enquanto esta ação não é efetivada, continuamos agindo para garantir a dignidade das famílias e a segurança jurídica da empresa, contribuindo na busca de uma solução pacífica e positiva para todos os entes envolvidos”, avalia.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males, com informações do Incra

 Saiba mais: Terra de Direitos e estudantes da UFPR iniciam campanha pela comunidade quilombola Paiol de Telha

 



Sujeira nas contas

17 de Junho de 2015, 17:44, por Terra Sem Males

Secretário da Fazenda do Paraná Mauro Ricardo. Foto: Pedro Oliveira/Alep

1 – O Secretário da Fazenda Mauro Ricardo foi sabatinado na Alep. Ele admitiu que o Paraná não esteja recolhendo sua cota para o pagamento de aposentados e pensionistas. Está na dúvida se, como patrão, paga ou não. São R$ 200 milhões que não entram e não se sabe onde ficam.

2 – Não bastasse isso, os contratos da Cohapar estão sendo renegociados com baixa de 61% Ou seja, estavam acima do que deviam. Mas isso, Mauro coloca na conta do antigo secretário.

    2.1 – Já que o assunto é renegociar, Mauro Ricardo aumentou os prazos e diminuiu as obras. Dinheiro que se economiza para alguém ou alguma coisa.

3 – Na Copel, que neste ano já aumentou suas tarifas em 51%, o secretário defende a privatização de ações. Ele quer que o estado venda as ações excedentes e fique com cotas mínimas. Tudo para fazer caixa, eliminar o “excedente”, mas sem perder o controle da empresa.

4 – O controle mínimo de ações também vale para Sanepar e demais empresas públicas. É o governo sem estado para governar. Beto Richa aceitará a perda de controle?

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males



Mãe denuncia lesbofobia em escola

17 de Junho de 2015, 8:00, por Terra Sem Males

Entidades criticam vereadores que tentam censurar debate sobre a diversidade.

Entidades querem Plano Municipal de Educação com Respeito Universal. Foto: Joka Madruga.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores analisa nesta quarta-feira, 17, projeto de lei do prefeito Gustavo Fruet sobre o Plano Municipal de Educação. O projeto precisa ser aprovado até o dia 24 de junho para que a cidade possa receber recursos federais referentes ao Plano Nacional de Educação. No entanto, a análise foi interrompida pelo vereador Pastor Valdermir Soares (PRB). Ele quer retirar do projeto menções a “gênero” e “diversidade”. A censura é criticada por entidades que buscam ampliar o debate sobre homofobia nas escolas.

Para entidades que entregam o manifesto na Câmara Municipal, “cortar do texto do Plano Municipal de Educação elementos democraticamente construídos e aprovados em diversos fóruns legítimos é um desrespeito às milhares de pessoas que contribuíram para este processo”, expõem.

Mais do que isso, pode seguir marginalizando grupos sociais, meninos e meninas, como denuncia uma mãe e professora que pediu para ter sua identidade preservada. Ela conta que a falta de debate no ambiente escolar estimula a lesbofobia. “Ela já passa por situações do tipo ser acompanhada ao banheiro, porque segundo os diretores, a escola atende desde a educação infantil, fundamental I, e eles têm que ‘preservar’ os pequenininhos. Disseram-me que ela pode namorar com outras meninas no banheiro”, esclarece.

De acordo com o “Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: ano de 2012”, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e divulgado no manifesto das entidades, houve 9.982 denúncias de violações dos direitos humanos de pessoas LGBT, bem como pelo menos 310 homicídios de LGBT no país. Segundo o mesmo Relatório, no mesmo ano, no Paraná, houve 370 violações de direitos e 15 homicídios de pessoas LGBT. Não se tratanto de um ano atípico, e sim de um quadro que se repete todos os anos.

A omissão da escola é citada pela mãe como uma das causas de perseguição. Ela conta que a escola não possui política clara para tratar da inclusão de sua filha: “Em cada ocasião eu vou à escola, a diretora depois da minha insistência, só me atende por agendamento”, informa.

Para o diretor executivo do Grupo Dignidade Toni Reis, é papel do Estado promover a inclusão e debater a diversidade na escola. Ao receber a denúncia, Reis disse que ia procurar a escola e a doutora Hermínia Diniz, do Ministério Público. “Infelizmente, vivemos numa cultura heteronormativa que tem um modelo padrão de menino e menina que fere e machuca as pessoas”, esclareceu.

Mesmo com esse cenário, o vereador Pastor Valdemir quer a retirada do debate no ambiente escolar. Para ele, a educação de gênero é assunto apenas da família: “Cabem às escolas a função de transmitir ensinamentos aos alunos. Já a função de educar é uma prerrogativa da família, de modo que estes se basearão em valores e convicções pessoais e familiares, abordando determinados assuntos mais delicados na forma e no momento que entenderem adequados e propícios”, restringe.

Não é o mesmo ponto de vista da mãe que clama por esclarecimento: “Quantas vezes já chorei sozinha, por não ter com quem desabafar sobre isso, quantas noites de sono perdido, pois por mais que tenhamos avançado em muitos aspectos, na vida real de cada pessoa é que se sente como ainda há preconceito. Eu estou aprendendo com as situações e estou sempre disposta a lutar, pra que ela receba respeito, pois ela agora tem apenas 12 anos”, projeta.

Assinam o manifesto
Marcha Mundial das Mulheres
União Brasileira de Mulheres
Rede de Mulheres Negras
Articulação Brasileira de Lésbicas
APP Sindicato
CUT Paraná
Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico Racial do Paraná
Fórum Popular de Mulheres
Grupo Dignidade
Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual
Espaço Paranaense da Diversidade LGBT
Articulação por uma Educação do Campo
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
Liga Brasileira de Lésbicas
Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros – Universidade Estadual de Maringá
Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros – Curitiba
NASA- Núcleo Ação Solidária à Aids- Foz do Iguaçu
Mães pela Diversidade LGBT
Sinpro Londrina
ACNAP – Associação Cultural de Negritude e Ação Popular

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

Confira abaixo o manifesto:

Por um Plano Municipal de Educação de Curitiba de Respeito Universal

Manifesto à Câmara Municipal de Curitiba

Na busca da construção de um Plano Municipal de Educação que respeite os princípios da Constituição Brasileira e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que represente de fato as reivindicações e necessidades da ampla maioria da população e que garanta um pleno exercício da cidadania para todos e para todas, para cada um e para cada uma, lançamos um Manifesto à Câmara Municipal de Curitiba, nos termos que seguem.

Tanto no âmbito nacional, como nos âmbitos estadual e municipal, há graves problemas sociais de discriminação e violência que atingem determinados segmentos da população, sobremaneira as mulheres, as pessoas negras e de “minorias” étnico-raciais, as pessoas de outras regiões e do campo, de determinadas religiões, bem como pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), entre outros, ferindo muitos e muitas e impedindo que cidadãos e cidadãs exerçam seus plenos direitos.

Esta afirmação se baseia em evidências/dados/pesquisas:

Segundo o Relatório Final da Comissão de Inquérito Parlamentar Mista sobre Violência contra a Mulher (2013), em 2010 o Paraná estava em terceiro lugar entre as Unidades da Federação no que diz respeito à taxa de homicídios de mulheres (taxa de 6,3 homicídios por 100 mil mulheres, N=338). Curitiba é a 4ª capital mais violenta do País, com 10,4 homicídios a cada 100 mil mulheres. Segundo afirma o relatório, “isso demonstra a inexistência ou a ineficácia das políticas públicas de enfrentamento às violências contra mulheres”. Nacionalmente, na sociedade em geral, essas atitudes se extrapolam além da mera discriminação: 26% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada, segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);

Conforme o estudo Homicídios e Juventude no Brasil, do Mapa da Violência 2013, baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, 71,4% das 49,3 mil vítimas de homicídios no Brasil em 2011 eram negras (35,2 mil assassinatos);

O “Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: ano de 2012”, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, revela que naquele ano houve 9.982 denúncias de violações dos direitos humanos de pessoas LGBT, bem como pelo menos 310 homicídios de LGBT no país. Segundo o mesmo Relatório, no mesmo ano no Paraná houve 370 violações de direitos e 15 homicídios de pessoas LGBT. Não se trata de um ano atípico, e sim de um quadro que se repete todos os anos;

Entre diversos estudos sobre preconceito e discriminação em estabelecimentos educacionais, a pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” (2009), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas / Ministério da Educação / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em uma amostra nacional de 18,5 mil estudantes, pais e mães, diretores(as), professores(as) e funcionários(as),revelou que as atitudes discriminatórias mais elevadas se relacionam a gênero (38,2%); orientação sexual (26,1%); étnico-racial (22,9%); e territorial (20,6%);

Também segundo o Inep (2014), nas escolas que têm menor Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), as taxas de evasão e abandono escolar são maiores. São as escolas que têm mais preconceito, discriminação e violência.

A chave para reverter esse quadro desolador é a educação. Atitudes preconceituosas e discriminatórias milenares e culturalmente arraigadas que resultam nas estatísticas acima apresentadas somente podem ser mudadas por meio da educação – em todas os níveis e modalidades – em direitos humanos e de respeito à diversidade humana, em todas suas manifestações.

O ser humano é intrinsecamente diverso e o ser diferente não pode ser argumento para tratamento desigual. Não se pode tampar o sol com a peneira e promover uma ilusão de um ser humano padronizado conforme este ou aquele valor ou convicção. Toda tentativa neste sentido terminará em fracasso, mas antes pode causar danos irreparáveis, como foi o caso do holocausto, resultado de uma ideologia que essencialmente fazia acepção de pessoas que não eram “arianas”. Está evidente e alarmante o paralelo com o discurso religioso fundamentalista presente no debate sobre os Planos de Educação para o biênio 2015-2025, que nega qualquer abordagem da diversidade na educação.

Como afirma a estudiosa Débora Diniz (2009), “a educação é uma ferramenta política emancipatória, que deve superar processos discriminatórios socialmente instaurados, a fim de transformar a realidade pela reafirmação da ética democrática … Nesse sentido, a escola é um espaço de socialização para a diversidade.”

A falsa premissa da “ideologia de gênero”, não passa de uma estratégia de manipulação da opinião de seguidores de determinadas convicções religiosas ou morais, baseada em uma inverdade que por tanto insistir se transforma em uma “verdade” para quem quer acreditar, isenta de qualquer comprovação científica. Em essência, esta incapacidade de visão crítica diante da manipulação alheia é reflexo da falha do sistema educacional, principalmente em épocas anteriores, e demonstra a necessidade do que as propostas de Plano de Educação 2015-2025 almejam, uma educação pública de qualidade que prepare as pessoas para a cidadania plena e para a convivência democrática e de respeito.

A discussão sobre gênero na educação se remete principalmente ao papel que a educação desempenha nos debates e na construção da igualdade e da autonomia das meninas e das mulheres, e de pessoas com identidade de gênero feminina, para que as taxas de violência e homicídio contra pessoas do gênero feminino acima retratadas deixem de existir. A discussão sobre gênero na educação também não pretende acabar com uma estrutura familiar tradicionalmente concebida, e sim apenas permitir que se reconheça a realidade da convivência concomitante de miríades de configurações familiares, igualmente válidas, que não busquem nada além de uma “comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa” (Lei Maria da Penha, Art. 5o , inciso II).

No debate na Câmara Municipal de Curitiba sobre o Plano Municipal de Educação, os/as legisladores/as têm por dever – jurado de respeito à Constituição, se basearem nos preceitos do acesso e da permanência de todos/as à educação, da não discriminação, da dignidade humana e da igualdade de todos perante a lei, entre outros.

Neste debate, também é imprescindível que a Câmara Municipal ouça todos os setores interessados da sociedade, e não apenas aquelas mais vociferantes que porventura possam representar uma base de sustentação eleitoral. É preciso também ouvir o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Academia, os movimentos de direitos humanos, além dos movimentos sociais que representam as mulheres, a população negra, indígena, quilombola, cigana e outras raças e etnias, os povos do campo e da água, as pessoas LGBT e os demais setores da sociedade que de alguma forma acabem sendo englobadas pelo termo “diversidade”, conforme discutido no Eixo 2 da Conferência Nacional de Educação de 2014.

A proposta do Plano Municipal de Educação de Curitiba encaminhada pelo Executivo à Câmara Municipal de Curitiba foi construída a partir de um longo e demorado processo democrático, que envolveu Conferências Municipais e Estaduais de Educação e a Conferência Nacional de Educação, além da própria construção do Plano Nacional de Educação, e a discussão do Plano Municipal de Educação de Curitiba em diversas Conferências Livres, Temáticas e Distritais, além da própria Conferência Municipal de Educação de Curitiba. Em todo este processo, a Secretaria Municipal da Educação participou ativamente e ela própria trouxe contribuições para as questões da diversidade, que estão sendo simplesmente desconsideradas por alguns/algumas vereadores/as.

É um desrespeito às milhares de pessoas que contribuíram para este processo, cortar do texto do Plano Municipal de Educação elementos democraticamente construídos e aprovados em diversos fóruns legítimos. A Câmara Municipal de Curitiba tem por obrigação, enquanto instituição composta por pessoas eleitas por toda a população curitibana, respeitar a vontade expressa no processo democrático da construção do Plano Municipal de Educação. Este Plano não pode virar refém de interesses espúrios alheios ao bem maior da população curitibana como um todo.

Por um Plano Municipal de Educação de Curitiba de Respeito Universal.

Curitiba, 08 de junho de 2015