Durante décadas o Brasil foi o país do carnaval, o país do futebol, o país das praias e mulatas, o país do futuro, o gigante bobo.
E também o país da desigualdade, o país da violência no campo e na cidade, o país da miséria, o país da ignorância.
O ninho dos oportunistas, o lar dos especuladores, o berço dos aproveitadores.
Até que, durante uma década, o Brasil fez um esforço para superar aquilo que o notável cronista Nelson Rodrigues diagnosticou como "complexo de vira-lata", o irresistível desejo de se autodepreciar, de se mostrar sempre inferior aos outros, em todas as áreas.
Aos poucos, o mundo foi vendo um outro Brasil, mais sério, mais otimista, mais criativo, mais competente na tarefa de levar a sua população a viver com menos dificuldades, a realizar seus sonhos e não abandonar a esperança de possibilitar a seus filhos um conforto que não teve.
O mundo começou a respeitar esse imenso país, de inesgotáveis riquezas, e a ouvir o que ele tinha a dizer a respeito da convivência pacífica e do desenvolvimento equilibrado das nações, pois afinal ele próprio estava fazendo a lição de casa, tirando dezenas de milhões de pessoas da pobreza, ampliando o mercado consumidor, investindo como nunca em infraestrutura e habitação, criando uma rede de proteção para os mais frágeis, e reservando a maior parte dos recursos da monumental reserva de petróleo da camada do pré-sal para a educação e a saúde, cumprindo assim, com os objetivos da magnífica Carta Constitucional promulgada em 1988.
Foi uma década de avanços sociais e econômicos como nenhuma outra.
Foi, porém, um sonho, interrompido pelas forças que sempre conspiraram contra o progresso do país.
Hoje, o Brasil nem é mais o país do carnaval, o país do futebol, das praias e mulatas.
Tampouco o gigante bobo - ou o país do futuro.
O Brasil hoje é tão simplesmente o refúgio dos canalhas, a fonte de onde brotam o escárnio, a hipocrisia e o cinismo.
Um aconchegante lar para larápios, escroques e bandoleiros de variados tipos.
Uma vergonha universal, um escárnio a toda ideia de civilização.
O Brasil deixou de ser uma nação para se tornar um ajuntamento onde as pessoas se obrigam apenas a sobreviver, de qualquer maneira, a qualquer custo. (Carlos Motta)
Blogoosfero
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