Coluna Econômica - 06/03/2013
Ontem publiquei no meu Blog a coluna “A crise das elites em tempos de mudança”. No artigo, eu dizia que o novo já nasceu mas não ganha espaço para aflorar. Seguiu-se uma bela discussão sobre os novos tempos, na qual se engalfinharam comentaristas de várias extrações políticas, mas enquadrados nos modelos tradicionais, de esquerda x direita, liberalismo x intervencionismo.
Chamou a atenção o comentário do leitor Rodrigo C. Moreira, fugindo da dicotomia e falando em nome dos jovens.
Reproduzo parte dele:
(…) O comentário do Nassif reflete a dificuldade que nossa cultura tem de fazer a passagem de gerações, deixando que os mais jovens assumam posições de destaque e os mais velhos, enfim, saiam de cena.
Minha geração pensa o país o tempo todo, mas não corre para pedir a benção de vocês. Nossa hora vai chegar, e quando vocês menos esperarem, vamos assumir o espaço que nos cabe.
Infelizmente, no entanto, isso não deverá ocorrer pelas vias tradicionais, pois, como também disse o Nassif, a mídia, os partidos e, em certa medida, as empresas mais tradicionais, não nos dão espaço - ou, quando dão, é um espaço tutelado, onde a gerontocracia quer se perpetuar e nos faz concessões ridículas, presumindo que devemos estar ali apenas para fazer figuração.
Nosso espaço é "alternativo". Vamos ascender (estamos ascendendo) através da internet e o empreendedorismo. Somos nós nas start-ups e na internet. É nestes espaços que verbalizamos nossa vontade de mudança.
Vocês podem fazer chacota disso ou menosprezar estes instrumentos por que não envolvem cara pintada ou coquetel molotov na PM. Mas são os espaços que temos, que conquistamos. É lá, nas nossas novas empresas e na internet, que somos livres para nos expressar e fazer as coisas do nosso jeito sem ter que pedir benção a um sujeito de cabelo branco cujos "30 anos de experiência" são suficientes para reduzir nossas opiniões a mera pirraça.
Serão espertos os mais velhos e mais sábios que identificarem esta tendência. Estamos loucos por espaço. Estamos loucos por mudança - e mudanças maiúsculas.
Por exemplo: não temos saco para burocracia. Não temos espaço para perda de tempo. Queremos cidades funcionais e cosmopolitas. Queremos mais arte, mais comércio, mais dinheiro, mais liberdade. Somos capitalistas, mas não queremos um capitalismo predatório. Não gostamos de hierarquia sem legitimidade - ou seja, para que o sigamos, você tem que mostrar que é bom, senão a gente simplesmente te ignora. Gostamos de ter opinião, de debater, de criticar e discordar - e depois sair para um chopp, sem o menor problema.
Minha geração é difícil de entender por que ela é completamente diferente das anteriores. Nascemos na democracia, sem guerra fria, sem muro de Berlim. Para nós, essa dicotomia "preto x branco" não tem muito sentido. Vivemos com a internet.
Para nós, o tempo é meio que "um só". Queremos relaxar no trabalho e, eventualmente, trabalhar fora do expediente. Queremos participar, construir, empreender - por isso, somos empreendedores.
Não conhecemos tanto a crise e a dificuldade, é verdade, mas por isso talvez sejamos mais ambiciosos. Para nós, "sobreviver" realmente não é suficiente.
O manifesto - 1
A gente realmente não quer só comida - mas participação, diversão, arte. Somos mais cosmopolitas - ao menos na classe média (e agora, com o CSF, até os menos abastados), falamos inglês com mais facilidade, temos amigos estrangeiros, conhecemos outras realidades. Queremos interação e integração. Não precisamos de intermediários para quase nada: queremos notícia, vamos atrás, fazemos nossa própria apuração.
O manifesto – 2
Não precisamos do Wiliam Bonner e nem do Mino Carta. Queremos acesso a eles, mas acreditamos neles se quisermos. Até agora ninguém captou nossa vontade e tendência por uma razão simples: ninguém nos conhece. E acredito que ninguém nos conheça por que nós não estamos nos partidos, nas cúpulas das empresas e nas redações. Ou, se estamos, vamos lá fazer figuração - e é importante ressaltar isso: não gostamos de perder tempo.
O manifesto - 3
Se é para ir a uma reunião de partido ou o que quer que seja para puxar o saco de um velho e ficar replicando o que ele diz, é melhor não ir. E, como nestes espaços a divergência é um pecado, a gente acaba não tendo espaço.
Nas empresas ocorre processo semelhante: para não levar um "passa-moleque" ou ter o emprego ameaçado, preferimos ficar na nossa, cumprir nosso dever e ganhar nosso dinheiro e nos expressar fora daquele espaço, seja abrindo uma empresa, seja se manifestando num blog ou na internet.
O manifesto - 4
Acredito, neste sentido, que o cenário irá mudar na medida em que as instituições se darem conta de que devem fazer uma passagem de geração - e uma passagem de verdade, não uma passagem tutelada. Deixem que façamos o nosso tempo. Que acertemos e erremos.
Se vocês não deixarem... bom, nós vamos fazer de um jeito ou de outro. Daí a questão é: fazer com vocês ou "apesar de vocês".
Atividade do comércio recua 0,5% em fevereiro
O movimento dos consumidores nas lojas em todo o país recuou 0,5% em fevereiro contra o mês imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais, segundo a consultoria Serasa Experian. Na comparação com o mês de fevereiro de 2012, a alta foi de 14,4%. A queda mensal da atividade varejista foi determinada pelo fim das promoções das unidades em estoque com o IPI antigo (vigente até 31 de dezembro de 2012), que haviam sido realizadas pelo segmento automotivo durante o mês de janeiro.
Venda de veículos despenca 25% em fevereiro
A quantidade de veículos vendidos no país, no mês de fevereiro, apresentou uma queda de 25,05% na comparação o total comercializado em janeiro, de acordo com dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O total de vendas efetuado em janeiro atingiu 296,8 mil veículos. Na comparação com fevereiro do ano passado, o levantamento apontou retração de 5,65%.
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