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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Blog dedicado à política nacional e internacional

Os indicadores de educação no Brasil

24 de Outubro de 2013, 6:58, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 24/10/2013


A educação brasileira caminha para consensos, essenciais para coloca-la como objetivo nacional, acima das quizílias partidárias.


No dia a dia dos estados, no entanto, persistem conflitos e polarização de posições, contra ou a favor os sistemas de avaliação.


Vamos por partes.


Sistemas de avaliação são essenciais em qualquer política pública ou privada. São eles que permitem saber onde se está e onde se pretende chegar. E a educação não está fora dessa métrica.


A questão central é discutir a qualidade dos modelos a serem implementados, que melhor permitam avaliar os avanços educacionais.


***


Indicadores não são objetivos em si, mas instrumentos de aprimoramento. Portanto, devem conter informações que permitam diagnósticos precisos sobre como aprimorar a educação.


Hoje em dia, há um conjunto de avaliações  – inclusive em nível global – medindo habilidades básicas na língua pátria, matemática e outros ramos de ciências duras.


Mas há maneiras e maneiras de trabalhar com dados, especialmente com avaliações gerais, que não respeitam as características de cada escola, região, do seu entorno. Se são realidades heterogêneas, como tirar ensinamentos universais?


***


Uma das principais teóricas dos métodos gerenciais na educação básica nos Estados Unidos, Diane Ravitch -  que atuou no primeiro governo Bush, pai -, fez uma pesada autocritica da implantação do sistema.


Através de dois programas, No Child Left Behind e Accountability, definiram-se metas ambiciosas para serem atingidas até 2014: 100% dos alunos com nível de proficiência.


Eram metas impossíveis de serem alcançadas. Houve ampla manipulação de dados e de resultados pelos estados, que reduziram suas exigências para cumprir as metas.


As diferenças sociais também impediram qualquer avaliação horizontal. Em Nova York, por exemplo, havia diferenças fundamentais entre as escolas de Manhattan e do Bronx, impedindo a padronização das avaliações.


O método praticamente desmontou o ensino básico nos Estados Unidos. O livro, em que expressa sua decepção, chama-se “Vida e morte do grande sistema escolar americano”.


***


Não significa que devam-se abolir os indicadores, mas aperfeiçoa-los.

 

As provas aplicadas pelo MEC (Ministério da Educação) tem a virtude de funcionarem como um avaliador externo às escolas. E têm permitido identificar boas práticas em vários lugares.


Escolas do Piauí conseguiram resultados excepcionais devido ao fato dos professores manterem contato permanente com as famílias, visitando-as em casa.


Obviamente, um recurso quase impossível para grandes metrópoles.


***


Há uma grande discussão sobre o nível da educação brasileira. Os pessimistas analisam o nível estaticamente,  comparam com os indicadores internacionais e forem. Os otimistas analisam o ritmo de melhoria e celebram.


A questão central, no entanto, é como proceder ao chamado “catching up”, o salto que corte etapas.


Há alguns exemplos muito bem sucedidos, apresentados como exemplares pelo MEC. Um deles é o de Foz do Iguaçu; outro, o de Sobral, no Ceará.


A identificação das boas práticas foi possível com a aplicação das provas e o uso das estatísticas.


 

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1. O dia em que Barbosa, do CNJ, esculhambou Barbosa, do STF
Presidente do CNJ (Conselho Nacional da Justiça), Joaquim Barbosa acordou,  abriu a Folha e leu que, no sábado, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, participou de um jantar na casa do megadvogado José Siqueira Castro.

 

2. A educação e seus cabeças de planilha

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7. Luisa Mell e o resgate dos cães em São Roque

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9. ANP anuncia descoberta de nova reserva de petróleo em Sergipe

10. Dilma pede desculpas aos profissionais cubanos hostilizados em Fortaleza

 

 

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A educação e seus cabeças de planilha

23 de Outubro de 2013, 6:30, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 23/10/2013


Na segunda-feira passada, o programa Brasilianas.org da TV Brasil foi sobre educação. Participaram o professor da Unicamp Reginaldo Moraes, o vereador do PSDB de São Paulo Floriano Pesaro - que ocupou uma das secretarias do MEC (Ministério da Educação) na gestão Paulo Renato de Souza, e o Secretário de Educação Básica do MEC Romeu Caputo.


Houve consenso sobre a importância de aprimorar o modelo federativo, com a União utilizando as verbas do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) para monitorar o ensino municipal e estadual; os avanços continuados no setor que eliminaram as influências políticas sobre a destinação das verbas; a importância dos indicadores de acompanhamento e da melhoria da gestão nas escolas.


***


A roda emperra em alguns ângulos do gerencialismo - o modelo que pretende aplicar à educação métodos de avaliação de empresas privadas. Não pelo princípio em si, mas pela visão tosca e mecanicista de alguns dos gurus do gerencialismo.


Há anos, a "reengenharia" foi extirpada do universo das modernas empresas brasileiras. Consistia em assumir uma empresa, desconstruí-la, demitir os funcionários e começar do zero, em cima de indicadores fechados em cada departamento, sem visão de conjunto.


Mas é mantida no setor de educação como se fosse o estado da arte em matéria de gestão.


***


Os avanços de gestão consagraram novos modelos:


1. Foco no cliente. todos os processos devem ser estudados a partir dos impactos no  produto final. No caso escolar, na melhoria do ensino dos alunos.


2. A conquista de corações e mentes. A base inicial é a estrutura de pessoal existente.  Devem ser convencidos, ouvidos, avaliados e participar da construção dos novos modelos.


3. Gestão colaborativa. O modelo da competição entre funcionários ou departamentos foi sepultado nos anos 90. Era corrosivo. Desde então, na partida os programas de gestão procuram definir a missão da empresa, incutir alma na corporação, e fazer as partes entenderem como contribuem para o resultado final.


***


O modelo educacional brasileiro tem produzido pensadores de peso, como Cláudio Moura Castro, Simon Schwartzman, Fernando Haddad, o próprio Reginaldo.


Mas visões complexas da realidade não atendem ao marketing da notícia. O que vende jornal é o personagem que vende fórmulas mágicas e enganadoras.


É o caso Gustavo Iochpe, transformado em guru pela revista Veja, que apresentou como ideia salvadora a proposta de obrigar cada escola a exibir na porta o seu índice IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para que a competição se incumbisse do restante.


Ora, o ponto central de estímulo ao aluno, especialmente de baixa renda, não é a síndrome do videogame, mas a convicção de que, estudando, escapará da sina familiar de miséria. É essa a "missão" a orientar especialmente as escolas públicas.


***


Nos anos 90, a então Fundação Cristiano Ottoni - dirigida por Vicente Falconi, um dos pais da moderna gestão no Brasil - buscou implementar métodos gerenciais mais sofisticados em uma escola pública da Pampulha, Belo Horizonte. O primeiro passo foi levantar a auto-estima dos alunos - chamados de "sopões" pelos alunos de escolas privadas - evitando comparações diretas com os colegas das escolas privadas, dada a enorme disparidade de condições entre ambos.


O segundo ponto foi o envolvimento de toda a comunidade - pais, alunos e professores -  tanto na definição dos currículos como na avaliação dos professores. Era um trabalho de convencimento, não de imposição; e trabalho coletivo, não de gabinete.


***


Alguns anos atrás, a consultoria McKinsey assessorou Minas e São Paulo na implementação de novos modelos educacionais,  baseados na meritocracia. Minas foi bem sucedida; São Paulo, não. A diferença básica é que Minas fez um trabalho de convencimento dos professores; em São Paulo, a Secretária Maria Helena Guimarães de Castro  tentou enfiar goela abaixo dos professores. Tipo, "eu conheço o be-a-bá da gestão, logo eu tenho a força".


Pesaro reconheceu os avanços do modelo participativo em Minas, mas disse que em São Paulo há enorme dificuldade porque: os professores são invencivelmente corporativistas; os pais de alunos não sabem avaliar as escolas; nem os alunos sabem.


Quem sabe se invente um dia um sistema escolar sem alunos, sem pais de alunos e sem professores.


***


Na gestão Gabriel Chalita na Secretaria da Educação - primeiro governo Alckmin -, as escolas passaram a ser abertas em finais de semana, com reflexos positivos até no índices de criminalidade. Eleito governador, José Serra mandou fechá-las. Pesaro justificou a medida, alegando que eram utilizadas apenas para lazer.


Tinha-se o mais difícil para qualquer trabalho pedagógico: a comunidade reunida. Pouco importa se para utilizar as quadras esportivas, fazer bailinhos ou jogar truco. Houvesse um mínimo de inteligência pedagógica, o passo seguinte seria envolver a comunidade em projetos culturais, teatro, música. E, na sequência, na discussão do conteúdo escolar.


Jogou-se tudo fora, inclusive para impedir a ascensão política de Chalita.


***


A visão de Pesaro foi rebatida por Caputo, que falou o óbvio: sem a adesão dos professores, nada se faz. Mencionou  exemplos concretos de como, desafiados, os professores souberam responder positivamente. Falou da importância de se canalizar o sindicalismo e o corporativismo para a busca de objetivos comuns, de melhoria do ensino.


***


As próprias dificuldades enfrentadas pelo Governo Federal nos programas de concessão, apontam para o óbvio: não se constroem políticas públicas duradouras sem o envolvimento objetivo de todas as parte.

Seria importante que a comunidade da Educação exorcizasse o setor dos vendedores de Bíblias e se dedicasse a uma discussão aprofundada sobre o modelo gerencial eficiente para melhorar a educação brasileira.


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Petrobras e estatais chinesas ficam com 60% de Libra. Total e Shell arrematam outros 40%

22 de Outubro de 2013, 8:11, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Se as expectativas do primeiro leilão do pré-sal se confirmarem, Brasil e China iniciam a partir desta 2ª feira uma parceria estatal das mais robustas.

 

21/10/2013, Carta Maior (Editorial)por: Saul Leblon 

Enviado pelo pessoal da Vila Vudu

Se as expectativas do primeiro leilão do pré-sal se confirmarem, Brasil e China iniciam a partir desta 2ª feira uma parceria estatal das mais robustas, consistentes e estáveis do século 21.

O pré-sal guarda 100 bilhões de barris; a Petrobrás, só ela, sabe como tirá-los de lá; a China consome 10 milhões de barris por dia; não tem petróleo, mas dispõe de reservas de dólar da ordem de US$ 3 trilhões.

Essa contabilidade deve marcar por décadas as relações entre os dois países.

Sobretudo, tende a alargar a avenida industrializante indispensável ao trânsito de um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil.

A ficha começa a cair entre os analistas da emissão conservadora.

De forma talvez precipitada, eles comemoraram a “falta de interesse” das petroleiras gigantes dos EUA e da Europa no primeiro leilão do pré-sal.

“Culpa do intervencionismo intrínseco ao modelo de partilha”, festejaram os centuriões dos mercados desregulados.

Escapava-lhes o desdobramento estratégico, agora explícito.

O festejado recuo da Exxon, Chevron, BP e BG do leilão de Libra abriu caminho para, em torno do petróleo nacional, Brasil e China erguerem pilares de uma sólida parceria.

Algo de que sempre se ressentiu a diplomacia soberana do Itamaraty, retomada em 2003.

Em uma das últimas entrevistas antes de deixar o posto, o então chanceler Celso Amorim, atual ministro da Defesa, localizou na relação sino-brasileira a mais importante lacuna da reordenação geopolítica realizada pelo Brasil na última década.

Precisamos dar uma forma importante ao relacionamento com a China. Não desenvolvemos um conceito pleno de como vai ser nossa relação com a China. Essa é uma autocrítica. Não deu tempo. Precisamos pensar mais profundamente nisso, disse o então chanceler, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em 27/10/2010.

O conceito de que se ressentia Amorim refletia, na verdade, a falta de um poder de fogo efetivo.

Afinal, como ter os interesses soberanos do Brasil contemplados na relação com um gigante solidamente hegemônico em questões chave do xadrez mundial.

Entre elas, a escala, o planejamento estratégico, o monitoramento justo do câmbio, do comércio exterior e dos fluxos de capitais, ademais da supremacia tecnológica e industrial.

A disputa desigual redundou no sabido.

O Brasil tem na China o principal cliente para suas matérias primas, como o minério de ferro, ademais dos grãos.

A balança comercial favorece o Brasil. Mas a prova do pudim se dá na tonelagem, que evidencia uma relação econômica subalterna.

Um dado resume todos os demais.

A China compra o minério de ferro brasileiro a US$ 140/150 a tonelada. E vende trilhos ao país a US$ 850 a toneladas, para abastecer um plano de expansão da malha ferroviária de 10 mil km, até 2020.

Por que a relação colonial não se repetiria no caso do óleo do pré-sal?

Pela diferença que existe entre uma estatal, mantida como ferramenta de desenvolvimento e uma empresa privada, a exemplo da Vale do Rio Doce, focada exclusivamente na geração de dividendos aos acionistas.

Dirigida até 2011 pelo tucano Roger Agnelli, a Vale sempre rejeitou os apelos do governo Lula no sentido de destinar um pedaço desses dividendos à construção de uma planta de trilhos no Brasil (a que existia foi desativada por FHC pouco antes de privatizar a Vale, em 1997).

A Petrobras transita na pista inversa do modelo de negócio que dá as costas aos interesses da Nação, para contemplar apenas o do pregão.

Embora seja uma empresa aberta, o governo tem a maioria dos votos na gigante criada por Getúlio.

Isso muda tudo.

Explica, por exemplo, a abrangência redobrada das inversões na cadeia do petróleo e da pesquisa, a ponto de a Petrobras figurar hoje como líder mundial em tecnologia de prospecção submarina.

Cerca de R$ 237 bilhões serão investidos por ela até 2017.

Os alvos: pesquisa, produção do pré-sal e a construção simultânea de três refinarias, de modo a agregar valor ao óleo extraído do fundo do oceano.

O retorno mais que compensa ao país.

Os próximos 30 anos vão marcar o estirão produtivo e de encomendas do pré-sal. 

Os encadeamentos das inversões em produção, refino, serviços e tecnologia somam valores da ordem de US$ 700 bilhões em investimentos.

Significa dizer que o Brasil ganhará novo peso econômico, tecnológico e geopolítico.

Peso este precificado desde já nas negociações com a China que precisa garantir seu abastecimento no século 21.

Estamos no umbral de uma parceria ancorada em investimentos bilionários, de retorno garantido, que envolve tecnologia sofisticada e matéria-prima escassa no mundo.

O Brasil detém dois dos três vértices desse triângulo. A China tem o capital e a sede de petróleo.

Mudou a condição do jogo.

E o Brasil tem o mando de campo neste caso.

A regulação soberana do pré-sal destina à Petrobrás o monopólio da operação: só ela retira o óleo do fundo do oceano, do qual o país continua sendo o único dono.

Mais que isso.

A Pré-Sal Petróleo S.A vai gerir toda a administração estratégica dos campos do pré-sal.

Terá para isso 50% dos votos no comitê gestor de cada campo.

Caberá ao comitê decidir, por exemplo, o custo equivalente em barris da exploração do petróleo.

Uma vez fixado, define-se a sua contrapartida: o petróleo excedente (ou seja, que excede ao custo de exploração).

É sobre esse “excedente” que incide a parte do governo no volume total extraído dos campos: a “partilha” do pré-sal, que será de 41,5%, no mínimo.

Não por acaso, o piso do leilão desta 2ª feira ( 21/10).

Há, ainda, os royalties, elevados de 10% para 15% na regulação do pré-sal.

A PPSA controlará toda essa contabilidade, com poderes incontestáveis. Em caso de impasse no comitê gestor, ela detém o voto de Minerva.

Cabe-lhe, ademais, o poder de veto sobre decisões que possam ferir o interesse nacional.

Quais decisões?

Por exemplo, controlar o ritmo da exploração; controlar o volume de petróleo exportado; controlar o índice de nacionalização dos equipamentos e encomendas requeridos em cada etapa do processo.

Esse poder dosador dá ao Estado a possibilidade de transformar o ciclo do pré-sal num impulso industrializante de características inéditas na história do desenvolvimento brasileiro.

Quais sejam: altamente planejados em suas metas em encadeamentos; com taxa de retorno plenamente previsível e assegurada e dotados de desdobramentos políticos e sociais soberanamente definidos – caso das transferências do fundo social à educação e à saúde.

A essa singularidade do modelo de partilha vem se agregar agora a parceria de empresas estatais de um país afeito ao planejamento e à disciplina dos planos estratégicos.

Se bem sucedida a parceria, ademais de tonificar a estrutura industrial brasileira, terá repercussões sensíveis no imaginário político e social do país.

O conjunto tem consistência e horizonte para regenerar a combalida imagem do interesse público como planejador e gestor direto do desenvolvimento da Nação.

Até hoje, a insaciável fome chinesa por matérias primas exerceu no Brasil um efeito duplamente regressivo e paradoxal.

Ao projetar uma demanda firme por produtos não manufaturados, desloca o investimento local para atividades primárias.

Com a indiscutível competitividade de sua exportação manufatureira, sufoca a atividade fabril no país.

O conjunto explica em boa parte a cordilheira de obstáculos que o Brasil precisa superar para deflagrar um novo ciclo de desenvolvimento consistente e inclusivo.

Por uma dessas ironias da história, o pré-sal abre a possibilidade de que isso ocorra agora, justamente, através de uma parceria de gigantes estatais do Brasil e da China.

O leilão desta 2ª feira é o pontapé desse jogo histórico.

Nota:O texto acima foi escrito antes do leilão desta 2ª feira. O título foi atualizado após o desfecho do certame, que confirmou o potencial de uma parceria estatal majoritária em Libra, formada das participações da Petrobras (40%) e das empresas chinesas (20%).

O leilão de Libra trouxe ainda uma surpresa que preserva a margem de manobra brasileira no processo de exploração e produção do maior campo de petróleo descoberto no mundo desde 2008.

Duas petroleiras privadas, Shell e Total, arremataram outros 40% do consórcio. Juntas, elas não ameaçam a supremacia estatal sino-brasileira. Mas criam uma margem de manobra que salvaguarda a Petrobras do risco de se tornar refém do poderoso parceiro asiático.

A presença significativa das múltis anglo-holandesa e francesa, ademais, esfarela o jogral conservador, cujos veículos corneteavam, nesta 2ª feira, a urgente revisão do modelo de partilha, por seu "fracasso" em atrair a participação do capital estrangeiro no ciclo do pré-sal.

Como se vê, trata-se de um jornalismo fraco, a serviço de interesses fortes.



As críticas ao leilão do campo de Libra

22 de Outubro de 2013, 6:21, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 22/10/2013


Para entender melhor as críticas ao leilão do campo de Libra.


O que norteou o projeto foi a percepção de que as riquezas do pré-sal se constituíam em um risco ou uma oportunidade para o país.


Risco se o país se deixasse contentar apenas com a receita petrolífera.


A oportunidade consistiria em utilizar o pré-sal para desenvolver a indústria nacional e criar uma competência interna no mercado de águas profundas; e para gerar recursos para áreas centrais de cidadania, como a educação.


***


Para atingir esses objetivos, foram criados diversos mecanismos:


1.O sistema de partilha, pela qual o Estado participará diretamente da receita auferida com a exploração dos poços.

2.A criação de uma empresa à parte, a Pré-Sal Petróleo, para administrar os contratos de partilha e receber a parcela da União, seguindo o modelo norueguês.

3.Percentuais de conteúdo nacional na construção das plataformas.

4.A operação sendo exclusivamente da Petrobras, para garantir o pleno domínio sobre as informações e sobre a produção.

5.A garantia legal de que a maior parte da receita dos campos licitados será aplicada em educação.


***


Esses pontos continuam contemplados nos leilões de campos petrolíferos. As críticas são de outra ordem.


Do mercado, partiram as críticas de que as restrições afastariam os grandes players internacionais, reduzindo a competição e os lances pagos. Para se obter o lance máximo, teria que se abrir mão de todos os princípios originais. Para se manter os princípios originais, teve que se abrir mão de um pagamento maior.


Portanto, foi uma questão de escolha.


Os concorrentes – Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC – juntaram-se em um único consórcio e deram o lance mínimo, oferecendo 41,67% à União. Outros 40% do capital são da Petrobras. Tecnicamente, 81,67% do petróleo extraído ficarão com o país.


***


Houve críticas e interpretações algo desconexas. De um lado julgou-se que a preponderância de empresas chinesas marcaria uma nova postura geopolítica nacional. Falso! As razões foram puramente comerciais.


Na outra ponta, a interpretação de que, sendo empresas estatais, o estado chinês poderia atropelar contratos com o Brasil. Conspiração por conspiração, os Estados Unidos já montaram diversas operações no Oriente Médio para defender suas petrolíferas.


***


Onde está o problema?


A operação será toda da Petrobras. Os sócios entraram apenas com capital. Havia dificuldade da Petrobras se endividar mais, para assumir sozinha a operação. Mas a própria Pré-Sal Petróleo poderia ser capitalizada, entrando como investidora.


Este ano, a União enfrenta restrições fiscais momentâneas. Superadas, a exploração de Libra poderia ter sido exclusivamente da Petrobras.


Serão 35 anos de exploração do campo. Internamente, na Petrobras, admite-se que as reservas poderão ser superiores aos 8 a 12 bilhões de barris anunciados.


Nas últimas três eleições, a Petrobras foi o mais eficaz argumento brandido pelo PT. A ponto de, em 2006, o candidato Geraldo Alckmin ter se fantasiado com camiseta de estatais para deter os boatos de que privatizaria as empresas.


Em 2014, o governo terá que encontrar outro discurso.

 

 

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A Pressão Atrapalhando as Concessões

18 de Outubro de 2013, 5:46, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 18/10/2013

 

Os problemas com a modelagem das concessões devem-se exclusivamente à pressa com que o processo está sendo conduzido.

 

Na logística, não se pode pensar cada projeto individualmente. Determinada ferrovia depende de determinado porto para ser viável; determinada rodovia depende do entroncamento ferroviário; e assim por diante.

 

A modelagem de concessões tornou-se uma balbúrdia, sem definição clara de papéis. Há diversos ministérios e agências reguladoras montando seus próprios projetos isoladamente. A coordenação deveria ser da Casa Civil, mas falta conhecimento técnico e sobra pressa política por lá.

 

***

 

De fato, há pelo menos três personagens centrais trabalhando de olhos na agenda política de 2014 e com um sentido de urgência incompatível com a agenda técnica: a Miinistra-chefe da Casa Civil Gleize Hofmann, candidata ao governo do Paraná; o Ministro dos Transportes César Borges, candidato na Bahia, e  a presidente da República Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

 

***

 

Poderão ser bem sucedidas quatro ou cinco concessões de rodovias que já dispõem de demanda firme.

 

Nas ferrovias, começam os gargalos. O governo decidiu dividir a concessão entre o operador da ferrovia e o operador de transporte. O princípio é bom: permitir o livre trânsito de diversas empresas pelo mesmo caminho. Mas a inovação trouxe diversas dúvidas não equacionadas: se der problema no trilho, quem é o responsável, quem faz a manutenção ou quem carregou demais no vagão?

 

Para minimizar a incerteza em relação à carga transportada, o governo decidiu que a estatal Valec irá adquirir parte relevante da carga e revender a terceiros. Mas não há confiança na capacidade financeira e legal da companhia de bancar a compra.

***

Anos atrás foi montado um documento central, o PNLD em cima de 1.200 projetos existentes. O planejamento correto seria avaliar todos os fluxos de cargas existentes, estimar o custo atual de transporte, depois comparar com os projetos em estudo para definir os prioritários, aqueles que significassem maior redução de custo. Não foi feito.

 

A estimativa de fluxo de determinada obra depende da maneira como serão planejadas obras interligadas. Quando não se tem clareza sobre o conjunto das obras, cada obra individualmente sai prejudicada.

 

***

 

A pressa tem produzido ruídos consideráveis. Cada problema levantado pelo setor privado é resolvido de afogadilho, sem pensar nas consequências.

 

O governo estava em negociação com as empresas quando foi lançado o edital do entroncamento de Açailândia. Os empresários questionaram a velocidade média exigida, de 80 km/hora. Antes de discutir, Casa Civil e Transportes dispararam na frente, atropelando acordos e querendo redução da velocidade para 60 km/h - voltando aos padrões ferroviários do século 19.

 

A esperança do setor é a EPL (Empresa de Planejamento e Logística) montar essa integração, restaurando as funções do extinto GEIPOT. Foram feitas contratações, estão sendo montadas equipes, encomendados trabalhos externos para definir as novas metodologias. Mas só estará operando para valer a partir do ano que vem.

 

Por isso mesmo, as expectativas do setor são para daqui a três anos, não agora.

 

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