Com mais de 80 anos, o ex-Ministro Antonio Delfim Neto continua exibindo uma vitalidade intelectual surpreendente. No seu escritório, em São Paulo, passam de empresários a autoridades econômicas, atrás de seus conselhos.
O acúmulo de experiências, da Faculdade de Economia e Administração da USP aos mais altos cargos da República, conferiram a Delfim uma formação única no universo econômico brasileiro. Junta um conhecimento profundo da teoria e história econômica, dos humores dos empresários, das restrições e possibilidades da política, dos fatores que podem impulsionar ou derrubar o desenvolvimento.
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Acredita que o PIB deste ano não deverá ficar longe dos 2%. E debita o esmorecimento principalmente ao desastre da agricultura, impossível de prever antecipadamente.
Mas acredita que, graças ao conjunto de medidas tomadas pelo governo, no último trimestre do ano a economia poderá estar correndo a 4% de crescimento sobre o último trimestre do ano passado. Depois, é manter a mesma velocidade.
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Delfim acredita que 4% de crescimento, hoje em dia, correspondem aos 7% de média de crescimento que o país ostentou por três décadas, antes da grande crise dos anos 70. Na época o crescimento populacional era muito maior. Com a população tendendo a se estabilizar, manter 4%, 4,5% de crescimento ao ano será mais que suficiente, diz ele.
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O grande desafio do país é impedir a desindustrialização.
Foram três décadas de política cambial desfavorável, carga tributária crescente, custos de energia em alta, em que o primado do desenvolvimento foi colocado de lado.
Agora, é correr atrás do prejuízo, em um quadro de profundas mudanças internacionais Acabou a época das cadeias produtivas verticalizadas - montadora e fornecedores instalados em locais próximos. Cada vez mais, o modelo industrial terá que se adaptar ao novo quadro, em que empresas dependerão das importações para poderem exportar.
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Ocorre que a perda de dinamismo das exportações brasileiras tornou-se um obstáculo enorme. No seu tempo de czar da economia, procedeu-se a uma desvalorização cambial e, em seguida, a uma regra cambial absolutamente previsível - mini-reajustes semanais equivalentes à diferença entre a inflação brasileira e a norte-americana.
Foi esse binômio - câmbio depreciado e estável - que permitiu, em poucos anos, o planejamento e a explosão das exportações brasileiras, que saltaram de US$ 1 bi para US$ 6 bi ano, deixando de depender definitivamente das vendas de café.
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Delfim julga que, depois do longo período sem foco no desenvolvimento, o país acordou definitivamente para o tema. O desafio consistirá em persistir no caminho.
O desenvolvimento passa por uma taxa de câmbio favorável e uma taxa de juros que não pode ser muito superior a 2% ao ano, diz ele.
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O médio prazo está garantido pelo pré-sal, que elimina as duas restrições históricas ao desenvolvimento brasileiro: energia (petróleo importado) e contas externas.
Mas há que se cuidar para não transformar o país em uma economia cartelizada. Para isso, é fundamental uma revisão do papel do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
IGP-DI termina junho em alta de 0,69%
A inflação mensurada pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) atingiu 0,69% em junho, abaixo dos 0,91% de maio. A taxa acumulada em 12 meses é 5,66%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). No período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ficou em 0,89%, ante 0,91% em maio, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) passou de 0,52% em maio para 0,11% em junho. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também perdeu força, ao passar de 1,88% para 0,73%.
Aumentam pedidos de falência no semestre
O primeiro semestre de 2012 registrou 975 pedidos de falências em todo o país, segundo a consultoria Serasa Experian. Em igual período do ano anterior, o levantamento havia registrado 877 requerimentos. Dentre os 975 pedidos de falências efetuados de janeiro a junho de 2012, 529 foram de micro e pequenas empresas, 286 de médias e 160 de grandes. Diversos fatores afetaram o resultado, como a maior percepção do risco na economia e o minguante crédito externo, como consequências da crise europeia.
País está começando novo ciclo de expansão
O país está iniciando um novo ciclo de crescimento, semelhante ao de 2010, na visão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em evento realizado em São Paulo, o ministro afirmou que o cenário se tornou propício à expansão econômica devido a “mais importante reforma estrutural feita nos últimos anos e cujos efeitos ainda serão sentidos em sua plenitude”. De acordo com Mantega, o país desfruta de um novo equilíbrio macroeconômico, e a queda dos juros incentiva os investimentos e o empreendedorismo.
IBGE reduz estimativa para safra de grãos
A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas indica uma produção de 160,7 milhões de toneladas, superando em 0,4% a safra recorde obtida em 2011 (160,1 milhões de toneladas), e 0,3% maior que a estimativa de maio (160,3 milhões de toneladas), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a área a ser colhida em 2012 chega a 49,4 milhões de hectares, e apresenta acréscimo de 1,6% frente à área colhida em 2011, mas é 0,9% menor que a estimada no mês anterior.
Indústria reduz uso da capacidade instalada em maio
A indústria registrou em maio um total de 80,7% na utilização da capacidade instalada (UCI), descontados os fatores sazonais, uma redução de 0,3 ponto percentual frente ao registrado em abril. Segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), este é o menor nível da UCI desde setembro de 2009. Com exceção do emprego, que permaneceu praticamente estável, os demais indicadores registraram declínio em maio sobre abril, confirmando que a atividade industrial continua enfraquecida.
Poupança capta R$ 5,1 bilhões em junho
Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 5,115 bilhões no mês de junho, segundo o Banco Central. Esse foi o segundo melhor resultado para os meses de junho da série do BC iniciada em 1995. Ao longo do período, os depósitos somaram R$ 98,845 bilhões, e as retiradas chegaram a R$ 93,729 bilhões. Os rendimentos creditados somaram R$ 2,203 bilhões, e o saldo total ficou em R$ 449,040 bilhões. Em maio, a captação líquida foi de R$ 6,262 bilhões.