Debate sobre democratização da mídia reabre encontro de blogueiros nesta manhã
13 de Junho de 2015, 11:58Palmério Dória, Beto Almeida e Renata Mielli apresentam elementos sobre a necessidade de democratização dos meios de comunicação
Na manhã desta sábado, 13 de junho, teve início a 2ª mesa, sobre Democratização dos Meios de Comunicação, durante o 3º Encontro de blogeiros e ativistas digitais do Paraná (#3ParanáBlogs), que está sendo realizado na sede da APP Sindicato, em Curitiba.
Renata Mielli é jornalista e Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Diretora do Barão de Itararé. Ela iniciou os debates contextualizando que a luta pela democratização da mídia não é de agora. “Em vários momentos da história desse país é uma pauta fundamental dos movimentos democráticos da nossa sociedade”.
Ela também explicou que a Constituição Federal diz que a comunicação não pode ser objeto de monopólio e oligopólio, mas não diz como vedar, uma distorção que reflete na situação atual, em que temos a radiodifusão totalmente concentrada em seis ou sete famílias que detém grande parte das emissoras de rádio e TV. “São grupos econômicos familiares que pertencem ao mesmo setor econômico e político”.
Para Renata Mielli, com o passar dos anos, a existência de dois projetos antagônicos ao país foi ficando mais evidente e esse é mais um motivo para a ampliação da discussão da democratização da comunicação. “A elevação do tom agressivo desses meios de comunicação contra os governos Lula e Dilma, com pautas que vão contra os interesses do Brasil, sabotam o próprio crescimento e desenvolvimento do país”, finaliza.
Beto Almeida, diretor da Telesur e do jornal Brasil de Fato, falou sobre o andamento das discussões, pelo governo federal, da Democratização dos Meios de Comunicação. Para ele, “os governos criaram a sua própria armadilha, caíram e estão paralisados nela”, citando a realização de grandes debates nacionais sobre o tema, incluindo a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). “As resoluções dos debates saíram da conferência sobre mídia direto para a gaveta do ministro Paulo Bernardo”, diz.
Ele também falou da prática do governo federal em publicar anúncios na imprensa. “No Brasil é praticamente proibida a leitura de jornais e revistas. O número vai diminuindo a cada dia que passa por perda de credibilidade. Há queda e falsificação de tiragem para receber dinheiro público do próprio governo, que paga para apanhar”.
Beto Almeida acredita que o Brasil tem alternativas para a mídia.”A Venezuela fortaleceu a mídia pública. Isto está previsto na Constituição brasileira. É preciso que o governo assuma esta tarefa, com fortalecimento das TVs educativas e das rádios comunitárias”.
Palmério Dória, jornalista e autor do livro “O Príncipe da Privataria”, rebateu as bandeiras levantadas de que o governo pode agilizar a democratização das mídias. “Não devemos esperar que o governo tome as devidas providências. Eles não vão tomar. O governo não vai fazer nada”.
O jornalista usou muito o termo golpe para referir-se às estratégias de mídia e divulgação de informação dos grandes meios de comunicação. “O golpe está acontecendo todos os dias, no parlamento, no judiciário. O último grande golpe aconteceu aqui no Paraná, que foi a (divulgação da suposta) morte do Youssef”. Para ele, somos todos cúmplices desse golpe. “Nós vivemos um golpe todos os dias. É só abrir os jornais que o golpe está armado. Nós compartilhamos esses jornais, somos cúmplices deles”.
A mesa foi coordenada por Camilla Hoshino, estudante de jornalismo, Frentex-PR e Levante Popular, que também colabora para o Terra Sem Males.
O Encontro de blogueiros continua nesta manhã com uma oficina sobre judicialização de blogueiros. Na parte da tarde, outras duas mesas de debates serão realizadas. Acesse aqui a programação completa.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Tempo Real: Confira a abertura do #3ParanáBlogs
12 de Junho de 2015, 22:18Confira trechos das palestras de abertura da 1ª mesa do 3º Encontro de blogueiros e ativistas digitais do Paraná, com Roberto Requião, Tadeu Veneri e Ualid Rabah, na noite desta sexta-feira, 12 de junho.
Por Paula Zarth Padilha e Joka Madruga
Terra Sem Males
Encontro de blogueiros começa com debate sobre ofensiva conservadora
12 de Junho de 2015, 22:07Ualid Rabah, Roberto Requião e Tadeu Veneri falaram sobre cenário atual
Na noite desta sexta-feira, 12 de junho, a Associação de Blogueiros e Ativistas Digitais do Paraná deu início ao 3º Encontro de Blogueiros #3ParanáBlogs. O assunto da 1ª mesa, sobre a ofensiva conservadora e o massacre no Paraná, foi abordado nos cenários estadual, nacional e internacional.
Ualid Rabah, diretor de relações institucionais da Federação Árabe Palestina do Brasil, iniciou relacionando o avanço conversador no mundo com a guerra do petróleo, como ocorreu nas eleições presidenciais de 2014. “A grandiosa ofensiva conservadora começou nas eleições presidenciais de 2014 para tomar a maior reserva energética não renovável. O ataque à Petrobrás foi decisivo para o avanço conservador”.
Ualid Rabah, diretor de relações institucionais da Federação Palestina do Brasil. Foto: Joka Madruga
Rabah citou as regiões onde existem reservas petrolíferas, como Venezuela e demais países da América Latina, Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio, e Rússia. Ele citou uma coincidência: “Estados Unidos e Europa são os que mais compram petróleo e os que mais vendem armas”.
O deputado estadual Tadeu Veneri iniciou relatando que o avanço conservador no Paraná começou no mesmo momento que Bandeirantes vieram ao Estado para levar índios e negros como mercadoria. “A construção do nosso estado é um pouco isso, poucos avanços de liberdade num grande período de conservadorismo”.
Falando sobre o cenário atual, Veneri defendeu a importância da ação do dia 12 de fevereiro, quando a Assembleia Legislativa foi ocupada pelos professores em greve, que impediram a votação das mudanças na aposentadoria da categoria, tanto quanto da data do massacre, em 29 de abril. Ele chama os dois cenários de ação e reação, respectivamente.
Veneri acredita que não foi construído no Paraná um cenário de oposição e que o governo Richa é um espaço de construção conservadora. “As políticas do Paraná não são diferentes das construídas em São Paulo e Minas Gerais. Richa está mais para garoto propaganda do governo do que para governante”, afirma o deputado.
O senador Roberto Requião defendeu que o ativismo digital deve partir para a propaganda. “Precisamos de blogueiros como intelectuais orgânicos. Temos que identificar a situação que estamos vivendo”. Requião leu um texto sobre como ele acredita que devem atuar os blogueiros e ativistas digitais, com o intuito de provocar uma reflexão mais profunda aos progressistas.
Após as exposições, na abertura das intervenções e debates, o público entoou “Fora Beto Richa”.
A primeira mesa foi coordenada pelos advogados e ativistas digitais do Paraná Blogs Tânia Mandarino e Tarso Cabral Violin.
O Encontro de Blogueiros continua nesta sábado, 13 de junho, na sede da APP Sindicato, em Curitiba, a partir das 9h30.
Acesse aqui a programação completa.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Para especialistas, consequências da terceirização vão além da perda de direitos e atingem diretamente a dignidade humana
12 de Junho de 2015, 15:46As análises fizeram parte do debate “Direito do Trabalho e a Terceirização: Para Além do PL 4.330/04. Foto: Gibran Mendes.
Na noite desta quinta-feira (11) juristas debateram a terceirização, sua origem e consequência por aproximadamente quatro horas. Os especialistas foram unânimes em apontar que este modelo de contratação é exclusivamente um mecanismo de ampliar lucros e precarizar as relações de trabalho. As análises fizeram parte do debate “Direito do Trabalho e a Terceirização: Para Além do PL 4.330/04.
A juíza do Trabalho do Rio Grande do Sul, Valdete Souto Severo, reforçou a importância da discussão deste modelo de contratação de forma separada do Projeto de Lei 4.330/2004 que agora tramita no senado como PLC 30/2015. De acordo com ela, não é possível discutir este modelo de contratação a partir da ótica da regulação ou da redução de danos.
A magistrada avalia que não há ordenamento jurídico no Brasil que dê sustentação para este tipo de prática, nem mesmo a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho que regula a terceirização nas atividades-meio. De acordo com ela, tanto a Constituição Federal quanto a CLT falam em emprego e nas relações diretas, sem intermediários, que neste caso além de garantir a ampliação dos lucros e rentabilidade às empresas, também tem outro efeito como reflexo. “O objetivo é reduzir custos, mas não é só este. A terceirização também distancia o empregado do empregador que não precisa mais controlar as condições do ambiente de trabalho, não precisa se preocupar com a quantidade de horas trabalhadas e nem sequer precisa enxergar esse sujeito. O pior efeito é a invisibilidade que provoca que nos trabalhadores terceirizados”, alerta Valdete.
Para o magistrado do Trabalho no Distrito Federal e ex-presidente da Anamatra, Grijalbo Coutinho, a terceirização é uma fraude sociológica e jurídica que tem origem como uma forma de minimizar as crises do capitalismo. O modelo de contratação, segundo ele, atinge diretamente os direitos humanos que não são apenas reconhecidos pelo Estado, mas sim, são produtos culturais oriundos de luta e que existem independemente do ordenamento jurídico.
Setores de produção, como a área têxtil, estão recheados de exemplos dos malefícios da terceirização. O magistrado recordou o desabamento de um prédio, em Bangladesh, onde morreram milhares de trabalhadores terceirizados que viviam em condições degradantes. “É o reflexo da ganância. E o que as empresas disseram? Que estavam chocadas com o fato e que não sabiam de nada, afinal, os trabalhadores eram terceirizados”, pontuou.
O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 9ª Região (Amatra IX), José Aparecido dos Santos, ressaltou o aspecto de consumo que está intrínseco na terceirização. De acordo com ele, o principal argumento do setor produtivo é que uma vez autorizado, este modelo de contratação reduzirá custos, aumentará o consumo e ampliará a atividade econômica. Neste caso, isso representa a compra de bens que trazem felicidade momentânea e que em seguida deverão ser substituído pro outros. “Tudo ao mesmo tempo é vendável e descartável”, avalia o magistrado.
Para ele, a ideia do empreendedorismo que está sendo aliada à terceirização trará, além da perda de direitos, a consequência da ampliação do individualismo na sociedade. “O maior impacto que isso terá é sobre a própria noção de profissão e a noção de categoria, de sindicato, de atividade. Transforma a todos como indivíduos proprietários de si mesmo. O individualismo se acentua a tal grau que com certeza transformará grupos de trabalhadores em meras ficções, prejudicando a solidariedade e a luta social porque isso passa a ser problema de cada um”, lamenta.
O advogado e professor universitário, Ricardo Nunes Mendonça, questionou o ordenamento jurídico em outras áreas do direito que não a da Justiça do trabalho. “A liberdade de contratar encontra limites internos, não só nos direitos fundamentais dos trabalhadores, mas também em outras áreas do direito, como por exemplo, a garantia ao meio ambiente de trabalho. Não encontra também na função social do contrato e da empresa?”, questiona.
Ainda de acordo com Mendonça, os discursos em torno da terceirização vão mudando e se adaptando conforme a conveniência dos empresários. “Na década de 90 falava-se em especialização, coisa que nunca houve, o problema sempre foi o custo. Assim foi nos EUA e assim é na realidade europeia. Precisamos nos concentrar no que realmente importa, que é atividade nuclear da empresa, diziam. Atualmente, com terceirização desmesurada, as empresas sequer precisarãi empregar. Ou seja: qual a sua finalidade social? O lucro pelo lucro? Certamente não há espaço constitucional para isso”, afirmou.
A professora da UFPR, Aldacy Rachid Coutinho, fez uma crítica aos próprios operadores do direito. De acordo com ela, o lado positivo do PL 4.330 é fato de ter unido novamente diversos setores em busca de um objetivo em comum. “Quem sabe poderemos a partir de agora conseguimos nos unir, todos os atores sociais, em torno de uma pauta comum de defesa da classe trabalhadora. A defesa do direito do trabalho de reiteração daqueles fundamentos da sua própria constituição”, afirmou.
Para ela, o Brasil hoje tem um déficit de constitucionalidade e, inclusive, uma dificuldade para efetivar uma república já que preceitos constitucionais frequentemente são desrespeitados. Esta análise da professora parte do ponto de vista do desrespeito aos direitos fundamentais expressos na constituição com a precarização do trabalho como reflexo da terceirização. “Estamos olhando a transformação do estado em um estado mínimo, afinal essa proposta nada mais é do que o resultado desta ideologia neoliberal que foi aceita pela sociedade brasileira. É a retirada do estado, só que vamos pagar um preço por isso e será caro de mais”, avisa.
Este preço será a redução de políticas sociais previstas em um estado de bem estar social, até mesmo porque, segundo ela, a terceirização diminuirá a arrecadação de impostos. Esta redução ocorrerá com a “pejotização” dos trabalhadores. “Vai diminuir a arrecadação da previdência social e o aporte de tributos para um estado que se pretende cumpridor das normas constitucionais”, completou.
O professor do UniBrasil e magistrado do Trabalho, Leonardo Wandelli, expressou a sua análise sobre a importância do trabalho como um mecanismo de desenvolvimento pessoal e social. Nesta perspectiva ele não pode ser algo que fragilize o trabalho pois, consequentemente, precarizará também a vida do sujeito.
“Trabalho não é só o ganha pão, ele é mais do que isso. Ele é uma mediação fundamental para realização de necessidades humanas insuperáveis, isso significa pensar que é por meio da atividade de trabalho, da organização do trabalho, como conjunto de atividades e relações que se produz um bem absolutamente essencial como desenvolvimento da personalidade, construção da identidade, a formação de vínculos de solidariedade”, exemplifica.
De acordo com ele, a rotina de trabalho contemporânea faz com que as pessoas dediquem boa parte da sua vida ao trabalho. Neste caso, se estes aspectos não forem desenvolvidos em seus ambientes laborais eles dificilmente serão instigados em outro local. “Se entendemos que o trabalho é necessário para as pessoas, bom vamos ter que falar sério dessa história de dignidade humana”, argumentou Wandelli.
O debate foi promovido pelo Instituto Declatra, do UniBrasil, do Grupo de Pesquisa”Trabalho e Regulaçãono Estado Constitucional” (GPTREC) e da Rede Nacional de Pesquisas e Estudos em Direito do Trabalhoe da Seguridade Social (Renapdts).
Por Gibran Mendes
Declatra
Ratos no bagageiro
12 de Junho de 2015, 15:15No meio da multidão encontrei o Alfredo. Foi um alívio porque eu precisava mesmo de alguém para me traduzir o que significava aquele tumulto em meio àquela manifestação. No começo ele foi lacônico, como sempre, num misto de transe e certa euforia visível:
- Temos que impedir os Ratos de voltarem para a Assembleia. Eles querem decidir tudo sem nós!
Logo ele olhava para o lado, coordenava o bloqueio da entrada do que um dia foi a chamada casa do povo. Falava com várias pessoas, lançava palavras de ordem no megafone rouco.
Ter entrado em férias no começo do ano havia sido uma péssima decisão. Tudo aconteceu e mudou sem a minha presença.
Eram centenas de pessoas naquela entrada e nas várias outras. Agora, eu estava pasmo com a cena: em frente ao tribunal de contas, magistrados centenários de ternos polidos e rostos de cera, pingando no calor daquela tarde, eram obrigados a frear suas caminhonetes último modelo e abrir os bagageiros para que a multidão vasculhasse lá dentro. Não adiantava qualquer carteiraço que tentassem desferir. A multidão desviava e revirava o porta-malas.
- Alf, vocês estão loucos? Os Ratos não iam se esconder aí dentro.
Alfredo não falou muito. Depois de dois carros vazios, o terceiro automóvel continha sinais. Ele apenas exibiu, com ar de razão, um tufo de pêlos. Passados mais dois carros, encontramos um pedaço de cauda, balançado por ele como um troféu.
- Vai que é do presidente da casa. Está vendo? Eles estiveram por aqui e vão tentar entrar. Os roedores são ágeis.
Na confusão, eu havia desistido também de tentar entender como os policiais com quem houve vários confrontos nos últimos anos agora faziam o serviço para a gente, obstruíam aquelas mercedes último modelo. Àquela altura, num instinto coletivo, estávamos todos caçando roedores, por preservação de nossa espécie e sobrevivência. Não havia muita diferença naquele instante: éramos nós contra os Ratos. Nós nunca decidiríamos nada dentro da tal da casa do povo. Mas naquele momento ninguém estava disposto a deixar os Ratos fazer o que bem entendessem.
Mas os Ratos deram sinais. E, diga-se, possuem um senso de sobrevivência maior que o nosso. São bons jogadores. Alfredo teve que ter muita firmeza na sua liderança para dispersar as informações falsas de que os Ratos haviam invadido na verdade o canal da música, a universidade federal do paraná e o teatro guaíra.
- Nada disso, eles vão querer entrar aqui, na Assembleia.
Ficamos naquela entrada ainda por um bom tempo. Achamos de tudo, cartuchos de balas, achamos boletos, achamos mandatos de morte para jornalistas.
Mas tudo estava mudando em segundos e Alfedo, na excitação do momento, custou a acreditar. Já havia uns vinte minutos que o cenário havia mudado e já não havia sentido em buscar mais os Ratos na bagagem. A informação chegou de um companheiro de fonte firme: Alfredo foi puxado para um canto. Irritado, chegou a desferir um pequeno tapa no capô brilhante do magistrado.
- O que aconteceu?
- Eles entraram. Do outro lado da assembleia. Vamos correr pra lá porque está rolando enfrentamento com a polícia.
- Mas a polícia não estava nos ajudando? As entradas não estavam bloqueadas? Como os Ratos entraram?
Antes de se dispersar com o seu grupo, Alfredo viu minha cara de pasmo, deu um tapa nos ombros e me confortou:
- Cavaram um buraco por baixo da cerca e se enfiaram ali dentro.
- Os Ratos cavaram?
- Esse é o problema e o difícil da coisa. Já não eram ratos. Os que entraram na casa do povo já tinham virado texugos. Esses bichos costumam ser mutantes.
- Verdade. Às vezes também são animais de manada.
Alf não riu. Apenas correu. Na direção do horizonte já contaminado pelo gás e fumaça.
- Mas lá dentro novamente se tornam invertebrados.
Por Pedro Carrano
Crônicas de Sexta
Terra Sem Males
Tempo real: Audiência Pública do CNDH sobre o massacre do dia 29 de abril
12 de Junho de 2015, 13:44O repórter fotográfico Joka Madruga acompanhou, nesta sexta-feira, 12 de junho, a audiência pública promovida em Curitiba pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos sobre o massacre do dia 29 de abril e publicou atualizações em tempo real na fanpage do Terra Sem Males facebook.com/terrasemmales.
Confira as fotos e depoimentos publicados:
Governo do Estado reapresentará projeto de reajuste dos servidores
12 de Junho de 2015, 13:32Proposta anterior possuía artigo que reajustava salários abaixo dos 3,45%
Deputado estadual Tadeu Veneri descobriu que redação do projeto de lei prejudicava trabalhadores de diversas categorias. Foto: Joka Madruga
O governo do estado terá que reencaminhar o projeto que trata da data-base dos servidores. A troca do projeto ocorre depois que a oposição encontrou artigo que limitava o percentual de 3,45%. Na prática, diversas carreiras que tem remuneração com gratificações e progressões ficariam com reajustes abaixo dos demais. Para o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli, houve apenas um equívoco.
O projeto de reajuste dos servidores estaduais foi encaminhado à Assembleia Legislativa após a interrupção da greve dos professores. O texto prevê reajuste de 3,45% para todos os servidores em outubro de 2015. Contudo, o deputado Tadeu Veneri descobriu um artigo que reduz ainda mais esse índice. Na redação do artigo 4º, ficam prejudicados todos os trabalhadores que recebem a maior parte dos vencimentos em gratificações, como os agentes penitenciários, trabalhadores da saúde, funcionários da Adapar, Emater, Iapar, engenheiros e arquitetos, agentes de segurança interno, bailarinos e músicos, entre outros trabalhadores.
Para o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli, houve apenas erro de redação que deve ser sanado. Mas não mais neste projeto. O governo terá que apresentar um novo sem essa redação. Para a APP Sindicato, o problema deve ser contornado: “O FES (Fórum das Entidades Sindicais) está empenhado na solução desse novo problema, conversando com seus respectivos secretários e Chefe da Casa Civil”, registra.
8,17%
A apresentação do novo projeto, assim como o antigo, pode conter emendas que elevem o reajuste para 8,17%, como pediam os professores. O deputado Requião Filho está disposto a incluir o percentual no projeto. Requião é autor de pedido de informações em que cobra transparência do governo do estado com relação à capacidade de reajustar o salário dos servidores conforme a inflação.
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
PT entra com Adin contra confisco do ParanáPrevidência
11 de Junho de 2015, 15:08O Partido dos Trabalhadores (PT) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5330) contra o artigo 2º, inciso II, da Lei 18.469/2015, do Estado do Paraná, que alterou norma sobre as regras para concessão de benefícios pelo Fundo de Previdência estadual, o Paranaprevidência. A ADI será relata pelo ministro Celso de Mello.
Para o partido, a lei aprovada em 29 de abril, sob protestos dos servidores estaduais, traz desiquilíbrio financeiro à Previdência. Há prejuízo “na ideia do princípio da contributividade para todos os regimes previdenciários em nosso país, seja do regime geral, seja dos regimes próprios de previdência complementar”.
O PT ainda questiona a manobra na contribuição: “Tal medida transfere mais de 33,5 mil servidores, aposentados ou pensionistas e que antes eram remunerados pelo fundo financeiro, para o fundo previdenciário”, afirma.
O impacto mensal no fundo será de aproximadamente R$ 142,2 milhões, retroativos até janeiro, o que caracteriza uma situação de exponencial descapitalização. Após a aprovação da lei, o Governo do Estado já retirou R$ 483 milhões, o TJ R$ 23 milhões, MP R$ 10,9 milhões, o Tribunal de Contas R$ 9,7 milhões e por fim a Alepr R$ 669,3 mil.
Por Manolo Ramires
Terra Sem Males
Encontro de blogueiros quer a comunicação popular com inclusão
11 de Junho de 2015, 14:09Tania Mandarino, advogada e blogueira que luta pela democratização da comunicação. Foto: Joka Madruga
Nesta sexta e sábado, dias 12 e 13 de junho, será realizado o 3º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais do Paraná – #3ParanáBlogs – que, neste ano, dará destaque à inclusão do pessoal de periferia pela comunicação popular.
“Queremos essa marca para o Paraná Blogs e por isso destacamos a presença do rapper ativista GOG, numa mesa de debates muito especial de sábado”, define Tânia Mandarino, diretora jurídica da Associação ParanáBlogs e uma das organizadoras do evento. “A programação do evento reflete o desejo do Paraná Blogs em estabelecer a comunicação popular com a inclusão do pessoal da periferia”, destaca.
Confira a programação completa:
12 de junho de 2015 (sexta-feira)
17h – Início da entrega de credenciais
18h - Abertura do #3ParanáBlogs
Autoridades e dirigentes de movimentos sociais e entidades amigas da blogoosfera paranaense
Presidência da abertura:
Tarso Cabral Violin (advogado, Presidente da Associação ParanáBlogs, autor do Blog do Tarso)
19h – 1ª Mesa: A ofensiva conservadora e o Massacre do Paraná
Presidência da Mesa: Tania Mandarino (advogada, Diretora Jurídica da Associação ParanáBlogs, Blog O Charuto)
A ofensiva conservadora no Brasil
Roberto Requião (Senador da República pelo PMDB, ex-governador do Paraná)
O Massacre de Curitiba
Tadeu Veneri (Deputado Estadual pelo PT-PR)
A ofensiva conservadora internacional
Ualid Rabah (diretor de Relações Institucionais da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil)
13 de junho de 2015 (sábado)
9h30 – 2ª Mesa: Democratização dos Meios de Comunicação
Presidência da Mesa: Camilla Hoshino (estudante de jornalismo, Frentex-PR e Levante Popular)
Renata Mielli (jornalista, Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC e Diretora do Barão de Itararé)
Palmério Dória (jornalista e escritor, autor do livro O Príncipe da Privataria)
Beto Almeida (jornalista, diretor da Telesur, presidente da TV Cidade Livre, Brasil de Fato e TV Senado)
11h30 – Oficina Especial da ARTIGO 19: “Fui processado. O que eu faço?”
Presidência de Mesa: Luiz Skora (Blog Polaco Doido)
Camila Marques (advogada formada pela PUC-SP, coordena o Centro de Referência Legal em Liberdade de Expressão e Acesso à Informação da ARTIGO 19)
Karina Quintanilha (advogada formada pela PUC-SP, do Centro de Referência Legal em Liberdade de Expressão e Acesso à Informação da ARTIGO 19)
13h – Intervalo para almoço
14h – 3ª Mesa: Comunicação e o Massacre do Centro Cívico
Presidência de Mesa: Meg (Presidenta da Associação ParanáBlogs, Blog da Meg)
Apresentação do documentário do coletivo Lente Quente “Massacre 29 de abril”
Walkíria Olegário Mazeto (Secretária Educacional da APP-Sindicato e membro do Comitê 29 de Abril)
Marcio Kieller – Vice-Presidente da CUT-PR
Serão homenageadas algumas vítimas do Massacre de Curitiba: Angela Alves Machado, Rafaelin Poli, Ícaro Grassi, Taciane Grassi, Luiz Carlos de Jesus, Elaine Antunes, Cláudio Franco, Affonso Cardoso, Eyrimar Fabiano, Douglas Rezende, os doze manifestantes presos, entre outros.
16h00 – 4ª Mesa: Novas estratégias de comunicação e a periferia no Brasil
Presidência de Mesa: Manoel J. de Souza Neto – Museu do Som Independente
GOG (o poeta do rap nacional)
Preto Zezé das Quadras (Presidente da Central Única das Favelas – CUFA Brasil)
Debatedor: Vato (rapper e ativista digital)
18h – Aprovação da Carta do 3º ParanáBlogs
19h – Palestra lítero-musical
GOG (o poeta do rap nacional)
Clica 4.1.3 (rap)
21h – Festa de Encerramento - Com todos os participantes do evento na calçada da fama
Para fazer sua inscrição, acesse aqui.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Crônica: O dedo na ferida
11 de Junho de 2015, 0:09A minha crônica utilizará esta imagem. É um quadro de Caravaggio. Chama-se “A incredulidade de São Tomé”. Uma pintura do século XVI (1599). Portanto, antes do Iluminismo. A representação é forte e questiona a Igreja, extremamente poderoso e obscura. É um realismo muito intenso.
Uso esta pintura de exemplo para comparar ao personagem crucificado na Parada da Diversidade, em São Paulo. Ambas de um realismo perturbador. E esse é um dos papéis da arte. Chocar. Provocar o debate. Tirar a sociedade da zona de conforto. A representação do travesti crucificado no lugar de Jesus é brilhante. Ainda mais porque é arte viva. É carne, osso e silicone. Traz em si também o grande debate que permeia nossos tempos.
Personagens religiosos cada vez mais caricatos e preconceituosos. Tal qual os carolas do século XVI. “Pensadores” cada vez mais preocupados em fazer a faxina social do que promover a solidariedade. Do outro lado, assim como foram os cientistas, os burgueses, aqueles que não pertenciam e questionavam o clérigo, são atualmente os homossexuais perseguidos, agredidos.
São esses os escolhidos como personagens a serem excluídos da nossa convivência, como um dia foram as mulheres, como um dia foram os índios, como um dia foram os índios. Por isso, a crucificação é tão reveladora. Porque desnuda. Revela na medida em que a representação é combatida com ódio e insulto e não com compreensão.
O movimento colocou o dedo na ferida. Colocou o dedo no âmago da sociedade que pode optar por queimar ou por perdoar o que sequer precisa ser perdoado, apenas aceito.
Por Manoel Ramires
Crônicas Curitibanas