“Eric Hobsbawm: Um dos Maiores Intelectuais do Século XX”
9 de Outubro de 2012, 21:00 - 2 comentários
Eric Hobsbawn (1917-2012)
Resposta da Associação Nacional de História (ANPUH) à tosca, medíocre e desqualificada crítica da ‘veja’ a Hobsbawm
Na última segunda-feira, dia 1 de outubro, faleceu o historiador inglês Eric Hobsbawm. Intelectual marxista, foi responsável por vasta obra a respeito da formação do capitalismo, do nascimento da classe operária, das culturas do mundo contemporâneo, bem como das perspectivas para o pensamento de esquerda no século XXI.
Hobsbawm, com uma obra dotada de rigor, criatividade e profundo conhecimento empírico dos temas que tratava, formou gerações de intelectuais. Ao lado de E. P. Thompson e Christopher Hill liderou a geração de historiadores marxistas ingleses que superaram o doutrinarismo e a ortodoxia dominantes quando do apogeu do stalinismo.
Deu voz aos homens e mulheres que sequer sabiam escrever. Que sequer imaginavam que, em suas greves, motins ou mesmo festas que organizavam, estavam a fazer História.
Entendeu assim, o cotidiano e as estratégias de vida daqueles milhares que viveram as agruras do desenvolvimento capitalista.
Mas Hobsbawm não foi apenas um “acadêmico”, no sentido de reduzir sua ação aos limites da sala de aula ou da pesquisa documental. Fiel à tradição do “intelectual” como divulgador de opiniões, desde Émile Zola, Hobsbawm defendeu teses, assinou manifestos e escolheu um lado.
Empenhou-se desta forma por um mundo que considerava mais justo, mais democrático e mais humano.
Claro está que, autor de obra tão diversa, nem sempre se concordará com suas afirmações, suas teses ou perspectivas de futuro. Esse é o desiderato de todo homem formulador de ideias.
Como disse Hegel, a importância de um homem deve ser medida pela importância por ele adquirida no tempo em que viveu. E não há duvidas que, eivado de contradições, Hobsbawm é um dos homens mais importantes do século XX.
Eis que, no entanto, a revista ‘veja’ reduz o historiador à condição de “idiota moral” (cf. o texto “A imperdoável cegueira ideológica da Hobsbawm”, publicado na revista ‘veja’).
Trata-se de um julgamento barato e despropositado a respeito de um dos maiores intelectuais do século XX. A revista desconsidera a contradição que é inerente aos homens. E se esquece do compromisso de Hobsbawm com a democracia, inclusive quando da queda dos regimes soviéticos, de sua preocupação com a paz e com o pluralismo.
A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) repudia veementemente o tratamento desrespeitoso, irresponsável e, sim, ideológico, deste cada vez mais desacreditado veículo de informação.
O tratamento desrespeitoso é dado logo no início do texto “historiador esquerdista”, dito de forma pejorativa e completamente destituído de conteúdo. E é assim em toda a “análise” acerca do falecido historiador.
Nós, historiadores, sabemos que os homens são lembrados com suas contradições, seus erros e seus acertos.
Seguramente Hobsbawm será, inclusive, criticado por muitos de nós. E defendido por outros tantos. E ainda existirão aqueles que o verão como exemplo de um tempo dotado de ambiguidades, de certezas e dúvidas que se entrelaçam.
Como historiador e como cidadão do mundo. Talvez ‘veja’, tão empobrecida em sua análise, imagine o mundo separado em coerências absolutas: o bem e o mal. E se assim for, poderá ser ela, ‘veja’, lembrada como de fato é: medíocre, pequena e mal intencionada.
São Paulo, 05 de outubro de 2012
Diretoria da Associação Nacional de História
ANPUH-Brasil
Gestão 2011-2013"
Enviado por Raul Longo
Leia mais sobre Eric Hobsbawn (em português):
16/6/2011, redecastorphoto, em: “Marxismo hoje: Beppe Grilo entrevista Hobsbawm, 94”
23/12/2011, redecastorphoto, entrevista a Andrew Whitehead, em: Eric Hobsbawm sobre 2011: “Fez-me lembrar 1848...”
10/3/2012, redecastorphoto, The Spiked Review of Books, Tim Black, em: “Lord Byron, no Parlamento, em defesa dos luditas”
22/4/2012, redecastorphoto, Eric Hobsbawn, London Review of Books, em: “Depois da Guerra Fria - Eric Hobsbawm sobre Tony Judt”
9/10/2012, redecastorphoto, Ed.Verso (NY) em: “Introdução ao MANIFESTO COMUNISTA de Marx & Engels”
A Recuperação Parcial da Indústria
9 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
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A “ECOFESTA” de Florianópolis -SC
9 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaRaul Longo
Quem não viveu os anos 60/70 não tem noção de quanto a então afamada esquerda festiva colaborou com a repressão.
Evidente que mesmo sem os festivos a repressão se exerceria, pois como na época confirmou Moura Cavalcanti, o interventor da ditadura militar em Pernambuco, para um programa de TV: “Claro que sou repressor! Afinal eu sou o governador!”. Mas o recrudescimento da repressão ao movimento estudantil se estendendo ao movimento operário teve por respaldo e desculpa a ação da também chamada esquerda “oba-oba”.
No DOPS eram conhecidos como “2 Tapas”, apelido aclarado pela explicação: “Um para falar, outro para calar a boca!” E entre um e outro tapa a esquerda festiva prejudicou a vida de muita gente que até sem a vida ficou.
Depois de obrigados a oferecerem ambas as faces, ressabiados se escondiam por uns tempos na casa de praia, alguma fazenda, ou iam dar um passeio na Europa. Mais tarde voltavam e enquanto se sucediam os desaparecimentos e torturas, prosseguia a festa pelos bares, centros acadêmicos, sala de espera de cinemas de arte, escadarias de bibliotecas e outros daqueles pontos de encontro da esquerda festiva, tão manjados que os agentes só os visitavam quando necessário unir os pontos de uma história inacabada por alguém que não resistiu à cadeira do dragão ou ao pau-de-arara e, por real engajamento na luta contra a repressão do regime, era dado como desaparecido ou suicidado.
Entre os da festa alguns ficaram bem famosos, como ocorreu com o porteiro do cativeiro do embaixador sequestrado dos Estados Unidos. Fernando Gabeira, segundo depoimento dos sobreviventes daquela ação no documentário “Hércules 56” de Silvio Darin, nem fazia ideia de a quem guardava, mas quando todos caíram acabou indo parar na Europa. Na bagagem da anistia retornou com novas bandeiras, entre elas a da ecologia.
Publicou livros, virou herói e Celso Furtado se pronunciou sobre eles todos em Paris:
Se tivesse de, em poucas linhas, traçar o retrato típico do intelectual nos nossos países subdesenvolvidos, diria que ele reúne em si noventa por centro de malabarista e dez por cento de santo. Assim, a probabilidade de que se corrompa, quando já não nasce sem caráter, é de nove em dez. Se escapa à regra será implacavelmente perseguido e, por isso mesmo, uma reviravolta inesperada dos acontecimentos poderá transformá-lo em herói nacional. Se persiste em não se corromper, daí para a fogueira a distancia é infinitesimal. De resto, por maior que seja a sua arrogância, nunca entenderá o que lhe terá acontecido.
Mas o que importa mesmo é que a festa continua e o realce à frase do eminente economista paraibano, aqui mantido, foi originalmente utilizado por um dos que em Florianópolis encarnam esse espírito e com seus companheiros se sente recompensado por um segundo turno eleitoral a ser disputado entre ARENA 1 e a ARENA 2.
No município a ARENA 2 é revivida por Dário Berger (atual PMDB, ex-PSDB e PFL) que vem se esforçando para evitar a ingerência popular no Plano Diretor, o que possibilitará a aprovação de construção de edifícios na orla marítima da Ilha de Santa Catarina, hoje limitados a 2 andares.
Berger postula à sucessão de seu 4º mandato consecutivo (2 como prefeito da vizinha São José e 2 na capital) a Gean Loureiro que superou Ângela Albino da coligação PCdoB/PT em alguns décimos de votos.
La “isquierda pero no mucho”, também autoconsiderada como militância ecológica, em verdade apoiou mesmo foi ao candidato do Bornhausen da ARENA 1 tradicional e seu nova versão PSD (ex-DEM, ex-PFL, ex-ARENA e ex-UDN) que, postulando a manutenção do coronelato através do afilhado César Souza Jr., conseguiu levar o neófito para segundo turno com pouco mais de 1% de diferença à frente de Loureiro.
Bornhausen dispensa apresentação, mas para melhor se dimensionar o porre ou a ressaca da ecofesta que alia inimigos figadais do ano retrasado, é preciso lembrar que o último capataz do feudo catarinense foi o agora Senador Luís Henrique, encalacrado até o pescoço na Operação Moeda Verde que, entre outros enormes crimes ambientais, investigou inclusive as autorizações às invasões dos principais mangues da Ilha de Santa Catarina por grandes empreendedores nacionais e estrangeiros.
O desfecho da ecofesta se dará após a definição da votação de segundo turno e até lá não se sabe se o César Souza será capaz de promover o efeito Engov ou será superado pelo provável efeito do voto ao “menos pior”.
No segundo caso a ressaca moral será daquelas, pois muitos dos convivas já vieram embriagados das festinhas dos anos 70/80. Tanto que não só destacam a “homenagem” dirigida por Celso Furtado como, menos discretos do que a velha esquerda festiva, comemoram esse lamentável resultado de primeiro turno das eleições de Florianópolis congratulando-se com frases sintomáticas como: “Ecos em 'estado de graça'”.
Nem foi preciso nenhuma tapa, pois maior evidência é impossível! E desnecessária.
Texto enviado pelo autor
RodapéNews - 2ª Edição, Terça-Feira, 09/10/2012
8 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda(informações de rodapé e outras que talvez você não tenha visto)
Por Paulo Dantas
No total, oito morreram em seis ataques na Grande São Paulo
Entre os mortos há policiais militares e sargentos
As Dificuldades Com o Planejamento
8 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Coluna Econômica - 09/10/2012
Na rede CBN, o comentarista José Luiz Portela fala da importância do planejamento na gestão municipal, da visão sistêmica de saber analisar todos os setores de forma integrada. No seu primeiro discurso, depois de encerrado o primeiro turno, o candidato José Serra faz o mesmo discurso.
Não se trata de coincidência, mas de estratégia de marketing. Portela foi Secretário Estadual de Transportes Metropolitanos na gestão Serra, e é um dos melhores quadros do PSDB paulista. Na CBN, mostra - com enorme competência - como deveria ser a gestão ideal de São Paulo. No palanque, Serra se apresenta como se fosse esse gestor ideal.
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No entanto, há uma distância quilométrica entre a gestão em São Paulo e em alguns locais símbolo: como Pernambuco, com Eduardo Campos, Minas, com Anastasia (em que pese a enorme crise financeira do Estado) e município do Rio, com Eduardo Paes.
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Ter bons quadros nas secretarias é condição necessária, mas não suficiente para o bom resultado. Há que se ter um governante com capacidade de gestão e discernimento para definir as prioridades e as ações de implementação.
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À frente da Secretaria, Portela planejou minuciosamente a questão do transporte na região. Calculou fluxos de transporte, pensou a integração, planejou um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para Santos.
Antes disso, no início do governo Fernando Henrique Cardoso, foi dos poucos quadros do governo com reconhecida competência gerencial. Foi dele o planejamento bem sucedido de distribuir livros didáticos por toda a rede pública, um feito fantástico na época.
No entanto, em São Paulo, grande parte do planejado não saiu do papel, justamente pela incapacidade de Serra de articular as diversas secretarias de Estado, definir prioridades e fazer acontecer.
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O mesmo aconteceu com a Secretaria de Gestão, criada para supostamente dotar São Paulo de competência gerencial. Na época, foi entregue ao atual Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo, outro quadro precioso do PSDB paulista.
Ora, processos de gestão são horizontais - isto é, atuam sobre todas as secretarias. Qualquer governador minimamente iniciado nos modelos de gestão trataria de organizar uma reunião de todo secretariado e discutir as formas da Secretaria de Gestão atuar em cada um deles, uniformizando ações, indicadores etc.
Beraldo cercou-se de consultores, buscou bons quadros, mas nada aconteceu. Em todo período da Secretaria, Serra não realizou uma reunião sequer com todos os secretários para definir a forma de atuação da Secretaria.
Consequência: nada andou e perdeu-se a possibilidade de São Paulo ao menos dar um passo, ainda que tímido, em direção às modernas ferramentas de gestão.
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Por tudo isso, a impressão que passa é que campanhas eleitorais se resumem a "insights", "sacadas", "dicas", passadas por assessores aos candidatos, mas longe de se constituírem em formas articuladas de planejamento.
O ponto inicial de qualquer planejamento estratégico é definir o que se pretende com ele.
Experimente consultar o Google e localizar um artigo ou reportagem sequer na qual Serra indicasse o que pretendia fazer de São Paulo. Não se vai encontrar nada. No máximo, algumas declarações soltas, sem contexto e sem consequência.
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IGP-DI atinge 0,88% em setembro
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) encerrou o mês de setembro em alta de 0,88%, perdendo força ante os 1,29% vistos em agosto, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ao longo do período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ficou em 1,11%, ante 1,77% no mês anterior. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) somou 0,54%, ante 0,44% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) ficou em 0,22%, abaixo do resultado do mês anterior, de 0,26%.
FOCUS: Inflação segue em alta
Analistas consultados pelo Banco Central voltaram a elevar os prognósticos estimados para a taxa oficial de inflação neste ano, segundo o relatório Focus, elaborado semanalmente pela autoridade monetária. Os prognósticos para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ao fim deste ano subiram pela décima terceira semana consecutiva, de 5,36% para 5,42%. A variação para 2013 perdeu força pela segunda semana consecutiva, de 5,48% para 5,44%.
Balança começa outubro com superávit
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 812 milhões durante a primeira semana de outubro, com média diária de US$ 162,4 milhões, segundo dados divulgados pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em cinco dias úteis, as exportações brasileiras foram de US$ 5,356 bilhões, e as importações somaram US$ 4,544 bilhões. No acumulado do ano, o saldo da balança comercial está superavitário em US$ 16,537 bilhões.
Confiança do comércio subiu 2,2%
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio subiu 2,2% em setembro, atingindo 125,3 pontos, segundo a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esta foi a segunda alta consecutiva do indicador. Os três subíndices que compõem o indicador tiveram crescimento, com destaque para o Índice das Condições Atuais, que cresceu 3,8% no período. O subíndice de Expectativas cresceu 1,6% entre agosto e setembro, e o índice de Investimento, apresentou um acréscimo de 1,6%.
IPC-S começa outubro em alta de 0,64%
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) na primeira semana de outubro atingiu 0,64%, alta de 0,10 ponto percentual ante a última divulgação, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. Seis classes de despesa componentes do índice ampliaram suas taxas, com destaque para Alimentação (de 1,23% para 1,38%) e Vestuário (de 0,60% para 1,10%). As classes que perderam força foram Transportes (de 0,14% para 0,13%) e Educação, Leitura e Recreação (de 0,07% para 0,01%).
China perde força e deve avançar 7,7% no ano
A economia chinesa deve crescer em torno de 7,7% neste ano, contra 9,3% de 2011, mas o risco de uma queda brutal é pequeno e o crescimento deve acelerar em 2013, segundo o Banco Mundial (Bird). Se o resultado de 7,7% for confirmado, a China terá o pior crescimento em 13 anos. Anteriormente, o Banco Mundial projetou um crescimento de 8,2% para este ano. Em 2013, o crescimento do PIB deve acelerar devido aos efeitos das medidas do governo para estimular a economia e pelo aumento dos investimentos.
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