Qualquer pessoa que tem condições de fazer um exercício básico de confrontar o que a mídia diz sobre algo e o que de fato aconteceu aprende uma lição básica sobre comunicação: no Brasil, o monopólio midiático não faz jornalismo, porque briga com os fatos, no Brasil, o monopólio midiático faz, sem cerimônias, política em defesa do capital, dos interesses imperialistas, os quais ela representa e faz parte. No Brasil a mídia faz campanha diuturnamente contra toda e qualquer política pública de inclusão e defesa da soberania do país.
Professor Igor Fuser fez um desafio na mesa de ontem à noite no #4blogprog que discutiu a campanha global capitaneada pelo imperialismo contra a Venezuela, ele pediu aos participantes que fizessem um exercício simples: para que déssemos um único exemplo, onde a mídia reacionária e monopolista do Brasil tenha ido contra os interesses dos Estados Unidos. De fato não há, a mídia brasileira é contra a união latino-americana, prega todos os dias do ano em defesa dos interesses de Washington contra a soberania do Brasil e de qualquer país que busque uma política soberana.
Chamou-me muito a atenção o depoimento de uma educadora de Santana de Parnaíba que nunca tinha lido um blog de esquerda, um blog progressista e foi neste final de semana ao 4blogprog. Ela dizia que até então lia a Folha e se achava bem informada, mas estava escandalizada de como tinha sido enganada por tanto tempo.
Quem vê a chamada criminosa da Folha capitaneada pelos demais órgãos midiáticos da mídia velha monopolista sobre a palestra do ex-presidente Lula durante o 4º Encontro dos Blogueiros e ouve o que o presidente Lula falou por mais de uma hora compreende imediatamente que a grande mídia que foi cobrir o nosso evento não fez jornalismo, fez um malabarismo tosco tirando uma palavra do contexto, de um chiste do presidente numa pergunta sobre a copa,( tema que é preciso ressaltar não foi o foco da fala de Lula) e transformou em capa de todos os seus jornalões e em seus portais.
Lula, durante o 4º Encontro de Blogueiros e ativistas digitais, realizado em São Paulo, 16 a 18 de maio de 2014. Foto: Conceição Oliveira.
Faça você mesmo/a este exercício: veja e ouça na íntegra a fala do presidente e compare com as manchetes.
O presidente Lula toca no assunto da Copa no final de sua fala, por volta de 51 minutos e fala mais como um torcedor, sua fala não é de modo algum uma fala partidária sobre o assunto, é uma fala de quem deseja que a Copa seja um encontro de civilizações. Lula recupera a emoção de quando o Brasil ganhou a disputa para sediar a copa, volta à memória da copa de 1950 e esclarece dados sobre investimentos, mostra que não teve dinheiro público em estádios e fala das obras para o país, sem desqualificar movimento algum. Ao contrário, diz claramente que foi contra a Lei Anti-terrorismo, e ao usar o termo ‘babaquice’ mostra que ele enquanto torcedor vai até de jumento para estádio e que cansou de viajar de São Bernardo a outros estádios em SP para torcer para o seu time, o Corinthians. Lula ressalta que não tem de esconder nada do turista estrangeiro e que o importante é que qualquer um tenha segurança pública garantida para poder participar deste grande encontro dos povos. Lula vê a Copa como uma grande chance de nós brasileiros nos mostrarmos para o mundo, com nossa diversidade e riqueza cultural. Ao pinçar um termo fora do contexto como a grande mídia monopolizada fez com a fala pontual sobre o assunto “Copa”, tirando uma piada de Lula do contexto e transformando-a no centro de sua fala, manipulando todo o significado de sua ideia original é desonestidade intelectual, é crime.
Uma simples pesquisa no google nos mostra como a pauta da mídia monopolizada é única, os jornalões e portais dessa mídia não se acanham nem em repetir a mesma manchete:
Outro exercício: A cobertura partidarizada da mídia monopolizada sobre Virada Cultural para atacar o PT
Neste final de semana mais de um milhão de pessoas ocuparam as ruas de São Paulo na Virada Cultural. Compare a cobertura da mídia monopolista sobre a Virada Cultural nas gestões Serra e Kassab com os dois anos da Virada Cultural da gestão Haddad. Impressiona o partidarismo da mídia monopolista para atacar o evento nestes dois últimos anos. Imagine um milhão de pessoas nas ruas e a Folha indo nos registros policiais buscar incidentes isolados para atacar a gestão do Haddad.
Imagine a Folha pegando um fala de um cantor que em nenhum momento menciona a prefeitura de São Paulo e transformando-a em ataque ao prefeito Fernando Haddad, o único prefeito que iniciou uma política pública de cuidar como saúde pública a questão do crack.
Observe:
“Estamos em uma região da cidade em que está se alastrando uma doença, o vício do crack. Que o poder público trate os usuários com amor, como doentes que são. Porque eles precisam de auxílio médico, e não que os limpem da cidade como se fossem sujeira”. Nasi Valadão, vocalista do Ira!, durante o show da banda na Virada Cultural neste sábado.
Quem tem acompanhado o problema sabe que o governo do estado de SP, do PSDB, estourou a cracolândia, em janeiro de 2012, por meio da Operação Sufoco (também conhecida como “dor e sofrimento”), espalhando os usuários por várias regiões da cidade. Já a prefeitura de SP, na gestão de Fernando Haddad, do PT, desenvolveu a partir de 2014 o Programa Braços Abertos, oferecendo abrigo, alimentação e trabalho aos usuários.
Mas a manchete do UOL nesta noite de sábado foi a seguinte:
“Ira! abre Virada Cultural com críticas à Prefeitura de SP”.
Onde Nasi criticou a Prefeitura de SP em seu discurso??? Pergunta o professor Wagner Iglecias ao comentar o banditismo deste jornalismo partidarizado.
Ou como ressalta Fabrício Lima também em comentário no Facebook:
Já tinha escrito sobre isso ontem: “O relato do show do Ira descrito na Folha foi, NO MÍNIMO, desonesto. Começando pela distorção bizarra do contexto da fala do Nasi que foi nitidamente crítica ao hábito que o poder público costumava ter de sumir com os usuários de crack em atrapalhadas operações policiais que não chegaram nem a “fazer cosquinhas” no problema. Outro ponto bizarro da “matéria” foi sobre a breve fala do baixista Daniel Rocha em apoio ao Parque Augusta, que atacava diretamente o interesse de dois dos seus anunciantes – as incorporadoras Setim e Cyrela. Pra isso, só faltou chamar o rapaz de “feio”, “bobo” e “cara-de-mamão”. Na mesma fala, uma alfinetada sobre a crise da água que no caso a Folha se fez de cega, surda e muda.
Para atacar Haddad, apostando no fracasso da Virada Cultural nem os bebês foram poupados:
Como brincou Débora Cruz no Facebook “Imagino a cara dos bebês chorando e levantando um cartaz com a hashtag #Shatyado“
Seria cômico tanto malabarismo e nada de jornalismo se não fosse crime. Manipular, deturpar a informação como faz esta mídia monopolizada é crime. Sem democratizar a comunicação no Brasil, além de pôr em risco a democracia, somos enganados todos os dias. Por isso é importante que cada cidadão e cidadã brasileira se conscientize da importância do PLIP de Lei de Mídia Democrática. Leia o projeto, imprima, colete assinaturas e devolva-as para a organização da campanha.
Ou democratizamos a comunicação ou esse monopólio midiático, colaboracionista da ditadura militar, destruirá todas as conquistas democráticas
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