Ontem recebi um vídeo do Paraná e fiquei impressionada com o que vi. Aliás, a organização dos servidores do Paraná, com o protagonismo dos professores da rede estadual na linha de frente, já vem me impressionando há tempos. Há muito tempo não vemos nada parecido com isso no país.
Foram eles que contaram ao mundo o absurdo de Beto Richa: mexer na aposentadoria dos servidores para pagar o rombo tucano no governo do Estado. Ao invés de o governador ser julgado pelo Tribunal de Contas do Estado por sua improbidade administrativa, ferindo a lei de Responsabilidade Fiscal, a Assembleia do estado do Paraná que deveria defender os interesses do Paraná, votou contra os servidores do Paraná e o povo do Paraná.
E há meses os servidores estão em luta, denunciando o projeto que foi apelidado de pacotes de maldades, porque é o que ele efetivamente é.
A resistência e mobilização dos professores em março fez com que Beto Richa recuasse. Mas o governador tirano e irresponsável não desistiu e voltou com toda a força, mobilizando o aparato policial do Paraná inteiro para garantir a aprovação do pacote de maldades.
Os professores mobilizados também saíram de todas as cidades do Paraná e foram para o Centro Cívico em Curitiba, local onde fica a Assembleia Legislativa, Richa autorizou o massacre: mais de 300 professores feridos, mais de uma dezena hospitalizados, gravemente feridos, e o mundo todo assistiu incrédulo a cenas grotescas de violência gratuita: professores desarmados sendo massacrados pela polícia, professores apelando por clemência e sendo massacrados pela polícia, uma barbárie noticiada no mundo todo.
O projeto foi aprovado por uma Assembleia completamente em sintonia e apoio ao governador ditatorial.
Mas a luta dos servidores do Paraná não parou e o que foi mais impressionante, a solidariedade à luta dos professores do Paraná se nacionalizou: estádios, teatros, ruas e redes viraram espaços de luta e solidariedade em todo o país. A luta dos professores virou a nossa luta #somostodosprofessores
A belíssima e emocionante canção no vídeo abaixo é resultado desta lufada de decência e resistência que tomou conta do Brasil e tomara que permaneça, tomara que nenhum outro governador tenha a ousadia de jogar a polícia contra os trabalhadores deste país. E se assim fizer, tomara que tenha o mesmo destino de Richa: execração pública, limbo da história.
Apreciem:
“Chora Curitiba
Chora chora Paraná
Hoje quem te ensinou
Tá deitado no asfalto
A voz que te cuidou
Deu um grito engasgado
Quem decide educar pela vida
Quer ser reconhecido e vai
Com a certeza da missão cumprida
E ter sua velhice em paz
Hoje fui marcado a ferro e fogo
e borracha em praça pública
Eu estava armado
livros debaixo do braço e tinta guache na mão
Hoje fui a luta,
botei minha cara a tapa
e então soltaram os cães
Mas mesmo com cara estapeada
Mesmo com a carcaça aviltada
Amanhã levanto
Amanhã levanto
Amanhã levanto a cabeça, o corpo e a voz
Luta Curitiba
Segue a luta Paraná”
Confira “29 de Abril”, composição feita lá em João Pessoa – Paraíba como forma de apoio aos professores do Paraná e repúdio contra as ações do governo, ocorridas no dia 29 de abril de 2015. Como os autores mesmo dizem, “é a música que gostaríamos de não ter feito, dado as circunstâncias, mas também por causa delas, a composição se fez urgente”.
Composição de Daniella Gramani e Erick de Almeida;
Fotos de Julio Garrido, Arranjo Erick de Almeida e Baluarte;
Instrumentos e técnico de gravação Erick de Almeida.
Vozes Carol Pacheco, Erick de Almeida, Daniella Gramani.
Apoio Estúdio Angelim.
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