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A BOMBA CASEIRA E A BOLINHA DE PAPEL
Por Lelê Teles
04/08/2015
soltaram um bomba na porta do Instituto Lula. é um atentado, certo?
a grande mídia tratou logo de minimizar o fato. os mervais, sempre mervosos, disseram que se tratou de uma simples bomba caseira e que apenas fez um buraquinho na parede do prédio.
lembremos que buraquinho só no meio da testa de qualquer merval, de carne e osso, é suficiente para matá-lo.
humoristas sem graça, mervalicamente, também desdenharam do ocorrido, afirmando que “quem sabe” não foram os petralhas que soltaram o artefato para desviar o foco das falcatruas…
com mil diabos.
em 2010, Zé Serra sofreu um “atentado”. atentai bem.
um homem vestindo uma blusa azul, igual a dos seguranças do tucano, atirou ao ar uma bolinha de papel, dessas que a gente faz na escola para zoar o colega, e acertou o cocuruto do então candidato emplumado.
o staff de Serra entrou em polvorosa, seguranças o cercaram, ele levou a mão à cabeça, tumulto, pânico, câmeras nervosas…
levaram-no para uma van, de lá foram direto para o hospital.
lá chegando, foi recebido diligentemente pelo Dr. Jacob Kligermane, médico de cabeça e pescoço, veja você – e que, não por acaso, presidiu o Instituto Nacional do Câncer quando Serra era Ministro da Saúde.
Serra foi submetido a uma tomografia.
Klingerman, descaradamente, mentiu que Serra chegou ao consultório “com náuseas e tonteira”.
o próprio Serra disse que se sentiu “meio grogue” após ser atingido.
o Dr., fazendo o espetaculoso jogo midiático, recomendou ao acidentado 24h de repouso.
ato contínuo, os jornais não falavam em outra coisa; os mervais ainda mais mervosos espumavam pelas suas bocas de bonecos de ventríloquo.
especulações: atentado, violência, jogo sujo, golpe baixo da oposição…
o diabo é que havia milhares de fotógrafos e cinegrafistas no evento – ocorrido num calçadão comercial da Zona Oeste do Rio de Janeiro – mas, desgraçadamente, todos sonegaram as imagens que mostravam o quê diabos atingira o Senhor Burns.
colunistas, âncoras, repórteres, historiadores, filósofos, a garota do tempo, todo mundo tentava compreender o que atingira o crânio do descerebrado.
mas aí o SBT rompeu o silêncio e mostrou que na verdade foi uma mera bolinha de papel.
a Globo não caiu nessa. Chamou o controverso perito Molina (que é a cara do pastor Caio Fábio) para forjar uma imagem colocando um meteoro no lugar da bolinha de papel. Molina não foi tão longe, optou por um rolo de fita crepe; a farsa foi facilmente desmascarada nas redes sociais.
tudo isso se sabe. Não vou cansá-los com essa lenga-lenga.
o que quero dizer é que a bolinha de papel do Serra virou assunto para duas semanas, a bomba do Instituto Lula foi um acidente menor, já silenciado.
uma mera bomba caseira.
o diabo é que foi com uma mera bomba caseira – feita numa panela de pressão – que dois molecotes acabaram com a Maratona de Boston, nos Esteites, e acabaram com 90% do efetivo yankee em seus encalços; mariners, snipers, cachorros, helicópteros, drones, submarinos…
Israel, quando um palestino joga-lhe uma bomba caseira, costuma responder com um míssil, ou vários mísseis.
e foi com um mero rojão de São João que um manifestante matou um cinegrafista da Band há pouco tempo.
Davi derrubou Golias com uma simples funda, um estilingue.
o coquetel molotov, como se sabe, é uma mera e tosca bomba caseira, solte uma na porta da Rede Globo e verás o que lhe acontece.
a Polícia Federal do Zé fará uma caçada bostoniana até encontrá-lo e trancafiá-lo num xadrez por terrorismo.
a mesma mídia que minimiza a bomba de Lula, esse é o ponto, fez estardalhaços com esses meros artefatos caseiros de Boston, das molotóvicas manifestações de rua, dos estilingues da Palestina.
pior, fez um barulho infernal por conta de uma mera bolinha de papel atirada na careca do careca.
é um recorte ideológico, político, enviesado e seletivo.
o jornalixo, todos o sabemos, é uma bomba de fabricação caseira de alto poder destrutivo.
é uma bomba caseira de destruição em massa.
Palavra da salvação.
*Lelê Teles é diretor de marketing, jornalista, roteirista, do programa Estação Periferia – TV Brasil e TV Aperipê, Apresentador do programa de música africana Coisa de Negro – Aperipê FM, Colunista do site Brasil 247, Colunista do jornal sergipano Folha da Praia, editor do blog de Análise do Discurso Midiático FALA QUE EU DISCUTO e escreve poemas eróticos no blog do Lelê Teles.
Facebook: Lelê Teles
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