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Lele Teles: Retrospectiva 2014

31 de Dezembro de 2014, 18:07 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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2014, O ANO QUE NUNCA VAI ACABAR

Por: Lelê Teles

O ano em que o Brasil sediou, mais uma vez, uma copa do mundo e tomou uma surra em casa, é um ano para nunca mais se esquecer.

Mesmo porque é inútil tentar apagar a história.

Foi no ano da graça de 2014 que o mundo assistiu, estarrecido, ao desaparecimento de um gigantesco boing 777, lotado de passageiros.

Embora vivamos vigiados diuturnamente, com câmeras em satélites, drones, câmeras subaquáticas, em shoppings, ruas, praças, banheiros e até a novíssima e exclusiva glande angular, que criei para ser usada e introduzida em filmes pornôs, a aeronave esvaiu-se sem deixar rastro.

Com mil diabos!

Mas o Brasil, meus amigos, não ficou pra trás. Na terra do jabuti e da jabuticaba, um helicóptero com meia tonelada de cocaína também virou pó e desapareceu do mapa, embora tenha deixado muitos rastros.

Coisa do capeta.

O ANO DA DECADÊNCIA
A revistaveja, todos sabemos, em 2006 abandonou de vez o jornalismo e entrou no ramo do marketing, pessoal e político, construindo e destruindo reputações. Lembro-me de Alckmin, então candidato à presidência, na capa da revistona, estampada panfleticamente em todas as bancas de jornais e em outdoors, às vésperas das eleições.

Propaganda disfarçada de jornalismo. Mas deram com os burros n’água. Lula meteu vexosos 7×1 em Alckmin.

Em 2010, a revistona foi de Serra. Também na capa, foto meiga, mão no rosto, um doce; um leão comendo alface.

E com esse santinho do santíssimo Serra, deram novamente com os burros n’água. O careca foi surrado por Dilma com o mesmo placar de 7×1.

E em 2014, a superação.

Aécio na capa, olhos esbugalhados e fixos, dentes brancos, riso careta, rasgando a blusa e mostrando no peito a tecla verde das urnas.

Era só confirmar.

Às vésperas do pleito, os descarados mandaram, descaradamente imprimir e distribuir a mais abjeta de todas as capas, só a capa, uma vez que não tinha conteúdo jornalístico a peça, tratava-se simplesmente de um endiabrado santinho.

Com esse inusitado panfleto, a revistaveja esticou a corda, testou até o limite o seu poder de influência e manipulação.

E, novamente, deu com os burros n’água.

Este ano, o PT chegou à quarta vitória consecutiva. Da varanda de casa dava pra ouvir Galvão Bueno gritar eufórico, abraçado ao Rei Pelé: “É tetraaaa, é tetraaaa”.

Durma com um barulho desses.

BARRIGAS, DEMISSÕES E SABOTAGENS
2014 também foi o ano das barrigas e das demissões.

A CNN matou Pelé, depois o ressuscitou. E quando o Ministério da Justiça recomendou o fim da revista íntima nos presídios, um jornal do interior de São Paulo achou que se tratava da proibição de magazines com mulheres nuas dentro das celas.

Sabe de nada, inocente. Diria Cumpadi Uóshto, o poeta.

A inefável Leilane Neubarth, do sotaque carioquíssimo, disse que Venina, a venenosa, metida até o pescoço nas falcatruas do escroque Paulo Roberto Costa, “nos enche de orgulho”.

Ao ler isso, ouvi novamente a inconfundível voz de Cumpadi Uóshto.

Tucanhêde, porta-voz da massa cheirosa, foi demitida da Folha.

Danusa Leão, que odeia pobre, foi demitida d’O Globo.

Fernando Rodrigues, foi demitido da Folha.

Em apenas uma semana, a Folha demitiu 25 jornalistas.

Xico Sá demitiu-se.

O patético Rodrigo Constantino virou piada internacional ao associar uma cor vermelha na taça da FIFA ao terrível comunismo.

A editora Abril começa a desistir de algumas publicações e embora tenha anunciado acabar até com a Playboy, a pornográfica revistaveja se mantém de pé.

Até quando?

2014 foi o ano em que Patrícia “calada é uma” Poeta botou o dedinho na cara da presidenta e foi parar no olho da rua. Seus patrões queriam que ela tivesse esbofeteado a candidata.

Mas ninguém superou o experiente Sérgio Conti. O jornalista entrevistou o famoso sósia de Felipão, dentro de uma aeronave comercial em plena copa do mundo, como se fosse o próprio Big Phill.

Esse também foi o ano da metamorfose. Reinaldo Azevedo, conhecido como PitBull, recebeu da ombudsman da Folha a alcunha de Rottweiler, um cão maior e mais feio.

E ao criticar a misoginia de Bolsonaro, os seguidores de Azevedo passaram a ser seus perseguidores. Em uma enxurrada de críticas e xingamentos, chamaram-no de Petralha.

Durma com uma dessa.

Jô, o gordo magro, que vinha usando seu programa como escada para umas senhoras atacarem o PT, de repente, sem mais nem menos, petralhou.

Elogiou Evo Morales, criticou os que pediam o impeachment da presidenta e deu umas chineladas em um garoto que defendeu o indefensável Bolsonaro.

Por petralhar, seus patões lhe tiraram o sexteto, a plateia, a caneca e o garçom chileno.

HOMEM AO MAR
E 2014, que parecia ser o ano da glória de Aécio, termina de forma melancólica para o senador mineiro. Aécio cumpriu à risca o que toda a mídia familiar queria, repetiu o avô.

Tancredo Neves, todos sabemos, é aquele que foi sem nunca ter sido.

Às 19:30 do dia 26 de outubro, tocou o telefone na casa de Andréia Neves, aquela que amou estar em Cuba, e uma voz anunciou que Aécio vencera o pleito.

Todos gritaram eufóricos. TucanoHuck ligou pra Angélica, Aloísio Nunes sorriu pela primeira vez em sua vida. O apartamento virou arquibancada.

Mas em seguida veio o balde de gelo.

Era pegadinha do Mallandro.

Desesperado, Aécio lutou até o dia da diplomação de Dilma, bradando aos quatro ventos que era ele o vencedor, era ele o presidente.

Convocou o povo às ruas, mas nem ele apareceu. Lobão, Bolsonaro Kid e o Revoltados Online o representaram. Abraçados a um grupo de lunáticos fundamentalistas, um bando de analfabetos políticos e um punhado de midiotas. Definitivamente, Aécio está em más companhias.

É chegada a hora de lançá-lo ao mar.

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Lembremos que ainda em setembro, quando Marina Silva marcava 20 pontos à frente de Aécio, FHC e outros caciques de alta plumagem simularam abandoná-lo, chegaram a pedir pra ele desistir.

Mas o mineiro lutou obstinadamente e conseguiu ir ao segundo turno. Só que do segundo não passou.

Agora, a mesma revistaveja que o estampava em capas, otimista e sorridente, o mesmo pasquim panfletário que o apontava como o salvador da pátria, o mais preparado, o competente, exibe um ranking em que ele aparece em último lugar, levando nota zero por sua atuação parlamentar.

Antes, Perillo e Alckmin já haviam se descolado de sua obstinação insana por golpe, agora é o veículo oficial do PSDB que o lança aos tubarões.

No senado, Serra roubará a cena.

Aécio terminará na pista de pouso de Cláudio, brincando de aeromodelismo, cara pra cima, sonhando em voar.

Um trapo, um traste, um triste pássaro sem asas.

Palavra da salvação.

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