O atentado na França… e os ódios no Brasil
Por Bob Fernandes
07/01/2014
O ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo é um desses fatos que levam o mundo a refletir.
Doze mortos, entre eles quatro cartunistas. Desde 2011, quando publicou charge com o profeta Maomé, o semanário francês estava ameaçado.
O atentado em Paris teria sido motivado por ódio religioso ou, no mínimo, para provocar tal ódio. Portanto, um ato com origem e sentido ideológico.
O Brasil, cada vez mais mergulhado em ondas de ódio ideológico, tem reflexões a fazer.
O Estado brasileiro é oficialmente laico. O Estado, que é o dono dos espaços de radiodifusão, há décadas apenas assiste à escalada de intolerância religiosa.
Há anos terreiros são atacados e o candomblé é agredido e ridicularizado em alguns espaços na Tv e rádio.
Em 2014 terreiros foram alvo de atentados, por exemplo, na Bahia e no Rio.
E os ódios são variados. O Brasil é campeão mundial no assassinato de homossexuais. Em 2013 foram 312 assassinados. Até setembro passado, outros 218.
Isso diante da complacência com tipos notoriamente pregadores de ódio aos homossexuais. E não apenas.
Nas redes sociais, acoitados pelo anonimato covarde, há os que pregam morte a quem critique seu líder político. A quem fascistas tratam por um dos seus sobrenomes, “Messias”.
O que não faltou durante a campanha eleitoral, e sobra desde então, é generalizado ódio ideológico, político-partidário.
De uns que enxergam a oposição como inimigo a ser exterminado.
Ou dos que confundem a resistência a ditaduras com o que chamam de “terrorismo”. E isso ao mesmo tempo em que clamam por outra ditadura.
Essa é uma gente que não sabe, a propósito da França, que franceses veem De Gaulle como grande líder no século XX.
Por De Gaulle ter comandado a resistência a um regime ilegal durante a II Guerra. Por aqui, fosse no embalo da ignorância e burrice, De Gaulle seria chamado de “terrorista”.
Créditos das imagens:
Foto da Capa do post: Manifestação na Praça da República, em Paris JOEL SAGET/AFP
Foto que ilustra o Post: U minuto de silêncio na sede da agência AFP, em Paris BERTRAND GUAY/AFP
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