As capas das principais revistas fazem o espetáculo da escandalização requentada.
A presidenta é agredida nos Estados Unidos por fascistas brasileiros seguidores de Olavo e Bolsonaro; adesivos criminosos são vendidos no Mercado Livre que tem a filha de Serra como acionista; ministros e ex-ministros de governos petistas são agredidos em aeroportos, hospitais, restaurantes. Para todas estas agressões criminosas nenhuma punição, os golpistas seguem a passos largos praticando crimes e muitas vezes sequer um processo de denúncia é aberto contra eles.
Diz uma amiga, ” o PT está na situação que ele mesmo se colocou. Essa coisa de fazer o jogo pra ganhar aprovação de gregos e troianos deu nisso. Se tivesse apenas se preocupado em governar para o país, baseado no voto daqueles que aprovaram a permanência do PT no governo, nada disso estaria acontecendo. Entrou no jogo de colocar o diabo no ministério do céu, raposa no ministério do galinheiro; tudo para “apaziguar” os ânimos e conseguir mais apoio nas votações.”
Onde estão os 75 votos que a indicação de Kassab e Kátia Abreu garantiriam no Congresso? Onde está o ganho político para estabilidade econômica da indicação de um ministro de levyandades contra direitos dos trabalhadores? A fórmula tomada pelo PT de tratar a direita de modo republicano resultou nisso: engolido por Eduardo Cunha e sendo metido em constantes saias justas.
Camila Vieira parte para a ironia:
TUDO RESOLVIDO
Agora que vem o golpe, e pode não passar do próximo mês , eu tenho certeza que saimos preparados do 5* congresso. Basta a gente gritar bem alto : “PT na rua o PED continua” que tá tudo resolvido, as massas virão, a CUT carregará milhões e nossa base estará de prontidão preparadinha. É ISSO AÍ! Foi lindo! Parabéns a todos envolvidos!
Diante deste cenário, Sergio Godoy e Debora Cruz traçam um pequeno desenho do tabuleiro:
Petistas, resistir e lutar, é o que temos para hoje
Por Sergio Godoy* e Débora Cruz**
04/07/2015
Desde que acabou a eleição existe uma possibilidade de golpe.
Nunca fomos adeptos de teorias conspiratórias, porém as coisas foram se desenvolvendo a ponto de convencer até os mais céticos.
O fato é que há várias propostas em curso para acabar com a esquerda, com o mandato de Dilma e com o PT.
Há a estratégia de desgastar o governo até a próxima eleição, fazendo-os minguar. E há vontades de construir possibilidades de impeachment.
A elite vai jogando em todas as frentes, atirando pra todos os lados, e o que certo deu… Entretanto, é muito provável que um setor do Ministério Público do Paraná esteja muito bem articulado em torno da operação Lava Jato para criar o clima social e alguma materialidade jurídica favoráveis à interrupção do atual governo. Se não alcançarem a materialidade, o clima já está consolidado.
Em outro lado do campo, mas batendo bola com o MP paranaense, está a grande mídia que está menos preocupada com a materialidade e mais com o clima.
No ataque está o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que além de se promover, está produzindo uma agenda conservadora no legislativo, desorganizando a atuação do governo no Congresso, minando a relação de Dilma com o PMDB e aglutinando os discursos contrários ao PT com o conservadorismo brasileiro.
Soma-se a tudo isso a crise de direção do PT e da esquerda brasileira, que se confunde com a incapacidade mundial dos partidos tradicionais da esquerda em superar o neoliberalismo.
Sem capacidade de articular as forças de esquerda, o PT e o governo estão parecendo a seleção brasileira na semifinal da Copa de 2014, contra a Alemanha.
Estamos perdidos no campo, vendo os adversários nos golear, sem capacidade nenhuma de reação diante do 7 a 1. Assim, com o estado atual do jogo, após a divulgação da rejeição ao governo, o clima em Brasília e na grande mídia é de que o cenário do impeachment vai se concretizando e unificando as estratégias da elite e da oposição. Pode ser, concretamente, que as cenas dos próximos capítulos sejam trágicas e nós precisamos nos preparar para uma reação.
É preciso recuperar nossa história, nossa capacidade de luta. Precisamos mostrar força na adversidade! Não podemos aceitar que a elite corrupta e manipuladora, que historicamente impôs golpes e destruição de governos e sempre se apropriou do Estado para seus próprios interesses, nos coloque nas cordas, nos faça recuar.
Essa elite não pode nos fazer abrir mão dos nossos sonhos e utopias. Sempre lutamos contra a corrupção e somos favoráveis a toda apuração dessa prática.
Não podemos ter vergonha do que somos e do que construímos de bom para este país. Preparem o seu coração e vamos à luta.
*Sergio Godoy é professor de Relações Internacionais na UFABC
**Débora Cruz é jornalista
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