Por Rômulo N. Marcolino em seu Facebook
25/02/2015
O governo Dilma enfrenta o momento mais difícil desde o seu primeiro mandato, na última campanha, a presidenta deu sinais de que assumiria a posição de líder política, mas por enquanto continua exercendo apenas o papel de gestora. Dilma precisa sair do isolamento e buscar apoio junto à população, partidos da base e movimentos sociais para evitar o estrangulamento perante uma grande mídia que assumiu o papel de oposição e de uma base aliada rebelde. Nesses 12 anos de governo, o PT escolheu a política de composição, adaptou-se ao fisiologismo do PMDB e reproduziu práticas utilizadas em governos anteriores como do FHC/PSDB e que devem ser condenadas pelas “esquerdas”. A imprensa que dá um surra diária no partido e no governo federal desde 2005, assim como o PMDB, também foi alimentada pelo governo que repassou volume alto de verbas publicitárias, sempre privilegiando canais de TV e jornais impressos, mesmo quando as pesquisas mostravam a diminuição de suas audiências e maior popularização da internet. EM 2003, Lula cede a primeira entrevista à TV Globo como novo presidente eleito, em 2010, a última entrevista de Lula presidente surge no programa dominical “Esquenta” da mesma emissora. Dilma Rousseff que já havia enfrentado uma campanha sórdida naquele mesmo ano foi aparecer fritando ovos no programa “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, aquela que usou colar de tomates, novamente na emissora dos Marinhos. A única mudança foi que a presidente eleita deu a primeira entrevista ao Jornal da Record, assim como na sua reeleição. Como apresentado pela Conceição Oliveira no blog Blog da Maria Frô, o governo federal e o PT não aprenderam a utilizar de forma adequada as ferramentas da redes sociais da internet, nem o WhatsApp, esse dois canais tem atingindo milhões de brasileiros, utilizados de forma baixa por gente contrária ao governo, transformaram-se em meios que propagam em alta velocidade e alcance, mentiras e calúnias que pretendem minar ainda mais a popularidade da presidenta. O governo e o PT não estão conseguindo responder a esses ataques, o setor de comunicação do governo e do partido são péssimos, não será João Santana o salvador da pátria.
A grande mídia cria o cenário perfeito da crise, construindo uma narrativa no qual o governo federal e o PT estariam envoltos num mar de corrupção, observem que desde o começo das delações premiadas nomes de outros partidos (inclusive da oposição como PSDB/DEM) foram citados, mas o alvo é o PT e a estabilidade do governo. Agora começaram as paralisações dos caminhoneiros, num primeiro momento eles disseram reivindicar contra o aumento do diesel e da gasolina, porém surgiram cartazes com “Fora Dilma” e pedidos de impeachment. A grande mídia que nunca foi chegada à protestos populares tem dado grande destaque a essa movimentação, mostrando que ela já afeta a produção industrial, ou seja, somasse à ideia de um governo corrupto, a imagem da ineficiência, o país paralisado. Com um país paralisado será mais fácil fazer a fila presidencial andar? Esse parece ser o desejo da elite brasileira, mas como apontamos aqui, o PT não pode ser visto somente como a vítima dessa trama, ele fez escolhas, traçou estratégias para a governabilidade, acreditou na construção de um projeto de país que negasse conflitos entre grupos antagônicos. Conseguiu produzir importantes avanços sociais, diminuição da miséria, aumento do poder de compra, ampliação das universidades e vagas no ensino superior, dentre outros, mas despolitizou o debate político com a sociedade, afastou-se das bases, não teve coragem para implementar as reformas política, tributária e a questão da democratização das comunicações para controlar a formação de oligopólios da informação e permitir a pluralidade, quando o cenário era bastante favorável, especialmente no segundo mandato do governo do presidente Lula. Agora é aguardar para ver como a presidente vai reagir (se é que vai reagir), se conseguirá virar o jogo ou se vai pelos próximos quatro anos continuar cedendo às pressões de partidos da base que querem sugar todo o leite e permanecer sendo atordoado diuturnamente por uma impressa (incluso partidos políticos de oposição) que não tem menor pudor em flertar com o golpismo, impossibilitando assim, qualquer reforma que atenda aos anseios populares.
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