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April 3, 2011 21:00 , von Unbekannt - | No one following this article yet.
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Se a polícia age assim num tribunal como age nas favelas?

September 2, 2014 7:44, von Unbekannt - 0no comments yet

Rodrigo Rodrigues me enviou este vídeo com o seguinte comentário:

Quando a polícia é tratada com o mesmo tratamento que reserva aos cidadãos.”

O julgamento ocorreu em 2012, no Fórum de São João del-Rei, Minas Gerais, o defensor é Érico Quaresma, a testemunha em questão é o capitão Edinilson Correia da Costa, o promotor é Lauro Sodré, a juíza, o réu  é Fernando Henrique dos Anjos, acusado de estupro, morte e ocultação do corpo de uma jovem de 19 anos. O crime, ocorrido em Lagoa Dourada, MG, em 2009, chocou os moradores da cidade por causa da crueldade do réu. Apesar dos argumentos da defensoria de que havia muitas incongruências no processo, o réu foi condenado a 27 anos e seis meses de prisão.

Voltemos à polêmica do vídeo nas redes sociais, dois anos após o julgamento.

Quaresma foi desqualificado nas redes e o oficial da Polícia Militar foi enaltecido. Muitos internautas compactuam com o comportamento ilegal do capitão e detratam Quaresma não por ele ter exigido que uma testemunha agisse como tal, mas porque o promotor foi, em 2010, o advogado de defesa do goleiro Bruno e no referido julgamento o defensor de Fernando Henrique dos Anjos. 

Na matéria do EM, durante o julgamento em 2012, o texto assinado por Luana Cruz, faz questão de relacionar Érico Quaresma ao consumo de crack, embora ao clicarmos no link ele não aponte pra o vídeo que, segundo o texto, mostraria o advogado fumando crack.

Mas primeiro vejamos o vídeo do julgamento em questão, para depois analisar o comportamento dos sujeitos envolvidos.

Não conheço Quaresma, não sei se ele de fato é dependente de crack . O que desejo discutir aqui é a inadequação do comportamento de um oficial militar em um julgamento.

Para mim o vídeo é didático sobre como a PM do Brasil, entulho da ditadura militar, não tem ideia do que seja respeito às leis ou direito à Segurança Pública.

O vídeo choca, estarrece. Mostra porque no Brasil a juventude negra é exterminada, porque dependentes químicos são tratados na maioria dos casos como restos humanos, porque os pobres nas favelas e periferias brasileiras têm mais medo da polícia do que dos bandidos.

O capitão que sequer é réu, trata o advogado de defesa – um defensor público – e a juíza como se às leis brasileiras não lhe dissessem respeito, como se pairasse acima delas, como se ele fosse um monarca absolutista.

O defensor diz:

O senhor é capitão lá fora, aqui o senhor é testemunha, aqui quem faz as perguntas sou eu. Então o senhor faça a gentileza de observar aquilo que a lei manda. Se o senhor não sabe cumpri-la lá fora, aqui dentro o senhor vai cumpri-la

O capitão ergue seu dedo em riste para o defensor, levanta-se do banco de testemunhas e o ameaça. Quaresma reage:

O que é isso? Aqui você é testemunha, não venha me intimidar não!

O capitão mais uma vez desacata o defensor:

Não tenho medo de você não, rapaz.”

O promotor público se submete ao poder militar, esquece do seu papel no tribunal e é preciso ser alertado pelo defensor sobre como funciona uma corte de Justiça. A juíza precisa intervir e ordenar ao promotor que respeite o juri. O promotor, mais uma vez, desrespeita o juri ao se submeter ao poder absoluto do capitão, buscando jogar a responsabilidade de desacato ao defensor, usando, inclusive, de um linguajar não usual ao tribunal:

O cara (referindo-se ao defensor) desrespeita o capitão...”

De acordo com este promotor, exigir do capitão que se comporte como as testemunhas devem se comportar em um tribunal, é um ‘desrespeito’. O capitão, sentindo-se ainda mais imputável, cheio de si, levanta-se. A juíza perde a paciência e lhe informa com todas as letras quem é que tem o poder assegurado pela Constituição naquele local. Diante da cena, ficamos esperando o momento em que a juíza vai gritar para o capitão desrespeitoso, algo como: — Embora o senhor pense que ainda vivemos no período da ditadura militar, não vivemos mais sob o seu jugo, aqui o senhor terá de respeitar a lei.

Num país onde a polícia militar não respeita a Constituição, não é obrigada a respeitar as mesmas leis que um civil sequer numa corte de Justiça, os cidadãos jamais terão direito à Segurança Pública.

Um dado momento depois deste show de desrepeito ao tribunal protagonizado por um promotor público e um oficial militar, o promotor diz:

“Isso vai mostrar para a sociedade como a polícia age aqui dentro (no tribunal), imagine lá fora.”

Quando a juíza, o promotor e o defensor público saem por alguns momentos, o capitão diz:

- Vai fumar crack, o vagabundo” Aqui não tem crackeiro não, seu filho da puta!

Ele fala isso para um defensor público! Levanta-se e se dirige ao juri como se estivesse em sua rotina nas periferias do país. Como se estivesse diante de recrutas para quem as forças armadas oferecem humilhações sem fim em sua retórica de disciplina, onde a hierarquia justifica toda sorte de abusos aos que estão abaixo dela. É um verdadeiro show de horror. E para coroar o espetáculo da barbárie, ele ameça que vai dar um tiro na cara do advogado de defesa. 

Num tribunal de Justiça um capitão da polícia militar chama um defensor público de ‘crackeiro’, vagabundo’, filho da puta e diz:

“Vou levar ele pra vala” e ri.

Diante desta demonstração de barbárie e de completa sensação de impunidade deste capitão, meu amigo Rodrigo, ao afirmar o que transcrevi no início deste post, me parece errar em sua análise. Pois, se um cidadão tivesse a ousadia de praticar um décimo do desrespeito que esse capitão teve a petulância de fazer num tribunal, não estaria vivo pra contar a história. 

Pena que os cidadãos brasileiros não tenha uma juíza presente em todas as favelas brasileiras pra dizer com dedo em riste na cara dos capitães, sargentos, cabos, soldados rasos, atrevidos, desrespeitosos das leis e convencidos da impunidade dos atos que praticam:

_ Presta bem atenção, o senhor também! Tem uma juíza na sua frente e  eu estou cassando a palavra do senhor! E a mim o senhor respeita! Contenha-se! Voz de prisão por voz de prisão, eu dou pro senhor também.



Pra entender porque a tal da “Autonomia do Banco Central” proposta por Marina é votar contra o povo

September 1, 2014 17:48, von Unbekannt - 0no comments yet

Para entender o  discurso neoliberalizante, travestido de ‘nova política’, o texto do cineasta Jorge Furtado é primoroso. Toca em todos os pontos que estão em jogo? soberania do país na defesa do pré-sal contra as petroleiras estrangeiras; a falácia da autonomia do banco central, a defesa dos direitos humanos e dos direitos civis. É  tão esclarecedor que todos que realmente querem o melhor para o país se o lessem não teriam mais dúvidas de que o que Marina prega não é apenas discurso vazio, é realmente nefasto para o país. Sério, é de leitura obrigatória.

Voto contra, muito contra, a autonomia do Banco Central, que tira do governante, eleito pelo nosso voto, o poder de guiar o desenvolvimento segundo critérios sociais, protegendo o país do ataque de especuladores e garantindo renda e empregos, e entrega este poder ao tal mercado, hereditário e eleito por si mesmo, sempre predador e zeloso em garantir a sua parte antes de lamentar os danos sociais causados por seus lucros. (Ver Espanha, Grécia, EUA, Finlândia, etc.)

Voto contra tudo isso que está aí

por Jorge Furtado, em seu blog

31/08/2014

Se alguém me dissesse, em 2004 – quando o primeiro governo Lula sofria a oposição feroz de toda a mídia brasileira e tinha pouco ou nada para mostrar de resultados – que em dez anos o segundo turno da eleição presidencial seria disputado entre duas ex-ministras do governo Lula, uma pelo Partido dos Trabalhadores e uma pelo Partido Socialista Brasileiro, eu diria ao meu suposto interlocutor que a sua fé na democracia era um comovente delírio. A provável ausência, pela primeira vez no segundo turno das eleições presidenciais, de candidatos da direita autêntica, do PSDB, do DEM e do PTB, é mais uma boa notícia que a democracia nos traz. Imagina-se que, vença quem vença, muitos dos derrotados voltarão correndo para os braços confortáveis do novo governo, esta é a má notícia.

Tenho familiares e bons amigos que vão votar na Marina e também no Aécio. Eu vou votar na Dilma. Acho que foi o Todorov quem disse (mais ou menos assim) que a democracia nos reúne para que a gente resolva qual é a melhor maneira de nos separar. Não sou nem nunca fui filiado a qualquer partido, já votei em vários, tenho amigos em alguns. Neste que é o maior período democrático da nossa história (25 anos, sete eleições consecutivas), o Brasil não parou de melhorar e não há nada que indique que vá parar de melhorar agora.

Votei no Lula, desde sempre até ajudar a elegê-lo em 2002, com o palpite de que um governo popular, o primeiro em 502 anos, talvez pudesse enfrentar com mais vigor o grande problema brasileiro: a desigualdade social. Achei que, talvez, substituindo a ideia de que o bolo deve primeiro crescer para depois ser divido pela ideia de incentivar o crescimento do país com melhor distribuição de farinha, ovos, manteiga, fogões, casas com luz elétrica, empregos e vagas nas escolas e nas universidades, finalmente poderíamos começar a nos livrar da nossa cruel e petrificada divisão entre a casa grande e a senzala. Meu palpite estava certo. A desigualdade brasileira continua grande e cruel mas está, finalmente, diminuindo.

Voto, ainda, primeiro contra a desigualdade social, ainda o maior problema do país, um dos mais injustos do planeta, em poucos lugares há uma diferença tão grande entre pobres e ricos. A elite brasileira (sim, ela existe, esta aí), fundada e perpetuada no escravismo, luta para manter seus privilégios a qualquer custo. Eles são donos dos bancos, das grandes construtoras, fábricas e empresas, das tevês, rádios, jornais e portais da internet e defendem ferozmente sua agradável posição. A única maneira de enfrentar seu enorme poder é no voto.

Voto contra o poder crescente do capital sobre as políticas públicas. Quem vive de rendas pensa sempre mais no centro da meta da inflação e menos nos níveis de emprego, mais na taxa dos juros e menos no poder aquisitivo dos salários. O poder do capital especulativo, rentista, é gigante, mora na casa dos bilhões de dólares. Voto contra, muito contra, a autonomia do Banco Central, que tira do governante, eleito pelo nosso voto, o poder de guiar o desenvolvimento segundo critérios sociais, protegendo o país do ataque de especuladores e garantindo renda e empregos, e entrega este poder ao tal mercado, hereditário e eleito por si mesmo, sempre predador e zeloso em garantir a sua parte antes de lamentar os danos sociais causados por seus lucros. (Ver Espanha, Grécia, EUA, Finlândia, etc.)

Voto contra submeter os critérios de uso dos nossos recursos naturais não renováveis, como o petróleo, ao interesse de grandes empresas estrangeiras. O petróleo brasileiro e seu destino é o grande assunto não mencionado nas campanhas eleitorais. Os ataques contra a Petrobras, que acontecem invariavelmente às vésperas de cada eleição, atendem interesses das grandes empresas petroleiras, especialmente as americanas, que querem a volta do velho e bom sistema de concessões na exploração dos campos de petróleo, sistema que, na opinião delas, deveria ser extensivo às reservas do pré-sal. Aqui o interesse chega na casa do trilhão. Garantir que o uso da riqueza proveniente da exploração de nossos recursos não-renováveis tenha critérios sociais, definidos por governantes eleitos, me parece uma ideia excelente da qual o país não deveria abrir mão.

Voto contra o poder crescente das religiões sobre a vida civil. Respeito inteiramente a fé e a religião de cada um, gosto de muitos aspectos de várias religiões, sei do importante trabalho social de várias igrejas, mas não aceito o uso de argumentos ou critérios religiosos na administração pública. Mesmo para os que professam alguma fé religiosa a divisão entre os poderes da terra e do céu deveria ser clara. Diz a Bíblia, em Eclesiástico, XV, 14: “Deus criou o homem e o entregou ao poder de sua própria decisão”. (Esta é a versão grega, a versão latina fala em “de sua própria inclinação” ou “ao seu próprio juízo”.)  Erasmo faz uma boa síntese desta ideia: “Deus criou o livre-arbítrio”. Ele, se nos criou a sua imagem e semelhança e criou também as árvores, haveria de imaginar que, criadores como ele, criaríamos o serrote, e com ele cadeiras, mesas e casas, e ainda, Deus queira!, a ciência que nos permita usar com sabedoria os recursos naturais e viver bem, com saúde. O poder crescente das igrejas, com suas tevês e bancadas no congresso, deve ser contido por um estado laico.

Voto contra o preconceito contra os homossexuais. O estado não tem nada a ver com o desejo dos indivíduos. Ninguém (seriamente) está falando que o sacramento religioso do casamento, em qualquer igreja, deva ser definido por políticas públicas, mas os direitos e deveres sociais devem ser iguais para todos, ponto. Os preconceituosos e mistificadores, que vendem a cura gay ou bradam sua lucrativa intolerância contra os homossexuais, devem ser combatidos sem vacilação ou mensagens dúbias.

Voto contra a criminalização do aborto. A hipocrisia brasileira concede às filhas da elite o direito ao aborto assistido por bons médicos, em boas condições de higiene, e deixa para as filhas dos pobres os métodos cruéis e o risco de vida, milhares de meninas pobres morrem de abortos clandestinos todos os anos. A mulher deve ter direito ao seu corpo, independente de vontades do estado ou de dogmas religiosos.

Voto contra o obscurantismo que impede avanços científicos. Há quem se compadeça com os embriões que serão jogados no lixo das clínicas de fertilização e ignore o sofrimento de milhares de seres humanos, portadores de doenças graves como a distrofia muscular, a diabetes, a esclerose, o infarto, o Alzheimer, o mal de Parkinson e muitas outras, cuja esperança de cura ou melhor qualidade de vida está na pesquisa com as células tronco.

Voto contra palavras vazias. Nossa era da mídia transformou a oralidade num valor em si, esquecendo que há canalhas articulados e bem falantes e pessoas de bem e muito competentes que são de pouca conversa, ou até mesmo mudas. Tzvetan Todorov: “A democracia é constantemente ameaçada pela demagogia, o bem-falante pode obter a convicção (e o voto) da maioria, em detrimento de um conselheiro mais razoável, porém menos eloquente”. (1) Há quem diga de tudo e também o seu oposto, dependendo do público ouvinte a quem se pretende agradar, há quem decore frases feitas repetíveis em qualquer ocasião, há quem não fale coisa com coisa. Prefiro julgar os governantes e aspirantes a cargos públicos menos por suas palavras e mais por seus atos, seus compromissos e sua capacidade de trabalho em equipe, ninguém governa sozinho.

Voto contra os salvadores da pátria. Pelo menos em duas ocasiões o Brasil apostou em candidatos de si mesmos, filiados a partidos nanicos, sem base parlamentar, surfando numa repentina notoriedade inflada pela mídia e alimentada pelo discurso “contra a política”, prometendo varrer a corrupção e as “velhas raposas”. No primeiro caso, a aventura personalista de Jânio Quadros acabou num golpe militar e numa ditadura que durou 25 anos. No segundo, a aventura personalista de Fernando Collor, sem base parlamentar e passada a euforia inicial, terminou em impeachment, bem antes do fim de seu mandato. (atualizado em 01.09.14: A trajetória pessoal de Marina – muitos anos de boa luta democrática e defesa de grandes causas – é incomparável com a de Fernando Collor, um autêntico herdeiro da senzala, e Jânio Quadros, um doido. Espero que em nome de uma suposta nova política ela não jogue fora sua bela história de vida, toda construída na velha. )

Voto na Dilma e contra tudo isso que ainda está aí: a desigualdade social, o poder crescente do capital, a cobiça sobre nossos recursos naturais, o preconceito contra os homossexuais, a criminalização do aborto, o obscurantismo que impede avanços científicos, a criminalização da política, as palavras vazias, os salvadores da pátria. Com a direita autêntica fora do jogo podemos, sem grandes riscos de voltar ao passado, debater o melhor caminho para seguir avançando. Ponto para a democracia.

(1) Tzvetan Todorov, Os inimigos íntimos da democracia, tradução Joana Angelica DÁvila Melo, Companhia das Letras, 2012.



Pai compra tênis à vista para os filhos, é tratado como ladrão e dá uma aula de resistência negra para a PM

September 1, 2014 6:37, von Unbekannt - 0no comments yet

 As cenas de racismo explícito que vemos nos vídeo nos indigna. Mas a reação do pai à abordagem dos policiais que praticam racismo institucional como das pessoas que assistiram-na, dá-nos algum alento.  Tanto as vítimas como as pessoas ao redor dão nome aos bois. Há um dado momento que um coro grita uníssono: preconceito! Preconceito! Preconceito!

Perguntas: Foi prestada queixa contra a abordagem racista praticada pelo Estado?

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a corregedoria da polícia fará algo em relação a isso?

A formação de uma nova polícia para substituir esses desqualificados vai se iniciar quando?

O vídeo foi postado por Fabiana Alves em seu Facebook. De acordo com ela, o fato aconteceu dia 29 de agosto no calçadão de São José dos Campos, São Paulo: “Um homem e dois garotos foram abordados por policiais que disseram que tinham recebido uma denúncia de roubo.” Para mentes racistas, os primeiros negros vistos só poderiam ser os ladrões e para mentes racistas a abordagem violenta dos mesmo se justifica.
Fabiana relata que indignado, o pai dos garotos mostrou  a nota fiscal dos tênis que havia comprado a vista. Cheio de revolta e desespero o pai informa aos policiais racistas que seus filhos são trabalhadores e estudam, um deles inclusive é bolsista do PROUNI.
De acordo com o relato de Fabiana, o pai disse aos policiais que estavam no direito de averiguar a denúncia, mas não de prejulgar. Como podemos ver no vídeo, a abordagem da PM foi padrão de seu cotidiano violento – primeiro humilha, julga, violenta, para depois descobrir que as vítimas do racismo institucional não eram os supostos ladrões.  

Os suspeitos são comumente tratados como criminosos, sempre prejulgados, a polícia militar faz age como se fosse polícia civil e Justiça. A abordagem completamente inadequada teve revista corporal, forçou as vítimas a colocar a cara na parede, acusou pai e filhos de ladrões, com policiais gritando no ouvido do pai que ele havia roubado.
O desfecho só não foi mais violento porque a multidão reagiu: pessoas começaram a filmar a abordagem dos policiais e se uniram às vítimas. Só assim os policiais recuaram.
Há um momento que todo pai que ama seus filhos agiria da mesma forma que este pai agiu. Ele protege seus filhos com o próprio corpo criando uma barreira entre os policiais e seus filhos. Ele enfrenta os policiais, dizendo com o corpo e com seu clamor indignado algo como: nos meus filhos vocês não vão tocar, não vão levar para a delegacia. Esse é um dos momentos que a multidão ao redor também toma partido das vítimas e enfrenta os policiais. Há uma moça que se aproxima dos policiais e grita: “Não vai levar! Durante todo este tempo podemos ver que o pai tem um papel na mão, possivelmente o cupom fiscal da compra e os policiais não checam o documento para averiguar que ele fala a verdade! 
Nas cenas podemos ver que a indignação das pessoas vai se ampliando, os policiais são chamados de ‘coxinhas’. A moça que enfrentou o policial, checa o papel na mão da vítima e grita, ele pagou!  Quando o pai consegue esticar o cupom fiscal e mostrar pra multidão ao redor, as pessoas aplaudem, gritam numa explosão de alegria e alívio, como se em uníssono dissessem, agora esses ‘coxinhas’ vão parar de violentar esta família. O pai, dá uma aula sobre racismo e esteriótipos contra os negros e diz:
“No Brasil somos 52% da população. Existe negro sem vergonha. Existem branco sem vergonha.” Alguém na multidão grita: Racismo! e o restante em coro: “Preconceito, preconceito, preconceito!”
O pai continua: “Chega de racismo neste país, chega de genocídio!” Chega, chega, chega, cansei!
Será que os policiais desqualificados, que explicitaram seu racismo na abordagem violenta, entenderam a lição dada pelas vítimas? O povo compreendeu perfeitamente. 
As falas cheia de revolta do pai, como diz Fabiana, é um desejo do pai de “mostrar que o RACISMO existe sim e é uma praga em nosso país.”
Tudo isso em quatro minutos de vídeo, onde já estava mais que comprovado que as vítimas não eram ladras e mesmo assim a polícia ainda os mantinha ali. A população passa a gritar: “Libera! Libera! Libera!”
O pai convoca: “Nós vamos para a delegacia todo mundo!” Convoca testemunhas. E afirma que o sistema prisional no Brasil é contra os negros.
Os policiais desqualificados tentam impedi-lo de continuar e ele grita: “Eu vou provar, olha o tanto de gente aqui, ó.”
Tomara que esse pai humilhado e violentado pela PM na frente de seus filhos siga em frente e processe esses policiais despreparados, processe o governo do estado de São Paulo que mantém esta polícia despreparada, violenta e racista e tomara que a multidão que se solidarizou diante da barbárie não recue e sirvam como testemunha deste descalabro.


Desistir do Pré-Sal é desistir do Brasil

August 31, 2014 17:04, von Unbekannt - 0no comments yet

Por Victor Farinelli*, especial para o Maria Frô

31/08/2014

Marina se segura em dois slogans que sensibilizam principalmente os eleitores do Sudeste, o da “nova política” e o “não vamos desistir do Brasil”, lançado no velório de Eduardo Campos.

Cabe de tudo nessas duas frases, e por isso Marina é uma incógnita, como disse a filha de Chico Mendes. Mas existe uma maneira de ver as contradições da candidata: apontar a ela temas onde não pode ficar em cima do muro. Já aconteceu com sua primeira crise, quando seu programa de governo afirmou ser a favor do matrimônio homossexual, o que foi desmentido horas depois em uma lamentável nota de esclarecimento, e logo veio uma sequência de idas e voltas que ainda não terminou, sendo, portanto, impossível saber o que a candidata realmente pensa ou pretende fazer a respeito.

A mesma confusão aconteceu quando a candidata disse que o sua oposição aos transgênicos é uma lenda. Marina tem talento para essas ambiguidades. Nessa frase, ela não chega a se comprometer com a Monsanto (que tem no seu vice, Beto Albuquerque, um dos seus principais representantes do Congresso), mas acena à empresa e todo o agronegócio com um “não tenham medo de mim”. Talvez alguns ambientalistas mais exigentes não aceitem esse discurso – e alguém poderia dizer que uma pessoa ser ambientalista e tolerar os transgênicos também seria uma lenda, já não é mais –, mas Marina sabe bem, desde que deixou o PV, que os votos verdes não ganham eleições.

Algo semelhante acontece com outro tema sensível para grande parte do povo brasileiro: o Pré-Sal, uma reserva de petróleo que pode ser o passaporte para o país se tornar definitivamente uma das grandes potências mundiais: por lei, aprovada no governo Dilma Rousseff 75% dos royalties e 50% do fundo social pré-sal são destinados à Educação.

Marina nunca foi totalmente a favor do pré-sal, algo sustentado pelo discurso ambientalista – Marina sempre usou acidentes petroleiros, no Brasil e no exterior, para atacar a Petrobrás e falar em abrir a empresa para participação ou investigação externa. Na campanha de 2010, usou um vazamento ocorrido no Golfo do México para defender essa tese, como se isso fosse problema do Brasil e da Petrobrás:

Este ano, a coisa está mais explícita. Marina tem como um dos seus principais assessores o economista tucano André Lara Resende, que também foi assessor do Collor e um dos que recomendou o confisco das poupanças, segundo o próprio ex-presidente, além de presidir o BNDES durante o governo FHC, sendo um dos grandes artífices da política de privatizações – tão importante que esteve metido até o pescoço no escândalo dos grampos, os primeiros indícios das maracutaias da privataria tucana a virarem notícia nacional.

Lara Resende teve que renunciar ao BNDES sem terminar a missão para a qual foi escalado. Faltou privatizar a Petrobrás e o Banco do Brasil. Sua presença na equipe de Marina faz ter sentido a ideia de interrupção da exploração do Pré-Sal, defendida pelo programa de governo da candidata – não é preciso muita astúcia para entender a quem isso beneficia e que efeitos teria sobre a Petrobrás, mas aos que não entendem, sugiro ler a coluna deste domingo (31/08), do Jânio de Freitas, na Folha, onde ele diz que “reduzir o Pré-Sal e atingir a Petrobras no coração são a mesma coisa”.

Mas convenhamos, seria injusto culpar somente o tucano Lara Resende pela ideia de frear o Pré-Sal. Se voltamos ao vídeo acima perceberemos que, em 2010, Marina já demonstrava o quanto desconfiava da capacidade da Petrobrás em explorar esses recursos. Um conceito que pertence ao velho Brasil, aquele relegado à eterna dependência. Marina quer desistir do Pré-Sal, uma medida que significaria desistir do Brasil.

Uma das fórmulas com que o PT poderia recuperar terreno seria apostar em ser a única candidatura (porque Aécio tampouco vai conseguir pegar carona nisso) que acredita no Pré-Sal e na capacidade do Brasil de ser dono do seu próprio destino – de quebra, pode usar como argumento, e sem soar forçado, tudo o que o país avançou na última década para poder ser capaz disso agora.

Acabaria com os dois discursos. Não é possível ser “nova política” defendendo um país incapaz de grandes avanços, algo que também não coincide com quem pretende “não desistir do Brasil”. E ainda serviria para uma pergunta: “Marina, você sabe que Chico Mendes jamais desistiria de explorar o Pré-Sal ou qualquer recurso natural, se isso significasse melhores condições de vida para os brasileiros, ou você não o conhecia?”.

* Victor Farinelli é jornalista, correspondente do Opera Mundi no Chile, corinthiano e blogueiro de assuntos latino-americanos da Carta Capital, um dos responsáveis pelo blog Rede LatinAmérica.



Valter Pomar: “Solo adubado com ilusões produz merda em grande quantidade”

August 31, 2014 8:14, von Unbekannt - 0no comments yet

Numa sociedade de classes, ainda tão desigual como a nossa, não existe “Terceira Via”, minha gente! Ou é pela Esquerda, ou é a barbárie.

Basta ouvir a propaganda eleitoral dos candidatos das bancadas da bala, da fundamentalista e da ruralista. É o fascismo pregado em alto e bom som, é a direita sem medo de dizer o que pensa, apostando que o povo não pensa, apostando que sua exploração imensa dos trabalhadores, concentrando renda, produzindo desigualdades, pondo o estado mais rico do Brasil, São Paulo, na contramão do restante do país que a alienação os afastará da  da política. Esta direita fascista prega abertamente no horário eleitoral: mais repressão, mais cadeia, mais tempo de encarceramento para meninos pobres da periferia, propõe milícias pra combater manifestações, prega mais controle sobre os corpos, esvaziam de sentido os termos “saúde” e “educação”.

Em seus discursos autoritários não há nenhuma fala sobre desigualdades sociais, nada sobre como a mesma direita há 20 anos no governo do estado de São Paulo nos deixou sem água, sem mobilidade urbana, sem moradia, com a educação e saúde públicas sucateadas. 

Valter Pomar em mais um texto de análise do atual quadro político o esclarece, sem dourar a pílula, sem adubar solo com ilusões.

Ao lê-lo, digo e repito:  Valter Pomar é o melhor formulador teórico do PT, uma das pessoas mais sensatas que conheço. E não é porque muito do que penso conflui para as suas análises, é que Valter nunca, sob qualquer situação, despolitiza suas análises numa era em que a regra em todos os campos é fazer uma geleia geral despolitizadora. ausente de polarização e de críticas.

Mas, é preciso combinar com o povo:

O povo não é idiota. Paga caro quem subestima a capacidade crítica das pessoas. É preciso politizar o debate, polarizar programaticamente e confiar no senso de classe da maior parte do povo.

Parte dos eleitores de Marina é de pessoas que já votaram em nós ou que socialmente podem votar em nós. 

Portanto, é preciso conquistar ou reconquistar o voto destas pessoas, assim como conquistar o voto daquelas que ainda não optaram. E isto se faz através de política, programa, mobilização.” Valter Pomar.

Para ler na íntegra sua excelente análise visite seu blog, parada obrigatória nesses tempos sonháticos de tornar o sindicalista Chico Mendes “elite” e banqueira do Itaú “educadora”.

Leia também:

Redes, ruas e eleições: as disputas de narrativas para o Brasil não retroceder e continuar mudando

Valter Pomar: Marina não é 3ª via, “ela é uma forte alternativa para o grande capital, especialmente financeiro”

Ciro Gomes: “Marina é grave ameaça para o futuro do Brasil”

Debate na Band: a performance dos candidatos de Chico Mendes ‘elite’ à Petrobrax

Ao fim e ao cabo Lula e o PT são os atores centrais da política brasileira desde os anos 80

A direita está tão desgastada que aposta até em ex-petista pra tentar tirar o PT do governo federal

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