Daniel Dantas ameaça a Geração Editorial pelo livro “Operação Banqueiro” e quer impedir divulgação de dados de inquéritos e processos judiciais
enero 16, 2014 12:52 - no comments yet“Recebi seu recado lido por amigo comum. Aviso-lhe: não mais mande-me (sic) recados neste tom: acho que você estava fora de si quando mandou esta infeliz mensagem. Não sou lambe-cu acanalhado ou acarneirado. Você sabe disso. Já fiquei seis anos sem falar com você e, se necessário, fico mais vinte. Não sou Roseana ou Sarney. Você precisa de mim e eu não preciso de você. Você vá ser acavalado, acerbo, com quem tem obrigação de aguentá-lo. Quanto à sua observação sobre D (Daniel Dantas, o banqueiro), devo dizer-lhe: você não sabe de nada – nada mesmo. Ponha isto na sua cabeça. Ele é credor, grande credor”.
Trecho do “OPERAÇÃO BANQUEIRO” de Rubens Valente, Geração Editorial, 2014.
Se o lobista de Daniel Dantas se dirigia neste tom a José Serra, imagine o que o próprio Daniel Dantas não fazia. Imagine então o que ele acha que pode fazer com um editor de livros.
Como bem argumentou o blogueiro Charles Carmo em letras garrafais:
É estarrecedora a forma como o lobista banqueiro Daniel Dantas se referia aos ministros e ao presidente FHC. Segundo provas contidas no livro, Daniel Dantas sabia de segredos comprometedores das privatizações e ameaçava tucanos desta forma, inclusive o presidente FHC. Mas o livro também mostra como o ministro do STF, Gilmar Mendes, armou uma situação para livrar Dantas da cadeia, duas vezes seguidas.
Este livro merece ser lido, traduzido, replicado, conversado, discutido, comentado etc. , quem sabe disso e finge que não é nada demais é, realmente, um demagogo. Leia! Você não vai ver isso na Globo.
Daniel Dantas ameaça a Geração Editorial pelo livro “Operação Banqueiro” e quer impedir divulgação de dados de inquéritos e processos judiciais
Por: Luiz Fernando Emediato – Publisher da Geração Editorial
15/01/2013
Banqueiro ataca a referência a provas judiciais, policiais e administrativas inéditas obtidas e reveladas pelo jornalista Rubens Valente
O banqueiro Daniel Dantas fez a primeira ameaça oficial à Geração Editorial, que no último dia 10 lançou a obra “Operação Banqueiro”, do jornalista Rubens Valente, com revelações e provas inéditas sobre as atividades do banqueiro e do Banco Opportunity. A primeira edição da obra esgotou nas livrarias em poucos dias, e a Geração trabalha para colocar a segunda edição nas livrarias de todo o país.
Em notificação extra-judicial datada do último dia 9 de janeiro, subscrita pelos seus advogados, Daniel Dantas ataca a citação, na obra, de dados obtidos pelo jornalista em inúmeros processos judiciais e inquéritos policiais e administrativos de interesse público. O banqueiro afirma que “pode-se concluir que a publicação extrapola -em muito- os limites do exercício da liberdade de expressão, sujeitando V. Sas. [Geração Editorial], na qualidade de editores e distribuidores, à responsabilização pela divulgação dos dados sigilosos e pelos danos causados ao notificante [Dantas] e ao Opportunity”.
O banqueiro alega que há dados sob sigilo e, por isso, “o conteúdo divulgado no livro intitulado ‘Operação Banqueiro’ é ilícito”.
A notificação extra-judicial é datada de 9 de janeiro, um dia antes da chegada da obra às livrarias do país. A peça assinada pelos advogados do banqueiro reconhece que houve portanto uma “leitura superficial”. Segundo o banqueiro, “a leitura superficial da obra publicada permite constatar a divulgação indevida, ainda que não se reconheça o seu teor, de informações sigilosas constantes de processos judiciais e administrativos, como por exemplo o conteúdo de interceptações telefônicas, a transcrição de e-mails; a reprodução de documentos e relatórios da Polícia Federal”.
A Geração Editorial e o autor reafirmam que jamais utilizaram material “ilícito” e que a divulgação de dados do gênero é reconhecida em várias esferas judiciais e oficiais que defendem o direito à liberdade de informação e de expressão no Brasil. Caso prosperasse a tese desenvolvida pelo banqueiro e contida na peça ameaçadora de seus advogados, todos os jornais e revistas do país, todas as emissoras de televisão e todas as editoras estariam impedidas de divulgar quaisquer investigações desenvolvidas, por exemplo, pela Polícia Federal.
Os brasileiros já estão acostumados a abrir todos os dias os jornais e revistas ou ligar a televisão no noticiário para ter acesso a gravações telefônicas e e-mails interceptados por ordem judicial no decorrer de processos e inquéritos da Polícia Federal e das várias polícias nos Estados. Estaria o “Jornal Nacional” e os jornais televisivos da Rede Record, da Rede Bandeirantes e do SBT, dentre tantas outras emissoras, fazendo uso de “conteúdo ilícito” em seu noticiário? Estariam a revista “Veja”, “Época” , “IstoÉ” e “Carta Capital”, semanalmente, e os jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, diariamente, apenas para citar alguns mais conhecidos no país, usando material “ilícito” em suas páginas? Estariam todos esses veículos “extrapolando –em muito – os limites do exercício da liberdade de expressão”?
A resposta a todas essas perguntas é obviamente não, pois editores e jornalistas apenas cumprem o seu papel e o seu dever de bem informar a população sobre temas de interesse público. Caso a tese levantada pelo banqueiro fosse verdadeira e acolhida pelo Judiciário, seria instituído no país um verdadeiro sistema autoritário de censura e de controle da liberdade de expressão e de informação, no qual jornalistas e editores seriam perseguidos e punidos apenas porque levaram ao público determinadas informações, principalmente as que incomodam forças poderosas no país.
A Geração Editorial e o autor reafirmam o respeito à lei e à Justiça brasileiras e o compromisso com a transparência de seus atos e com o direito do leitor de ter acesso a informações de interesse da sociedade.
Wagner Iglecias: Quem é dono dos pobres, afinal?
enero 16, 2014 12:44 - no comments yetQuem é dono dos pobres, afinal?
Por: Wagner Iglecias, Especial para o Maria Frô
16/01/2013
MorumbiXParaisópolis.Esse fenômeno dos rolezinhos, já exaustivamente discutido por n atores diferentes (sociólogos, antropólogos, politólogos, juristas, jornalistas, blogueiros, e tantas outras pessoas) tem uma dimensão ainda pouco discutida, mas muito interessante: afinal, essa molecada da periferia que está fazendo esses movimento, é propriedade de quem? Porque para além das inúmeras tentativas de explicar o fenômeno, está em curso uma guerra surda para dar a palavra final sobre ele, uma guerra para ver qual narrativa sobre os fatos é a mais legítima, como se isso fosse possível. Como qualquer estudante de 1º ano de graduação em Ciências Sociais sabe, sempre é importante entender quem profere um discurso e qual lugar esse indivíduo ocupa na estrutura social. Ou então não se entende nada.
Pois bem. O artigo “Aparthaid a brasileira?”, que escrevi no sábado em parceria com o Prof. Rafael Alcadipani, da FGV, poucas horas após a liminar que proibiu o rolezinho no shopping JK Iguatemi, foi publicado no Jornal GGN domingo cedo e compartilhado em vários outros sites e blogs nas horas e dias seguintes. Foi muito interessante percorrê-los e ler os comentários. Muitos, mas muitos mesmo, não entraram no mérito dos vários pontos de discussão que propusemos no texto. Antes disso, buscaram nos desqualificar como supostos teóricos que passam seus dias isolados dentro dos muros acadêmicos e nada sabem da realidade. Oras, se essa visão foi ou segue sendo alimentada por alguns acadêmicos isso não pode ser extrapolado para todos, correto? Vários comentários nos questionaram sobre o que faríamos se os rolezinhos fossem feitos dentro de nossas respectivas faculdades ou em frente às nossas casas. Argumento a meu ver no mesmo nível daquele “defende direitos humanos? Então leva o bandido pra sua casa” ou ainda “denuncia as mazelas do capitalismo? Então compra uma passagem para Cuba só de ida”. No entanto, não vou ficar aqui de mimimi denunciando um suposto preconceito contra intelectuais.
Que os conservadores enxerguem rolezinhos ou manifestações de rua como coisa de vândalos, vagabundos, arruaceiros ou gente sem educação etc não surpreende, pois este sempre foi o nível de argumentação destes setores. Que juristas preocupem-se com o estrito cumprimento da lei, ou que parte da imprensa chame a atenção para a questão da importância da preservação do patrimônio público e privado, também já é esperado. Que acadêmicos, sobretudo sociólogos, enxerguem nestes fenômenos indícios de transformações sociais muito mais profundas, longas e complexas, também não é novidade. Aliás, reconheço que muitas vezes nossa argumentação de sociólogos é consirderada, para usar um termo acadêmico, chata pra cacete por parte de quem não é da área. Mas como diria aquele grande filósofo contemporâneo Kleber Bam Bam, “faz parte”.
Agora, diante disso tudo, o mais curioso é a narrativa que vem daqueles que não se situam em nenhum destes lugares, e chamam para si a legitimidade de quem nasceu e viveu na periferia. Seriam os periferiólogos? Não tenho dúvida alguma de que passar a infância numa favela deve trazer ao indivíduo muito mais conhecimento sobre aquela realidade do que alguém de fora daquele universo que o visita duas ou três vezes na vida para fazer uma etnografia acadêmica ou uma matéria jornalística. No entanto, acho eu, nem mesmo o morador da periferia consegue vencer a disputa de narrativas sobre um fenômeno como o rolezinho. Nos últimos dias vários amigos me encaminharam ou postaram o artigo de Leandro Beguoci, chamado “Rolezinho e a desumanização dos pobres”. É um artigo excelente, que mistura a experiência de quem nasceu e cresceu num bairro muito pobre com alguém que estudou Ciências Sociais. Vale muito a leitura. No entanto a abordagem de Leandro parece não escapar da tentativa que mencionei acima, de dar a última palavra, a explicação definitiva, a narrativa mais legítima.
Leandro desqualifica o termo aparthaid e diz que o mesmo é usado por blogueiros de esquerda “a partir de certezas baseada em quase nada”. Critica o nível dos debates que têm sido feitos até aqui sobre os rolezinhos e diz que eles poderão ser responsáveis por mais um ciclo de humilhação dos pobres e até mesmo pela sua desumanização!!! Fala sério. Ao ler isso lembrei de uma festa que fui, certa vez, num sábado a tarde, numa residência localizada num dos bairros mais caros de SP. Pra conseguir parar meu carro na rua já foi um sacrifício, tamanha a quantidade de SUVs e outros carrões enormes estacionados nas proximidades. Na casa só gente branca, muito bem vestida, comendo e bebendo do bom e do melhor. Homens trajando suas famosas camisas pólo (vocês sabem a marca) e conversando sobre assuntos como tênis e automobilismo; mulheres com seus cabelos longos lisíssimos papeando em animadas rodinhas; crianças de pele e olhos claros brincando pra lá e pra cá. De repente entraram no ambiente quatro rapazes negros. Acomodaram-se em quatro banquinhos, tocaram pagode por exatas duas horas, despediram-se e foram embora. Não fossem músicos provavelmente jamais estariam ali. E esse é apenas um exemplo. Muitos outros poderiam ser dados.
Não precisa ser acadêmico, ou favelado, para já ter visto ou vivido situações semelhantes a esta. Não precisa ser um grande observador da realidade social brasileira para saber que há shoppings e shoppings, uns de ricos e outros para os pobres. Obviamente ninguém é ingênuo a ponto de imaginar que nosso aparthaid está escrito em normas jurídicas, como ocorreu na África do Sul durante décadas. Mas aqui ele é invisível e cotidiano, inscrito no dia a dia das relações sociais, há séculos. Extremados não são “blogueiros de esquerda” ou acadêmicos que apontam isso. Extremada é a segregação racial brasileira. Ao menos os pobres, pra sua própria sorte, não têm dono.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor do Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas e do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da USP.
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Lulão trabalhou bastante em 2013 para a integração da América Latina
enero 16, 2014 12:27 - no comments yetIniciativa América Latina debate nova etapa da integração
Trabalhando pelo aprofundamento das relações latino-americanas e por uma integração verdadeira, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula promoveu debates e reuniu informações ao longo do ano sobre a integração latino-americana. E encerrou 2013 com a organização de um grande encontro no Chile, em parceria com a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina” contou com a participação do ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos e de 120 lideranças entre sindicalistas, políticos, pesquisadores e representantes de entidades multilaterais da região.
No encontro em Santiago, 120 lideranças politicas, sociais e intelectuais fizeram uma análise atualizada e debateram uma agenda concreta para o desenvolvimento e a integração regional. Discutiu-se francamente a inserção da América Latina na economia mundial; a arquitetura político-institucional da integração; o papel das políticas sociais, especialmente no combate à pobreza; as empresas translatinas; as conexões físicas e energéticas; a cooperação financeira e os mecanismos de investimento; as cadeias produtivas supra-nacionais; os direitos humanos e laborais; a defesa do patrimônio ambiental e da diversidade cultural.
No início do ano, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula organizou um amplo debate com intelectuais da América do Sul em São Paulo, para discutir caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração do continente. Na oportunidade, o ex-presidente Lula afirmou que “a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves”.
Lula visitou, além do Chile, a Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Participou de eventos onde falou do sucesso do Brasil em impulsionar a economia combatendo a pobreza e da importância de se ampliar ainda mais a integração e a cooperação entre os países da América Latina.
Ao todo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou 10 países da região em 2013. Além das atividades de Lula, o diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, Luiz Dulci, e sua equipe, mantiveram contato direto com líderes, forças políticas, intelectuais e movimentos sociais e sindicais de 13 países latino-americanos.
México e Caribe
Em Cuba, Lula participou da 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo e pediu o fim do embargo ao país. “Não existe mais nenhuma razão para se manter o bloqueio”, disse. Na República Dominicana, o ex-presidente participou da cerimônia de entrega do Prêmio Nacional da Juventude.
No México, em abril, Lula participou do lançamento da Cruzada Nacional contra a Fome do governo mexicano. O programa foi inspirado no Fome Zero e o presidente mexicano, Enrique Penã Nieto, agradeceu Lula por impulsionar a luta contra a fome. “Vamos começar no México o que o presidente Lula fez no Brasil e faremos de tudo para acabar com a fome entre os mexicanos”, disse.
Países Andinos
Em junho, o ex-presidente fez uma viagem pelos países andinos, passando pela Colômbia, Peru e Equador. Lula se reuniu com os presidentes dos três países, estudantes, movimentos sociais e sindicais, e participou de encontros com empresários. No Peru, ele recebeu a Medalha Cidade de Lima, e também o título honoris causa da Universidade San Marcos, a mais antiga das Américas. No Equador, o ex-presidente participou de um amplo encontro com os movimentos sociais no Teatro Nacional de la Casa de La Cultura, em Quito. E recebeu dois títulos de doutor honoris causa pela Universidad Andina Simón Bolívar e pela Escuela Politécnica del Litoral.
Saiba mais sobre todas as atividades da viagem aos países andinos aqui.
Argentina e Uruguai
Em maio, o Instituto Lula, por meio da Iniciativa América Latina, promoveu na Argentina o encontro “Desafios Brasil-Argentina: Desafio para a integração regional” em parceria com o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Na ocasião, Lula deixou claro que sua preocupação com a integração não acabou após o fim de seu mandato.
Ainda na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner chamou Lula de “o melhor amigo” do país. O ex-presidente participou da inauguração da primeira universidade de trabalhadores do continente, em Buenos Aires, e recebeu nove títulos de doutor honoris causa. No Senado, ele defendeu maior atenção dos parlamentos aos acordos internacionais e maior envolvimento das casas legislativas no debate sobre a integração.
No Uruguai, Lula se encontrou com o presidente, José Pepe Mujica, e participou de um debate sobre os avanços e novos desafios dos governos progressistas e do movimento sindical latino-americano.
Leia a entrevista com Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, sobre o trabalho feito em 2013 e as perspectivas em 2014
1) Qual a atividade principal da Iniciativa América Latina do Instituto Lula?
R: Nosso objetivo é contribuir para o avanço da integração latino-americana. Todas as nossas ações são voltadas para este fim: reuniões, encontros, seminários, pesquisas, produção de textos, viagens, contatos políticos, participação em eventos de terceiros etc. Temos procurado estimular no Brasil e nos outros países debates e ações práticas que fortaleçam a unidade política, social, econômica e cultural da região. Constituímos – e essa talvez seja a nossa principal realização – uma rede bastante ampla de interlocutores e colaboradores, envolvendo líderes políticos, dirigentes sociais e alguns dos maiores intelectuais da América do Sul, da América Central e do Caribe. Propiciamos diversos momentos de intercâmbio e reflexão coletiva. Lula tem dito que necessitamos de um pensamento estratégico sobre a integração, do qual se extraia uma agenda concreta capaz de acelerar o processo. Já dispomos de um acúmulo razoável nessa perspectiva. Em 2014, poderemos dar um salto de qualidade nesse trabalho, apresentando seu produto aos governantes e aos organismos multilaterais da América Latina.
Outra coisa muito importante que fazemos é preparar politicamente as viagens de Lula pela América Latina. Basta dizer que, desde que deixou a presidência, ele já fez 29 viagens a países da região, e em todas elas, além de reunir-se com os chefes de Estado, reuniu-se também com sindicalistas, cientistas, empresários e jovens para debater os desafios do desenvolvimento compartilhado e da integração regional.
2) Quais serão os desafios para 2014?
R: O ideal é que toda essa reflexão acumulada, e a articulação política que se deu em torno dela, sejam consolidadas num instrumento de intervenção intelectual e mobilização política. Não sendo órgão governamental, o Instituto Lula não pode e não quer, naturalmente, substituir os governos nacionais e a sociedade civil de cada país, nem tampouco os órgãos multilaterais da região. Mas pode sugerir, propor, estimular e induzir. A partir de 2014, nosso trabalho será voltado sobretudo para a apresentação de propostas aos atores políticos, econômicos e sociais.
3) Como a experiência brasileira contribuiu para a união dos países da América Latina?
Nunca se trata, em matéria de integração, de exportar modelos. Todas as experiências nacionais são relevantes para a união entre países. E, felizmente, a região conta com políticas públicas criativas em vários países e possui diversos chefes de Estado e líderes políticos de grande envergadura. É claro que Hugo Chaves e Néstor Kirchner fazem muita falta, mas foram substituídos por presidentes progressistas comprometidos com a integração soberana dos nossos povos. Mais do que a nossa experiência interna, a principal contribuição brasileira foi o extraordinário investimento político e econômico de Lula e Dilma no resgate do Mercosul e na criação da Unasul e da Celac. O maior aporte do Brasil, na minha opinião, foi a decisão estratégica de associar seu destino ao dos países vizinhos.
4) Há alguns anos cresce o número de governos de esquerda em países da América Latina. Em sua opinião, a que se deve esse fato?
É verdade. Nos últimos 10 anos, a maioria dos países da América Latina passou a ter governos de esquerda ou de centro-esquerda, isto é, progressistas, cujas gestões garantiram importantes conquistas sociais, econômicas e políticas para os seus respectivos povos e para toda a região. Acho que isso se deve à conjunção de dois fatores: de um lado, o fracasso histórico do neoliberalismo, que debilitou as oligarquias dominantes; de outro, a aposta das esquerdas e dos setores populares na via democrática e na disputa eleitoral. As esquerdas latino-americanas evoluíram muito, sem mudar de lado, e se demonstraram capazes não só de ganhar eleições, mas de governar com eficiência, promovendo a retomado do desenvolvimento e ousadas políticas de distribuição de renda e inclusão social. É por essa razão que, na maioria dos países, os governos progressistas estão sendo reeleitos, apesar da brutal oposição conservadora. Nunca a esquerda fez parte de tantos governos na América Latina. Esse é um trunfo para o avanço da integração.
Veja aqui todos os links das viagens por países latino-americanos em 2013.
ARGENTINA
Lula recebe o 9º título de doutor honoris Causa na Argentina
Lula faz parte de grupo “fundamental” para integração do continente, diz reitora da Universidade de Lanús
O diálogo pela integração latino-americana deve partir também do legislativo
Lula recebe oito títulos de doutor honoris causa na Argentina
“O sindicato além de fazer greve e manifestação, agora também faz universidades”, diz Lula na Argentina
Cristina Kirchner apresenta Lula como “melhor amigo da Argentina”
Lula participa de inauguração de universidade de trabalhadores em Buenos AiresCHILE
Ex-presidente participa do seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina”, em Santiago do Chile
Seminário no Chile debate integração
Sebastián Piñera recebe Lula em La Moneda
Lula sabe as mudanças importantes para um país, diz presidenta Bachelet
Lula se reúne com Bachelet no Chile
Instituto Lula promove seminário no ChileCOLÔMBIA
Paz e integração latino-americana são temas de encontro entre Lula e prefeito de Bogotá
Lula e prefeito de Bogotá discutem cooperação em políticas públicas
Lula janta com vice-presidente da Colômbia
Lula se reúne com o presidente colombiano Juan Manuel Santos
“Espero seguir seu exemplo e tornar a Colômbia um país mais justo”, afirma Santos a LulaCUBA
Transcrição da primeira parte do discurso de Lula na 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo
“Não existe mais nenhuma razão para se manter o bloqueio”, diz Lula em Cuba
Em Cuba, Lula se encontra com filha de ChávezEQUADOR
Lula se reúne com presidente equatoriano Rafael Correa
Em Quito, Lula recebe a Condecoração da Ordem Nacional de San Lorenzo
“Os pobres deixaram de ser problema e passaram a ser solução na América Latina”, diz Lula em Quito
Presidente do Equador diz que Lula é grande artífice da integração da América Latina
No Equador, Lula recebe dois títulos de doutor honoris causa por exemplo à integração latino-americanaMÉXICO
Lula em entrevista a TV mexicana: “coloquei o combate à fome como uma obsessão na minha vida”
Lula no México: “Eu vim aqui dar um testemunho. É possível acabar com a fome do mundo”PERU
Em Lima, Lula se encontra com presidente peruano Ollanta Humala e primeira-dama Nadine Heredia
“Sozinhos, podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, diz presidente do Peru sobre integração
Por trabalho pela democracia e igualdade, Lula recebe Medalha Cidade de Lima
No Peru, Lula recebe honoris causa da universidade mais antiga das Américas
Jogador Paolo Guerrero visita Lula em entrega de título de doutor honoris causa, em Lima
“Nós podemos construir um novo modelo de integração”, afirma Lula em Lima
Lula incentiva jovens peruanos a participar da política
Ao lado da primeira dama e do presidente peruanos, Lula visita obra de porto e conversa com trabalhadoresREPÚBLICA DOMINICANA
Lula se encontra com o ex-presidente dominicano Leonel Fernández
Na República Dominicana, Lula envia mensagem de esperança a juventudeURUGUAI
Ex-ministro Luiz Dulci lembra conferências e defende participação social nas políticas públicas
“Apenas começamos a resolver os problemas da América Latina”, defende Lula no Uruguai
Lula se encontra com presidente uruguaio José Mujica, em Montevidéu
O shopping center – caixa fechada à paisagem urbana e negação da rua – tem papel central na morte da cidade
enero 16, 2014 11:56 - no comments yetVários expressam a opinião de Arnaldo, mas ela não dá conta de explicar o tratamento diferenciado dado aos alunos da FEA, tampouco o tratamento dado aos meninos de Fortaleza que foram na inauguração do shopping center. Quanto mais elitista for o shopping mais ações discriminatórias eles terão em relação aos meninos da periferia, majoritariamente negros.
Do resto ele está coberto de razão, por mim os shopping seriam todos demolidos.
Por: Arnaldo Ferreira Marques, em seu Facebook
Eu detesto ser manipulado…
Rolezinho é o nome ‘perifa’ de flash mobs adolescentes marcados nos shoppings periféricos da cidade.
Em um ambiente cheio de vidro, escadas rolantes, saídas afuniladas, vãos de muitos andares etc., e com qualquer especialista em massa explicando que ajuntamentos de jovens podem sair facilmente do controle, óbvio que as organizações dos shoppings não iriam permitir os rolezinhos.
Adolescentes aprontões e seguranças caretas, a história do mundo desde o Neolítico.
Mas no clima pré-revolucionário que alguns sonham para o Brasil desde junho do ano passado, os rolezinhos se tornaram uma manifestação política de alta significação.
Criou-se um quadro no qual jovens pobres e negros excluídos, que sempre se sentiram impedidos de entrar em um shopping, resolveram finalmente se unir e ocupar esse vil espaço de exclusão burguesa. Denunciariam assim o apartheid vigente no país.
Hã… só que não. No geral, os rolezistas frequentam os shoppings normalmente, são frequentadores habituais, compram e se divertem lá todo o tempo. Individualmente. Sem problemas. O problema surge apenas no flash mob, no ajuntamento de centenas/milhares. Aí é que o bicho pega. E essa é outra discussão.
Os shoppings da periferia, palco dos rolezinhos, são frequentados por pessoas da periferia (ora!!!), em grande parte negros. Sem problemas. Se há apartheid no Brasil, não é por lá.
Se os movimentos sociais querem aproveitar a onda (capitalizando a habitual inabilidade da segurança em lidar com essas crises, chamando inclusive a PM, efetuando prisões etc.) e organizar “flash mobs anticapitalistas”, ok, façam, mas não confundam com os rolezinhos “moleques”, marotos, da perifa.
Por favor.
Que fique claro: o shopping center no Brasil adquiriu características próprias, matando a rua pública, oferecendo uma rua privada onde não há colchões de mendigos nos corredores, pedintes na praça de alimentação, lixo pelo chão ou batedores de carteira nos cinemas. Nos shoppings, as leis brasileiras são filtradas pela convenção do condomínio, para atender necessidades de consumidores e lojistas.
A cidade brasileira está morrendo, sendo substituída por um amontoado de ilhas privadas/muradas ligadas por ruas e avenidas cada vez mais voltadas apenas ao trânsito, à passagem, não à convivência.
O shopping center – caixa fechada à paisagem urbana e negação da rua – tem papel central nesse processo desastroso.
Por mim, os shoppings seriam proibidos. E os atuais demolidos.
O comércio, o lazer e a convivência devem voltar para a rua, transformadas em calçadões (o que se viabiliza com a prioridade ao transporte coletivo, com a inclusão social com qualidade… é um círculo virtuoso).
Mas parem de manipular o rolezinho, caraca!
O longo texto Leandro Beguoci: Rolezinho e a desumanização dos pobres, reproduzido por muitos (mas pelo jeito entendido ‘seletivamente’ por alguns) trata de parte das coisas que falo aqui.
Jovens negros são hostilizados e humilhados no shopping Parangaba, Fortaleza
Haddad não criminaliza os rolezinhos e sabe que jovens precisam de mais espaços públicos
Associação Brasileira de Shopping Centers consegue censurar páginas de rolezinhos no Facebook
Leandro Beguoci: Rolezinho e a desumanização dos pobres
“Rolezinhos” se espalham pelo País: teremos as jornadas de janeiro?
Vitor Teixeira: Rolezinho e o Apartheid
Shopping barra jovens da periferia, mas libera ´rolezinho´ de alunos da USP
enero 16, 2014 11:28 - no comments yetNeste post aqui já havia mostrado a diferença de tratamento quando o rolezinho é feito com subir em mesa de praça de alimentação e xingamentos por jovens brancos bem nascidos e jovens da periferia e em sua maioria negros.
Shopping barra jovens da periferia, mas libera ´rolezinho´ de alunos da USP
Rede Brasil Atual, via SMABC
Alunos da FEA sobem nas mesas da praça de alimentação para cantar gritos de guerra usados em jogos universitários
Sem repressão ou proibição, estudantes de Economia da Universidade de São Paulo promovem manifestações em centro de compras desde 2007
São Paulo – Pelo menos desde 2007, centenas de “bichos” da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA) reúnem-se no Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo, para celebrar o ingresso na universidade: em grupos grandes e barulhentos, sempre entoando os gritos de torcida da atlética da faculdade, eles ocupam o hall de entrada e os corredores, marcham até a praça de alimentação e, lá, seguem pulando, cantando e usando as mesas como instrumentos de percussão. A manifestação, similar à aglomeração causada pelos “rolezinhos” marcado pelas redes sociais para o sábado passado (11) no Shopping Itaquera, na zona leste, administrado pelo mesmo grupo empresarial, é permitida e conta até com patrocínio oficial de lojas; em Itaquera, uma liminar proibiu o encontro dos jovens e causou forte repressão da Polícia Militar.
Em vídeos publicados por alunos da FEA no youtube, é possível acompanhar a aglomeração dos jovens entre 2010 e 2013. Segundo João Meireles, atual presidente da Atlética, deve haver “invasão” no shopping também este ano.
“Para confirmar, só com o Centro Acadêmico, eles é que organizam os pedágios (trote que leva os novos alunos da faculdade para pedir dinheiro nos semáforos)”, afirmou.
As invasões ao shopping ocorrem logo após o fim da coleta dos pedágios, e contam até com apoio de lanchonetes na praça de alimentação: depois de decorar os gritos de guerra da torcida da FEA para os jogos universitários, os estudantes almoçam nos restaurantes parceiros. “Se há acordo com o shopping, eu não sei. Isso é com o CA”, completou Meireles. A RBA tentou contato com diretores do Centro Acadêmico da FEA, mas não obteve resposta.
À RBA, o Shopping Eldorado afirmou que as “invasões” são permitidas porque têm “objetivos muito diferentes” dos rolezinhos convocados pelas redes sociais. “Os alunos da FEA vêm ao shopping, almoçam e depois se concentram para a comemoração, cantando gritos de guerra por alguns minutos, o que não causa tumulto ou desordem”, apontou, por meio de nota. O shopping esclarece ainda que não costuma negociar a realização do evento com os estudantes, mas que a “invasão” ocorre sempre na mesma época do ano e, por isso, é previsível. “Na chegada do pessoal, nossa segurança identifica os líderes e passa algumas orientações para não incomodar os demais convidados do shopping. Depois, acompanha e monitora a ação”, continua a nota.
Dois pesos, duas medidas
Para Kazuo Nakano, professor de Desenvolvimento Urbano e Direito Imobiliário da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a diferença de tratamento dedicada pelos shoppings ao “rolezinho” e à “invasão” promovida por alunos da USP é sintomática da falta de regulamentação do setor. “Não existem critérios claros para o uso do espaço do shopping, que é uma empresa privada, mas de uso coletivo. Hoje, vale a lógica da propriedade e o direito do proprietário de filtrar quem circula em seu estabelecimento”, aponta.
“Agora, se tudo bem quando é aluno da USP, mas o cidadão da periferia gera temor de arrastões, está claro o preconceito. O shopping já é um espaço excludente por conta dos preços para desfrutar dos seus produtos e serviços, e, dessa maneira, segrega ainda mais”, completa.
O professor acredita que é necessário debater a diferença entre os espaços públicos dedicados ao consumo e aqueles dedicados à vida cívica dos cidadãos. “O que vemos em São Paulo, por exemplo, é que praticamente só existem dois tipos de espaços públicos: o de consumo e o de deslocamento, as vias da cidade. Quando vamos falar dos espaços para a vida cívica, estão quase todos deteriorados. Temos lutado para recuperar esses espaços e reverter essa lógica de privatização dos espaços dedicados ao lazer”, pondera Nakano. “Até lá, será comum que as pessoas façam a opção pelo shopping e outros estabelecimentos privados para suprir essa carência.”
Preconceito nos shoppings
Nos últimos anos, uma série de episódios revelam que a discriminação é comum nos corredores dos shoppings brasileiros. Em 2010, o músico cubano Pedro Bandera, 39, foi impedido por seguranças de entrar no shopping Cidade Jardim, na zona oeste, onde tinha uma apresentação marcada em uma livraria – segundo ele, os demais músicos entraram no shopping sem problemas. Já o cubano chegou a ser imobilizado e encaminhado a um táxi que o retiraria do local. Bandera, que é negro, processou o shopping por racismo e foi indenizado em R$ 7 mil após decisão favorável da justiça em dezembro passado.
Já no shopping Center 3, na avenida Paulista, em janeiro deste ano, a transsexual Aline Freitas afirmou que foi abordada por seguranças que tentaram impedi-la de usar o banheiro feminino: ela chegou a entrar no lavabo, mas foi abordada por uma funcionária e retirada por um grupo de oito seguranças.
Na Bahia, à mesma época do episódio em São Paulo, um grupo de 21 funcionárias do shopping Barra, em Salvador, tentou impedir uma lojista transsexual de usar o banheiro feminino, alegando sentirem-se “constrangidas” pela presença da funcionária. Nesse caso, o shopping manifestou respeito pela diversidade e afirmou que não restringiria o acesso da funcionária ao banheiro por uma questão de “dignidade humana”.
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