O racismo institucional da PM retratado pelo vídeo “Negro” da Porta dos Fundos
Agosto 6, 2014 5:33 - no comments yetHá momentos de grande acerto da turma de jovens atores da Porta dos Fundos que fazem vídeos para o Youtube. Este é um deles.
É perfeito na simulação dos estereótipos do racismo institucional da Polícia Militar de todo país, a de São Paulo inclusive não se constrange em tratar negro como suspeito nem em seus cartazes nem em seus documentos oficiais
Fiquem com o vídeo da Porta dos Fundos, intitulado “Negro” é didático para percebermos como o racismo institucional opera dia a dia.
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Aécio Neves só ouve coxinha de jaleco e não conhece o Programa Mais Médicos
Agosto 5, 2014 16:11 - no comments yetA ignorância do candidato Aécio Neves que concorre à presidência do Brasil é crassa.
Ele abre a boca e percebemos de imediato que ele não conhece nada sobre o assunto que se mete a falar. O Mais Médicos é um deles.
Primeiro Aécio Neves repetiu o discurso corporativista dos coxinhas de jaleco e mostrou todo seu desapreço pelos menos assistidos, aqueles que vivem nas periferias e cidades do interior do país afastadas dos grandes centros e que pela primeira vez viram um médico na vida no maior programa de provimento de médicos da história do país.
O discurso de Aécio não colou como não havia colado a defesa corporativa dos CRM. Afirmando que o Mais Médicos financia Cuba (leia-se o Comunismo) o discurso de Aécio repetia a mesma ladainha dos coxinhas de jaleco que foi piada no Facebook (veja a página Golpe Comunista 2014, por exemplo).
O candidato viu que não agradou, principalmente aqueles que vivem nas periferias e municípios afastados dos grandes centros e passaram a contar com atenção básica e agora em matéria da Folha, mais uma vez, mostra toda a sua ignorância e deselegância. Segundo Aécio, os médicos cubanos “tem prazo de validade”
Os cubanos têm prazo de validade, ficarão aqui por três anos. O que eu pretendo é que não haja mais a necessidade de médicos estrangeiros no Brasil. Ao longo do tempo as nossas políticas, ações, permitirão que essas vagas sejam ocupadas por brasileiros, formados, que passem pelo Revalida Folha.
Dentre outras bobagens em seu discurso eleitoreiro Aécio diz que criará 500 centros médicos (Ele se esqueceu das UPAS petistas) e possivelmente esqueceu que o país tem 5664 municípios, esqueceu também que em mãos tucanas o dinheiro da Saúde não chega ao destino final, provocando fechamento de instituições como a Santa Casa (Santa Casa reconhece: é o Governo tucano de Alckmin que não repassa verbas do governo federal), esqueceu que seu discurso, a ideologia neoliberal de seu partido é ‘cortar gastos’, enxugar a máquina, leia-se privatizar serviços públicos e deixar os menos assistidos ao deus dará.
Em seu promessômetro, Aécio diz que criará carreira nacional para os médicos. O candidato do partido que destruiu o Estado Brasileiro, que acabou com a carreira do funcionalismo público, agora promete carreira nacional para médicos, Ahã, senta lá, Aécio.
Mas o que me chama mais atenção no discurso é a sua ignorância sobre o Mais Médicos. Será que Aécio Neves não tem assessoria para ao menos lhe fazer uma síntese sobre o programa, para que ele não prometa o que já foi ou está sendo feito pelo governo Dilma?
Também não é para menos, a assessoria de Aécio Neves está mais preocupada em dizer que seu candidato balança o corpo durante as entrevistas porque elas são dadas no meio de uma ventania…
Mas vamos de novo ajudar o candidato Aécio Neves a aprender um pouco mais sobre o mais médicos.
Querido Aécio, o Mais Médicos não é apenas o maior programa de provimento médico da história do país, a proposta do Mais Médicos vai além dos 14 mil profissionais de saúde para a demanda emergencial dos municípios. O programa também prevê a criação de 11500 vagas em cursos de graduação de medicina até 2017. Alguns cursos já estão em funcionamento, antes disso, ainda no governo Lula, o então presidente participou da formatura da primeira turma de médicos do PROUNI. Foram 218 médicos só naquela formatura. Ou seja, os governos Lula e Dilma, não ficam de blá-blá-blá jogando palavras ao vento (ops!), eles estão trabalhando há tempos e com o programa Mais Médicos (que você desconhece por completo) se resolverá também o problema da falta de médicos no Brasil ao abrir mais vagas nas faculdades e criar novas escolas de medicina.
Em 17 de agosto de 2012 o reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Henrique Duque, assinou, contrato para início das obras do novo HU. Com investimentos de 200 milhões de reais o novo complexo hospitalar funcionará em área de 44.304,58 metros quadrados onde já está localizado o HU Unidade Dom Bosco. O novo hospital contará com 350 novos leitos, com atendimento exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com as obras em andamento a previsão é de que sejam concluídas em dois anos. O novo complexo terá uma capacidade de atendimento de 50 mil consultas/mês (atualmente este número gira em torno de dez mil consultas/mês).
O Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) é o maior e mais equipado Centro de Endoscopia do Rio de janeiro, sendo referência na área e chegando a realizar 1100 exames por mês.
E tem mais, a presidenta Dilma sabe que precisa formar médicos humanistas e fixá-los em sua própria região (coxinhas de jaleco não querem ir para as periferias ou para as cidades do interior). Faz parte do esforço do governo Dilma “descentralizar a graduação e a especialização de médicos, antes restrita aos grandes centros urbanos, em especial nas regiões Sul e Sudeste do País.”
Mais alguns dados sobre o que o governo Dilma tem feito para a saúde que Aécio não faz a menor ideia, porque ele não conhece o Brasil:
Uma dificuldade adicional de expandir o número de vagas nesta área, especialmente nas pequenas cidades, é o alto custo da infraestrutura para o treinamento dos futuros médicos, como laboratórios e hospitais universitários, por exemplo.
No final do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou investimentos de R$ 82,4 milhões em hospitais universitários por meio do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários (Rehuf). O valor, publicado por meio da Portaria No. 2.759, no dia 20 de novembro passado, faz parte do total de R$ 560 milhões aprovado em 2013 para a reestruturação das unidades.
Ao todo, 29 hospitais universitários serão beneficiados com o recurso, que poderá ser investido em obras, modernização e custeio de procedimentos hospitalares.
Em 2012, o Ministério da Saúde repassou cerca de R$ 541 milhões aos hospitais universitários. O aporte financeiro é destinado para o aprimoramento e qualidade dos serviços prestados à população e do ensino para os alunos de graduação e pós-graduação na área da saúde. Os hospitais universitários são vinculados às instituições de ensino superior doMinistério da Educação. O Ministério da Saúde repassa, além do financiamento do Rehuf, recursos para o custeio dos serviços prestados à população nas unidades, entre outros incentivos.
No dia 20 de dezembro do ano passado, o Ministério da Educação (MEC) divulgou, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU),uma lista de 49 municípios que tiveram seus projetos autorizados e poderão abrir novos cursos em instituições de educação superior privadas. As cidades contempladas estão distribuídas em 15 estados das cinco regiões brasileiras e a expectativa é que sejam criadas 3,5 mil novas vagas.
Fonte: Portal Brasil com informações do Blog do Planalto e Blog da Saúde
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O furo furado da Veja que qualquer internauta poderia dar sobre a CPI politiqueira da Petrobras
Agosto 5, 2014 7:26 - no comments yetDenúncia de Veja é mais do mesmo: cria um factoide, reproduz na sequência no JN e toda velha mídia fica repisando a mentira até que no melhor estilo Paul Joseph Goebbels as pessoas passem a achar que é verdade.
Sabe onde a Petrobras conseguiu as informações sobre quem seria convocado (como se isso fosse surpresa) e quais os eixos de questões que seriam aplicados aos sabatinados? No site do Senado. Ou seja, leitor, leitora, eu, você e qualquer pessoa com acesso à Internet poderíamos entrar no site do Senado e saber que tipo de questão e para quem seriam feitas as perguntas da CPI e da CPMI.
Faça você mesmo:
1) Entre neste link
Você terá acesso à seguinte matéria de 14/05/2014
Agora olhe este link é o mesmo que no print acima destaquei em amarelo. Quando você clica nele no site do senado o que aparece? Tcham-tcham-tcham: as questões propostas pela CPI para esclarecimento da Petrobras.
Abaixo outras matérias em junho que versam sobre o mesmo tema:
Ou seja, não houve vazamento nenhum, e se ele existe a equipe de jornalismo do Senado vazou para todo o Brasil, já que publicou em 14 de maio um infográfico com os eixos da sabatina e com perguntas.
A Veja e o Jornal Nacional só não fazem jornalismo, o resto da bandidagem contra o país podem deixar com eles. Sobre o quanto este furo furado da Veja é orquestrado, Azenha, sempre atento, pescou no ato e escreveu aqui:
“Denúncia” de Veja, repercutida em 4 minutos e 42 segundos do Jornal Nacional, faz lembrar ofensiva midiática de 2006
O que o banditismo praticado nas redações da Veja e do JN fazem é atacar patrimônio nacional, se dependesse desses monopólios que defendem o Capital Internacional, não teríamos Petrobras e nem Pré-Sal pra Educação e Saúde, estaria tudo privatizado como bem sabe fazer os tucanos a serviço dos mesmos senhores do Capital Internacional.
Fiquem com a nota da Petrobras e se duvidam, façam como eu, deem-se ao trabalho de ir ao site do Senado fazer uma pesquisa. Eu selecionei algumas matérias do dia 2 de junho e só nelas vi quem seria chamado e o eixo das questões. E como vocês viram acima printei as questões do site do Senado de uma das dezenas de matéria do dia 14 de maio.
Qualquer grande empresa tem profissionais gabaritados para fazer o que a Petrobras fez e bem: se preparar para responder as questões publicadas no site do Senado.
Esclarecimento sobre matéria publicada na revista Veja
04/08/2014
Leia nosso esclarecimento a respeito de matéria publicada pela última edição da revista Veja:
Sobre a matéria intitulada “A Grande Farsa”, publicada pela revista Veja, esta semana, a Petrobras esclarece que tomou conhecimento das perguntas centrais que norteiam os trabalhos das CPI e CPMI da Petrobras, através do site do Senado Federal, nos dias 14 de maio e 02 de junho, respectivamente, onde foram publicados os planos de trabalho das referidas comissões. Nestes, além das perguntas centrais, constam também os nomes de possíveis convocados, e a relação dos documentos que servem de base para as investigações.
Convém ressaltar que tais informações, tornadas públicas pelas comissões de inquérito, por ocasião do início de seus trabalhos, possibilitam a elaboração de centenas de outras perguntas, propiciando à Petrobras a organização das informações necessárias para o melhor esclarecimento dos fatos pertinentes a cada eixo das investigações, quais sejam: Eixo 1 – Refinaria de Pasadena; Eixo 2 – SBM Offshore; Eixo 3 – Segurança nas plataformas; Eixo 4 – Superfaturamento RNEST.
A Petrobras informa que, após cada depoimento, as dezenas de perguntas feitas pelos Parlamentares são desdobradas em novas perguntas pela equipe da Petrobras de forma a subsidiar os depoimentos subsequentes.
Assim como toda grande corporação, a Petrobras garante apoio a seus executivos, e ex-executivos, preparando-os , quando necessário, com simulações de perguntas e respostas, para melhor atender aos diferentes públicos, seja em eventos técnicos, audiências públicas, entrevistas com a imprensa, e, no caso em questão, as CPI e CPMI. Tais simulações envolvem profissionais de várias áreas, inclusive consultorias externas, de modo a contribuir para uma melhor compreensão dos fatos e elucidação das dúvidas.
A Petrobras reafirma que continuará disponibilizando todas as informações referentes as suas atividades e reafirma seu compromisso com a transparência e ética que sempre nortearam suas ações.
O que a construção de aeroporto privado com dinheiro público tem a ver com o caso Helicoca e a venda de habeas corpus?
Agosto 3, 2014 10:29 - no comments yetA matéria aponta ligação entre dois escândalos: a construção de aeroporto privado com dinheiro público feito por Aécio Neves em terras de familiares e o helicóptero de um deputado mineiro, pilotado por funcionário da ALMG que aterrizou na fazenda do senador Perrela, pai do deputado dono do helicóptero, amigo e parceiro de Aécio com meia tonelada de cocaína em pasta e que mesmo com o flagrante da polícia federal não tem ninguém preso, sequer processado.
E faz ainda a relação com um terceiro escândalo: o primo de Aécio, Fernando Tolentino, apontado como o porteiro do aeroporto privado, foi condenado e barrado pela ficha limpa, acusado de participar do esquema de venda de Habeas Corpus pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Ele ainda pode responder por formação de quadrilha; corrupção ativa: Primo de Aécio, que segundo a Folha tem a chave do aeroporto construído por Aécio quando governador, é barrado na ficha limpa, acusado de vender habeas corpus
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Procurador da República vê indícios de farsa na investigação do helicóptero dos Perrellas
O encontro de dois escândalos7
Juca Kfouri
02/08/2014 21:16
POR LEONARDO DUPIN*
Uma distância de apenas 14 quilômetros separa os dois escândalos recentes da política nacional que envolvem dois senadores por Minas Gerais, o ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela (PDT) e o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB).A pista de pouso e decolagem construída durante o governo de Aécio Neves em Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, em um terreno que pertenceu a fazenda do tio avô do candidato tucano fica distante 14 quilômetros de Sabarazinho, um povoado de Itapecerica, também no Centro-Oeste Mineiro, onde o helicóptero da empresa Limeira Agropecuária, da família do senador Zezé Perrela, fez uma parada para reabastecimento carregado com 445kg de pasta base de cocaína, em novembro do ano passado.
A parada em um ponto de Sabarazinho aconteceu três horas e meia antes da apreensão da aeronave por policiais militares e federais em um sítio em Afonso Cláudio, no Espírito Santo. O valor da carga é estimada em R$ 10 milhões, podendo multiplicar por dez com o refino. Segundo o inquérito da PF, o carregamento foi feito em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e tinha como possível destino Amsterdam, na Holanda, o que configura tráfico internacional.
No dia 20 do mês passado, reportagem do jornalista Lucas Ferraz, da “Folha de S.Paulo”, revelou que Aécio Neves construiu a pista na fazenda que pertenceu a seu tio-avô, além de ficar próxima a uma propriedade da família do candidato.
Na última semana, Aécio Neves admitiu que já usou a pista, mesmo o espaço ainda não tendo sido homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil.
O investimento do governo mineiro para a construção da pista foi de R$ 14 milhões. Cláudio tem 25 mil habitantes e está distante 50 quilômetros de Divinópolis, onde já existia uma pista de pouso e decolagem.
O cruzamento dos dois escândalos – do helicóptero e da pista – é comprovado pelos documentos considerados sigilosos do inquérito da Polícia Federal (PF), que este repórter teve acesso.
A PF constatou, com base no rastreamento do GPS do helicóptero e nas anotações do plano de vôo dos pilotos, ambos apreendidos e examinados pela perícia técnica, que o helicóptero carregado com quase meia tonelada de pasta base de cocaína parou em um ponto próximo ao povoado de Sabarazinho.
Segundo o inquérito da PF, no dia 24 de novembro de 2013, às 14h17, aproximadamente três horas e meia antes do helicóptero ser apreendido pela polícia no município de Afonso Cláudio, no Espírito Santo, a aeronave ficou parada por trinta minutos numa fazenda do povoado, onde duas pessoas aguardavam o pouso com galões de combustível.
A localidade fica a 14 quilômetros da pista de Cláudio e também das fazendas da família Tolentino, onde nasceu Risoleta Neves, esposa de Tancredo Neves e avó de Aécio Neves.
O município de Cláudio chega, inclusive, a ser citado no inquérito na análise das mensagens telefônicas dos pilotos, que foram captadas pelas Estações de Rádio Base (ERB), que são os equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica.
Mapa mostra distância entre a pista de pouso e o local em que o helicóptero parou para reabastecimento
Detalhe do inquérito da PF, com o local de parada do helicóptero em Sabarazinho
Suspeita que não foi desvendada
O helicóptero foi apreendido no dia 24 de novembro. Três dias depois, 27 de novembro, após a apreensão ganhar destaque na mídia, o proprietário da terra fez uma denúncia para a Polícia Militar de Divinópolis. Segundo a PM, tal denúncia foi feita de maneira “anônima”.O proprietário afirma que avistou um helicóptero sobrevoando a região em baixa altitude e depois encontrou em suas terras 13 galões, de 20 litros cada, com substância semelhante a querosene.Como o Boletim foi realizado após a apreensão do helicóptero, o delegado da Polícia Federal em Divinópolis, Leonardo Baeta Damasceno, afirma no inquérito não descartar o envolvimento de pessoas da região e recomenda como imprescindível uma diligência sigilosa no local, para saber quem são o dono do terreno e as pessoas que tem livre acesso ao local.
Porém, ainda de acordo com o inquérito que esse repórter teve acesso a diligência não foi realizada. Em outra página do inquérito, o proprietário é inocentado sem explicação convincente, dessa vez por documento assinado pelo agente da PF, Rafael Rodrigo Pacheco Salaroli, que afirma: “A total isenção da propriedade e de seu proprietário na empreitada criminosa, restando, portanto, a terceiros sem ligação com o local, a atuação delituosa de reabastecimento da aeronave”.
Trecho do inquérito descartando a investigação no local do abastecimento em Sabarazinho
Parente é serpente
Tancredo Aladim Rocha Tolentino é primo de Aécio Neves e filho de Múcio Guimarães Tolentino, o tio-avô do candidato tucano que teve a terra desapropriada para a construção da pista em Cláudio. Quêdo, como é conhecido, é o responsável, segundo o jornal Folha de São Paulo, por controlar a chave do aeroporto público de Cláudio, que fica distante seis quilômetros da fazenda frequentada por Aécio Neves.Em 2012, Quêdo tentou se candidatar a prefeito de Cláudio, mas foi impedido pela lei da Ficha Limpa devido a pendências judiciais. Meses antes, Quêdo foi preso na operação “Jus Postulandi”, da Polícia Federal, por participar de uma quadrilha especializada na venda de habeas corpus para traficantes de drogas.
Quêdo, segundo a denúncia, fazia a intermediação do negócio. Ele recebia a quantia, que variava entre R$ 120 mil e R$ 240 mil dos traficantes, ficava com uma parte do dinheiro e repassava o restante ao desembargador Hélcio Valentim, que determinava a expedição de alvará de soltura dos presos.
Em três casos descritos na denúncia realizada pelo subprocurador-geral da República Eitel Santiago, as liminares foram negociadas para favorecer presos por tráfico de drogas. Um dos beneficiários foi preso em flagrante, em julho de 2010, num sítio do distrito de Marilândia, também pertencente a Itapecerica, com cerca de 60 quilos de pasta-base de cocaína.
O processo será julgado no STJ e Quedo responderá por formação de quadrilha e três vezes por corrupção, duas delas “ativa qualificada”.
Trechos da denúncia do procurador Etiel Santiago, que acusa o primo de Aécio Neves de participar de uma quadrilha de venda de habeas corpus para traficantes de drogas
* Leonardo Dupin é jornalista e doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.
No Brasil inteiro a desigualdade diminuiu ao longo da última década, exceto em SP, onde o rico ficou ainda mais rico
Agosto 3, 2014 9:35 - no comments yetSempre tive esta percepção, moro na periferia de São Paulo, viajo muito para muitos cantos do Brasil. Enquanto percebia as expressivas mudanças em locais historicamente abandonados, via São Paulo degringolar em seus sucessivos governos tucanos que sucatearam o Estado e pioram os serviços públicos tornando nossas vidas mais miseráveis. Agora, nem fornecimento regular de água temos. Espero que as mudanças efetivas que Haddad vem fazendo neste 1 ano e oito meses de gestão petista na cidade consiga reverter um pouco esta barbárie.
Por Wgner Iglecias
A cidade de São Paulo na contramão do Brasil. Se no país a distribuição de renda melhorou nos últimos 12 anos, ainda que de forma discreta, na capital paulista ela piorou. Acho que daí dá para se entender, em parte, a profunda rejeição ao prefeito Haddad e ao governo Dilma na maior cidade do país. Não bastasse uma classe AAA que hoje absorve mais da renda da cidade do que absorvia há uma década, tem-se ainda um grande contingente de classe média em sua eterna ilusão de um dia vir a fazer parte deste seleto grupo. É nesses estratos que se ouve com muita força o discurso de que “o Brasil acabou” e coisas do gênero.
1% mais rico de SP abocanha 20% da renda da cidade; há dez anos eram 13%
Por: VANESSA CORREA. DE SÃO PAULO, Folha
03/08/2014 02h00
As pessoas ricas estão cada vez mais ricas em São Paulo. Se o seleto grupo do 1% mais endinheirado da população já embolsava R$ 13 em cada R$ 100 ganhos na cidade em 2000, dez anos depois sua renda deu um salto: passou a abocanhar R$ 20 em cada R$ 100 do montante arrecadado -vindo de salários, aluguéis e investimentos.
Os dados fazem parte de um levantamento inédito da prefeitura que compara os dois últimos Censos do IBGE (2000 e 2010).
A cara da riqueza
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Felipe Gabriel/Projetor
Homens conversam no piso de alimentação do shopping JK, na zona oeste
No mesmo período, outras camadas da população, como os 50% de menor renda, não experimentaram prosperidade parecida. Embora estejam ganhando mais hoje, a participação deles no “ordenado paulistano” ficou praticamente estagnada, passando de R$ 11,65 para R$ 10,57 em cada R$ 100.
Para fazer parte do 1% mais rico, é preciso ter uma renda individual de ao menos R$ 15 mil. Essa fatia acomoda pouco mais de 100 mil pessoas, entre empresários, altos executivos, profissionais liberais e gestores do próprio patrimônio. A população atual de São Paulo é de 11,8 milhões.
O descolamento do super-ricos e o achatamento da classe média são reflexos de uma São Paulo mudada, que se transformou em metrópole de serviços, importante centro financeiro e sede de grandes multinacionais, pouco parecida com a cidade industrial de algumas décadas atrás.
A mudança no perfil dos empregos, com o surgimento de superexecutivos e novos empresários da indústria criativa, ajuda a explicar as mudanças no topo. Já a perda de postos na indústria, substituída pela multiplicação das ocupações de baixa remuneração em serviços terceirizados, dá uma ideia de qual é a nova situação na base.
Está em curso, também, uma migração seletiva: enquanto profissionais ultraqualificados vêm para São Paulo em busca de melhores remunerações e opções de lazer, pessoas de baixa renda fogem do custo de vida elevado. Essa migração completa o quadro de alterações por que a cidade passou e vem passando, segundo os especialistas ouvidos pela sãopaulo.
SEM INDÚSTRIA, COM GLOBALIZAÇÃO
O geógrafo Tomás Wissenbach, responsável pelo levantamento desses dados na prefeitura, credita a concentração de renda à modificação operada nos empregos da cidade.
“Desde os anos 1970, São Paulo vem perdendo suas indústrias e com elas os empregos que pagavam bons salários a pessoas com escolaridade média”, afirma Wissenbach, que é diretor do Deinfo (departamento de informações), ligado à secretaria de Desenvolvimento Urbano.
Por outro lado, diz Wissenbach, hoje a economia paulistana está concentrada nos setores de serviços, que produzem, em uma ponta, superempregos para executivos e consultores e, na outra, ocupações de baixa remuneração em funções terceirizadas como limpeza e telemarketing.
Nos últimos dez anos, a atenção das multinacionais se voltou para os países em desenvolvimento como o Brasil, e muitas dessas empresas abriram filiais na cidade de São Paulo, afirma Rodrigo Soares, diretor da Hays, uma consultoria especializada em recrutamento de altos executivos.
Como a legislação trabalhista não favorece a vinda de profissionais estrangeiros, os executivos brasileiros acumularam funções e passaram a ganhar bem mais. “Essa versatilidade levou-os a ter uma compensação financeira.”
Assim, diretores-presidentes que em 2005 recebiam salários de até R$ 25 mil por mês na cidade de São Paulo, em 2010 poderiam chegar a R$ 70 mil, segundo o Datafolha. Hoje, essas remunerações passam dos R$ 90 mil —sem falar nos bônus e benefícios.
Mas há outros fatores operando o milagre da multiplicação das rendas altíssimas, avalia o professor de economia Otto Nogami, do Insper (instituto de ensino). “Empresas que oferecem novos serviços ligados ao mundo da tecnologia e da comunicação estão crescendo rapidamente.”
As novas empresas se expandem, e, junto com elas, a renda de jovens empresários como Guga Guizeline, 32, que organiza eventos para “aproximar marcas de pessoas”. Ele faz festas promovendo de “lançamento de prédio até marca de camisinha”.
Guga vem de uma família de nível “superbom”, como ele diz. Seu pai sempre foi funcionário do setor financeiro, área em que ele próprio tentou a sorte. Há seis anos, porém, depois de trabalhar com marketing e investimentos, começou a fazer eventos corporativos.
VIRADA DEMOGRÁFICA
O urbanista Kazuo Nakano vê mais uma explicação para o aumento da renda dos mais ricos: São Paulo “passa por uma virada demográfica”. Pessoas ultraqualificadas estão vindo de outros lugares para cá, enquanto a população mais pobre migra para fora da cidade em direção à região metropolitana, devido ao aluguel e o custo de vida altos.
Nogami, do Insper, faz a mesma análise: no longo prazo, a tendência é que indivíduos de renda maior, como empresários e executivos de alto escalão, procurem locais com melhor infraestrutura, com mais opções de lazer. “São Paulo continua representando o sonho de consumo para essas pessoas, apesar da insegurança”.
A questão da desigualdade, gerada por um modelo econômico em que a renda dos mais ricos cresce mais rápido do que a atividade econômica, foi realçada com a publicação, em 2013, de “O Capital no Século 21″, do francês Tomas Piketty. O livro, que defende a taxação de grandes riquezas, bateu recorde na lista dos mais vendidos do site Amazon e suscitou um debate acalorado em milhares de artigos de jornais e blogs do mundo todo.
Por aqui, o economista e ex-presidente do Ipea Márcio Pochmann defende a tese de que está em curso uma “polarização da sociedade” brasileira, em que os muito ricos e os muito pobres melhoram de vida, mas a classe média fica olhando a banda passar.
Esse cenário tende a ser mais acentuado em lugares onde a economia se baseia no setor de serviços, especialmente os financeiros, como São Paulo, diz o especialista. Por isso, afirma, apesar de a desigualdade ter se estabilizado na cidade, “existe uma corrosão da renda da classe média, que fica numa camada entre os 40% mais pobres e os 20% mais ricos”.
“O que nós vemos em São Paulo é o que vem acontecendo no mundo inteiro capitalista, mais fortemente nos EUA, e em menor grau na Europa”, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, que foi secretário de política econômica da Fazenda no governo Fernando Henrique (1995-2002).
Segundo Barros, os muito ricos são compostos por dois grupos. Em um, a receita vem de rendas, como de aluguéis, aplicações financeiras e juros. O outro é formado por quem ocupa papéis estratégicos nas empresas e detém altos salários. “É uma característica do capitalismo contemporâneo, neoliberal: os altos capitalistas rentistas e os altos profissionais.”
Por outro lado, as políticas distributivas que vêm sendo aplicadas pelo governo do PT, como os aumentos salariais e bolsas diversas, afetaram negativamente a renda de todos os ricos, menos dos muito ricos, diz Barros.
“Por isso se vê uma radicalização violenta da base social e uma reação das classes altas contra a preferência pelos pobres que o PT adotou.”
“Eles [os muito ricos] vivem a cidade, frequentam exposições, concertos e eventos na casa de outros milionários, mas estão cercados de seguranças”, diz Stella Susskind, presidente da Shopper Experience, uma consultoria de marketing para marcas de luxo. “Não é por culpa deles. Vivemos uma guerra civil neste país”.
Quando o assunto é consumo, Susskind explica o mercado com uma anedota: “Tenho uma cliente que diz: ‘com meus amigos milionários, as viagens são voltadas para as compras; com os bilionários, as compras ficam de lado e geralmente vamos de jato particular; com meus amigos biliardários, comprar, só se for obra de arte.”
DISCRETOS X EXUBERANTES
Milionários, bilionários, ou biliardários, não importa. Eles moram e frequentam os mesmos lugares. Restaurantes como Spot e Bilboquet, destinos turísticos como Grécia e Ibiza e os shoppings Cidade Jardim, JK e Iguatemi, todos no sudoeste da cidade, onde ficam bairros como Jardins, Pinheiros, Itaim e Moema.
E como um rico se diferencia de outro rico? Exclusividade é a palavra. “Se uma amiga tem um relógio Breitling, a outra vai querer um diferente, com fundo rosa, por exemplo. Há uma aspiração de demonstrar a personalidade”, diz a consultora.
Quando as “fortunas são antigas”, no entanto, as pessoas são mais discretas. “A competição é para ver quem tem a obra de tal artista, para mostrar em qual universidade do exterior os filhos vão estudar.”
A última tendência em férias de luxo, segundo Stella, é mandar as crianças esquiarem na montanha Snow Mass, em Aspen, nos EUA.
Para os adultos, a pedida deste ano é a Grécia, além de ilhas exclusivas na Flórida, onde há condomínios “caríssimos”, e destinos europeus em geral. Para o pessoal da velha guarda, o “objeto de desejo” continua sendo a França, mais especificamente Cote d’Azur e Saint Tropez.
Há também os ricos com estilos mais exuberantes, como o de Val Marchiori, que figurou no reality show “Mulheres Ricas”. Um tipo “total emergente, novo rico que se afirma pelo consumo”, explica Susskind.
Entre os homens, os sinais de ostentação que dão pinta de riqueza nova podem vir na forma de aceleradas com carrões na porta dos restaurantes da rua Amauri, no Itaim Bibi -ou no uso de camisas polo “com um cavalo enorme” bordado no peito, diz o empresário R., que não quis se identificar.
Mas ostentação pouca é bobagem para os ricos de berço. Quando a coisa fica séria no Instagram, dá-lhe foto de pratos com trufas gigantes (ou lagostas enormes), de preferência em restaurantes como a rede Nobu, conta R. Sem falar nos selfies em academias de ginástica badaladas. “Está rolando uma onda de fitness de uns dois anos para cá que é uma loucura.”
O sonho de consumo de R. hoje é uma BMW da série três, mas “o legal mesmo é não gastar com porcaria, para viver bem e com pouca preocupação”.