Tem mais soldados do exército pra garantir leilão de Libra que manifestantes protestando
21 de Outubro de 2013, 9:56 - sem comentários aindaA manchete da EBC é um primor digna de Folha de São Paulo: governo põe 1.100 homens para fazer bloqueios entre o hotel e a praça e de acordo com a Agência Brasil são os manifestantes que se ferem com balas de borracha e não o exército que atira nos sindicalistas e ativistas de diferentes movimentos sociais.
Manifestantes se ferem com balas de borracha em confronto contra leilão, no Rio
Vitor Abdala, Repórter da Agência BrasilEdição: Denise Griesinger21/10/2013 – 11h22
Rio de Janeiro – Pelo menos seis pessoas ficaram feridas com balas de borracha em confronto entre manifestantes e homens da Força Nacional de Segurança, na Barra da Tijuca. Os manifestantes protestam contra a primeira rodada de licitação do pré-sal, marcada para hoje (21), às 15h no Windsor Barra Hotel.
A confusão começou depois que manifestantes derrubaram a grade que separava o protesto dos homens da Força Nacional. Os policiais reagiram com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral. Dois feridos estão sendo atendidos em uma ambulância do Corpo de Bombeiros que está no local.
Os manifestantes continuam posicionados em frente às grades, que foram recolocadas, agitando bandeiras de partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos.
Para FUP, governo brasileiro erra ao não considerar petróleo estratégico para as próximas décadas
21 de Outubro de 2013, 9:34 - sem comentários aindaDiante do potencial do campo de Libra, a FUP comanda uma mobilização para suspender a licitação e cobrar que a riqueza fique em território nacional.
Maior campo de petróleo já descoberto, Libra vai a leilão e FUP explica porque é contra
Por Luiz Carvalho, no site da CUT
Na segunda-feira (21), o governo brasileiro promove o leilão do campo de Libra, no Rio de Janeiro, o primeiro após a descoberta do pré-sal.
A área que fica a 183 km da costa carioca será disputada por empresas de 10 nacionalidades: as chinesas CNOOC International Limited e China National Petroleum Corporation-CNPC, a colombiana Ecopetrol, a japonesa Mitsui & CO, a indiana ONBC Videsh, a portuguesa Petroga, a malasiana Petronas, a híspano-chinesa Respsol/Sinopec, a anglo-holandesa Shell, além da própria Petrobrás*.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o campo tem capacidade de produção entre 12 e 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a toda a reserva nacional – em torno de 14 bilhões – e renderia mais de dois trilhões de dólares ao país.
Diante de tamanho potencial, a FUP comanda uma mobilização para suspender a licitação e cobrar que a riqueza fique em território nacional. Como parte da mobilização, iniciou uma greve por tempo indeterminado no último dia 16, que atinge 90% de todo o sistema Petrobrás.
“A realização deste leilão é descabida e o governo deveria ter utilizado o artigo 12 da Lei da Partilha nº 12.351, de 2010, aprovada pelo presidente Lula, que deixa claro: todas as vezes em que houver risco ao interesse da nação e à política energética, o governo poderá contratar a Petrobrás sem necessidade de leilão”, afirma o presidente da FUP, João Antônio Moraes, em vídeo gravado para o portal da entidade.
O dirigente refere-se a uma lei aprovada durante o governo do ex-presidente Lula e que vale exclusivamente para a exploração do pré-sal. A legislação altera o antigo modelo de concessão, de Fernando Henrique Cardoso (FHC), em que as empresas vencedoras tinham a propriedade do petróleo e do gás natural extraídos, para um sistema de partilha em que a União é a dona do petróleo e recebe da empresa vencedora parte da produção, já sem os custos. A Petrobrás terá participação mínima de 30% no consórcio vencedor.
O ganhador do leilão ainda terá de pagar R$ 15 bilhões de bônus por um contrato de exploração da área de 35 anos, que podem ser prorrogados.
Moraes destaca também que a experiência de quebra do monopólio por parte do governo tucano de FHC e a entrada de empresas estrangeiras no país trouxe prejuízos para a economia.
“Trinta empresas estrangeiras operam nos campos graças às 11 rodadas de leilões anteriores. Esses grupos, ao contrário da Petrobrás, não fazem compras de material no país e não investem na cadeia produtiva do petróleo como um todo para gerar emprego e renda, tanto na aquisição de navios e plataformas, quanto de petroquímicos e derivados plásticos. Apenas se apropriam da nossa riqueza. Se foi assim até aqui, por que mais uma rodada?”, questiona.
Para o diretor da secretaria de Seguridade Social e Políticas Sociais da FUP, Paulo César Martin, nem mesmo uma possível justificativa de falta de capacidade financeira para exploração é justificável.
“A partir do momento em que a Petrobrás se torna a única empresa a operar o pré-sal, as ações sobem e aumentam o capital. Além de abrir linha de crédito para o Brasil em qualquer lugar do mundo. E se a Petrobrás detém a tecnologia de extração, sem depender de qualquer outra empresa, não precisa fazer leilão”, defende.
Para o dirigente, o governo brasileiro adota uma visão equivocada de que este recurso não será estratégico nas próximas décadas.
“O governo acredita que o petróleo não terá papel central nos próximos anos, como tem agora, então, avalia que, quanto mais cedo tirar da terra e explorar, melhor. Porém, ao menos nos próximos 50 anos, será fundamental para as áreas de energia e petroquímica. Por exemplo, se hoje a indústria automobilística deixasse de produzir um motor de combustão interna, levaria 15 anos para ser substituído por outro que não utilizasse derivado de petróleo”, aponta.
Batalha jurídica – Em paralelo à greve, a FUP e seus sindicatos ingressaram com ações populares na Justiça Federal para suspender o leilão por conta do ataque aos interesses nacionais.
O professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, e o jurista Fábio Konder Comparato, além da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) também protocolaram ações populares contra o leilão.
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Intervozes: Liberdade de expressão sob fogo cerrado
21 de Outubro de 2013, 8:39 - sem comentários aindaLiberdade de expressão sob fogo cerrado
A restrição à liberdade de expressão pode emergir de forma crua através da violência física, que se dirige aos corpos das pessoas e busca anular suas vozes, seus fôlegos, suas vidas.
Por Bruno Marinoni, Coletivo Intervozes , via Carta Capital
17/10/2013
Nas denúncias apresentadas pelas sociedade civil aos “relatores especiais para promoção do direito à liberdade de expressão” da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), em breve passagem pelo Brasil, um aspecto do tema chama bastante a atenção: a violência que acompanha a privação desse direito.
A restrição à liberdade de expressão acontece, em boa parte das vezes, de forma velada, ideológica e estrutural, oculta no cotidiano saturado por mensagens publicitárias, em uma esfera pública mergulhada na concentração da propriedade privada e no interesse de se vender mais e mais. Entretanto, sua face violenta pode emergir de forma crua, na violência física, explícita, que se dirige aos corpos das pessoas e busca anular suas vozes, seus fôlegos, suas vidas.
São casos como o do jornalista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, assassinados no primeiro semestre de 2013 em Minas Gerais e relacionados com a morte de pelo menos mais 12 pessoas. Segundo a Artigo 19, organização que defende o direito à liberdade de expressão, somente este ano, oito casos de assassinato de jornalistas e nove de defensores de direitos humanos estão sendo investigados por suspeita de estarem relacionados à divulgação de informação.
Em um discurso emocionante durante a Conferência Global de Jornalismo Investigativo realizada no dia 15/10, em frente ao relator da ONU, Frank de La Rue, a ministra Maria do Rosário alertou para a necessidade do Brasil propor medidas específicas contra o assassinato de jornalistas e os grupos de extermínio. Sua proposta à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), organizadora do evento, foi clara: é necessário ampliar o debate sobre a federalização dos crimes contra jornalistas e transformá-lo em uma luta pela federalização dos crimes contra os direitos humanos.
As mortes por encomenda e a censura, infelizmente, são realidades comuns em um país em que as elites regionais controlam os poderes executivo, legislativo, judiciário, além de concentrar os meios políticos, econômicos e midiáticos. O Brasil se encontra, hoje, entre os dez primeiros países com maior número de assassinatos de jornalistas, ranking que não existe para defensores dos direitos humanos. Mas os casos saltam aos olhos de quem quiser ver, como o ocorrido com a Irmã Dorothy, assassinada há mais de oito anos.
Está claro que poderes locais se utilizam de grupos paramilitares (de extermínio) e do aparelho estatal para reproduzir seu poder e fazer calar as vozes locais que o desequilibram. Quem observou as manifestações nas ruas nos últimos meses com atenção pode ter certeza que o poder dentro e fora do Estado está coadunado. A fala da ministra Maria do Rosário, em seu comentário sobre o tratamento de cinegrafistas, jornalistas e comunicadores em geral pela polícia nos atos públicos deixa isso evidente: “uma violência direcionada aos comunicadores representa a tentativa do Estado impedir o conhecimento sobre suas próprias práticas”.
Investigar a morte de pessoas que foram mortas por divulgarem o que sabiam é complicado, como destacou Frank de La Rue. O Estado precisa adotar medidas físicas (imediatas), legais e políticas de proteção à violência, mas iniciativas como essa dificilmente nascem do próprio Estado sem a pressão da sociedade organizada.
Sabrina Lorenzi: Uso do poder estatal em Libra será teste para futuros leilões
20 de Outubro de 2013, 20:34 - sem comentários aindaUma visão mais otimista sobre o leilão do campo de Libra.
Sugestão de Magna Moreira, via twitter.
Uso do poder estatal em Libra será teste para futuros leilões
Por: Sabrina Lorenzi, do Rio de Janeiro, (Edição de Raquel Stenzel) Reuters
18/10/2013
A greve dos petroleiros e as manifestações de movimentos sociais de esquerda contra o leilão de Libra desconsideram o que justamente afastou algumas das maiores petroleiras ocidentais do certame: o forte poder governamental sobre as reservas petrolíferas, com elevado potencial de retorno financeiro para o Estado brasileiro.
Os trabalhadores da Petrobras entraram em greve na quinta-feira, por tempo indeterminado, em protesto contra o leilão da área gigante do pré-sal, previsto para acontecer na segunda-feira. Manifestantes invadiram o prédio do Ministério de Minas e Energia em Brasília contra o que acreditam ser a venda da riqueza brasileira para empresas estrangeiras.
No entanto, o que estará em jogo no leilão da próxima semana é a viabilidade do regime de partilha, inédito no mundo, que busca atrair investidores pelo enorme volume de petróleo ofertado, a despeito das condições contratuais restritivas para as sócias das estatais Pré-sal Petróleo SA (PPSA) e Petrobras.
O comportamento da PPSA, poderosa estatal criada para representar a União na gestão da área de Libra, será o grande teste do novo regime de partilha de produção e determinará a continuidade deste modelo para os demais leilões do pré-sal, avaliam especialistas e executivos do setor consultados pela Reuters.
A presença de investidores interessados em explorar o volume de 8 bilhões a 12 bilhões de barris recuperáveis em Libra é tida como certa pelo setor, ainda que com a possibilidade de pouca ou nenhuma concorrência. Mas há dúvidas no mercado quanto a sustentação de novos leilões nesse mesmo formato.
As regras dão plenos poderes à PPSA para decidir sobre a estratégia de Libra. E entregam a operação da área à Petrobras. As estatais brasileiras terão pelo menos 65 por cento do poder de voto sobre as decisões estratégicas da área exploratória.
“O setor de petróleo vai observar como será a gestão da PPSA; estaremos atentos sobre como será usado todo o poder que lhes foi dado neste regime e sem dúvida isso deverá nortear os próximos leilões do pré-sal”, afirmou o ex-presidente no Brasil da gigante petrolífera britânica BG Luiz Costamilan, que prestou consultoria a interessados neste leilão.
A gestão das estatais brasileiras definirá se os próximos leilões do pré-sal vão atrair outras companhias além das 11 inscritas para a primeira rodada, ou se irá afugentar as existentes.
“É um modelo inédito no mundo … a PPSA tem muito poder sem investir”, disse recentemente Denis Palluat, presidente da francesa Total, inscrita para participar do leilão de Libra.
O importante para o governo, de acordo com avaliação de dois executivos do setor, que falaram sob condição de anonimato, é receber o bônus de 15 bilhões de reais e contar com a presença das asiáticas para realizar os pesados investimentos necessários ao desenvolvimento da área gigante.
“A razão principal do interesse dessas companhias orientais é o acesso a volumes e por isso elas podem aceitar um retorno talvez um pouco menor do que poderiam ‘majors’ como Exxon e Chevron, que não vão participar”, disse Costamilan, acrescentando que “não há dúvida” que haverá ofertas para o leilão.
Se inscreveram para o certame as estatais chinesas CNOOC e CNPC , bem como a japonesa Mitsui, a indiana ONGC e a malaia Petronas . A Sinopec, da China, também poderá ter participação indireta no leilão, por meio das inscritas Repsol Sinopec (uma parceira com a espanhola Repsol) e da Petrogal (parceria com a portuguesa Galp).
Também estão inscritas a colombiana Ecopetrol, a anglo-holandesa Shell e a francesa Total.
As empresas que eventualmente não conseguiram formar um consórcio com a Petrobras podem ter desistido de participar, por causa da força da estatal brasileira, avaliaram as fontes ouvidas pela Reuters.
Para a Petrobras, disse uma das fontes, é melhor mesmo que haja pouca concorrência, para que ela não seja obrigada a acompanhar eventuais propostas com pouco retorno financeiro.
As empresas disputarão até 70 por cento da participação na área de Libra, já que a Petrobras será a operadora da área com no mínimo 30 por cento de participação em qualquer consórcio que ficar com a área.
Quem oferecer a maior parcela de óleo à União ganhará a licitação. A parcela mínima que caberá à União é de 41,65 por cento do petróleo, descontados os custos de produção.
GIGANTISMO
O gigantismo de Libra e o alto custo de extração de petróleo no pré-sal ameaçam sobrecarregar a Petrobras. Sua capacidade de operar com rapidez no campo também é foco de atenção do setor. Há quem diga que o leilão vai desencorajar investimentos da estatal em outras áreas e limitar, a longo prazo, os benefícios da produção de petróleo.
Libra deverá atingir um pico de produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia (bpd) entre 10 a 15 anos depois da assinatura do contrato, estimou a Agência Nacional de Petróleo (ANP) nesta semana, às vésperas do leilão.
Para alcançar esse pico, serão necessários de 12 a 18 plataformas e entre 60 a 80 barcos de apoio.
A presidente Dilma Rousseff espera que Libra possa gerar ganhos de 368 bilhões de reais ao longo de 35 anos, fazendo mais do que tornar o Brasil um país mais rico. Ao pagar pela melhoria de serviços como educação e saúde, diz ela, Libra também irá reduzir a grande distância entre ricos e pobres.
Mas as expectativas positivas não evitaram a insatisfação de segmentos da sociedade brasileira com o leilão, com a necessidade de convocar, inclusive, tropas do Exército, para assegurar o evento.
Em peça publicitária contra o leilão, sindicatos de petroleiros lembram que a presidente prometeu que não privatizaria o pré-sal. Cobram de Dilma Rousseff o fim dos leilões de petróleo. O que o comercial não diz é que o governo será soberano nas decisões e estratégia, incluindo prazos, planos e ritmo de desenvolvimento dos campos de Libra.
Os que protestam também parecem desprezar, por exemplo, que as exportações de petróleo pelas empresas do consórcio vencedor de Libra poderão ser canceladas caso o governo considere que há risco de desabastecimento de óleo ou derivados no País.
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